Não se enganem. Ninguém na SAD acreditava em Agosto no título. Ninguém na SAD acreditava em Janeiro no título. Ninguém na SAD acreditava em Abril no título. E por isso, toda a gente na SAD está contente em Maio. O FC Porto já assegurou quase matematicamente o segundo lugar - o que garante entrada directa na Champions, 12 milhões e uns trocos fixos em receitas - e viu o Benfica ser campeão de novo com um novo hashtag (passamos do #Colinho para o #LigaSalazar) que permite continuar a atirar areia aos olhos dos adeptos. Todo em paz, tudo satisfeito.
Faltam semanas para acabar uma época que já não vai dar nada de si. O Porto tem o segundo lugar a noventa minutos e um tropeção do Sporting de distância e o primeiro a uma quimera e vinte mil hashtags de diferença. Não se joga nada, não se joga a nada - algo que é o que tem sucedido desde há meses - e o soporifero debate sobre se há mudança de treinador, quem vai sair para tapar o buraco das contas só será superado pela moda da Liga Salazar. Tudo discussões que tapam o grave e realmente importante, tudo uma agenda que serve os mesmos interesses de sempre, os que nunca são julgados pelos fracassos e que sempre aparecem na fotografia dos êxitos.
O FC Porto vai para o quarto ano sem troféus. Quatro.
Um
Dois
Três
QUATRO.
Nesse período de tempo ainda ninguém com poder para isso explicou porque se passou do modelo Paulo Fonseca e vamos investir nos jogadores do mercado local ao modelo NES e vamos investir na formação sem vender as pérolas passando pelo modelo Lopetegui e vamos ter gajos emprestados espanhóis que isso é que está a dar...todos os modelos sem êxitos, todos os modelos diametralmente opostos do que seria ter UMA ideia de gestão desportiva.
Um treinador pode ser mais ou menos competente a nível táctico e de gestão de recursos. Um jogador pode ser mais ou menos talentoso, trabalhador ou profissional. Mas de um director, de um presidente, espera-se que tenham uma visão alargada - sobretudo quando são já 35 anos no cargo - e uma ideia de gestão clara. Desde a saída de um treinador bicampeão que colocou o ponto final a um tricampeonato histórico e do desenvestimento do clube - basta ver a qualidade do plantel de 2011 e o de qualquer ano pos 2014 - para entender que o grande problema nunca foram os nomes, dentro e fora de campo, nem sequer a existência do Polvo - real, inequivoca e cada vez maior - e sim a absoluta ausência de uma ideia de gestão desportiva que mantenha o Porto na luta. Depois de uma década em piloto automático, durante a qual não houve sequer concorrência significativa, e de um ano que provocou um importante abanão que teve uma óptima reacção - o marasmo apoderou-se dos escritórios do Dragão e ainda lá continua...um, dois, três...quatro anos depois.
Nenhum clube pode ganhar sempre. Nenhum clube pode ambicionar ganhar sempre e sentir que falha se não ganha de vez em quando. Mas nenhum clube que tenha um orçamento como o nosso se pode permitir não querer ganhar sempre e ter um plano para isso. NES é como Peseiro, Lopetegui e Fonseca o espelho da falta de ideias da direcção da mesma forma que muitos dos jogadores que têm passado reflectem a falta de critério desportivo que existe no clube. O Benfica foi campeão neste ciclo sempre com inequivocas ajudas externas que são cada vez maiores e transparentes - e são transparentes porque já nem sequer há medo de que alguém as denuncie a sério porque o silêncio impera no Dragão salvo alguns hashtags de moda - mas isso não justifica que em cada um desses anos o Porto tenha cometido erros impróprios da máquina que foi e pode voltar a ser. E no entanto a sensação colectiva é que esta seca, este mini deserto, incomoda menos do que deveria. Não gera acção nem sequer reacção. Os destinos do mercado estão entregues a amigos tal como a colocação de treinadores. O jogo da cadeira do poder alimenta facções e o poder crescente de uma determinada facção dos SD dentro da própria estrutura ajuda a explicar a ausência de contestação vivida noutras etapas muito menos graves do que esta. O trabalho mediático também deixa muito a desejar e embora o Universo Porto seja um oásis no deserto e o trabalho de Francisco J. Marques altamente elogiável, o certo é que justificar campeonatos perdidos APENAS com hashtags não ajuda em nada o clube.
