Terminou o período de transferências e movimentações deste defeso, que no caso do FC Porto envolveu dezenas de jogadores, entre contratados, vendidos, emprestados e dispensados.
Este facto faz-me voltar à entrevista do director-geral da FC Porto SAD à LUSA, de que já falei aqui, nomeadamente à questão dos jogadores emprestados:
"A nossa estratégia é emprestar aqueles jogadores que saem da nossa formação mas que ainda não têm experiência para jogar na nossa primeira equipa - não é fácil entrar numa equipa de campeões. E a estratégia tem sido um êxito. Mais de 80 por cento dos jogadores cedidos são sub-23 e muitos deles serão campeões no FC Porto, não tenho dúvidas. E, nesta época, reduzimos em 16 o número de jogadores emprestados".
A estratégia até pode ter mudado neste defeso, e aparentemente mudou mas, conforme o próprio Antero gosta de afirmar, há que ter memória e nos últimos anos o “exército de emprestados” esteve longe de se cingir a jogadores sub-23 saídos da nossa formação.
Exemplos?
Bem, a lista é imensa, mas recuando apenas às épocas mais recentes, aqui vão os nomes de jogadores que estiveram emprestados durante os anos do Tetra, com a indicação do país de origem e/ou do clube a que o jogador foi contratado:
Marcos António (Brasil), Marco Ferreira (V. Setúbal), Bruno Moraes (Brasil), Maciel (Brasil/U. Leiria), Areias (Beira Mar), Leandro (Brasil), Leo Lima (Brasil/Marítimo), Ibson (Brasil), Pitbull (Brasil), Leandro do Bonfim (Brasil/PSV), Sandro (V. Setúbal), Jankauskas (Lituânia/Benfica), César Peixoto (Belenenses), Hugo Leal (PSG), Sonkaya (Turquia), Paulo Ribeiro (V. Setúbal), Alan (Brasil/Marítimo), Diogo Valente (Boavista), Edson (Brasil), Leandro Lima (Brasil), Renteria (Colômbia), Bolatti (Argentina), João Paulo (U. Leiria), Kazmierczak (Polónia/Boavista), Pelé (Inter).
Nota 1: Esta lista não pretende ser exaustiva e há de certeza outros jogadores que estiveram emprestados durante as últimas quatro épocas e que também não obedecem ao critério enunciado por Antero Henrique - jogadores oriundos da formação.
Nota 2: Nesta lista não incluí o Stepanov e o Benitez, porque são jogadores que foram emprestados apenas esta época.
Quantas dezenas de milhões de euros é que a FCP SAD investiu na aquisição do passe e encargos salariais destes 25 jogadores?
Fazendo contas por baixo - custo médio de aquisição do passe de 1 milhão de euros, encargos com salários na ordem dos 250 mil euros/ano e quatro anos de contrato - estaremos a falar em qualquer coisa como 50 milhões de euros!
E quantos destes jogadores deram retorno desportivo e/ou financeiro?
A confirmar-se que a estratégia mudou, que o número de emprestados vai mesmo diminuir drasticamente, e que o empréstimo de jogadores irá incidir quase unicamente em jovens que saem da nossa formação (Projecto Visão 611?), eu estou de acordo.
E ainda estarei mais de acordo se o empréstimo dos jovens da "cantera" portista privilegiar clubes cujos treinadores tenham a cultura do FC Porto e, já agora, obedecendo a uma lógica de alianças em relação à LPFP.
Agora, francamente, dizer que a estratégia (?) dos empréstimos seguida nos últimos anos tem sido um êxito é, no mínimo, querer atirar areia para os olhos dos portistas.
Mais do que uma qualquer estratégia, o que tem havido é a necessidade de despachar os excedentários do plantel, tentando minimizar os custos associados ao seu vínculo contratual com a sociedade desportiva portista. Essa é que é (foi) a realidade dos emprestados nos últimos anos.
Fotos/Imagens: 'Jogadores FC Porto - Época 2007/08'
Era curioso ter-se acesso a todas as despesas que o porto efectua com esse jogadores e receitas que retira desses empréstimos.
