Em cada dez épocas, Pinto da Costa será a figura-chave, em oito ou nove. Porém, desta vez, ao contrário do que é habitual, é a figura da época pelos piores motivos.
Como nunca desde meados da década de 90, a concorrência está mais forte, organizada e consistente - em particular, o SLB - mas isso não chega para justificar a pior época em décadas. A par da qualidade decrescente dos plantéis nos anos mais recentes - há 3 anos atrás, o Porto tinha nas suas fileiras, só para citar alguns: Falcao, Hulk e Moutinho; hoje não tem nenhum (ou se quisermos colocar a questão de outra forma: quantos titulares do SLB teriam lugar no Porto, há 3 anos atrás? E hoje?) - que tem vindo a ser disfarçada com uma maior variedade de opções, o Porto decidiu "convidar" um treinador campeão a sair, isto ainda antes do final da sua segunda temporada ao comando equipa. É a segunda vez que tal acontece nos tempos mais recentes, sempre(?) que o SLB se "agiganta": o Porto falha a conquista do campeonato, o responsável (único) é o treinador, logo deve ser substituído. É curioso que há uns anos atrás, Fernando Santos, contando com Jardel no plantel, e uma concorrência muito mais macia, também falhou ... mas manteve o lugar.
Ainda que o Porto tivesse falhado a conquista do (tri ou) bicampeonato, teria lutado até à última jornada; a opção mais simples seria reforçar a equipa, e não começar tudo de novo, o que só beneficiaria (e beneficiou) a concorrência. Este foi o primeiro erro.
Para substituir Vítor Pereira, foi escolhido Paulo Fonseca (PF), naquilo que na aparência tinha tudo para ser uma reedição dos fenómenos André Villas-Boas e José Mourinho. Só na aparência. Embora PF tivesse um currículo ligeiramente melhor que os outros dois à chegada, tinha muitíssimo menos experiência, e acima de tudo havia quase ou nenhum conhecimento mútuo entre o Porto e PF. Terá o selo de qualidade "Jorge Mendes" sido quanto bastou?
Apesar do início promissor, PF, vitimado pela sua inexperiência, e talvez até pelo deslumbramento natural de quem, em cerca de 4 anos chega do Pinhalnovense ao campeão nacional, sem nunca ter tido um dissabor, insistiu num modelo de jogo estranho à equipa, que não tardou a originar uma série de maus resultados, que permitiram ao SLB, não só recuperar uma desvantagem de 5 pontos, como chegar ao primeiro lugar e distanciar-se na pontuação. Pese embora a contestação dos adeptos, PF manteve-se no cargo até Março, tendo dirigido a equipa pela última vez, frente ao Vitória SC, em Guimarães (2-2), e numa fase da época em que a sua substituição no cargo, já de pouco ou nada serviria na luta pela revalidação do título de campeão nacional. Este foi o segundo erro.
Como nunca desde meados da década de 90, a concorrência está mais forte, organizada e consistente - em particular, o SLB - mas isso não chega para justificar a pior época em décadas. A par da qualidade decrescente dos plantéis nos anos mais recentes - há 3 anos atrás, o Porto tinha nas suas fileiras, só para citar alguns: Falcao, Hulk e Moutinho; hoje não tem nenhum (ou se quisermos colocar a questão de outra forma: quantos titulares do SLB teriam lugar no Porto, há 3 anos atrás? E hoje?) - que tem vindo a ser disfarçada com uma maior variedade de opções, o Porto decidiu "convidar" um treinador campeão a sair, isto ainda antes do final da sua segunda temporada ao comando equipa. É a segunda vez que tal acontece nos tempos mais recentes, sempre(?) que o SLB se "agiganta": o Porto falha a conquista do campeonato, o responsável (único) é o treinador, logo deve ser substituído. É curioso que há uns anos atrás, Fernando Santos, contando com Jardel no plantel, e uma concorrência muito mais macia, também falhou ... mas manteve o lugar.