Sim, o Benfica tem sido escandalosamente beneficiado. Sim, o Polvo existe e não vai desaparecer tão cedo. Sim, nos últimos vinte anos em democracia o Polvo fez-se maior do que foi durante o regime salazarista. Sim, os jogadores do Benfica - e treinadores - vivem na impunidade. Tudo isso é certo mas o Porto já ganhou ao Polvo quando soube entender que tinha de trabalhar o dobro, falhar a metade das vezes e procurar ser uma voz que ninguém calava nos momentos mais dificeis. Isso, os hashtags de Colinho e Liga Salazar, não são a forma de reagir se não forem acompanhados de outro tipo de acções - desportivas, de gestão, de presença nas intituições de forma activa - e tudo isso não existe e só poderá existir quando algumas cadeiras se derem conta de que estão a actuar como os caducos dirigentes soviéticos dos anos oitenta, a ver o tempo passar e a pensar em glórias passadas.
De nada vale o esforço dos Francisco J. Marques e afins, de nada vale que bloguers - esses demónios segundo alguns dirigentes do clube - ou adeptos de rua a apontar o dedo ao que está mal se os únicos com o poder de emendar a mão não o façam e decidam, por oposição, a mostrar contentamento com segundos lugares, apuramentos europeus e pouco mais. A Pinto da Costa honra-lhe apoiar os homens que escolhe para dirigir o clube em momentos dificeis mas mais lhe honraria apoiar os adeptos e sócios que há trinta e cinco anos o apoiam e decidir se tem capacidade de desenhar do zero - porque será do zero face ao panorama actual - um novo plano estratégico de êxito em multiplas dimensões ou se está apenas preocupado em não cair de uma cadeira à vista de todos enquanto aqueles que o rodeiam lhe continuam a dizer que tudo está bem e a culpa da derrota é apenas e só dos polvos e nada mais...
PS: Já agora, a modo de remate, estaremos seguramente todos curiosos para saber se há prémios de participação a distribuir pela SAD pelo segundo lugar como já sucedeu pelo objectivo cumprido de disputar a Champions. Quatro anos sem títulos e com um investimento brutal e as contas nas lonas seria mais uma cuspidela na cara dos sócios e adeptos do FC Porto. Mas nada que nos estranhe vindo de quem vem realmente.
A grande verdade é que chegou a hora de Pinto da Costa largar o poder e ir embora.
ResponderEliminarFicará sempre na história do clube, como aquele que conseguiu erguer o FCP das cinzas e levá-lo à Glória, se e este se é muito importante, sair por moto próprio e não empurrado, que é o que se arrisca a acontecer.
PC já à muito tempo que deixou de ser parte da solução para ser o responsável máximo pelo problema.
A grande verdade é que eles tem atitude de "o clube é nosso fazemos o que queremos" é com muita pena minha mas enquanto houver esta atitude vou continuar afastado do nosso clube.
ResponderEliminarBom texto, algo escrito a quente mas quem não se sente não é filho de boa gente e impera tomar uma atitude. Qualquer portista deve estar grato pelo que o nosso presidente alcançou mas não tirando o mérito e até compreendendo que não queira abandonar o barco nesta altura delicada importava (já de longa data a esta parte) que a passagem do testemunho estivesse feita, saindo PdC de cena porque não nos equivoquemos, ninguém pode nem deverá estar acima dos superiores interesses do clube.
ResponderEliminarJá lá vão muitos anos desde o "momento Kelvin" e desde essa altura o tremendo balde de água fria levou a que o nosso rival se organizasse e acabasse com o discurso demagogo e o populismo barato. E o FCP não soube reorganizar-se e perceber que aquele episódio deve ser a excepção à regra e não beliscar os nossos pergaminhos de clube lutador, abnegado e moldado numa cultura de vitórias.
