Em Junho de 2007 o presidente da CD da Liga, Ricardo Costa, fez várias afirmações sobre o desenlace do processo Apito Dourado no plano desportivo, no programa Trio de Ataque da RTPN, deixando nessa altura a garantia de que antes do final da presente época haveria uma decisão de condenação desportiva. Isso mesmo, uma “decisão de condenação desportiva” foi a expressão utilizada por diversas vezes ao longo do programa, acrescida de quando em vez por um “se for caso disso…” ou “se se vier a provar que…”. Em Fevereiro de 2006 tinha-se encontrado com a Morgado, encontro do qual garantiu ter saído “uma boa cooperação”.
O facto de esse presidente da CD da Liga ser benfiquista (como disso se orgulham os próprios lampiões em http://oinfernodaluz.blogspot.com/2007/06/afinal-benfiquista.html) não é um óbice a que trabalhe com imparcialidade, mas as suas afirmações e o tom com que as proferiu nesse programa foram flagrantes e deixaram perceber as suas intenções, para quem estivesse minimamente atento. A nota de culpa sobre os jogos Beira-Mar – FC Porto e FC Porto – Estrela Amadora surgiu, por acaso, numa altura em que se decide o acesso à Liga dos Campeões e o Benfica está em dificuldades, com a mudança recente de treinador e três adversários a disputarem-lhe o segundo lugar. Também por acaso o FC Porto ainda terá de defrontar dois desses adversários, os Vitórias de Guimarães e de Setúbal, e não seria nada bom para o Benfica que o FC Porto não vencesse esses dois jogos. Irónico, não?
Assim, surgiu, como um isco, uma oportunidade para o FC Porto “limpar” de uma vez por todas eventuais castigos desportivos decorrentes dos processos Apito Dourado, ainda por cima perdendo apenas 6 pontos, numa altura em que está com 16 pontos de vantagem sobre os segundos classificados, com 18 pontos em disputa. Para acatar esse castigo esta época terá, claro está, de ganhar os jogos aos Vitórias.
Esse menino de coro, arrogante e irritante, não é imparcial, nem oferece credibilidade, mas tem neste momento o Poder, que lhe foi conferido pelos clubes no mandato da actual direcção, Poder esse que o atrai e lhe dá a oportunidade única de fazer história no futebol português. Assim o País deposita grande esperança neste jovem jurista, como o garante de que finalmente se faça justiça no futebol português. Não a justiça correcta ou equilibrada ou equitativa mas a justiça possível, pelo menos. E essa justiça não é mais do que um tónico e uma leve esperança para que os medíocres Benfica e Sporting acreditem que finalmente podem ir mais longe: o afastamento, ainda que temporário, de Pinto da Costa e uma vantagem, por mínima que seja, pontual sobre o FC Porto no próximo campeonato.
Todos temos bem presente a intensa e longa campanha levada a cabo pelos próprios actores da justiça (com Morgado e Pinto Monteiro à cabeça), pela comunicação social e por pessoas ligadas a Benfica e Sporting. Essa campanha começa agora a dar os seus frutos. Nós (portistas) devemos também ter a noção que a estratégia de silêncio seguida pelo clube ao longo dos últimos anos não foi a mais produtiva. No entanto devemos ter bem presente que aquilo que está a ser feito pela Liga é uma enorme Farsa. Julgar sem a decisão dos tribunais é sujeitar-se a decidir contra aquilo que deles sair.
Não devemos esperar a decisão da CD da Liga como se dela resultasse qualquer decisão justa e cega, para então depois nos pronunciarmos sobre a continuidade ou o apoio a Pinto da Costa. A decisão está tomada, publicada e amplamente difundida pela "máquina inimiga" existente na comunicação social: o FC Porto pode cumprir o castigo já esta época ou então adiá-lo para a próxima; Pinto da Costa irá ser castigado entre 6 meses e 2 anos, com ou sem reduções de pena. Assim, o apoio a Pinto da Costa deve ser incondicional e intemporal.
A Estratégia é uma disciplina de rigor e planeamento. Vejo, apesar de tudo, neste triste acontecimento uma oportunidade para o clube emendar eventuais erros e redireccionar o seu rumo, com um "starting over", que seria constituído por:
– Uma alteração profunda da sua relação com a comunicação social (ainda não foi com a entrada de um Director que isto “foi ao sítio”);
– Uma “contagem de espingardas" para as próximas eleições na Liga (tomada de posição);
– A consolidação de uma melhor e mais frutífera relação com políticos e "forças vivas" da cidade, que não podem permitir que a sua imagem pública seja conspurcada por estarem associados ao FC Porto (tendência imediata da comunicação social lisboeta a toda e qualquer pessoa que ouse demonstrar a mais ínfima simpatia pelo clube);
– Uma reformulação da relação entre o clube, a SAD e os sócios;
– Uma reformulação de vários departamentos do clube, incluindo o jurídico e o de comunicação;
– Uma efectiva pro-actividade do clube para denunciar publicamente os actos de ilegalidade, pressão sobre a arbitragem, sobre Liga e FPF e a falta de fair-play tão habituais nos clubes da 2ª Circular.
«O JN apurou, por outro lado, que Pinto da Costa e Augusto Duarte poderão, pela primeira vez, explicar a razão pela qual se encontraram na casa do líder do FC Porto, dois dias antes do desafio ante o Beira-Mar, em Abril de 2004. A falta de uma explicação plausível para esta visita foi um dos factores que levaram a juíza do TIC a mandar para julgamento o caso Beira Mar- FC Porto.»
ResponderEliminarin JN, 02/04/2008
A confirmar-se, será uma mudança (boa) na estratégia de comunicação que tem vindo a ser seguida neste caso.