sexta-feira, 24 de julho de 2015

Torre de Babel - o bom exemplo de Casillas

Pelo que tem transparecido em público Casillas tem tido até agora um comportamento exemplar, merecendo plenos elogios e não podendo estar mais longe de uma imagem arrogante ou de prima dona. Temos todas as razões para estar plenamente satisfeitos com a sua atitude (e da sua esposa), os sinais iniciais são encorajantes.

Gostei em particular da seguinte notícia (mesmo sendo um detalhe), ainda mais tendo em conta que o treinador e metade do plantel falam espanhol:

«O "El País" que o conta, num longo texto em que dá conta de outra preocupação das partes: começar com as aulas de português. Não que seja difícil para os colegas perceberam o que Casillas diz, mas porque o guarda-redes quer integrar-se da melhor forma possível no clube, na cidade e no país»

Para além da vantagem prática ao aprender a língua do país onde se vive, isto demonstra sem dúvida uma boa vontade que só pode granjear simpatia entre os colegas portugueses e brasileiros, dirigentes e adeptos em geral. Veio-me à cabeça o saudoso Bobby Robson, que se via grego com a nossa língua mas que, honra lhe seja feita, ao menos tentava.

Infelizmente muitos outros não fazem o mesmo esforço. É até mesmo a maioria... a mero título de exemplo temos um Jackson, que viveu aqui vários anos, e Lopetegui. E sobre este último (e de forma mais geral sobre os espanhóis) diz o El Pais:

«Julen Lopetegui se pelea con el idioma desde hace un año, aunque, para evitar malentendidos, prefiere hablar en portuñol en sus conferencias de prensa, idioma al que ya se han acostumbrado los portugueses, una vez visto que lo de lo españoles con el portugués no es de mala educación, sino, únicamente, incapacidad para aprender cualquier idioma»

Bem, antes de mais nada não sei o que o El Pais entende por «portunhol», mas para mim uma mistura 98% de espanhol e 2% de português (que é o que eu vejo, uma palavra solta em cada 50) certamente não chega para se poder falar nisso.

Em segundo lugar não deixa de ser irónico que digam isso a propósito de alguém que viveu até aos 19 anos numa região onde metade da população fala uma língua completamente distinta (basco).

De resto é grande «tanga» que os espanhois "tenham incapacidade para aprender qualquer língua" (já agora, será que incluem o espanhol na lista quando dizem isso?). Nota-se que se trata de um jornal de Madrid: duvido que um jornal de Barcelona, Bilbau, Corunha ou Valência afirmasse a mesma coisa... uma parte considerável dos espanhóis (nomeadamente dessas regiões) são no mínimo bilingues.

Mas mesmo excluindo esses bilingues catalães/bascos/galegos, por acaso conheço imensos espanhóis que falam bem outras línguas (ainda que muitos com um sotaque carregado, mas não é isso que está em causa); aliás, hoje em dia há imensos turistas espanhóis que viajam pela Europa fora e vêem-se obrigados a falar outras línguas (principalmente o inglês). Para nao falar dos emigrantes espanhóis (que houve muitos nos ultimos anos).

E certamente não me parece que tenham menos (ou mais) inteligência do que quaisquer outros povos.

O que se passa sim é que têm mais dificuldades iniciais do que outros países (como Portugal, Holanda, etc), principalmente na pronúncia, porque dentro de Espanha praticamente só ouvem espanhol (filmes/programas dobrados na TV, ...). Mas nisso não são nada diferentes dos franceses, italianos, alemães ou ingleses.

E se há língua fácil para eles aprender, é o português. Resumindo e concluindo: um espanhol (ou um argentino, mexicano, colombiano, ...) que viva em Portugal e não o faça é por pura preguiça (ou complexo de superioridade), o El País que não venha com histórias da carochinha. Ainda para mais quando vocabulário para um jogador ou treinador de futebol não é muito extenso, e quando este tipo de imigrantes se pode dar ao luxo de pagar a um professor para se deslocar a sua casa dar lições privadas conforme lhes der mais jeito.

