Fui ao jogo BFC/FCP para a Taça Intercalar. Começamos esta época como acabámos a anterior. Mal.
A equipa foi composta por uma defesa e um meio campo seniores: Ventura, Tengarrinha, Stepa, Pedro e Benitez, com o meio campo formado por Pelé e Bolatti mais fixos e pressionantes sobre o meio-campo e com Tarik mais solto para as transições atacantes.
Um trio na frente que era suposto apresentar uma grande mobilidade, formado por 3 juniores (Chula, Caetano e Alex) que foram quase sempre presa fácil para a defesa adversária. Enquanto os três moços do ataque portista são franzinos, pouco agressivos, não especialmente rápidos, nem hábeis na procura de espaços, a defesa do BFC era constituída por jogadores bem mais possantes e com uma dúzia de centímetros a mais de altura, pelo menos.
Em suma: uma desvantagem enorme, não se tendo vislumbrado nos nossos avançados qualidades técnicas compensadoras desta tremenda desigualdade.
Perdemos por 1-0. Um passe a cruzar toda a nossa defesa, onde não estava Tengarrinha. A bola sobrevoou Stepa que se fez ao lance como um principiante. O jogador do BFC matou a bola no peito, isolou-se e bateu Ventura que foi infeliz, pois deixou passar a bola por baixo do corpo.
Não vejo como uma equipa assim constituída possa ganhar um jogo. A nossa referência atacante mais constante foi o Caetano que é um miúdo com menos de 1,70 e bastante franzino, muito lutador mas inconsequente, tanto mais que estava marcado por duas torres, que apenas lhe deram um oportunidade para facturar na 2ª. parte (a melhor ocasião do FCP) e que o guarda redes do BFC anulou bem e com alguma felicidade.
Uma equipa partida. Pode-se ganhar sem ataque, mas temos de convir que é bastante mais dificil. Os programadores lá saberão, mas este tipo de composição desmotiva o sénior porque se sente insuficientemente acompanhado e constrange o júnior quando o que se lhe pede está muito acima das suas capacidades físicas. É de alguma forma um crime “pedir” ao Caetano para funcionar como ponta de lança, sem ter um apoio mais experiente, sólido e possante a seu lado.
Foi um jogo chocho, muito jogado no meio campo na 1ª. parte, um pouco mais aberto na segunda. Tivemos nesta fase do jogo uma ou outra jogada interessante e lembro-me de dois ou três cruzamentos de golo para a área a que o miúdo não chegou por falta de centímetros e por falta de apoio.
Dos seniores, Bolatti uma primeira parte para esquecer, melhor depois da saída de Pelé ao tomar a seu cargo, por inteiro, a função de “trinco”.
Pelé começou bem, é duro, possante (um pouco de rabo a mais), mas foi-se perdendo em quezílias e tornou-se o alvo do público afecto ao BFC, pelas sucessivas faltas que fez com alguma dureza e de forma escusadamente exuberante.
Pedro regular, Stepa com uma falha inconcebível, Benitez regular menos, e Tarik tentou mexer no jogo, deambulou na procura de espaços, mas não teve ajuda e raramente conseguiu dar profundidade ao jogo. Foi substituído no final da primeira parte. A sua produção, diga-se, vinha-se deteriorando com o aproximar do fecho dos primeiros 45 minutos de jogo.
Já tinha visto este filme na época passada. Não vou ver os jogos de juniores, mas que futuro poderão ter os três miúdos que se mostraram tão franzinos, num tipo de jogo que reclama cada vez mais poder físico e atlético, potência de explosão, rapidez, agressividade e um ritmo muito intenso de jogo.
A nossa matéria prima parece não ser adaptável às actuais exigências do futebol moderno. Se não formos capazes de formar avançados com condições físicas e atléticas para se baterem com as defesas, normalmente bem melhor constituídas, temos de ser capazes de compensar esse défice com outro tipo de qualidades que estavam presentes em jogadores como Rui Barros e Domingos, por exemplo.
Tem a palavra o Projecto 611, o scouting, a qualidade da formação e a menina dos nossos olhos: O Dragon Force, para mudar o paradigma e regressarmos ao tempo em que os escalões mais jovens eram autênticos viveiros de futuros campeões.
A única nota positiva fica para o preço do ingresso: 3 €;
A nota negativa deixo-a para uma parte do público que mesmo neste tipo de competição passa o tempo a insultar o árbitro e para as estratégicas quebras de ritmo que as equipas portuguesas praticam tão bem e que obriga os maqueiros a correrias sucessivas e escusadas. É uma pena não se aproveitar este tipo de competições para tentar jogar bem.
As "barracas" do Stepanov infelizmente já não surpreendem.
ResponderEliminarAguardo com expectativa as exibições de Pelé e Tarik na Sertã, para avaliarmos até que ponto se podem tornar em alternativas credíveis para os próximos jogos.
O Stepanov certamente terá que ir rodar em Janeiro, só lhe fazia bem, ganhar estaleca e confiança.
ResponderEliminarParece bom jogador mas algo lento e desconcentrado o que lhe custa uns golos.
Tarik que fique bem depressa que nós agradecemos.
Excelente crónica , Mário. Sintética e escorreita, sem pretensões de catedrático, como infelizmente predomina nos meios do nosso jornalismo desportivo e, por isso mesmo, a dar a quem a lê uma excelente ideia do tipo de jogo que foi.
ResponderEliminarTambém estive no Bessa... infelizmente... porque foi um desperdício de tempo.
ResponderEliminarTal como na época passada, não sei quando voltarei a ver outro jogo.
Parabéns pela crónica que retracta fielmente o que se passou e destaca tudo o que havia para destacar.
Também me faz muita estranheza porque é que o FCP não tem matéria prima, depois de tantas contratações em todos os escalões. Parece nada funcionar nos escalões de formação do FCP, ao contrário do que se passa nos outros clubes que connosco disputam a "Intercalar"... Até o BFC com todas as dificuldades que conhecemos!!!
Também me surpreendeu ver aquele ataque formado por miúdos baixinhos e franzinos que nunca terão hipoteses para o futebol de alta competição! Estamos a investir neles para quê?
Sim, lembro-me do Ferreirinha, do Rui Barros, etc.... mas esses tinham outra estaleca logo nos iniciados... Então o Rui Barros...
" A nossa matéria prima parece não ser adaptável às actuais exigências do futebol moderno."
ResponderEliminarÉ um problema de há muitos anos. E que não é só nosso, embora com as desgraças dos outros possamos nós.