NES ajudou a recuperar alguma mística perdida mas o plantel era/é curto face aos rivais e nos momentos-chave da época claudicamos sistematicamente. Não ofereço fórmulas mágicas mas se dá demos 4 passos atrás, há que perceber quando chega a hora de voltarmos a chegar à frente e dizer com sentimento "SOMOS PORTO"
A insistência em atribuir o possivel tetra a colinho e polvo é um belo exemplo de contricionismo. Senão vejamos, O FCP quando ganhava consecutivamente sofria do mesmo por parte de adeptos do SLB que andaram 11 anos a desculpar derrotas, equipas com Escalonas, Leónidas, Tavares, Thomas, Pringles, Tauments e muitos outros, mudança de treinadores constantes, instabilidade e precária situação financeira, trocas constantes de presidentes com todo o folclore que isso trazia... a desculpa era que o FCP era beneficiado e os árbitros roubavam o Benfica, agora em pleno sec. XXI assistimos ao inverter de papéis, porque naquele tempo os "cegos" benfiquistas não viam como o FCP tinha uma estrutura, como vivia financeiramente bem, mantinha o presidente e não passava pelas turbulências de eleições,como mantinha a base das equipas durante anos o que permitia a que todos os contratados viessem e "parecia que jogavam na equipa à anos", pois... hoje o SLB mantém uma estrutura à 10 anos, têm jogadores no clube com 10 anos na equipa, têm estratégia, ganha o que dá confiança de uns anos para os outros, os adeptos tornaram-se exigentes, teve um treinador durante 5 anos, têm agora um que poderá fazer o mesmo, no fundo estabilidade. Entre deve e haver jamais os clubes terão razão de queixa de arbritagem, num ou outro jogo sim, uma época inteira... por favor, também vimos o campeonato ser relançado com 2 arbitragens infelizes Boavista na Luz e Setúbal fora de rajada com lances bastantes evidentes e não vi ninguém fazer o alarido que se faz agora a por todo um campeonato de 34 jornadas em causa, mais a mais quando o FCP nas oportunidades que teve de se chegar á frente foi, como diria Jesualdo Ferreira incompetente, não se escondam atrás de arbitragem, fosse pelo que fosse ou pelas ridiculas dissertações de NES a equipa fraquejou psicológicamente nos momentos decisivo. Eu vejo futebol desde de sempre, vivi os anos de glória do FCP desde a final com o Bayern até aos dias de hoje e nunca tinha visto o FCP ficar satisfeito com um empate que o deixa-se em 2º lugar atrás do Benfica, muito menos se esse jogo em caso de vitória lhe desse o 1º... era o maior temor dos benfiquistas, o facto de o FCP nos momentos decisivos não falhava, pois bem meus amigos, esse tempo por estes dias já era, não são os arbitros, é a mistica que feizmente para mim benfiquista está de volta no meu clube e parece ter de ser recuperada no vosso. Esta é a minha opinião.
ResponderEliminarBem hajam
Concordando em parte com o que diz, não posso deixar de discordar relativamente ao querer tirar da equação a vergonha que foi este ano a arbitragem. Nós tivemos a nossa mea culpa em não conseguir atingir o objectivo máximo, mas se os outros têm uma estrutura tão forte, jogadores e treinador mais estáveis, como explica que cheguemos à penúltima jornada e ainda não haja campeão?? O FCP nos tempos dos apitos dourados e outras invenções ganhava os campeonatos com 12 pontos de diferença, ganhava competições internacionais...Querer comparar as duas situações, a meu ver, é muito redutor. Tal como é pensar que o mal está todo nestas situações e não se querer olhar para problemas de fundo que o nosso clube atravessa.
EliminarSinceramente não entendo os comentários que colocam o plantel do FCP como um aglomerado de jogadores sem classe ou a dedicação de PC ao clube.
ResponderEliminarSenão vejamos : do onze titular há algum jogador que não fosse titular no SLB ou SCP? Casillas, Felipe, Danilo, Teles, Otavio, André Silva, Brahimi, Soares , Oliver ... Serão piores que os seus homólogos dos Benfica?... Claramente que não. E também digo que Rui Vitória também é fraquinho...por isso o que distingue claramente no final é que uma equipa teve ajudas que fizeram a diferença. Mas não foi só isso. Uma equipa como o FCP só esta época começou a ganhar verdadeiras referências de balneário ( Casillas já está plenamente integrado, Felipe, Danilo , Soares...) São gente de carácter e que se pode contar não só enquanto jogadores mas enquanto homens dispostos a sacrificarem se pelo clube. O SLB tem isso há muitos mais anos ( Luisão..Júlio César...Salvio...Jonas....).
