A propósito da actual crise do Apito Final/UEFA têm surgido em alguns espaços da Internet portista alguns comentários aflorando a questão da continuidade de Jorge Nuno Pinto da Costa à frente dos destinos do clube no caso de o desfecho da crise ser desfavorável ao FC Porto. Não é isso que me proponho aqui discutir – nem me parece que a hipótese venha a colocar-se seriamente – mas sim a reacção que a simples menção da possibilidade da retirada do actual presidente (e não apenas nas actuais circunstâncias) desencadeia em amplos sectores de adeptos do FCP.
Para alguns, sobretudo os mais jovens, levantar sequer esse cenário é uma heresia de todo o tamanho. Isto é compreensível porque um já apreciável número de portistas terá vivido a totalidade da sua vida desportiva com JNPC a presidente, pelo que, ainda para mais atendendo aos retumbantes sucessos que ele conseguiu e à grandeza a que alcandorou o FCP, quase que identifica o clube com a pessoa deste homem genial. E eu entendo-os na sua generosidade. Mas eu, que sou mais velho, tenho a vantagem, nesse aspecto, de me lembrar de 4 presidentes do FC Porto, pelo que consigo ter uma perspectiva mais longa do assunto e encarar com maior naturalidade a substituição do actual presidente quando essa hora chegar (o que ainda deve estar longe…).
Entendo, aliás, que essa substituição só assumirá eventualmente contornos dramáticos principalmente porque JNPC está no poder há talvez demasiado tempo – e com o êxito que se conhece, ou há muito que teria deixado o lugar. De facto, em meu entender, deixou escapar algumas boas ocasiões para passar o testemunho – coisa que, segundo palavras dele próprio, algumas vezes considerou – e, como sucede com muitos grandes líderes, tudo ficou seco à sua volta, excepto o terreno propício à procriação de seguidistas, bajuladores e carreiristas, espécies que sempre rodeiam as grandes personagens.
Acho que a pior maneira de se homenagear Pinto da Costa é pensar que ele não deixará no clube uma estrutura capaz de sobreviver à sua presidência e de evitar o posterior surgimento dos muito portugueses sebastianismos.
E mal estaria o FCP se só pudesse ser governado por homens de génio!
A esse propósito faço um paralelo com o grande José Maria Pedroto, outro homem genial: quando chegou a terrível notícia da doença que acabaria por vitimá-lo todos nós, quase sem excepção, deitámos as mãos à cabeça. Sem o grande "Zé do Boné" à frente da equipa, nós nunca mais seríamos ninguém – pensávamos. Pois, como vimos, logo o seu imediato sucessor – o Artur Jorge – se encarregou de desmentir esse nosso pessimismo. A estrutura técnica estava criada e funcionou.
O clubismo são, tal como o bairrismo são, é uma coisa positiva e um fenómeno social digno de apreço. A idolatria – que, regra geral, até desagrada bastante ao “idolatrado” – pelo contrário, conduz os homens por caminhos obscuros e tortuosos e fá-los substituir a razão pela emoção - o que, na maior parte das vezes, dá maus resultados.
"Mas eu, que sou mais velho, tenho a vantagem, nesse aspecto, de me lembrar de 4 presidentes do FC Porto, pelo que consigo ter uma perspectiva mais longa do assunto e encarar com maior naturalidade a substituição do actual presidente quando essa hora chegar (o que ainda deve estar longe…). "
ResponderEliminarPois, mas dos anteriores presidentes não ficou nenhuma história para contar aos meus filhos.
Excelente post, é um tema muito interessante. A sucessão do Presidente, creio, é algo que ele próprio vai resolver a seu tempo. Ou então estou profundamente enganado.
Há uma grande expectativa em Lisboa em que a seguir ao Pinto da Costa virá o dilúvio.
ResponderEliminarEu acho que não.
Quando chegar o dia, Pinto da Costa irá deixar um clube muito mais forte, muito mais bem estruturado, muito mais competente do que aquele que encontrou há 26 anos atrás.
Relativamente a nomes, e embora sempre tenha dito que o FC Porto não é uma monarquia, Pinto da Costa parece já estar a tratar do assunto.
O crescente protagonismo de Antero Henriques e a preparação atempada de Vitor Baía, não devem ser obra do acaso.
A sucessão no FCP vai fazer-se da forma que o Presidente quiser. Quando e como ainda não fará, sequer, parte da sua agenda.
ResponderEliminarAssim sendo, a sucessão ocorrerá quando o presidente o ditar. Se não for assim, será muito mau sinal, pois só o prevejo se acontecer o pior. Como ninguém deseja tal cenário, confiamos na estabilidade e no progresso na continuidade, com muitas vitórias, muitos campeonatos e muitas idas à CL.
Também acho que Pinto da Costa criou uma "máquina" forte e bem estruturada, capaz de resistir à sua saída. Aliás, desde Dezembro de 2004 que vivemos praticamente um FC Porto sem Pinto da Costa e não veio mal nenhum ao clube.
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