Ninguém espera que comecem a recitar os Lusíadas, ou que falem sem um forte sotaque.

O que lhes vale é que os portugueses são mais simpáticos do que outros povos nestas coisas. Por exemplo, um jogador ou treinador alemão q vá para a Holanda (para pegar noutro exemplo de um tipo de um país grande a ir para um país pequeno em que as línguas são bastante parecidas) e ao fim de um ano fale apenas em alemão está «feito ao bife». Seria crucificado. Já agora, ainda não vi um jogador (ou treinador) português em Espanha a não aprender espanhol.

Como nota final e voltando a Casillas: para já trata-se apenas de declarações de intenções, mas se levar isso por diante espero que o bom exemplo faça escola entre os colegas. Claro que não exigimos isto aos jogadores (o que mais importa de longe é o rendimento, obviamente), mas seria um sinal bem-vindo de boa vontade.

PS - por razões pragmáticas usei o termo «espanhol» para a língua, mas o termo correcto é «castelhano».

26 comentários:

  1. Nesse aspecto (postura), o Casillas não engana. Sempre tive uma boa imagem dele, apesar das polémicas do período Mourinho. Quanto à aprendizagem de português pelos espanhóis, a minha achega: tive um professor universitário catalão, sedeado em Portugal há vários anos, que me disse que ele conseguia falar o tal "portunhol" por ser da Catalunha. Trata-se mesmo de uma dificuldade com origem gramatical, na sintaxe do castelhano. Segundo ele, é, de facto, muito difícil aos que falam castelhano aprender português e não um caso de má vontade. Desde aí, comecei a ser mais tolerante, embora, exija, no mínimo, que façam um esforço para nos compreender para que não tenhamos de falar "espanholês".

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    1. Sinceramente, eu sou fluente em castelhano e nao vejo qualquer problema gramatical para eles aprenderem portugues. Pelo contrario, é bem mais fácil para eles q aprender inglês, alemão ou até mesmo francês. E conheço vários espanhóis (castelhanos) que aprenderam facilmente português.

      Onde eu vejo o português ser difícil para os castelhanos (aliás, para os espanhóis em geral, catalaes incluidos) é na pronunciação, pq a nossa língua é foneticamente muito mais complexa. Em particular: em espanhol (ou catalão) as vogais são sempre abertas (á, ó...), em português há muitas variantes (um «a» pode ser «á», «â», «ã», «e» ou até mesmo mudo, como em «para» -> «prâ»).

      Para não falar de coisas esquisitas para um estrangeiro, como meter um «nh» em «muito» -> «muíñtu».

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    2. Em catalão também existem vogais suaves ou mudas. Tem uma fonética mais flexível que o castelhano. Aliás, até por vezes caem as vogais mudas no fim das palavras, como por exemplo, em "font" ou "carn" ("fonte" e "carne" em português).

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  2. Agora até a língua é motivo para críticas a Lopetegui. Realmente é fantástico que sejam os portistas a escrever disparates destes. O Ronaldo, o Coentrão, o Pepe, o Marcelo, etc., em Madrid, falam espanhol, queres ver????? Por acaso alguém em Portugal não percebe o que Lopetegui diz????

    E porque não falar antes sobre o que disse Marco Ferreira, que se fosse sobre o Porto, tinha honras de aberttura de telejornais, capaz dos pasquins, bloguers a cascar no Porto (incluindo supostos portistas). E porque não falar de quanto custaria contratar um defesa direito de classe em vez de estar sempre a decascar no Maxi (e não, não gosto dele).

    Tantos assuntos importantes e vão criticar o "Lope" por falar espanhol?????

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    1. Dizer bem do Futebol Clube do Porto é só para os "carneiros seguidistas". Mentes intelectualmente elevadas não dizem nada de bom.

