quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O Génio faz hoje 100 anos


Julgam que o Cristiano Ronaldo é o único génio do futebol oriundo da Ilha da Madeira? Estão enganados. Muito antes dele, no início do Século XX, a 30 de Setembro de 1909 nasceu naquela ilha o jovem Artur de Sousa mais conhecido por "Pinga" (uma alcunha que herdou do seu pai).

“Talvez o maior talento de jogador do nosso futebol, um jogador fulgurantíssimo, verdadeiramente genial”, escreveu Cândido de Oliveira no jornal “A Bola”, em Abril de 1945.

Artur de Sousa "Pinga", craque do F. C. Porto nos anos 1930 e 1940, foi o maior de todos. Mas, por mais que se busque no Youtube, não há maneira de se encontrar um videozinho que seja para comprovar a convicção dos adeptos mais velhos, que o viram jogar na Constituição ou no Ameal e que se deliciaram com o maior talento dos primórdios do futebol português, perdido nos efémeros tempos da Rádio. Mas a injustiça do que será a extemporaneidade de um futebolista genial só enriquece ainda mais o imaginário e o enredo épico de Pinga. Se fosse vivo, um dos maiores símbolos da antologia portista celebraria, hoje, o centésimo aniversário.



“Pinga” foi, pelo FC Porto, duas vezes campeão nacional, três campeão da Liga e por uma vez campeão de Portugal. Por vinte e cinco vezes representou a Associação de Futebol do Porto, por outras tantas representara a Associação de Futebol da Madeira, e por três vezes foi campeão do Funchal pelo Marítimo.

A 7 de Julho de 1946 despediu-se, como jogador, dos campos de futebol. O Estádio do Lima encheu-se para presenciar um festival que contou com um desfile em que tomaram parte mais de 500 atletas de dezenas de colectividades, com um jogo em que o FC Porto venceu um “Misto Nacional” (de cuja composição não encontramos registo) por 5-4 e teve como ponto alto o momento em que o Governador Civil do Porto condecorou “Pinga” com a Medalha de Ouro da Federação Portuguesa de Futebol.

Quando, depois de ter treinado a Sanjoanense, o Tirsense e o Gouveia, trabalhava nos infantis do FC Porto e iria passar a coadjuvar mestre Artur Baeta na equipa júnior, a morte levou-o.

Eram 13 horas e 40 minutos do dia 12 de Julho de 1963. Internado três dias antes, sucumbiu às malfeitas que, já há anos, o atormentavam – cirrose e úlcera gástrica. Era o desaparecimento de uma gloria do futebol nacional, da “1ª legenda do futebol portista” (como pode ler-se nos “100 anos de História” de Álvaro Magalhães e Manuel Dias), daquele “interior-esquerdo-patrão-da-equipa” que constituiu, com Valdemar Mota e Acacio Mesquita, o famoso trio atacante azul e branco popularizado ad eternum como “OS TRÊS DIABOS DO MEIO DIA”.

Luis César in fcporto.pt

6 comentários:

  1. Grande nome da história do FC Porto. Poucos dos que tiveram o privilégio de vê-lo jogar estarão ainda entre nós. Um deles, o Presidente da Assembleia Geral do FCP, Dr. Sardoeira Pinto, recordou hoje na "Bola Branca" da Rádio Renascença esse grande jogador. Gostei de ouvi-lo.

    PS o jornalista do JN não deve saber bem o significado da palavra "efémero": "perdido nos efémeros tempos da Rádio". Que eu saiba a rádio ainda existe! : -))

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  2. Segundo o meu pai, o melhor jogador português de sempre. Exageros á parte, os quais não posso confirmar. foi das maiores glórias do FCP, e alguém elogiado até pelos mais fanáticos benfiquistas.

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  3. Não. Existiu. E era um grande jogador da bola. À época. Porque tudo passa. E fica.

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  4. Alexandre Burmester disse:
    PS o jornalista do JN não deve saber bem o significado da palavra "efémero": "perdido nos efémeros tempos da Rádio". Que eu saiba a rádio ainda existe! : -))

    Sim, a rádio ainda existe, os "tempos da rádio" é que já não existem! :-)

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  5. Pois, Nuno, de facto os tempos da Rádio já não existem, mas existiram bastantes anos, pelo que, mesmo assim, o termo "efémeros" continua a não fazer sentido! : -)

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