Balanço da pré-época 2009/2010

O FC Porto contratou onze novos jogadores para o ataque ao Penta, um guarda-redes (Beto), quatro defesas (Nuno André Coelho, Maicon, Alvaro Pereira e Miguel Lopes), três médios (Prediguer, Belluschi e Valeri ) e três avançados (Varela, Falcao, Orlando Sá).
Os dois primeiros jogos, ante o Leixões e o Mónaco (este na apresentação aos sócios), deixaram excelentes indicações no que respeita à qualidade dos reforços e ao seu entrosamento com a equipa. Aí foi possível ver bons pormenores do Alvaro Pereira, do Nuno André Coelho, do Varela e do Belluschi. No entanto a ideia que ficou foi que a qualidade do jogo foi sempre caindo ao longo da pré-época. A partir do momento em que rumamos a Sul não mais fizemos uma exibição convincente. Não sei se foi o calor do Algarve ou os 40 graus da Andaluzia mas o que é certo é que a equipa fez jogos muito abaixo das expectativas, principalmente depois dos embates iniciais.

Em termos individuais podemos destacar na defesa o Nuno André Coelho e o Maicon, que mostraram pormenores interessantes e curiosamente deverão fazer grande parte da época no banco, e ainda o Alvaro Pereira que parece destinado à titularidade na esquerda para substituir Cissokho. Fucile e Sapunaru têm tido longas passagens pelo departamento médico sendo que no caso do uruguaio é um assunto que começa a ser preocupante.

Para o meio campo, das novas aquisições temos Prediguer, um trinco puro que será o substituto natural de Fernando, temos Belluschi, um todo-o-terreno com boa capacidade de remate à baliza mas que é diferente de Lucho e que não o irá substituir e por último Valeri, um criativo, ou para usar um cliché “um número 10”, que é bastante apreciado na Argentina. A contratação de Prediguer é algo que me deixa bastante confuso: para quê gastar dinheiro num trinco quando temos outro trinco emprestado (Bolatti) que foi considerado o melhor jogador do último campeonato argentino? Se calhar esta é uma pergunta retórica e o motivo é mesmo esse, gastar dinheiro. Por outro lado também não entendo a contratação de um criativo para o meio campo (Valeri) quando o nosso modelo de jogo despreza a posse de bola e baseia-se em “transições rápidas”. Em teoria o Valeri iria apenas travar o desenvolvimento das jogadas de ataque mas de qualquerforma há que dar o benefício da dúvida ao Jesualdo Ferreira, pode ser que este esteja apostado em dar alguma flexibilidade ao seu tão apreciado modelo. Temos ainda o Tomás Costa que este ano depois da saída de Lucho seria um natural candidato ao seu lugar na equipa, veremos se se afirma definitivamente ou não. Para baralhar as contas no meio campo falta ainda referir que Guarín é o novo jogador-fetiche de Jesualdo e poderá ser uma presença assídua na equipa titular (um mistério…).

No ataque perdemos “apenas” aquela que foi a nossa maior referência nos últimos anos, Lisandro Lopéz. Não vai ser fácil substituí-lo e não me parece que deslocar o Hulk para o lugar de ponta-de-lança seja a solução, até porque fará com que ele renda menos. Temos mais três opções para esse lugar: Falcao, Farías e Orlando Sá. O Falcao ainda é muito jovem e apesar de muito promissor convém não esticar demasiado a corda no primeiro ano de adaptação ao futebol europeu porque temos ainda bem presente o exemplo Luís Fabiano. O Farías teria (e tem) nesta pré-época e neste início de temporada a grande oportunidade de se afirmar no ataque do FC Porto depois da saída de Lisandro e de duas épocas de antiguidade no plantel mas o exemplo dos jogos até agora realizados deixa antever que ainda não será esta a época de Farías. O Orlando Sá é, pelo menos para mim, um tiro no escuro. Das suas (poucas) exibições no Braga nunca vi algo que mostrasse um grande jogador e nem mesmo a chamada à selecção me deixa entusiasmado. Quando veio já estava em recuperação de uma lesão grave e o mais certo é que não faça parte dos planos para a 1ª metade da época. De lamentar o facto de ambos os clubes, sociedades cotadas, não terem divulgado os valores envolvidos no negócio.


No que respeita a extremos parece-me estarmos mais bem servidos este ano do que na época passada pois acrescentámos aos já existentes Hulk, Rodriguez e Mariano, o ex-Estrela da Amadora Silvestre Varela que tem feito boas exibições e que poderá vir a ser a revelação do plantel na nova época.

O que mais me preocupou nesta equipa em função dos jogos a que assisti foi a falta de ligação entre o meio campo e a linha ofensiva. Essa falha traduziu-se na quase inexistência de fio de jogo. Por um lado, falta de uma voz de comando no meio campo e entrosamento entre os novos e os da casa e, por outro, falta algo a este modelo de jogo utilizado por Jesualdo Ferreira que privilegia o controlo através de uma defesa sólida para depois sair em contra-ataque em detrimento de um modelo de pressing e maior domínio e posse de bola. Já estava em boa altura de o treinador se modernizar e incluir no seu modelo alguns pormenores que o flexibilizassem.