domingo, 24 de janeiro de 2010

Orelhas sensíveis

A propósito de escutas e de orelhas sensíveis...

No Marítimo x Guimarães, de nada valeu a Bruno ser o capitão da equipa madeirense. Em apenas três minutos, viu dois cartões amarelos por palavras dirigidas ao árbitro e foi expulso por Duarte Gomes.
Devido a esta expulsão, o capitão do Marítimo ficou impedido de jogar na jornada seguinte. E contra quem ia jogar o Marítimo? Contra o Benfica que, por coincidência, é o clube da simpatia do senhor Duarte Gomes, o tal que num célebre E. Amadora x SLB transformou um corte de cabeça de um defesa do Estrela num penalty a favor dos encarnados. Lembram-se?

Uma semana depois, faltava uma hora para o fim do Marítimo x SLB e, com o resultado completamente em aberto, Olberdam foi expulso por outro árbitro vermelhusco, o senhor João Ferreira. Qual o motivo? Palavras ofensivas.
Em declarações ao DN, o médio brasileiro explica o que se passou.
"Foi uma decisão injusta do juiz. Ele pensou que era para ele, mas o que eu disse era para o Paulo", adiantou o médio do Marítimo, explicando depois que ficou irritado com o companheiro de equipa, de quem diz ser "amigo", por causa do duelo que ele estava a travar com Di María. "O jogador do Benfica foi direito ao Paulo e eu disse-lhe para não cometer falta", explicou, revelando depois as palavras exactas com que se dirigiu ao lateral-direito dos maritimistas: "Eu disse-lhe foi 'Sem falta, c..., p... que pariu! Toda a hora falta, c...'." Ao admitir os palavrões, Olberdam chamou a atenção, de forma irónica, para o facto de que durante os jogos "não é hábito dizer por favor, meu querido ou amor".


Tendo em vista a imparcialidade e uniformidade de critérios apregoada pelo senhor Vítor Pereira, é pena que a sensibilidade dos ouvidos dos árbitros varie consoante as cores das camisolas, conforme refere Manú:
Todos os jogadores, de todas as equipas dizem o que disse o Olberdam. Ele foi expulso e complicou o jogo para nós, mas se fosse com outro adversário, tenho a certeza que isso não acontecia”.

se fosse com outro adversário tenho a certeza que isso não acontecia”, afirmou Manú, por sinal um ex-jogador do SLB.
Não é preciso dizer mais nada.

4 comentários:

  1. José Correia disse:

    No Marítimo x Guimarães, de nada valeu a Bruno ser o capitão da equipa madeirense. Em apenas três minutos, viu dois cartões amarelos por palavras dirigidas ao árbitro e foi expulso por Duarte Gomes.

    Vamos pôr de parte aqui as cores das camisolas, mas tão só falar das leis de jogo e desmitificar a ideia de que o capitão de equipa por o ser, pode interpelar o árbitro.

    Diz a lei 12:

    Manifestar desacordo por palavras ou por actos

    Um jogador, que manifeste o seu desacordo (por palavras ou não) contra a decisão do árbitro, deve ser advertido.

    O capitão de equipa não tem nenhum estatuto especial ou privilégios particulares concedidos pelas Leis do Jogo, mas ele é, em certa medida, responsável pelo comportamento da sua equipa.


    Dizem as FAQs (com base nas recomendações e clarificações do International Board):

    Tem o capitão de equipa, o direito de contestar as decisões do árbitro?

    Não, nem o capitão de equipa nem qualquer outro jogador tem o direito de manifestar desacordo com as decisões do árbitro.


    Sabemos que na prática isto não é bem assim, mas se alguém está mal são os árbitros que permitem que isto aconteça.

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  2. Sim João, eu sei que é assim. Contudo, é normal os árbitros serem menos "sensíveis" quando são abordados pelos capitães de equipa.
    O que eu quis salientar é que neste caso nem esse estatuto valeu ao capitão do Marítimo. Em apenas três minutos viu dois cartões amarelos e ficou impedido de jogar contra o SLB na jornada seguinte.

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  3. É tudo uma questão de sensibilidades. No jogo, na imprensa, na Liga.

    Senão vejamos, a Benfica TV durante meses infringiu a lei ao publicar e realizar artigos com as transcrições das escutas. Mas agoram fizeram queixa ao Governo... porque as imagens do túnel de 2008 vieram cá pra fora. (Notando também que as de este ano foram fornecidas ao jornal Abola). Sensibilidades.

    O FCP foi acusado de encomendar artigos num jornal, mas o Benfica sempre o fez, potenciou isso durante a crise Champions, e ainda hoje a Bola numa noticia sobre os castigos a Hulk refere que os prazos de decisão vao por completo arrasar a tese de que o processo se arrasta de forma premeditada. Sensibilidades.

    E no campo? O FCP foi roubado do 1º ao último minuto na Luz, nos últimos 10 minutos nem nos deixaram passar do meio-campo. E qual a análise geral? Que houve um penalti do Rodriguez. Sensibilidades.

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  4. Sim, é normal. Mas é nessa "normalidade" que os árbitros erram e é essa "normalidade" que é voz corrente as pessoas acharem que o capitão pode interpelar o árbitro.

    Certamente ainda te lembras da justificação que o Co Adriaanse deu para tirar a braçadeira de capitão ao Baía.

    Isto só para dizer que dos casos que apontas, eu não vejo nenhuma crítica que se possa fazer aos árbitros nas questões abordadas.

    Agora podemos e devemos fazê-lo, nos casos similares em que não mostrem amarelos ou vermelhos. Aí é que estarão a violar as leis de jogos, e são esses casos que devem ser criticados.

    E se esse tipo de linguagem é normal no futebol, não o é à luz das leis de jogo.
    Há coisas que se aprendem nos bancos de escola, e nesse aspecto pelo menos a mim os tempos do basquetebol e de um treinador que tive ensinaram-me a controlar a língua. É verdade que no basquetebol ou andebol é mais fácil marcar um falta técnica ou excluir por 2 minutos, mas vês que o respeitinho é mais cumprido.

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