quarta-feira, 25 de março de 2009

Meireles, um lider na penumbra


No balneário do Dragão todos o tratam por “lingrinhas” e, com efeito, a sua estrutura física franzina, esguia, pouco comum no protótipo desejado por todos os treinadores deste futebol moderno a fugir para o científico, já lhe valeu algumas desconfianças no inicio da sua carreira se teria capacidades em singrar nos grandes palcos da bola. Estereótipos que Raul Meireles tem-se encarregado de desmitificar ao longo da sua carreira.

Contratado ao Boavista no Verão de 2004, o médio portista não deslumbra ao primeiro olhar e, só após longas e apuradas maratonas de observação, é possível concluir com exactidão ate onde vai a dimensão do jogo deste Tripeiro de gema da colheita de 83. Não é imponente na vertente física, nem excêntrico a jogar, mas está quase sempre presente em todos os momentos do jogo da equipa azul e branca.

Na equipa e no jogo, Raul Meireles faz parte de uma categoria de jogadores que, silenciosamente, colocam a máquina do onze em movimento. Eles são como a «caixa negra» da equipa onde fica gravada a estratégia treinada durante a semana e os segredos da vitória ou da derrota no jogo.”
Luís Freitas Lobo, in Planeta do Futebol


Tem visão, sentido posicional, tempo de entrada aos lances, astúcia na utilização do corpo e técnica evoluída. Não é só o funcionário cumpridor que assume a segunda marcação, zela pela segurança da casa, trata dos equilíbrios e intercepta linhas de passe; é um quadro superior que desempenha várias funções por todo o campo, nem todas dependentes do guião definido. O passe curto é ofensivo; a condução é primorosa (dá, acompanha, vai buscar à frente…) e o perigo aumenta porque pega cada vez melhor na bola, parada ou em movimento – é um dos marcadores oficiais de cantos e livres laterais do FC Porto.
Rui Dias, in Record

Num período que tanto se fala do assédio dos “Tubarões” Europeus às grandes estrelas do plantel portista, existe uma tendência na generalidade da comunicação social, e adeptos tambem, em menosprezar a preponderância de jogadores como Meireles - que fazem da discrição no seu jogo a sua melhor arma -, para que essas grandes figuras possam ter um brilho ainda mais cintilante.


Não escondo uma simpatia especial por elementos que se entregam ao jogo e as necessidades de um grupo de corpo e alma em detrimento do capricho pessoal, talvez por ser uma imagem de marca do FCP ganhador dos últimos 25 anos. E, com Raul Meireles, estamos perante um desses casos.

Alem disso, o médio Português e portista, é já dos elementos com mais anos de casa no actual plantel. Com o final de carreira de P. Emanuel próximo, e com a saída de B. Alves eminente, à importancia que Meireles representa hoje em dia na equipa de Jesualdo, torna-se imperioso reforçar-lhe o papel no capitulo da liderança dentro do grupo de trabalho, não fosse ele o ultimo bastião da alma lusa e tripeira no plantel do FC Porto após o provavel adeus das duas figuras da nação azul acima citadas .

Fotos: Record, fcporto.pt

10 comentários:

  1. A época 2004/05 não foi favorável aos novos jogadores que, nesse ano, chegaram ao FC Porto. Na altura o Raul Meireles era visto como um “trinco” e as oportunidades para jogar não foram muitas.

    Na época seguinte, Adriaanse colocou o Raul noutra posição e este foi ganhando rotinas de médio de transição.

    Apenas em 2006/07, já com Jesualdo como treinador, é que o Raul Meireles se impôs como titular do FC Porto, formando um meio-campo sólido com Lucho e Paulo Assunção.

    O Raul tem alguns problemas físicos, que obrigam Jesualdo Ferreira a gerir a sua condição, mas é indiscutível o crescimento que este jogador teve nos últimos três anos, crescimento esse que o fez chegar à Selecção (apesar da concorrência para a sua posição ser enorme).

    Jesualdo não abdica dele e, na minha opinião, bem.

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  2. Historicamente os médios são sempre os jogadores mais sobrevalorizados.

    Jogando mais afastados das duas balizas em relação aos restantes companheiros, raramente ou nunca são directamente acusados das falhas defensivas ou ofensivas de uma dada equipa.
    Daí que, cada vez que se analisa a sua prestação individual, cria-se a ilusão que apenas contribuem positivamente: "fez aquele corte" ou "ainda marcou aquele golo".
    Aliás, esta última frase é muito curiosa uma vez que dá a ideia que a finalização das jogadas é um bónus que um dado médio nos oferece, sem que pareça ter qualquer obrigação de tal.

    Muito raramente alguém aponta o dedo as deficiências de um médio. Passam quase ao lado.
    Por exemplo, foi preciso Assunção ter saído (e da forma como saiu) para que muitos acordassem para o facto de, afinal, ele não ser assim tão bom como o pintavam...

    Ora, isto tudo para dizer que este nosso meio-campo (Meireles incluído) continua a ser o sector mais fraco da equipa.
    Em qualquer outro sistema táctico que não este, muito peculiar, que actualmente utilizamos, as deficiências deste sector ficariam muito mais visíveis.
    Mesmo neste actual modelo de Jesualdo, os problemas apenas não se tornam mais graves devido ao facto de termos sempre contado com avançados de qualidade bem acima da média.

    Meireles, tal como os seus colegas de sector, apresenta logo um problema de base: a componente física.
    É surpreendente como em Portugal um jogador entra e saí de um clube-grande e praticamente nada evoluí em termos de massa muscular.
    Tivessem eles, em relação a isto, a mesmo atenção que atribuem às tatuagens e todos ficaríamos a ganhar...

