sexta-feira, 5 de junho de 2009

Quem não deve não teme

Quando assumiu a presidência do município em Janeiro de 2002, Rui Rio procurou desde logo mostrar que não pretendia obter dividendos políticos através dos clubes de futebol da cidade. Compreendo o alcance de tal posição, pois é necessário que exista transparência entre autarquia e todas as indústrias. Já não consigo compreender os moldes em que “decretou” o divórcio entre município e clubes de futebol.

Desde logo acho estranho que alguém se candidate a um cargo político de destaque e não seja capaz de manter as relações institucionais que tal posto acarreta sem que se sinta melindrado na sua isenção, honestidade ou ego. É verdade que Pinto da Costa apoiou o candidato socialista – um direito de qualquer cidadão – mas espero que isto não tenha contribuído para a tomada de posição de Rui Rio. Aliás, é curioso que Rui Rio tenha sentido necessidade de fazer tanto alarido em separar política e futebol. Neste aspecto, o povo portuense mostrou ser bem capaz de “separar as águas” como comprovam a sua eleição e reeleição à frente da Câmara Municipal do Porto.

Na realidade, Rui Rio é que acaba por demonstrar uma enorme incapacidade em separar o mundo da política e do futebol sem que para isso tenha de suprimir um deles. Esta dificuldade fez com que o presidente da Câmara relegasse para segundo plano os interesses da cidade do Porto, já que os clubes e associações desportivas vão para além da equipa profissional. As infraestruturas desportivas têm um impacto social e urbano na cidade e Rui Rio não foi capaz de gerir estas mais-valias para benefício dos munícipes.

E nos quase 8 anos à frente do município do Porto, Rui Rio não foi capaz de homenagear qualquer feito do Futebol Clube do Porto em qualquer modalidade. Para seu azar, durante este período, o FC Porto não foi apenas 6 vezes campeão nacional, como venceu a Taça UEFA, sagrou-se campeão europeu e mundial. Homenagear estas equipas e os seus jogadores (muitos deles residentes no Porto) não teria beliscado a transparência ou isenção do presidente da Câmara, tal como homenagear (e muito bem) os quatro medalhados nos Jogos Paraolímpicos de Pequim não originou qualquer diferendo político.

Acima de tudo, o problema de Rui Rio é pessoal. É a sua incapacidade em gerir a sua imagem política e simultaneamente conviver com adversários políticos e posições divergentes. É uma falta de “jogo de cintura”, importante para um líder autárquico se manter autónomo sem prejudicar os interesses da cidade e dos seus cidadãos. É pena, porque se tivesse começado de outra forma, julgo que Rui Rio teria conseguido manter a Câmara Municipal do Porto isenta e ao mesmo tempo retirar os benefícios que o futebol pode ter para a cidade.

12 comentários:

  1. O modo como o Dr. Rui Rio lidou e lida com o futebol no Porto, e também com a cultura, é de um cacique e não de um líder.

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  2. Este Rio, quer é ser popular em Lisboa, pois tem ambições políticas e nada melhor para isso, que se meter com o F.C.Porto e com o seu presidente. É o mesmo caminho do Scolari, Hermínio, Vieira, Monteiro, Morgado e mais alguns...

    Um abraço

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  3. Rui Rio e os seus amigos, apostaram numa estratégia de confrontação e ruptura, e nunca o esconderam.
    Os eleitores, apesar dessa ruptura anunciada e depois praticada, não lhe negaram o voto.
    É, provavelmente, um mal menor relativamente à fidelidade partidária e às qualidades do RR.
    Não concebo um PR da Câmara do Porto ser inimigo do clube mais representativo da cidade (dos outros só o é por arrasto) de forma tão grosseira, e como acho que a sua imensa bondade política não prevalece sobre essa ortodoxia parola, na m/perspectiva, sempre serei seu adversário político. Além disso, acho que a sua obra tem sido medíocre.
    Obviamente que respeito quem pense o contrário, e o voto é livre. Ninguém, é obrigado a votar em RR e, portanto, só há que respeitar a vontade da maioria.
    Para concluir, o FCP pode bem com essa animosidade de RR : sinceramente estou-me a marimbar para o homem que não merece tantas linhas de prosa a seu respeito.

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  4. Mais do que um artigo sobre Rui Rio, este é um artigo sobre uma posição tomada pelo presidente da Câmara do Porto que prejudicou a cidade.

    Sou indiferente a plitiquices e às ambições de Rui Rio. Já não sou indiferente quando o presidente da Câmara Municipal da 2ª maior cidade do país e mais importante da região Norte relega para 2º plano um clube com história, cultura e impacto no Porto.