      Abraço Azul e Branco,

      Jorge Vassalo | Porto Universal

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    2. Eu pensei q comecei o artigo logo a abrir a tecer fortes elogios a um jogador nosso (Casillas), mas pelos vistos afinal o artigo foi só para criticar...

      Aliás, pela vossa lógica eu nao poderia sequer elogiar o Casillas, já q o elogio só faz sentido usando um ponto de referência (q é os treinadores ou jogadores de lingua espanhola q nao se esforcam por aprender portugues).

      E já agora, como deixei vincado no artigo:

      1) isto é um detalhe, o q mais interessa de muito longe é o seu desempenho
      2) falei no exemplo do Lopetegui já q o El Pais trouxe isso à baila, mas vinquei que este ponto aplica-se aos estrangeiros todos

      Enfim, como se fosse necessario mais uma vez fica cabalmente demonstrado q algumas pessoas só lêm aquilo q convém às suas ideias pré-concebidas.

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    3. Esse é o chamado "backhanded compliment". Você elogia o Casillas como mais um contraponto a Lopetegui e por aí fora. Não muda nada da substância do que disse.

      Sempre a malhar. Enfim. Para quê comentar né? Não muda nada.

      Sigamos o exemplo do Mefistóteles.

      Abraço Azul e Branco,

      Jorge Vassalo | Porto Universal

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    4. Sim o Ronal, Coentrão, entre outros portugueses em Madrid falam espanhol à imprensa e ao público... julga o quê? Entre eles falam português, mas para comunicar com os colegas e tudo pensa que falam o quê? LOL

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    5. Pior que a suposta crítica inclemente e sistemática é o tom moralista, ou mesmo inquisitorial, de alguns que aqui vêm aparentemente quase que com o único propósito de atacar o que aqui se escreve.

      Há muitos blogues de portistas onde abundam os elogios e escasseiam as críticas (como o seu). Estão no seu direito, e nunca me passaria pela cabeça atacá-los por isso.

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    6. Jorge Vassalo,

      Também no campo "inimigo" há quem se queixe daqueles que "só sabem criticar". Como no blog "Justiça Benfiquista", aqui atacando o seu rival "Novo Geração Benfica":

      http://justicabenfiquista.blogspot.pt/2015/07/geracao-anti-benfica-basta.html

      "É espantoso que o blog mais visitado pelos benfiquistas seja precisamente aquele que passa a vida a atacar toda a estrutura do Benfica e a fazer o jogo dos adversários do Benfica."

      (...)

      "Agora mover uma perseguição permanente, atacando diariamente o presidente do Benfica por uma coisa e o seu contrário é algo que não cabe na cabeça de nenhum benfiquista que queira o bem do seu clube. As vitórias do clube são no blog "Geração Benfica" meras notas de rodapé, no meio de um dilúvio de delírios acerca de tudo e coisa nenhuma."

      Como vê, zelotas há-os por toda a parte.

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    7. "Backhanded compliment"?

      Pronto, Jorge Vassalo, descobriu-me a careca, eu confesso tudo.

      Podia escrever um artigo a criticar o Lopetegui nisto há meses atrás, mas estava à espera que o El País escrevesse sobre isso porque assim a critica tem mais impacto.

      Também podia criticar o Lopetegui sem precisar de dar destaque ao Casillas, mas convenci eu próprio o Casillas a aprender português porque assim posso usar isso no artigo e deixar o Lopetegui fazer pior figura.

      E só disse que isto de nao aprender português aplica-se à maioria dos jogadores com espanhol como língua materna, e até dei o exemplo de um jogador q é para mim um ídolo (Jackson)... só para disfarçar o verdadeiro alvo da critica.

      Confesso tudo. Mas já q estamos no campo linguístico, sabe a expressão inglesa que me vem à cabeça?

      Too clever by half.

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  3. Por acaso tive uma conversa com amigos por causa desta questão da língua relacionada com VP.
    VP disse numa entrevista que o inglês dele chega perfeitamente. O que me desiludiu porque para lhe abrir as portas da Premier, um inglês perfeito é meio caminho andado.