Mas a diferença também provém de que NES é medroso, não tem estatuto de líder junto dos jogadores menos influentes e passa uma mensagem confusa, amorfa e pouco ambiciosa. O somos porto ( que se eu mandasse abolia imediatamente pelo vazio de mensagem) é exactamente o exemplo do que disse anteriormente: um discurso vazio e maçador.
E PC já tem isso claro. Falta saber o que em determinado momento o levou ( ou quem o levou a decidir se por NES) quando estava claro que ia conduzir à situação em que estamos. Aí está a sua responsabilidade, a de ter sido levado por uma decisão muito arriscada e altamente destinada ao fracasso sobretudo pela falta de currículo e perfil ganhador de NES ( que enquanto jogador sempre foi um jogador acomodado e enquanto treinador, ultradefensivo e pouco motivador).
PC já entendeu que chegou ao limite do seu crédito. Resta lhe aquilo que vai ser a sua bóia de salvação : ou JJ ( um desejo antigo) ou AVB que chegará para salvar o amigo.
Tudo o resto será mais do mesmo: risco, falta de liderança e apostas que serão como os meloes ...só depois de abertos se saberá).
Uma palavra adicional para a entrada em jogo este ano de Francisco J. Marques.
ResponderEliminarA melhor contratação da época. Uma voz assertiva, sem medos e que pôs em sentido a nossa concorrência.
Quem dera ter uma voz igualmente autoritária e capaz de impor tamanho medo futebolísticamente aos nossos adversários.
A verdade é essa. O que conta é o dinheiro e, portanto, o 1º ou 2º lugar são quase a mesma coisa para a direção: dinheiro.
ResponderEliminarPaulo,
ResponderEliminarA questão do dinheiro ( e em 35 anos houve muita gente que se encheu dele) só funciona havendo títulos ( se não todos os anos pelo menos em alguns).
Ganhar prémios financeiros sem os correspondentes títulos pode funcionar mas não eternamente.
E isso não eles sabem. Talvez por isso estejam seriamente preocupados. Provavelmente não tanto PC mas antes a corja que o rodeia e de que ninguém fala. Os homens da tribuna e das comissões.
Buck naked, com ou sem títulos enquanto houver jogadores no plantel que rendam valores acima dos 20 milhões, estas besta$ vão andar contentes.
EliminarQuando o Porto se tornar uma equipa de "Escalonas, Leónidas, Tavares, Thomas, Pringles, Tauments e muitos outros", talvez aí comecem a pensar que será hora de sair.
Caro Miguel Lourenço Pereira
ResponderEliminarSimples e objetivo. É isso mesmo. Chega de andarmos a dourar a pilula. Abraço
Como pode o FCP ter uma equipa sem classe, se c tem um orçamento maior que o dos crivais. Dailo Casillas andré Silva, Otávio, não têm classe. E o que dizer do desastre a nivel financeiro que tem sido a gestao da SAD. talvez ainda maior que o desportivo. E que ameaça seriamente qualquer hipótese de estabilizar a equipa, com a necessidade premente de vender jogadores, para realizar receita. Esta SAD está esgotada.
ResponderEliminarDe facto a nossa democracia continua a ser algo muito engraçado: inúmeras pessoas são julgadas e condenadas apenas por terem opinião diferente enquanto alguns broncos podem insultar, caluniar, denegrir com as mais básicas e genéricas premissas sem que nada se passe.
ResponderEliminarPS. Só alguém muito "distraído" não sabe quem é o autor da farsa...
Se depois do fracasso deste ano os Srs da Sad ainda receberem prémios devemos todos deixar de pagar quotas pois acho que ninguém quer alimentar incompetentes.
ResponderEliminarBoa ideia Francisco. Vamos criar um movimento
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