ResponderEliminarMas a nível de transparência de valores de transferências o nosso clube deixa muito a desejar, que raramente sabemos os valores reais desses negócios.
Na mouche.
ResponderEliminarEmbora correndo o risco de ser apodado de bajulador, permito-me referir que a política de empréstimos de elementos da formação - não falo das compras que deram em fracasso como muitas das mencionadas - também tem dado altos rendimentos. Sem forçar a memória, lembro que Fern. Couto, Jorge Costa, Jorge Couto, Ric. Carvalho, Secretário, Folha, Rui Barros, o capitão Bruno Alves e mais uns quantos, fizeram tirocínios noutros clubes antes de se fixarem na nossa primeira equipa. Não sei porque é que há, agora, tanta gente preocupada com os gastos improdutivos; nunca ouviram falar dos monos, que os comerciantes não conseguem vender na época própria, com o lucro que previam, e que depois têm de saldar a qualquer preço? É o que se passa com as SAD, empresas com fins lucrativos mas que quase sempre acumulam prejuízos. A nossa não é excepção. Querem a Lua?
ResponderEliminarO importante são os títulos; acho, até, que os accionistas nunca esperaram lucros...
Excelente post.
ResponderEliminarEnquanto o clube for campeao nacional, tudo são rosas...ninguem faz contas, e principalmente ninguem quer saber se o clube tem receitas para poder cobrir o seu orcamento ano, apos ano.
O que eu gostaria, coisa que foi possivel alguns anos atras, no tempo dos sacos azuis, agora mesmo com SAD o nevoeiro continua de uma forma ou de outra, mas isso sao contas de outro rosario, seria ganhar o campeonato portugues, sem ter que investir o dobro do segundo classificado, sendo que o mais preocupante de tudo isto, é que nao temos receitas que cobram o orçamento.
Outra coisa engraçada, mas que ninguem quer saber, é que o passivo continua a aumentar, mesmo efectuando as obrigatorias vendas todos os anos, para remendar o orçamento.
Acredito que o presidente, deve acreditar nas porçoes magicas do JF para montar equipas ano apos ano...pode ser que qualquer dia se engane..
No tocante á politica desportiva...é o comprar...comprar...comprar, depois ve-se aonde os colocar.
Comprar todos os anos entre 10 e 15 jogadores, não existe orçamento que nos valha...mesmo que director geral para o futebol venha dizer o contrario.
Os numero não enganam...
Os exemplos dados pelo maniche, são a marca registada do nosso clube, porque anteriormente nao havia comichoes, havia sacos azuis, mas os €€€ nao abundavam, e tinhamos que nos socorrer da prata da casa...e quem nos fez..criamos um clube com identidade, mistica..
Agora tempos sao bem diferentes...e gastasse aquilo que se tem e o que nao se tem...
Quem vier a seguir feche a porta!
Para terminar, e peço desde desculpa pela extensão do post, recordo a todos, que no ano em que nao vendemos ninguem acumulamos um passivo de 30€M...exemplificativo de como tem sido gerido o clube.
Ganhar sim...mas tudo tem o seu preço.
Não deixa de ser curioso que o maniche se tenha de socorrer de um exemplo com mais de 20 anos, o do Rui Barros...
ResponderEliminarPara sermos honestos nesta discussão basta respondermos sem hesitações a uma perguntinha muito simples: quantos jogadores do actual plantel form feitos na casa? Resposta: DOIS (Bruno Alves e Nuno André Coelho).
Tudi o resto é conversa.
Caro maniche, conforme está claro e refiro expressamente no artigo, a lista de jogadores que enumero abarca apenas os jogadores que estiveram emprestados durante as últimas quatro épocas e que NÃO obedecem ao critério enunciado por Antero Henrique: jogadores oriundos da formação.
ResponderEliminarÉ evidente que muita coisa tem sido bem feita e de forma competente nos últimos anos. Mas no rol de coisas que têm corrido bem, é óbvio que não podemos incluir a "política de empréstimos".