    Quando se vê Pep a apresentar-se no Bayern a falar um alemão perfeito vê-se a preocupação com o detalhe. E são esses detalhes que muitas vezes diferem o génio do bom.
    Não digo que a língua seja indispensável. Mas a atenção a esses pormenores é uma boa imagem da personalidade da pessoa. Do fazer bem feito ou do desenrascar. E quem desenrasca só normalmente deixa coisas mal feitas.

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  4. José Rodrigues, é realmente verdade que os espanhóis tem dificuldade em falar outras linguas!
    Tenho amigos espanhóis que dizem que o problema deles é precisamente já serem... bilingues!
    E para dar veracidade ao facto, veja-se o caso de Paco Fortes, que vivendo anos e anos em Portugal nunca conseguiu falar português.
    Já os portugueses, tem uma incrivel aptidão para falar outras linguas!!!!

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    1. Vivendo e trabalhando em Espanha há quase uma década, fico estupefectado Felisberto, como acha que há espanhois que se auto-intitulam bilingues.

      A imensa esmagadora maioria da população - salvo na Catalunha, algumas, não todas, zonas da Comunidade valenciana e balear, en Euskadi e em algumas zonas da Galicia - falam dois idiomas. A esmagadora maioria do pais (Andalucia, Castillhas, Cantabria, Asturias, Aragão, Canarias, grande parte da Comunidade Valenciana) nem fala nem sequer estudo um segundo idioma nacional.

      Os espanhóis podem ter dificuldades em falar outros idiomas mas se o têm é por decisão própria. Quando vão - porque, infelizmente, como portugueses, há muitos forçados a sair - para outros paises da Europa onde não têm outro remédio, aprendem a falar inglês, alemão, belga, francês ou russo. Podem ter mais ou menos sotaque, mas aprendem porque é obrigatório.

      Em Portugal sempre houve uma cultura de permissividade linguistica com qualquer pais que nos visite - ainda hoje é fácil ver um portugues tentar falar em frances ou ingles com um turista, algo que noutros paises, como a propria Espanha, é inverosimel - e com os espanhois maior ainda.

      Lopetegui não é a excepção, pelo contrário, é a regra de uma ideia preconcebida e acho dificil que ele mude, particularmente se não há ninguém no clube que lhe exija. O Pep Guardiola começou a aprender alemão por vontade própria mas também porque no Bayern lhe disseram que a imprensa alemã não pergunta a ninguém em inglês. O Mourinho aprendeu italiano pelo mesmo motivo em Milão. O Lopetegui - como o Paco Fortes, como o Camacho ou o Quique Sanchez Flores - jamais receberam essa indicação.

      É a cultura desportiva que impera da qual o Lopetegui não tem culpa mas é cumplice.

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  5. Choca-me o Maxi que passado 8 anos, ainda não fala nada de português

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  6. "Quando vão - porque, infelizmente, como portugueses, há muitos forçados a sair - para outros paises da Europa onde não têm outro remédio, aprendem a falar inglês, alemão, belga, francês ou russo. Podem ter mais ou menos sotaque, mas aprendem porque é obrigatório."

    Isso e' mais do q óbvio e só por si demonstra q aprender uma lingua estrangeira está perfeitamente ao alcance dos espanhois.

    Diga-se de passagem q eu acho bem q os portugueses façam um esforço especial com visitantes estrangeiros.

    ...mas só até certo ponto. Por exemplo, não tenho problema nenhum em admitir q quando era miúdo e aparecia-me um espanhol a perguntar de forma arrogante «Eh, chico, dime donde es los Clerigos!» eu mandava-o na direccao... errada. Aconteceu várias vezes.

    Nao estava à espera q me fizesse a pergunta em português, mas por um minimo de cortesia podia começar por perguntar «Perdón/hola, entiendes español?» que aí já estava tudo bem. O problema era a atitude (como se fosse obrigacao minha perceber espanhol).

