Muita gente fala no “sistema” mas, afinal, o que é o “Sistema”?
A meio da época 2003/04, o Dr. Dias da Cunha, na altura presidente do Sporting, afirmou o seguinte numa entrevista: «Olhe, eu já falei muito do sistema, mas posso dizer-lhe o seguinte: o sistema é, por exemplo, ter feito vingar o princípio das nomeações contra o princípio do sorteio. Isso é claramente o sistema! As pessoas que se moveram para que isso acontecesse são tipicamente as pessoas do sistema.»
Eu li isto e pensei: finalmente alguém dá um exemplo concreto do que é o “sistema”. Mas... é público que quem se moveu para acabar com o sorteio dos árbitros e voltar às nomeações, contra a opinião e votos (!) do Sporting e FC Porto, foi o Benfica. Ora, à luz desta afirmação de Dias da Cunha, isso significava que o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira (LFV), é uma pessoa do sistema, certo?
Contudo, o presidente do Sporting apareceu ao lado do mesmo LFV, acusando o presidente do FC Porto, Pinto da Costa, de ser um dos “rostos do sistema”!
Confusos? Pois, perante tanta “coerência”, também eu fiquei confuso. Por isso, meti mãos à obra, investiguei arduamente e, finalmente, elaborei (sem a colaboração da Leonor Pinhão) a primeira versão não autorizada do Dicionário do “Sistema”, que decidi partilhar convosco.
Este "dicionário" está recheado de ironia, mas é baseado em factos do conhecimento público. Atendendo a que é um documento muito extenso, e para não ser maçudo, irá ser publicado neste blog letra a letra.
Agradeço, desde já, todos os contributos, desde comentários a sugestões de novas entradas para este “dicionário”.
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A
Adriano Pinto – Falecido recentemente foi, durante muitos anos, Presidente da Associação de Futebol do Porto e, por isso, um antigo “rosto do sistema”, quando os órgãos dirigentes do futebol profissional eram escolhidos pelas associações de futebol. Para acabar com esse “sistema”, esvaziou-se o poder das associações e os campeonatos profissionais passaram a ser organizados e geridos pela Liga, na qual cada clube tem o mesmo número de votos. O problema é que essa mudança, “fundamental para a credibilidade do futebol”, foi há 13 anos (a partir da época 1995/96) e, depois disso, o FC Porto continuou a ganhar campeonatos, uns atrás de outros, e até chegou ao Penta (facto inédito em Portugal). Por isso, foi (e é!) preciso arranjar outro “sistema”, porque está visto que o actual também não serve.
Apito Dourado – Mega processo mas em que o essencial está na investigação a uma suspeitíssima vitória e um suspeitíssimo empate do FC Porto na época 2003/04 (em que, por acaso, o FC Porto foi campeão europeu), respectivamente nos dificílimos jogos em casa com o Estrela da Amadora e fora com o Beira-Mar. Com base nas credibilíssimas declarações de Carolina Salgado e do livro que publicou (reescrito por Leonor Pinhão), a equipa especial liderada por Maria José Morgado, reabriu processos contra Pinto da Costa que já tinham sido arquivados. Contudo, o mesmo dream team não revelou interesse em investigar a conversa telefónica em que os presidentes da Liga e do Benfica combinavam o árbitro a nomear para um jogo da Taça de Portugal e em que Luís Filipe Viera, após recusar diversos árbitros, referiu que iria resolver o assunto por outro lado.
Que se saiba, também não houve qualquer interesse em investigar os almoços no ‘Sapo’ de José Veiga com árbitros e muito menos os antecedentes e arbitragens dos jogos entre o Benfica e o Estoril da época 2004/05. Os desesperados com as sucessivas vitórias do FC Porto, fazem por ignorar os muitos apitos encarnados e agarram-se a este apito como náufragos a tábuas de salvação rachadas.
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