    Um presidente que não consegue perceber isto e prefere encher o seu ego com demagogia barata. Basta dar uma volta pela europa para conhecer bons presidentes de câmara que compreendem a cidade e o impacto que determinadas instituições têm, sejam clubes, museus, fundações, etc.

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  5. O problema do FCP é chamar-se FUTEBOL CLUBE DO PORTO, e não, ACP ou seja AUTOMÓVEL CLUBE DO PORTO.

    Para aquele senhor, o que tiver a ver com futebol é sujar o fato de Presidente da Câmara.

    Antigamente era a SIC (Porcos da Bola), a moer-nos o juízo, á alguns anos é este QUERIDO, mas, quanto mais são do CONTRA + GANHÁMOS.

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  6. Este fulanote não acrescentou nada à Cidade, a sua política tem sido deplorável, anda a ver se sucede à Ferreira Leite, faz política de merceeiro e só gosta de corridinhas de carros.
    Espero que seja desta que seja corrido, não apenas para bem do Clube mas sobretudo do Porto.

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  7. Um dos aspectos que tem sido relativamente pouco estudado e comentado, é o facto de há 4 anos atrás o Rui Rio ter sido reeleito com maioria absoluta, apesar da animosidade, hostilidade e, na prática, corte de relações que houve com o FC Porto no seu 1º mandato.

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  8. Rui Rio foi reeleito porque o candidato da oposição socialista era fraco, à semelhança do que tinha sido a candidatura de Fernando Gomes, após a vergonhosa passagem pelo Ministério Admin. Interna.

    A única coisa que ficou provada com a reeleição de Rui Rio é que a população portuense sabe bem separar as águas entre o futebol e a política. Analisaram os candidatos e votaram em Rui Rio (PSD/CDS-PP) porque seria melhor que os adversários Francisco Assis, Rui Sá e João Teixeira Lopes.

    Os portuenses souberam separar a política do futebol, Rui Rio é que ainda não aprendeu.

    Presumo que seja também contra que a entrega da Taça de Portugal seja feita pelo P.R.

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  9. Um artigo muito equilibrado e sem as habituais tiradas demagógicas anti-Rio (aqui patentes no comentário do Silvério, que deve estar ao lado dos parasitas que ocuparam o Rivoli). E o Daniel Silva salienta uma coisa que eu sempre referi: ninguém vota a pensar em futebol. Mas o senhor JNPC, o qual - ele sim - se tem por vezes portado como um cacique (no sentido estrito que é dado à palavra em termos políticos: aquele que arrebanha votos, como o Sr. Joãozinho das Perdizes da "Morgadinha dos Canaviais" de Júlio Dinis), parece pensar que sim e nunca desdenha dar o seu apoio, mais ou menos declarado, a um candidato do PS, convencido que parece estar que os portuenses são alguns parolos que seguem o seu conselho na hora de votar. Só se forem os Super Dragões.

    Além da insuportável e pouco inteligente atitude de Rui Rio para com o FCP, os portistas deviam também opor-se ao envolvimento do seu presidente nas eleições autárquicas. Claro que, como refere o Daniel Silva, qualquer pessoa tem direito a fazê-lo, mas JNPC só é conhecido por ser presidente do FCP, pelo que a sua presença nas campanhas só pode ser interpretada como um uso abusivo de sua parte do prestígio que o cargo lhe confere, tal como o seu antecessor Américo Sá - que ele tanto criticou por isso - se serviu do mesmo cargo para chegar a deputado na AR.

    O Sr. JNPC parece esquecer-se que há portistas de todas as cores políticas e que decerto um portista da cidade votante na CDU, no BE ou na coligação PSD/CDS não gosta de o ver sempre de braço dado com o PS. Este tipo de atitudes contribui para que depois apareçam políticos como o Rui Rio a manifestarem hostilidade ao clube.

    Finalmente, não tenciono votar nele, mas a avaliar pela candidata do PS, temo que Rio seja eleito de novo, se calhar com mais votos ainda.

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  10. Nado e criado no Porto, ainda que não residente desde há 20 anos, a minha estupefacção para com as vitórias eleitorais (não há outras) de RR não é ter ganho contra a animosidade do FC Porto que ele fomentou. É o que ele fez na cidade de louvável para merecer continuar no cargo.

    Espero que desta vez as pessoas se deixem de "voto neste porque os outros são piores", se libertem de miasmas partidários e optem pela ruptura. Para pior a cidade não irá e a tendência, fatalmente, será melhorar.