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    1. ".mas só até certo ponto. Por exemplo, não tenho problema nenhum em admitir q quando era miúdo e aparecia-me um espanhol a perguntar de forma arrogante «Eh, chico, dime donde es los Clerigos!» eu mandava-o na direccao... errada. Aconteceu várias vezes.

      Nao estava à espera q me fizesse a pergunta em português, mas por um minimo de cortesia podia começar por perguntar «Perdón/hola, entiendes español?» que aí já estava tudo bem. O problema era a atitude (como se fosse obrigacao minha perceber espanhol)."

      Tantas vezes fiz o mesmo. O nosso problema é precisamente o oposto, o servilismo de não exigir algo em troca, um pequeno gesto de boa disposição com um pequeno esforço para demonstrar que se não falem é porque não podem.

      Tenho amigos espanhois que dominam o português ou que o arranham mas em Portugal, quando lá vão - e alguns vão muito - nunca tentam sequer dizer nada em português. Quando lhes pergunto porquê, a resposta é sempre a mesma "Para quê, se com o espanhol todos me entendem e respondem". Já os mesmos, quando vão ao Brasil, bem que se lixam. Se não arranham o português, ficam muitas vezes a falar sozinhos.

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    2. Isto que diz esta muito certo... os espanhois nunca dizem "obrigado" e "por favor", mesmo um "gracias" lhes faria muito bem. Isto e como eles sao em todo o mundo portanto nao e so com portugueses. Se um espanhol quer um copo de agua ele diz "traz-me um copo de agua"... os ingleses acham muito feio porque estamos acostumados com "manners".
      Tambem olhando de fora posso dizer que os portugueses gostam muito de fazer quexinhas... o que hoje esta bem amanha ja e tema de "bilhardeirisse". Também quando nao tem argumentos pegam com a primeira coisa que vem a cabeça como pequenos erros gramáticos...

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    3. Nós portugueses somos mais sensíveis com os espanhóis nestas coisas, mas eles dão-nos razoes para isso.

      Ainda na semana passada estive num hotel de 5* perto de Barcelona para uma reunião da minha empresa (e havia pessoal de todo o mundo) quando ao fazer o check-in preferi falar em inglês, apesar de ser fluente em espanhol (e ao ver q o recepcionista falava inglês impecável).

      Ao ver o meu passaporte (português) o recepcionista imediatamente começou a falar comigo em espanhol, apesar de eu lhe ter falado em inglês. E torceu o nariz quando lhe pedi para repetir o que disse em inglês.

      Como quem diz: se és português tens obrigação de perceber espanhol, mesmo que prefiras falar em inglês. A gente só fala inglês de boa vontade com os outros estrangeiros.

      Nao é a primeira, nem a segunda nem a terceira vez que me fazem algo do género. Complexo de superioridade típico.

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  7. Viva!

    A expressão "Portuñol" em castelhano e "Portunhol" designa a mistura entre estes dois idiomas que sempre existiu na região fronteiriça entre o Brasil, a Argentina e o Uruguai. Com o aparecimento do Mercosur,esta realidade expandiu-se, tornando-se uma realidade palpa'vel mundialmente. Talvez ainda mais que o spanglish.

    Fiel leitor deste blog, começo a ficar surpreendido pela linha editorial deste espaço que parece ter como u'nico objectivo a cri'tica sistema'tica, implicita ou explicitamente, do treinador do meu clube: O FC Porto.

    Hoje, a criti'ca diz respeito à li'ngua que Lopetegui emprega: O Castelhano.

    E porque é que Lopetegui emprega o Castelhano? Porque - como refere o extracto d' "El Pais" citado - quer evitar mal entendidos,ou seja, esta' consciente que as duas li'nguas apesar de pro'ximas também podem ser "traiçoeiras". Existe, pois, coerência por parte de Lopetegui que desenvolve um discurso que não se articula em torno de frases minimalistas como é o discurso - pedido - aos executantes.