    O resultado desta lacuna está bom de ver: dificilmente "duram" uma partida completa.
    Para além disso, dado o facto de não possuírem um técnica apurada, não conseguem ter a posse de bola (leia-se "controlo de uma partida") tão necessária para quem joga numa equipa de ambições superiores como a nossa.

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  3. Concordo com o conteudo do post, na medida que este tem sido um dos jogadores com maior espirito de Dragão além de ser sempre muito regular ao longo da época.

    Por outro lado tambem concordo com o comentário acima do Luis Carvalho, nomeadamente no que diz respeito a este sector ser o menos forte da equipa (talvez a par dos laterais, embora nestes já se veja alguma evolução e do guarda redes em mais situações do que as que seriam expectáveis).

    Pois bem, acho que o rendimento do Meireles tem sobressaído muito devido á comparação directa com os outros 2 elementos do meio campo. Se Fernando é ainda muito limitado como jogador numa posição fulcral deste sistema (ou modelo ou táctica, como queiram chamar) - e essas limitações ficaram ainda muito mais vincadas quando comparadas com o jogo que fez Andres Madrid contra a Naval - Lucho está a jogar limitadissimo desde o inicio da época. A classe e o talento estão lá, mas falta a atitude, a garra e o crer - não sei se por motivos fisicos ou psicologicos.
    Ainda neste último jogo se viram 2 ou 3 lances em que bastou ao adversário apertar um pouquinho para o Lucho perder ou desistir do lance (1 deles foi isolado em frente ao redes e bastou um ligeiro encosto de ombro para ele não conseguir manter posição e cabeçear).

    Claro que como sempre, esta discussão nos leva as escolhas do treinador, que além de pôr de parte instantemente o uso de qualquer jogador criativo no meio campo, mostra ainda incapacidade de rodar o plantel de modo a que tanto Tomas Costa como Guarín (bem como Pelé e Bolati no passado) possam entrar a qualquer momento na equipa sem esta perder o equilibrio e regularidade.

    Já sei que me vão responder que estes jogadores têm tido oportunidades, etc... e tal, mas discordo desde já, porque jogarem enquadrados numa equipa de suplentes (casos dos jogos das taças) e apenas em minutos finais de alguns jogos não podem ser consideradas oportunidades de se mostrarem.

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  4. Como é que é possivel alguém afirmar que o Nosso meio campo é o sector mais fraco da Equipa. Não devemos andar a ver os mesmos jogos. É que só pode...

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  5. Raul Meireles sempre foi um dos meus predilectos... faz parte d'um equilibrio perfeito a meio campo, entre a chamada zona defensiva e a zona atacante... depois, a este, há que somar mais 2 companheiros, um prá mais recuar, outro pra mais atacar e voilá... Raul Meireles nas suas sete quintas.

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  6. Quem formou o meio campo assunção-meireles-Lucho foi Adrianse,é preciso dar méritos a quem o têm independetemente do valor ou não dessa pessoa...Meireles é um bom jogador,mas se oferecessem 15M vendia sem pestanejar...Esta epoca se eu mandasse as minhas vendas seriam Lucho e Meireles,mas infelizmente ninguem e´stá disposto a pagar por eles,e terão de ser os meus predilectos Alves e Lisandro a serem vendidos...

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  7. Meireles é um excelente jogador, além disso tem raça e considero-o um jogador " à Porto ".
    Espero que por cá continue muito tempo.
    Além disso é Português e ... portuense.

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  8. Para mim a questão do físico é importante mas não fundamental. Existem imensos jogadores franzinos que são excelentes jogadores, rápidos e resistentes pois não carregam kilos de massa muscular a mais.

    Meireles, Nasri, Liedson, Robinho, Nani, etc.

    Sinceramente eu no Meireles só acho que ele precisa de melhorar a pontaria. Para quem é tido como um especialista no remate de longe, acertar 1 em cada 25 não me parece uma boa média.

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  9. Rapazes...mas será que é preciso vir uma mulher dizer que um homem de família, como o Raúl é, tem que ser necessariamente um homem de confiança dentro do campo????
    Brincadeiras àparte, a verdade é que o Raúl Meireles tem tido uma importância fundamental no jogo à Porto, e que dele derivam as melhores jogadas e melhores golos (leia-se quantidade....quantos não saíram ou do passe ou do remate de Raúl!?)
    Pois por mim, até podia jogar só meia hora se tivessemos alternativa de qualidade,"PARA NÃO O GASTAR" mas neste momento, com tatuagens ou sem elas, ele faz falta. É a minha opinião...
    P.S-(Deixem as tatoos...faz lembrar o Quaresma que dizia que desde o "Adriense time" jogava mais leve pelos kilos de ouro à cigano, que deixava no balneário...)O Sansão também perdeu a força quando cortou o cabelo!Deixem as tatoos estar que não tiram rendimento!

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  10. É evidente que o Meireles não é o Lampard, Gerrard ou Xavi, se fosse não o víamos a jogar no Porto. Mas por acaso conhecem algum melhor do que ele a jogar em Portugal naquela posição? Quanto ao Lucho a mesma questão, não joga grande coisa, está a jogar limitadíssimo, não tem atitude, no entanto é invariavelmente o primeiro ou segundo jogador que mais corre em campo. É o melhor marcador do Porto. Imagine-se se ele estivesse em grande forma. Já sei... a maior parte dos golos são penaltis, pois é... ainda há poucos dias verificamos a facilidade que é marcar penaltis.
    Acho que devemos ser exigentes, mas não utópicos. Nós temos o melhor, de longe, meio campo em Portugal. De resto até os nossos adversários o reconhecem.

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