Ainda que o Porto tivesse falhado a conquista do (tri ou) bicampeonato, teria lutado até à última jornada; a opção mais simples seria reforçar a equipa, e não começar tudo de novo, o que só beneficiaria (e beneficiou) a concorrência. Este foi o primeiro erro.
Para substituir Vítor Pereira, foi escolhido Paulo Fonseca (PF), naquilo que na aparência tinha tudo para ser uma reedição dos fenómenos André Villas-Boas e José Mourinho. Só na aparência. Embora PF tivesse um currículo ligeiramente melhor que os outros dois à chegada, tinha muitíssimo menos experiência, e acima de tudo havia quase ou nenhum conhecimento mútuo entre o Porto e PF. Terá o selo de qualidade "Jorge Mendes" sido quanto bastou?
Apesar do início promissor, PF, vitimado pela sua inexperiência, e talvez até pelo deslumbramento natural de quem, em cerca de 4 anos chega do Pinhalnovense ao campeão nacional, sem nunca ter tido um dissabor, insistiu num modelo de jogo estranho à equipa, que não tardou a originar uma série de maus resultados, que permitiram ao SLB, não só recuperar uma desvantagem de 5 pontos, como chegar ao primeiro lugar e distanciar-se na pontuação. Pese embora a contestação dos adeptos, PF manteve-se no cargo até Março, tendo dirigido a equipa pela última vez, frente ao Vitória SC, em Guimarães (2-2), e numa fase da época em que a sua substituição no cargo, já de pouco ou nada serviria na luta pela revalidação do título de campeão nacional. Este foi o segundo erro.
Para tentar salvar alguma coisa da época, numa altura em que o Porto ainda tinha aspirações (legítimas) em provas como a Taça de Portugal e a Taça da Liga, e algumas esperanças na Liga Europa, Luís Castro (LC), foi promovido da equipa B a treinador principal. No papel, esta opção tinha boas possibilidades de sucesso: ao contrário do seu antecessor, LC já conhecia o clube, os jogadores, o nível de exigência, e sendo-lhe oferecida a oportunidade única na sua carreira, de orientar uma equipa de alto nível, seria expectável que tudo fizesse para se mostrar como uma opção de continuidade, para agarrar definitivamente o lugar. Na realidade, saiu tudo ao contrário. De novo, após um início promissor, uma série de más opções e um incompreensível temor perante o SLB, ditaram o afastamento de todas as provas que o Porto poderia pensar em conquistar. É injusto apontar a nomeação de LC como um erro, mas a verdade é que se revelou uma aposta completamente gorada.
(continua)
(continua)
Amigos,
ResponderEliminarO que acham disto?
http://www.dn.pt/desporto/porto/interior.aspx?content_id=3940062
Até pode dever, mas não sei se será assim, logo de imediato...isso seria se fosse o tone trolha, clubes e sad's não me parece...veja-se o caso da "vizinhança", passivos com dívidas ao banco bem superiores a 30 milhões...
Eliminar"... André Villas-Boas e José Mourinho. Embora PF tivesse um currículo ligeiramente melhor que os outros dois à chegada..."
ResponderEliminarComo?????
Será que percebi bem?
Já nem li mais nada!!!
Oficialmente, Paulo Fonseca tinha um 3o lugar quando chegou; o AVB, tinha um 11o, e o Mourinho tinha um 6o lugar. Sinceramente nao vejo mal nenhum naquilo que escrevi, e menos ainda, uma razao para essa reaccao.
EliminarQuem era Mourinho quando chegou ao Porto? Tinha feito o quê como treinador principal? E o André?
EliminarPrezado Filipe Sousa:
EliminarTenho um enorme respeito pelos seus artigos e peço-çhe desculpa se a minha reacção lhe pareceu incorrecta, embora não tendo sido essa a miha intenção.
Mas existe um enorme equívoco, pelos vistos não só seu mas também de outros comentadores, quando se valoriza num "CV" (Curriculum Vitae) a actividade de apenas uns meses e não todo o "percurso de vida".