    Para mim, prefiro que fale em Castelhano que em Basco :-) E, verdade seja dita, também acho que a troca dos v pelos b nos da' um sentimiento de Puerto e Norte, sem esquecer o Mirandês :-)

    Não sei se o Castelhano é a li'ngua materna de Lopetegui, mas penso saber que o bilinguismo não existe e que não existem li'nguas fa'ceis ou li'nguas difi'ceis. O cerébro humano em seu funcionamento e relacionamento com o exterior é ainda muito desconhecido. Mas seria outro assunto.

    E Viva o Porto!

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    1. O Reflexão Portista não tem linha editorial. Se veio cá à procura disso, é melhor dar meia volta. Aqui cada autor escreve o que bem entende com um ponto em comum: o amor ao FCP.

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  8. Sou de Londres e conheço muitos espanhóis... nenhum sabe falar inglês bem... nenhum... simplesmente nao conseguem dizer certas silabas porque so sai "fffff fff ff"... sem aprender um idioma diferente ainda jovem eles perdem a habilidade para nao enrolar a língua quando estão a falar.
    Fico satisfeito quando fazem um esforço como fazia o Bobby Robson... mesmo nao sendo perfeito sempre admirei isso no Bobby.... agora o que nao me deixa satisfeito e quando os espanhóis depois de estarem em Portugal um ano ainda falam em "ilusion"... alguém devia explicar quando uma palavra tem um sentido diferente.

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  9. »Fiel leitor deste blog, começo a ficar surpreendido pela linha editorial deste espaço que parece ter como u'nico objectivo a cri'tica sistema'tica, implicita ou explicitamente, do treinador do meu clube: O FC Porto.»

    Olhe que não: o que me parece é que há muita gente que aqui vem já com o preconceito de ler críticas compulsivas onde elas não existem. Este artigo do José Rodrigues é um bom exemplo disso. Interpretá-lo como inserido em críticas sistemáticas é muita criatividade e alguma paranóia.

    Mas olhe: como deve saber, não faltam blogues de portistas onde abundam os louvores (no que estão no seu pleníssimo direito, claro). Decerto serão para si um verdadeiro bálsamo.

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  10. Viva,

    "é muita criatividade e alguma parano'ia".

    Agradeço o elogio pela criatividade e, acreditando que alguma parano'ia tem efeitos protectores, regresso aos meus aposentos, acompanhado pela leitura da "modernidade da Inquisição" (Nathan Watchtel).

    Todavia, debaixo de "o orifi'cio de vi'gia" - invenção mor da Inquisição com sede em Lisboa - deixo expresso os votos sinceros de felicidade para si e os contribuidores deste espaço.

    E Viva o Porto!

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  11. Concordo plenamente com a essência do texto.. Penso que todos os profissionais estrangeiros que trabalham no FC Porto deviam fazer um esforço para falar o Português. Se eu for trabalhar para a Alemanha ou França também devo aprender o idioma do pais, não consigo entender onde está a duvida ou a critica nisto.
    Como tal registo com satisfação a atitude de Casillas,revela um respeito e um profissionalismo exemplar para com o FC Porto, a cidade e pais. Um exemplo que poderia ser seguido por todos inclusive alguns portugueses, lembro me que Rolando nem falar sabia era constrangedor ouvi-lo falar.

    Outro aspecto, penso que se começa a instalar uma certa mania da perseguição em relação ao nosso clube e sobretudo Lopetegui, já disse antes que por vezes, querer defender quem não está ser atacado é fazer um fraco favor a quem se pretende defender.

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  12. O Jorge Jesus está em Portugal há 60 anos, nascido e criado, e também não sabe falar português.

    Obviamente que a observação, feita a Julen, neste post tem razão de ser, mas por outro lado ele testemunha um colega de profissão – embora rival clubístico – treinador há vários anos em Portugal, com títulos no palmarés, sem saber falar português correctamente, e conclui logicamente que a aprendizagem da língua nacional não é um factor decisivo para o sucesso.

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