No dia 24/05/2008 o website oficial do FC Porto publicou a seguinte notícia:
«Dragões falham conquista do título
Em tarde de desinspiração e alguma infelicidade, o F.C. Porto Ferpinta falhou o assalto ao título da liga profissional de basquetebol, perdendo, em Ovar, o sétimo e último jogo da final dos playoffs, por 70-49.
A perder por 15 pontos de diferença ao intervalo (41-26), a equipa de Alberto Babo procurou reverter a diferença na segunda metade, mas sem sucesso, dada a ineficácia revelada na linha de lances livres e a reduzida percentagem de êxito nos lançamentos triplos, que permitiriam encurtar distâncias para a Ovarense.»
Ao ler o modo como esta notícia tinha sido feita, suspeitei desde logo que a continuidade de Alberto Babo como treinador do FC Porto estava em causa. E não me enganei, porque apenas seis dias depois, no dia 30/05/2008, a F.C. Porto – Basquetebol, SAD emitiu o seguinte comunicado:
«A Futebol Clube do Porto – Basquetebol, SAD informa que o vínculo laboral do treinador da equipa profissional, professor Alberto Babo, cujo prazo expira no final da presente época, não será renovado.
Após análise circunstanciada de todo o trabalho desenvolvido e ponderados diversos aspectos da relação existente, foi tomada a decisão de não prorrogar o contrato, por todos tida como a mais adequada.
A Futebol Clube do Porto – Basquetebol, SAD gostaria, entretanto, de enaltecer o portismo, a dedicação e o empenho profissional sempre colocados pelo professor Alberto Babo ao longo destes anos na defesa dos interesses do clube, não só como treinador principal, mas também como responsável pela formação de muitos jovens atletas.
A Administração da Futebol Clube do Porto – Basquetebol, SAD»
Alberto Babo tem um palmarés que fala por si.
Como jogador fez parte da célebre equipa que venceu o campeonato nacional em 1971/72, da qual também faziam parte Fernando Gomes (actual administrador das SAD’s do Futebol e do Basquetebol), Fernando Assunção (actual Director-Geral) e... Dale Dover!
Foi treinador-adjunto do Professor Jorge Araújo e treinador das camadas jovens portistas, onde ganhou N títulos em juvenis, juniores e esperanças.
Como treinador principal, no FC Porto e no Queluz, e apesar de nunca ter tido a possibilidade de treinar equipas de orçamentos elevados, ganhou dois campeonatos nacionais, cinco Taças de Portugal, três Taças da Liga e três Supertaças, tendo sido eleito várias vezes treinador do ano e sendo ainda detentor do recorde de vitórias consecutivas num campeonato profissional (27).
A nível internacional tem mais de 50 vitórias, entre as quais se destaca a caminhada até aos ¼ de final da Taça Saporta (substituiu a Taça da Europa de Clubes), em 1999/2000, comandando uma equipa do FC Porto que tinha jogadores como Jared Miller, Rui Santos, Paulo Pinto, Nuno Marçal, Fernando Sá, João Rocha, etc.
Para além de tudo isto, Alberto Babo é um cidadão do Porto (nasceu em Meinedo, freguesia do distrito do Porto), portista desde pequenino e sócio Nº 2548 do FC Porto.
Presumo, portanto, que este “divórcio” entre Alberto Babo e o FC Porto tenha partido da Administração da Futebol Clube do Porto – Basquetebol, SAD.
Se assim foi, parece-me que isso revela alguma ingratidão, porque o trabalho que Alberto Babo desenvolveu nas últimas duas épocas é merecedor de uma apreciação muito positiva.
Apreciação positiva? Mas o FC Porto não perdeu os dois últimos campeonatos?
É uma forma de ver as coisas. Eu vejo as coisas de outra forma.
O FC Porto teve sempre um orçamento muito inferior ao da Ovarense Aerosoles, o que naturalmente se traduziu em planteis pouco profundos e de menor qualidade (as alternativas ficaram sempre aquém do valor do cinco-base). Por outro lado, o treinador viu-se obrigado a refazer a equipa todos os anos, porque o número de saídas e entradas foi elevado.
Apesar destes handicaps, Alberto Babo foi capaz de construir equipas competitivas, que conseguiu levar à final dos play-off, tendo de ambas as vezes obrigado a Ovarense a um sétimo jogo. Além disso, ganhou a Taça de Portugal na época 2006/07 e a Taça da Liga na época 2007/08.
foto: Taça da Liga 2007/08, site oficial do FC Porto
É pouco?
Para a Administração da Futebol Clube do Porto – Basquetebol, SAD parece que sim, que já escolheu para sucessor de Alberto Babo o seu antigo adjunto, Júlio Matos.
Nada tenho contra Júlio Matos. É um homem da casa, é portista e inclusivamente foi distinguido com a atribuição de um Dragão de Ouro na época de 1991/92, na categoria de atleta de alta competição.
Ao serviço do FC Porto ganhou, como jogador, três campeonatos, quatro Taças de Portugal e três Supertaças. Também no FC Porto, foi treinador-adjunto de Alberto Babo, Carlos Gouveia e Luís Magalhães.
Faço votos para que seja muito feliz e consiga fazer melhor que Alberto Babo, embora preveja que não vai ser fácil, a não ser que a Ovarense perca o patrocínio da Aerosoles e seja obrigada a desinvestir fortemente na modalidade.
Nota: Os negritos nas notícias e comunicados acima transcritos são da minha responsabilidade.
Sei pouco do que se passa no Basquetebol e das razões para determinadas decisões.
ResponderEliminarTodos os anos mudámos de equipa, todos os anos recebemos americanos de mais que duvidosa valia.
Quem contrata e quem recomenda ?
E a indisciplina (sobretudo táctica) que parece tomar conta da equipa, em muitos momentos ?
E a indefinição lançada sobre o futuro da modalidade, que repercussões poderá tido no fecho da época ?
Os treinadores estão sempre a jeito, para serem despedidos, e os da "casa" parecem ser os mais vulneráveis.
Há, todavia, uma tradição no basquete do FCP que me causa alguma perplexidade e que tem a ver com a ruptura que os dirigentes têm assumido com alguns dos mais brilhantes treinadores portugueses, entre os quais o Prof. Jorge Araújo o grande responsável pela viragem (por duas vezes) do basquete no FCP, e mais tarde Luís Magalhães.
Normalmente, não defendo que o adjunto de serviço de tantos anos, seja promovido a principal, e só “aceito” esta escolha por se tratar de Júlio Matos. Mas, tenho muitas dúvidas. Preferia alguém de fora e, se possível, estrangeiro.
Concordo com a análise do Mário. Não foi pela qualidade dos jogadores que ficámos atrás da Ovarense. Essa indisciplina táctica foi mesmo desesperante, ver a equipa a afundar-se nos momentos decisivos, com uma clara falta de liderança dentro e fora do campo. Eu também preferia um treinador estrangeiro.
ResponderEliminarNesta época mais que a posição de Alberto Babo, deveria ser equacionada a posição de Fernando Assunção, depois de ter defendido a extinção do basquetebol no FCP.
ResponderEliminarTenho muitas dúvidas que o problema do basquetebol do FC Porto fosse o treinador Alberto Babo.
ResponderEliminarPelo contrário, penso que ele foi capaz de fazer "omoletes" (leia-se, equipas competitivas) com poucos "ovos" (leia-se, planteis suficientemente capazes).