    É o que farei nas eleições em geral, a começar já no domingo. Chega de establishment. Derrube-se a cadeira do poder.

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  11. O artigo toca no essencial.
    A ambição do Rui Rio vai muito para além da Câmara do Porto e ele utilizou o ataque ao FCPorto como parte da sua estratégia de promoção pessoal junto do PSD e junto do resto do país. Ele viu o que aconteceu ao Fernando Gomes quando foi para o governo - foi dizimado pela comunicação social e pelo status quo instalado em Lisboa apenas porque era próximo do FCPorto e do seu presidente (alguém acha que o país está mais seguro agora do que no tempo em que o Fernando Gomes foi Ministro da Administração Interna?).
    Na primeira eleição beneficiou do facto de:
    . os portuenses estarem ainda magoados com o Fernando Gomes por ter abandonado a Câmara a meio do mandato para ir para o Governo
    . o Fernando Gomes ter entrado em confronto com o Nuno Cardoso a quem abandonou o barco de repente
    . O Fernando Gomes não ter sido humilde na campanha que fez e não ter pedido desculpa e reconhecido que errou quando abandonou a Câmara
    Na segunda eleição, o Rui Rio venceu com maioria absoluta pois o candidato do PS era absolutamente patético.
    Creio por isso que nunca foi o Rui Rio que ganhou mas sim os outros que perderam.
    E o que fez o Rui Rio pelo Porto?
    . uma campanha de apoio à Dona Laura e aos comerciantes da Baixa
    . umas corridas de carros
    . umas corridas de aviões
    . mandou uns bairros degradados abaixo (foram poucos)
    . convenceu o Poças Martins a ir para as Águas e limpou as praias (uma boa medida)
    Mas já agora,
    . promoveu o tecido empresarial da região?
    . trabalhou com os empresários no sentido de potenciar a criação de emprego?
    . como presidente da principal câmara da AMP, funcionou como força aglunitadora dos interesses da Região e promoveu o trabalho conjunto com os presidentes das restantes Câmaras?
    . promoveu a cidade no estrangeiro no sentido de captar turismo e investimento?
    . desenvolveu a acção social?
    Não me parece...
    O Porto é hoje uma cidade que perdeu terreno para Lisboa e para outras cidades do país.
    - Os nossos jovens não vêem oportunidades de emprego. Tenho entrevistado muitos recém licenciados e uma grande maioria tem como objectivo ir trabalhar para Lisboa pois é lá que vêem as oportunidades de emprego e é lá que vêem um nível de vida interessante.
    - Várias da nossas empresas de referência, mais do que conquistar mercados a partir do Porto, têm transferido centros de decisão para fora do Porto
    - Continuamos com a Baixa e o Centro Histórico com um ar velho e sujo
    - Continuamos com uma reduzida oferta cultural
    - etc, etc
    Não é o Rui Rio que faz muitas destas coisas mas poderia ser ele o catalizador de todo o dinamismo que o Porto como cidade e como região precisa para sair da depressão em que se tem metido. Alguém vê o Rui Rio como um líder capaz de motivar as massas a fazerem mais e melhor? capaz de motivar os empresários a unirem-se em prol de uma região melhor e mais dinâmica que a todos beneficiaria? Eu não.
    PS - já agora, ainda bem que temos as vitórias do Porto que promovem a cidade no estrangeiro, dão alegria aos portistas que pelo menos nessas alturas esquecem as desgraças do dia-a-dia e vão juntando uns empresários a comer croquetes nos camarotes do Dragão

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  12. Daniel Silva disse:
    "Rui Rio foi reeleito porque o candidato da oposição socialista era fraco, à semelhança do que tinha sido a candidatura de Fernando Gomes, após a vergonhosa passagem pelo Ministério Admin. Interna."

    Esta afirmação merece ser corrigida: Fernando Gomes não teve uma "vergonhosa passagem" pelo MAI, a sua passagem pelo MAI foi breve mas atacada de forma vergonhosa pela comunicação social lisboeta que não descansou enquanto não atirou este homem para fora do Governo. Tudo serviu para o atacar. Tenho bem presente na memória esses momentos. O que seria de Fernando Gomes se tivesse tido uma prestação idêntica à do actual ministro da Adm. Interna? Hoje em dia o país está muito mais inseguro mas o ministro está seguríssimo no cargo (não creio que seja apenas uma coincidência a sua presença assídua no camarote VIP do Estádio da Luz).

    Quanto ao Rui Rio, "pela boca morre o peixe". Vamos ver por quanto tempo estará o moralista "com os dois pés no Porto".

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