quarta-feira, 23 de abril de 2008

Encontros fictícios no 'Degrau Chá'


No dia 13 de Março, Carolina Salgado foi ao Tribunal de Gondomar prestar depoimento, como testemunha do Ministério Público, num julgamento em que o major Valentim Loureiro e Pinto de Sousa (ex-presidente da Comissão de Arbitragem da FPF) são arguidos.
Tendo-se apresentado como “escritora de profissão”, Carolina Salgado afirmou ter presenciado almoços/jantares no restaurante ‘Degrau Chá’ (que pertence à família de Valentim Loureiro), entre o “Jorge Nuno”, o “Zé” [Pinto de Sousa] e o “senhor major”, nos quais eram combinados os árbitros para os jogos do Gondomar Sport Club.
“O major pedia ao Jorge Nuno para interceder junto do Zé”, afirmou Carolina.
Quando confrontada pelos advogados da defesa com datas concretas, jogos, nomes de árbitros ou frequência dos jantares, a “escritora” não soube responder, sendo frequente a resposta “não me recordo”. Mais. Carolina nunca soube precisar datas e não referiu o nome de um único árbitro, tendo chegado a citar o jogo Beira-Mar-Gondomar, quando as equipas militavam em escalões diferentes.

Estas afirmações de Carolina vieram na linha do depoimento que tinha prestado no dia 18 de Dezembro de 2007, perante o juiz de Instrução do processo Apito Dourado, Pedro Miguel Vieira, com a curiosidade de na altura se ter apresentado, não como "escritora", mas como “vendedora imobiliária desempregada”.

Perante este depoimento de Carolina Salgado, que entretanto foi veiculado na por vários órgãos de comunicação social, Valentim Loureiro reagiu em comunicado, afirmando o seguinte:
«Na última meia dúzia de anos, eu, Pinto da Costa e Pinto de Sousa nunca almoçamos ou jantamos os três. Tenho a certeza absoluta do que estou a afirmar.»
«É mentira que alguma vez, na última meia dúzia de anos, tenha almoçado, lanchado ou jantado em restaurantes ou hotéis com Carolina Salgado e com Pinto da Costa.»
«O meu relacionamento com Carolina Salgado foi exclusivamente em encontros institucionais, nas Antas, no Dragão ou em festas do FC Porto para a qual fui convidado. Ela que não tente passar a ideia de que eu e Pinto da Costa convivíamos»

Também Pinto de Sousa, o outro suposto comensal, afirmou ser completamente falso que alguma vez tenha almoçado/jantado com Pinto da Costa, Carolina Salgado e Valentim Loureiro, no ‘Degrau Chá’ ou noutro qualquer restaurante.

Ontem, foram a tribunal depor dois empregados do restaurante ‘Degrau Chá’.
Segundo a cozinheira do restaurante “nunca a vi lá, nunca a conheci. Conheço-a da televisão, não a conheço do restaurante” e acrescentou “nunca ter assistido a uma refeição com a presença simultânea, à mesma mesa, de Pinto da Costa, Pinto de Sousa e Valentim Loureiro.”

O outro empregado também desmentiu categoricamente Carolina Salgado: «Nunca vi Pinto da Costa, Pinto de Sousa e Valentim Loureiro simultaneamente no restaurante.»

Chegada a vez de Pinto da Costa depor (para delirio da comunicação social), como testemunha arrolada por Pinto de Sousa, afirmou: «Nunca, nem nesse restaurante [Degrau Chá] nem em nenhum e com essa senhora eu, Pinto de Sousa e Valentim Loureiro nunca almoçamos ou jantamos, apenas estivemos juntos no mesmo recinto, como, por exemplo, na festa dos dragões, no casino da Póvoa. Estivemos no mesmo recinto mas nunca sequer na mesma mesa. Se nunca existiram esse jantares ou almoços ou qualquer outro encontro, tudo o que ela possa ter dito, fosse sobre apanhar o Bin Laden ou combinar árbitros, é falso.»
Pinto da Costa referiu que «há quilómetros de fitas gravadas com telefonemas e nunca o nome do Gondomar aparece referido. Aliás, nunca vi jogar esse clube e deve ser um dos poucos clubes a quem o FC Porto nunca emprestou jogadores».
Pinto da Costa acrescentou ainda que «até acho ridículo que o senhor major, que tinha uma relação privilegiada com o senhor Pinto de Sousa, precisasse de mim para interceder pela nomeação de árbitros para o Gondomar».

Perante tantas pessoas a contradizerem o depoimento da “muito credível” testemunha do Ministério Público e sem que esta tenha apresentado uma única prova, por ténue que fosse, para sustentar as suas declarações, era de supor que o caso dos encontros imediatos no ‘Degrau Chá’ tivesse o mesmo destino do caso das câmaras de filmar do parque de estacionamento da Alfândega.


Contudo, o procurador Gonçalo Silva não ficou satisfeito e solicitou ao Tribunal que fosse feita uma acareação entre Carolina Salgado e Pinto da Costa. O juiz-presidente Carneiro da Silva, apesar de admitir que, por regra, a acareação «não conduz senão à manutenção do anteriormente declarado», aceitou o pedido do Ministério Público e marcou a acareação para as 14 horas de 14 de Maio.

Enfim, será mais um capítulo desta (in)Justiça espectáculo, tão do agrado de alguns protagonistas do Ministério Público e de alguma comunicação social, com destaque para o Correio da Manhã.

(1) Fotos da 1ª página do JN de 14/03/2008 e de 23/04/2008 e do SOL de 08/09/2007

3 comentários:

  1. Isto é só para anunciar que a dita cuja que á posterior fez com que um e determinado filme baseado num dito livro, foi nomeadamente vaiada nas salas de cinema na apresentação do dito filme.

    Uma sensação boa para quem assistia do teatro ao vivo e, pensando estrategicamente, o que certas e ditas pessoas fazem para obter grandes quantidades monetárias após ter brincado com a justiça, tanto no lado oposto como no mesmo lado.

    Tenho apenas pena daqueles que deram importância a todo o teatro e que ainda por cima foram despender de certas e determinadas quantidades monetárias para se inteirarem de ficções e ao mesmo tempo "financiar" a quem nos goza.

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  2. e apenas só de pensar no foco que a comunicação social efectua sobre este tema...

    ... como estes indivíduos andam mal ensinado em Portugal.

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  3. se existem duas versões do livro da puta carolina não seria importante denunciar quem escreveu as mentiras e as calunias todas?

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