terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Dicionário do Sistema - Ferreira, João

Ferreira, João – "Estou chateado com a arbitragem? Não. É com o nó da gravata. Tenho aqui – levou a mão ao pescoço – uma coisa a sufocar-me... Custa muito perder assim, mas se disser aquilo que me vai na alma, fico com o salário hipotecado até ao fim da época. Coisas como as que aconteceram nesta partida, só se resolvem com pau de marmeleiro. Tenho que dizer coisas bonitas. Sou treinador do Moreirense e não tenho dinheiro para pagar multas. O que interessa é que o Benfica vai à frente e, se calhar, vai continuar até ao fim. Mas eu, se fosse benfiquista, saía daqui frustrado. Não é justo ganhar assim ao Moreirense", foi deste modo, com estas palavras, que Manuel Machado, treinador do Moreirense, reagiu no final do jogo Moreirense – Benfica, disputado em 14/09/2002.


A partir deste jogo, realizado na época 2002/03, toda a gente percebeu que João Ferreira iria ter uma carreira auspiciosa, que rapidamente chegaria a internacional e que tinha o perfil certo para arbitrar jogos do FC Porto (principalmente nas deslocações que se previam mais difíceis), senão vejamos:

Época 2003/04, João Ferreira foi escolhido para arbitrar um dos jogos mais importantes do campeonato: o Benfica – FC Porto. Pois bem, para o painel de ex-árbitros do ‘Tribunal de O JOGO’ (e até para A BOLA!) não houve dúvidas, o árbitro prejudicou o FC Porto, ao não assinalar uma grande penalidade contra o Benfica aos 52', por falta de Argel sobre Jorge Costa. Mais. De acordo com a opinião de Jorge Coroado e António Garrido, para além do penalty, o jogador do Benfica também devia ter sido expulso.

Época 2004/05, 27 de Outubro de 2004, V. Guimarães – FC Porto (Taça de Portugal): Depois de um jogador do Guimarães já ter partido o nariz ao Areias, sem sofrer qualquer tipo de punição (aliás, durante o período de assistência e com o FC Porto reduzido a 10 jogadores o Vitória de Guimarães inaugurou o marcador), o Costinha sofreu uma entrada de tal modo perigosa que, para além de o ter deixado inconsciente, podia tê-lo morto ou incapacitado para sempre. O árbitro, que não hesitou em amarelar vários elementos do FC Porto por terem dito “isto é falta”, nem amarelo mostrou ao “rambo” de Guimarães. Até o Victor Fernandez, um autêntico gentleman, teve de ver dois jogos da bancada à conta do senhor João Ferreira.

Época 2004/05, 6 de Fevereiro de 2005, Estoril – FC Porto: Neste jogo, João Ferreira revelou ter um “olhar cirúrgico”. No meio de um aglomerado de jogadores na área portista, viu o Costinha a tocar na bola com o braço e assinalou penalty contra o FC Porto, mas não viu, instantes antes e na mesma jogada, um jogador do Estoril com o braço no ar bem esticado, desviar a bola. Ou seja, em vez de falta a favor do FC Porto e cartão amarelo para o jogador do Estoril, penalty contra o FC Porto!
A propósito deste lance, Jorge Coroado referiu o seguinte em O JOGO de 08/02/2005: «Pena não ter observado a mão do estorilista que desvio a trajectória da bola atraiçoando Costinha na grande penalidade.»

Época 2004/05, 21 de Março de 2005, Sporting – FC Porto: A injustiça com que expulsou um jogador do FC Porto em cada parte, levou os ex-árbitros que compunham o ‘Tribunal de O JOGO’ a dizer que o FC Porto tinha sido claramente prejudicado. «McCarthy e Seitaridis terão sido mal expulsos do clássico no entender dos especialistas de O JOGO. No lance do grego, punido com vermelho pela grande penalidade cometida, as críticas a João Ferreira são unânimes: Seitaridis deveria ter visto apenas um amarelo por cortar uma linha de passe e não uma situação de golo iminente. Na avaliação feita à cotovelada do sul-africano, apenas António Rola aceita o entendimento do árbitro, apesar de, à semelhança dos outros, ter ressalvado que achava a expulsão demasiado severa.», O JOGO, 22/03/2005

Em resumo, estamos perante um árbitro muito coerente nas suas arbitragens: na dúvida (ou não) e por sistema, prejudica o FC Porto e beneficia os clubes da 2ª circular.

1 comentário:

  1. "Os árbitros para o Benfica eram combinados com João Rodrigues, ex-presidente da Federação Portuguesa de Futebol e conhecido benfiquista. Pinto de Sousa telefonava regularmente àquele dirigente para que fosse ele a contactar Luís Filipe Vieira no sentido de se acertar qual o melhor árbitro para os encontros. Exemplos no processo ‘Apito Dourado’ da existência dessas conversas abundam. O que os dois diziam entre si é que não está documentado, por João Rodrigues e Luís Filipe Vieira nunca terem tido o telefone sob escuta.

    José Veiga, ex-director-geral do Benfica mas ainda hoje o homem forte do futebol, foi também uma personagem central no ‘Apito Dourado’. A sua relação com Pinto de Sousa e Valentim Loureiro era aparentemente boa e os pedidos são inúmeros. Desde a resolução de situações ligadas ao Benfica até árbitros para o Estoril ou casos envolvendo a sua vida pessoal (como a situação onde foi apanhado em excesso de velocidade e que o levou e pedir a Valentim que evitasse a apreensão da sua carta de condução).

    Nos inúmeros volumes do ‘Apito Dourado’ só há uma escuta telefónica onde o interveniente é Luís Filipe Vieira. Trata-se de um jogo da Taça de Portugal, onde o presidente do Benfica diz a Valentim Loureiro que quer João Ferreira como árbitro.

    "ELE QUER O ÁRBITRO DO BELENENSES"

    Pinto de Sousa pediu a João Rodrigues para falar com Vieira a propósito da nomeação do árbitro para a meia-final da Taça de Portugal da época 2003/2004, que ia pôr em confronto o Benfica e o Belenenses. Vieira terá dito que queria o árbitro que apitara o mesmo encontro para o campeonato.

    “Ele ficou doido. Quer o do Belenenses”, disse João Rodrigues a Pinto de Sousa, que lamentou a escolha: “É um bocado chato. Vão perguntar por que repito a nomeação.” João Rodrigues não desarmou: “Vai ser uma chatice [...], o Benfica vai contestar isso”, respondeu, acrescentando: “O Duarte Gomes nem vê-lo... Olegários nem pensar.”

    O QUE ELES DISSERAM

    "Sr. presidente, está ocupado? Fala Veiga [...] Era um favorzinho ... Como você é muito amigo..., a ver se podia dar-lhe uma chamadinha, para ver se corre bem. [...] É contra o União da Madeira, mas nunca se sabe." José Veiga

    "Nomeie o Devessa Neto que o acalma logo [Pinto de Sousa queixava-se que Vieira estava zangado]." João Rodrigues

    "Eu precisava de uma ajudinha. Amanhã, ao meio-dia tenho de escolher os árbitros internacionais para a taça. [...] Precisava de dois nomes de árbitros que o Benfica considerasse." Pinto Sousa

    "Eu vou ligar ao Luís Filipe. [...] Já lhe ligo." João Rodrigues
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    22/06/2007 Correio da Manha

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