E é inegável que o "percurso de vida" do Paulo Fonseca é muito fraquinho, fraquinho, quando comparado com o de Vilas Boas e José Mourinho. E não me refiro apenas às passagens destes pelos "balneários" de clubes como o FCP, slb, zporting, Chelsea, Inter, Barcelona, etc.Refiro-me também à sua formação académica e profissional.
Se formos, como alguém aqui foi, pela comparação das classificações obtidas a treinar clubes da 1.a liga... então em que lugar ficará o espanhol de nome esquesito que foi escolhido para treinar o FCP??? Muito atrás de PF ,VB, Mourinho, Artur Jorge, etc, etc...Estamos de acordo nisto?
O PF foi um tiro ao lado, tinha melhor curriculo, mas acho que a grande diferença, e nunca é demais esquecer, é a experiência de onde andaram e vieram, o Mourinho por exemplo já tinha tido contacto com outras realidades, Sporting com Robson, Porto com Robson, Barcelona com Robson e Van Gaal, já o Andrezinho já conhecia o FCPorto, um pouco do Chelsea, do Inter, isto pode parecer que não mas tem muita influencia nas carreiras de treinador, não é por acaso que muitos jovens treinadores pedem para estagiar nos clubes por onde anda o Mourinho, toma-se contacto com outras formas de trabalhar, de organizar, de pensar, muito diferente de um Paço de Ferreira...
ResponderEliminarArtigo Publicado
ResponderEliminarno Jornal “TERRAS DA BEIRA”(Guarda), em 2014/05/21
FCPorto - Annus Horribilis
No final do corrente ano cumpro 25 anos de sócio do FCP. Contudo, sou seu adepto desde 1961 quando, ao fazer a 2ª classe, o meu Pai ofertou-me uma bicicleta azul e branca, roda 24, e com uma bandeirinha do FCP presa ao eixo da roda da frente (a bicicleta ainda existe, marca “Imperial” de Sangalhos, há muito desaparecida). Com esta oferta, o meu Pai quis terminar de vez o assédio desportivo que os seus empregados comerciais me faziam sobre o Benfica, através de pequenos calendários com as suas glórias de então: José Águas, Cavém, Yaúca, etc).
No desporto como na vida, é impossível ganhar sempre. Não é humano, nem razoável, nem salutar e os deuses também nunca o permitiriam. O meu Clube não pode ganhar sempre ou fazê-lo com uma frequência elevada. Na época que findou, o relevante, em parte, não é o FCP ter perdido o campeonato e demais competições, mas a forma atípica e humilhante como tal ocorreu e cujas razões se poderão resumir no seguinte:
- Escolha errada do treinador na ânsia de encontrar um novo Vilas Boas. Todas as apostas de Pinto da Costa (JNPC), como de qualquer líder são de risco, mas a questão não é errar mas, sim, saber dar a volta ao erro em tempo oportuno, o que não aconteceu. Paulo Fonseca, inexperiente em clubes com dimensão, chegou cedo de mais ao Dragão e o seu modelo de jogo desorganizou a equipa e retirou-lhe confiança;
- Os novos jogadores não convenceram. O plantel era desequilibrado, inexperiente, sem liderança, onde o grande desejo é sair e ganhar milhões noutros campeonatos. Não assentou numa mescla, como sempre aconteceu, com jogadores de maturidade que asseguravam a continuidade dos padrões de identidade do Clube. A qualidade do futebol jogado caiu imenso, os adversários deixaram de respeitar o FCP e, nesse marasmo, perdeu-se a paixão, a mística, a sede de conquistas;
- A SAD portista, incompreensivelmente, continua sem política de Comunicação, um desafio eternamente adiado que por essa vertente consolidasse a grandeza do Clube dos últimos 30 anos (Público,1998/02/11); a mesma não pode ser deixada ao acaso de uma tirada intempestiva e jocosa aos “media” de JNPC, ou, então, a SAD ficar imenso tempo calada e desnorteada a ver a banda passar. Os rivais de Lisboa copiaram o que havia de melhor no FCP, cresceram, organizaram-se, alavancados por uma “boa imprensa”, prenhe de “verdade desportiva”, enquanto o FCP se aburguesava;
- O golo de Kelvin na época passada, mascarou uma realidade sobre um projeto que vinha em decrescendo desde Vilas Boas. A equipa principal é alimentada com a equipa B? Não. Emagreceu a estrutura de custos elevadíssima? Não. Com tantas vendas efetuadas e por bom dinheiro, por que é que o Clube não respira uma razoável saúde financeira? Por que saiu Angelino Ferreira e se coloca uma ação de 1 Mio € a MS Tavares? Há interesses obscuros na SAD a quem pertencem a maioria dos jogadores? Parece que sim.
