sexta-feira, 4 de abril de 2008

A justiça é cega, mas deverá também ser surda?


Este dias têm sido pródigos em informações e contra-informações. Uma das que, agora, corre por aí é que o FC Porto vai contestar o uso das escutas no processo disciplinar.

Sobre isto, reponho aqui um texto que escrevi, há mais de um ano no meu blog, sobre esta temática em relação ao apito dourado e a Valentim Loureiro, mas que mudando os nomes, continua a reflectir o meu pensamento:

Valentim Loureiro em 30.01.2007:

«Se este processo vier a terminar por questões de direito, porque o decreto-lei é inconstitucional, ou por causa das escutas serem ilegais, eu de certa maneira ficarei triste. Porque eu quero que se analisem os factos e quero sair deste processo porque não há factos que me incriminem»

Advogado de Valentim Loureiro em 06.03.2007:

«E vou recorrer, como por exemplo relativamente à questão das nulidades.
Estou surpreendido, especialmente no que se refere à validação das escutas telefónicas. Essa era a parte em que apostava mais»


Uma coisa que parece clara é que: as escutas são verdadeiras, não é ninguém a emitar a voz do Valentim e companhias, nunca foram postas em causa, somente se põe em causa a legalidade das transcrições.

Se foram cumpridos ou não todos os requisitos legais para as gravações e transcrições, sinceramente nesta altura preocupa-me pouco. As coisas chegaram a um ponto em que não basta ser sério, há que parecê-lo. E qualquer defesa que se esquive a justificar em tribunal palavra a palavra das escutas, pode até no final ter o veredicto de não culpada, mas não vai parecê-lo. Como diz Valentim Loureiro "eu quero que se analisem os factos", se forem culpados que sejam punidos, se forem inocentes que se faça justiça e se limpem os respectivos nomes.

Para mim, qualquer arguido que seja ilibado com base em nulidade de escutas e inconstitucionalidades, terá sempre uma nuvem negra sobre a cabeça.

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