quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Ainda se Lembram? (III) O "Xico" Nóbrega
Cabeça caída, queixo quase colado ao peito, com um passo melancólico, esta era, de certo modo, a imagem de marca de Francisco Lages Pereira Nóbrega, que viu a luz do dia em Vila Real em 14 de Abril de 1942. De tal modo essa imagem se lhe colou que alguns adeptos de humor mais espontâneo diziam que ele perdera “cinco coroas” (antiga moeda de 2$50) no relvado das Antas.
Mas isto era nas pausas do jogo. Com ele a decorrer, o Nóbrega era um fogoso extremo-esquerdo, senhor de um drible mais que competente e um dos melhores jogadores a centrar uma bola que já vi actuar no F.C. Porto. E a isso aliava um poderoso pé esquerdo, que o viu facturar um número apreciável de golos durante a sua longa carreira no F.C. Porto, que decorreu de inícios da década de 60 a meados da década seguinte. Pelo meio, o Nóbrega foi quatro vezes internacional “A” por Portugal, entre 1964 e 1967.
Mas, de facto, pareceu sempre faltar-lhe alguma chama, dava a ideia de ser um jogador pouco motivado. O grande jornalista Vítor Santos frequentemente, ao escrever sobre ele, dizia que o Nóbrega patenteava “sempre os mesmos defeitos e as mesmas qualidades”.
A certo ponto dos anos sessenta irrompeu no clube um jogador da mesma posição que chegou a tirar-lhe o lugar, o angolano Serafim dos Anjos Mesquita Pedro, popularizado pela alcunha de “Malagueta”. Mas o Malagueta, coitado, que já não está entre nós e teve um fim triste, gostava muito das noitadas, e paulatinamente o “Xico” Nóbrega recuperou o lugar. Fez, por essa altura, parte da equipa que no Jamor venceu a Taça de Portugal de 1968, contra o Vitória de Setúbal (2-1), tendo apontado um dos golos, salvo erro o da vitória.
Ainda por cá estava, “sempre com os mesmos defeitos e as mesmas qualidades”, na época em que o Pavão morreu, em 1973, e participou nessa partida, também contra o Vitória de Setúbal.
Percorrendo as minhas memórias do Nóbrega, recordo-me da sua fulcral intervenção na jogada que deu o único golo da partida num jogo contra o Benfica nas Antas em Dezembro de 1968: antecipando-se a um defesa adversário dentro da grande-área, o Nóbrega rematou com violência à meia-volta, o guarda-redes do Benfica, José Henrique, apenas conseguiu rechaçar a bola, e o Custódio Pinto, ali mesmo à mão de semear, empurrou-a para a baliza. Nessa época disputámos o título renhidamente com o Benfica, e já dela falei no artigo sobre o “Bacalhau”. Voltarei a ela aqui, um dia, com mais pormenor. Hoje a tinta da minha pena virtual é derramada em homenagem ao “Xico” Nóbrega.
Fracisco Nóbrega ... O jogador favorito do meu Avô.
ResponderEliminarUm dos injustiçados dos anos 60.. Dominava nessa altura a clique sulista, não foi mas devia ter ido ao Mundial de 66, esteve para ir e foi substituido à ultima da hora por um lagarto qualquer.
Marcou esse golo na final da Taça contra o Setúbal (2-1) com o outro golo de livre directo do Valdemar, central da equipa, costumava marcar muitas vezes ao Belenenses, lembro um jogo em que o treinador de belém era Meirim, no seu auge, e ganhamos 1-0 com golo do Nóbrega.
Falhou um penalti contra a Académica nas Antas (0-0) que se convertido nos poderia ter dado um campeonato.
Não assisti ao jogo pois estava ... castigado ... por falta de estudo... era o pior que me podiam fazer e levava "jogos de suspensão" se não estudasse...
Mas vi esse jogo do golo do Pinto aos Benfas.
Nóbrega ainda foi treinador mas de divis~es secundárias.
E também me lembro bem do Malagueta, bom jogador, mas ...
Estas rubricas sobre os antigos craques são bem interessates...
http://sectorofensivo.blogspot.com/2009/11/raul-meireles-seleccao-e-porto.html
ResponderEliminarVisitem e Comentem.
Abraço
Esse penalty falhado (contra a Académica), caro Jorge, não nos teria necessariamente dado o título, pois acabámos o campeonato a 2 pontos do Benfica(ainda empataríamos em casa 2-2 com o U. Tomar...).
ResponderEliminarLembra-se do Bambo da CUF, defesa direito? Pois esse fulano era um mártir às mãos (ou, melhor dizendo, aos pés) do Nóbrega, sempre que a CUF vinha às Antas!;-).
Infelizmente a nossa net é parca em dados sobre o futebol daqueles tempos, e vejo-me obrigado a socorrer-me em boa parte da minha memória para escreve estes artigos.
Houve outro ponta-esquerda que chegou a tirar o lugar ao Nóbrega, foi o Ricardo, no início de 70, mas o "Xico" era resistente e recuperou o lugar. Creio que deve ser dos jogadores com mais jogos disputados pelo F.C. Porto.
Alexandre, eu realmente não me lembrava bem, sabia que essse penalti tinha tido alguma influencia...
ResponderEliminarQuanto ao Ricardo, coitado, bom jogador, bom toque de bola, um pouco lento, era o Mariano de agora, sempre assobiado e não havia paciência para ele, lamentávelmente como hoje...
Um dia marcou 3 golos, foi logo o maior...
Abraço.
O Francisco Nóbrega fez-me sonhar muitas vezes que o PORTO poderia ser campeão, grandes tardes de futebol no Estádio das Antas na companhia do meu Pai e o resto da familia à espera no carro na Praça Velasqez, se o PORTO ganhava havia direito a passeio e jantar fora com o respectivo Norte Desportivo, se havia um azar direitos para casa,sem permissão de comentar.
ResponderEliminarFora a saudade eram mesmo grandes tardes, melhor ainda inesqueciveis.