"Já me chamaram de chulo, como amador, não quero ser chulo profissional. Se aceitarmos ser profissionais nem um canto nos perdoam. Por isso digo, se querem um palhaço, paguem."
Estas eloquentes declarações foram proferidas por Olegário Benquerença, no dia 22 de Novembro de 2009, no I Congresso Internacional de Arbitragem, organizado pela APAF no Centro Cultural de Congressos das Caldas da Rainha.
Cerca de um mês e meio depois, no passado dia 3 de Janeiro, o senhor Olegário estava na "catedral" a arbitrar o SLB x Nacional, quando aos 29 minutos de jogo, sem estar a disputar a bola, Luisão pontapeou um adversário (Leandro Salino) que se encontrava caído no relvado. Benquerença viu, interrompeu o jogo e quando toda a gente esperava a inevitável expulsão do defesa-central encarnado, o árbitro limitou-se a mostrar um cartão amarelo ao internacional brasileiro.
Já ninguém se surpreende com as roubalheiras na "catedral" da Luz mas, desta vez, o país futebolístico ficou atónito. Como é que isto foi possível com um árbitro que está na calha para ser nomeado para o Mundial da África do Sul? Haverá explicações para tal actuação (a qual seria complementada até ao final do jogo por mais meia-dúzia de lances de inclinação acentuada do relvado da Luz)?
Para percebermos a actuação do Benquerença no SLB x Nacional, temos de analisar o contexto e as possíveis implicações das suas decisões. Comecemos então por analisar as implicações no próprio jogo e na competição em causa. Os encarnados não estavam a jogar bem (o próprio Jorge Jesus o reconheceu no final do desafio) e se ficassem a jogar com menos um, quando ainda faltava mais de uma hora para o final do encontro, as probabilidades de vitória, e até de empate, reduziam-se drasticamente. Ora, se o SLB perdesse em casa com o Nacional, o acesso às meias-finais da Taça da Liga ficaria seriamente comprometido, até porque os outros dois jogos do grupo são fora de casa com adversários que não são fáceis. E depois de o SLB ser eliminado da Taça de Portugal, não convém que o mesmo aconteça na Taça Lucílio, pois não?
Contudo, se Olegário tivesse cumprido as leis em termos disciplinares, as maiores implicações seriam no campeonato. Como é sabido, Sidnei e David Luiz não estão disponíveis para a deslocação a Vila do Conde. Sidnei está a recuperar de uma lesão muscular, que o mantém afastado dos relvados há várias semanas e David Luiz, apesar da enorme impunidade de que tem gozado, viu o 5º amarelo no jogo com o FC Porto. Se também Luisão não pudesse jogar, a dupla de centrais encarnados no estádio dos Arcos teria de ser constituída por Miguel Vítor (que está sem ritmo de jogo) e por Roderick (ex-junior) ou Javi Garcia (adaptando um outro jogador ao lugar de trinco).
Estão a ver as implicações da (não)expulsão do Luisão?
Saliento que perante a agressão de Luisão, Olegário tinha três hipóteses: i) mandar seguir o jogo; ii) expulsar o central benfiquista; iii) mostrar o cartão amarelo. Já agora, porque razão optou pela terceira hipótese em vez de mandar seguir o jogo? Poderia alegar não ter visto, o que salvaguardaria a sua reputação. A resposta só ele poderá dar, mas se o árbitro dissesse que não viu o lance a situação enquadrava-se nos critérios de um processo sumaríssimo e nem com toda a ginástica do Mundo o dr. Ricardo Costa poderia salvar o central benfiquista. Percebem?
Mas em termos disciplinares há mais, muito mais. Em apenas três minutos, entre os 29 e os 31 minutos, Javi Garcia e Maxi Pereira também beneficiaram da benquerença do Olegário, senão tinham ido tomar banho mais cedo. Até que chegamos aos 70 minutos do SLB x Nacional, momento em que David Luiz derrubou dentro da área Rodrigo Silva. É indiscutivelmente lance para penálti (recordo que o resultado ainda estava 0-0) e também de expulsão, porque o avançado madeirense estava isolado. Benquerença mandou jogar, mas se tivesse puxado do cartão vermelho, então David Luiz iria ficar de fora no jogo seguinte ao do Rio Ave. Ou seja, se não fossem os vários números de circo protagonizados por Olegário (que grande ilusionista!), o SLB não iria poder utilizar quer Luisão, quer David Luiz pelo menos nos dois próximos jogos, ambos fora de casa (Rio Ave e Marítimo). E no caso do Luisão já estou a pressupor a benevolência do dr. Ricardo Costa, porque em Espanha Pepe apanhou um castigo de 10 jogos.
Sendo esta a realidade, o que queriam que o pobre árbitro, que não quer ser chulo nem palhaço, fizesse?
O Sistema agradece.
P.S. Como se não bastasse o “trabalho exemplar” de Benquerença, Vítor Pereira jogou pelo seguro e, de modo a não correr quaisquer riscos, tratou de nomear Bruno Paixão para dirigir o jogo de hoje entre o Rio Ave e o Benfica. O Sistema não dorme...
Mais uma taça para ser ganha por um SLB a ser levado ao colo.
ResponderEliminarAdmito que fui das poucas pessoas a defender a realização desta taça. Se países como a Inglaterra têm uma taça da Liga e jogam MUITOS mais jogos que nós no total da época, porque não haveriamos nós de ter uma também?
Agora, a manter estas constantes palhaçadas em prol de um clube (seja ele qual for), descredibilizam cada vez mais a porcaria da taça.
Mas sinceramente lá no fundo, até não me importo tanto... eles que sejam ajudados em TODOS os jogos da taça da liga. Só descredibilizam a taça e com cada jogo que são levados ao colo, vão-se acumulando as anormalidades. Eventualmente este "sistema" que está por detrás do slb a levar ao colo, acabará por não aguentar com tanto peso. Espero que esse dia esteja muito próximo...
O Benquerença também terá feito companhia ao Rui Santos e ao Vieira na entrega da petição na AR?
ResponderEliminar«A resposta só ele poderá dar, mas se o árbitro dissesse que não viu o lance a situação enquadrava-se nos critérios de um processo sumaríssimo e nem com toda a ginástica do Mundo o dr. Ricardo Costa poderia salvar o central benfiquista. Percebem?»
ResponderEliminarDe facto, com o assinalar da falta e consequente exibição do cartão amarelo, Luisão fica salvaguardado de um processo sumarissímo.
Contudo, os regulamentos da Liga prevêm a possibilidade de instauração de Processos Disciplinares aos jogadores / Treinadores / Dirigentes que usarem de conduta inapropriada ou violenta para com outros Agentes Desportivos.
Perante a agressão bárbara de Luisão a Leandro Salino, o dr. costa deveria, ou melhor, tinha obrigação de instaurar um Processo Disciplinar ao central da equipa lá da Capital.
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
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