(continuando)
ResponderEliminarJNPC tem sido um líder de sucesso, incontestável, um “timoneiro”, oferecendo aos portistas “Um Céu Demasiado Azul” (JN, 1999/08/16). Contudo, as pessoas não são eternas, nem são rei Midas. A idade, a falta de saúde, o desgaste natural, a sua altivez, o passado de mais vitórias que derrotas, sem esquecer que “o poder é o último e o mais forte dos afrodisíacos” (Kissinger dixit), levaram-no a cometer erros nos últimos tempos e a ser conivente com outros a que a nação portista não estava habituada e a desolação foi maior.
O FCP é originário de uma cidade que tem no seu ADN a Liberdade, o Trabalho, uma cultura de luta pela sua Terra, por um modo de ser e de estar, ancestral, muito próprio. É gente que ama o Clube mas que é muito crítica do que se passa no mesmo, colocando a fasquia de exigência bem elevada sobre jogadores e dirigentes. Há muito respeito por JNPC, uma grande dívida de gratidão, mas este perdeu o Clube e, resiste, porque ainda não perdeu os sócios.
JNPC não cuidou no último biénio, com a liderança e a visão de futuro a que nos habituou, das principais vertentes que agora, em tempo de vacas magras, é obrigado a equacionar: a reestruturação total da equipa (comprometida pela falta de verbas da “Champions” e pela desvalorização dos melhores jogadores), a reorganização de um projeto que teve sucesso (os tempos mudam e as organizações deverão reinventar-se sem perder o seu fôlego genético) e, por fim, a luta pela sua sucessão que ainda vai fazer muitos estragos (JNPC deveria evitá-lo).
O FCP tem vivido 30 anos únicos que dificilmente se irão repetir. Vencemos muito mais do que perdemos, e fizemo-lo com uma regularidade espantosa. Não se pode desbaratar tudo o que tanto custou a construir, mas receio que tempos difíceis se avizinham. Um Porto Novo, “Um Imenso Amanhã”(Expresso,1997/08/09), poderá demorar a ressurgir.
P.S. As referências datadas aos diversos Jornais, marcam alguns artigos sobre a realidade do FCP e que foram então e aí publicados pelo signatário.
Parabéns pelo excelente texto!
EliminarCorresponde a tudo quanto eu penso sobre a situação no nosso Clube!
Penso que a gratidão tem limites e os sócios não deveriam deixar que PdC acabe destruindo tudo quanto construiu. Os verdadeiros e desinteressados Amigos do Presidente de certeza que o estarão a aconselhar nesse sentido mas... o problema é que PdC está rodeado de outro tipo de "amigos", muito mais interessados nos seus negócios e interesses do que no futuro do FCP!
Bem Haja pelas suas palavras.
ResponderEliminarUma nota particular: Vivo no Porto desde 1972 (exceto no interregno entre 1979/1986). Este artigo aparece porque, há cerca de um ano que escrevo, uma vez por mês, no jornal Terras da Beira, da Guarda, o meu Distrito de origem. Os temas são livres e a única “censura” que tenho é o tamanho do artigo / nº de carateres.
Concordo consigo. Quem ama o Clube pode errar, mas tudo deverá fazer para o engrandecer.
A problemática das sucessões, vindas de pessoas carismáticas e todas poderosas é algo de terrível e complexo – nunca admitem a hora da saída e nunca preparam a sucessão.
Temo que JNPC (a sua saúde é frágil), o dirigente mais galardoado a nível mundial, possa sair pela porta pequena.
Ângelo Henriques