A expectativa, os rumores e os romances a propósito do próximo treinador do F.C. Porto fizeram-me recordar outros episódios de substituição do técnico no nosso clube.
Esta estória que vos vou contar - e de que os mais velhos se recordarão - ocorreu na época de 1971/72. No final da época anterior o presidente, o todo poderoso e abastado Afonso Pinto de Magalhães, decidira que podia prescindir dos serviços do escocês Tommy Docherty e aguentar-se com o seu número dois, António Teixeira. As coisas, porém, não correram bem e à 7ª jornada aquele nosso antigo avançado-centro foi dispensado. Pinto de Magalhães lançou a rede ao mar e quem havia ele de ter escolhido?
"Um Prussiano!", bradava em letras garrafais o Norte Desportivo, decerto sob a inspiração da pena do seu infatigável director e redactor Alves Teixeira, uma espécie de Alfredo Farinha para consumo tripeiro.
E quem era essa réplica de Bismarck ou Ludendorff? Nada mais que Paulo Amaral, antigo preparador físico da selecção brasileira (o primeiro no cargo e considerado pioneiro na matéria na sua pátria) e antigo treinador de Vasco, Juventus, Génova e Corinthians, entre outros. O homem tinha de facto uma reputação ímpar de firmeza e dureza, além de um imponente físico (perto de dois metros de altura e "cem quilos de músculos") e um ar de "duro", que a sua cabeça normalmente rapada enfatizava. Paulo Amaral entrou também na História como o primeiro homem que linchou uma multidão, virando-se um dia à torcida que o hostilizava e pondo-a em debandada. Cuidado com ele, portanto!
Aproveitando uma deslocação da equipa ao Brasil, o prussiano tomou conta dela na sua própria terra. Cá chegado foi recebido em júbilo pelo público das Antas - tribunal incluído, que isto de durões e prussianos sempre impressionou bem os ferrinhos - antes do seu jogo de estreia, um empate sem golos frente ao Sporting na 9ª jornada.
Mas o prussianismo acabaria por não render frutos em solo português. A equipa continuou a não impressionar e, de desilusão em desilusão, Paulo Amaral seria dispensado após a 21ª jornada. No final do campeonato o F.C. Porto terminaria em 5º lugar. O tempo de Pinto de Magalhães à frente do clube também chegara ao fim, e nesse ano de 1972 suceder-lhe-ia o Dr. Américo Sá. O prussiano, esse, regressou ao Brasil onde prosseguiu a carreira. Faleceu em 2008 aos 84 anos. Uma figura.
Lembro-me do Paulo Amaral, sei que os resultados não foram famosos, mas não sabia dessa fama de durão do técnico...Andava um pouco longe nessa época, o Serviço Militar tinha-me obrigado a sair do Porto, mas havia grande expectativa que acabou gorada mais uma vez...
ResponderEliminarMas não andará a ser colocada por aí, a hipótese do Scolari?...Este artigo trará àgua no bico?...Brasileiro, durão, cabeça rapada...
Não acredito que, quando elaborou este artigo, estivesse na mente do Alexandre a hipótese Scolari. E muito menos acredito que alguma vez essa hipótese tenha passado, nem que seja ao de leve, pela cabeça do Pinto da Costa.
ResponderEliminarBoas,
ResponderEliminarConfesso que não conhecia a história deste "mauzão" mas já ouvi falar de um outro, também com fama de "mauzão" (não sei se infundada) de seu nome Dorival Yustrich. Dizia-me meu avô que este é que era **dido.
Saudações PORTISTAS
De facto, caro Meireles, como bem diz o José Correia, Scolari foi nome que nem me passou pela cabeça ao escrever estas linhas. Para longe vá o mau agouro!;-)
ResponderEliminarCaro "pois",
ResponderEliminarTalvez tenha sido pela fama (e proveito) do Yustrich que a contratação do Paulo Amaral tenha sido tão aclamada em determinados sectores da massa associativa que ainda se não haviam curado das saudades que tinham do primeiro.
O Yustrich chegou "a ir à cara" a alguns jogadores. Mas esse já não é do meu tempo. Do Paulo Amaral no Porto lembro-me bem.
A mim parece-me cada vez mais evidente que o próximo treinador é mesmo o Vilas-Boas.
ResponderEliminarEntão o Jorge Costa ja foi dado como treinador da Académica para o próximo ano e o que é feito do Vilas-Boas?
Não tinha mais um ano de contrato?
O que aconteceu? desistiu? evaporou-se?
Já estou mais descansado, é que o Sargentão está a pensar sair da toca para onde foi remetido e regressar à Europa...
ResponderEliminarTommy Doc terá sido o mais prestigiado treinador britânico, a par com Robson, a treinar em Portugal, em Inglaterra treinou clubes como o Chelsea e o Manchester United, o Aston Villa (na altura 1 gigante a nível britânico, foi campeão europeu), e a selecção da Escócia. Não como outros, tipo Jimmy Hagan ou Mortimore venerados para o lado da Luz, mas que que a nivel internacional são "zé-Ninguéns", nunca treinaram nenhum clube de relevo no seu país de origem.
ResponderEliminarPaulo Amaral que eu vi treinar a equipa muitas vezes, foi importante no desenvolvimento do Seninho, fazendo com ele muitas horas extra, com centros e mais centros, aprimorando esse factor.
ResponderEliminarDe resto, veio em tempos conturbados em que não se ganhava nada...
Também como curiosidade, um sábado fui ao extinto Águia D'Ouro
ResponderEliminar(futuro Hotel) ver um filme à meia noite, era só filmes de terror e uma grande bagunçada na asistência, sempre às bocas e a atirar com coisas para a plateia o que levava a cuidados de comprar bilhetes, ou para o galinheiro ou para o primeiro balcão nas filas de trás...
Numa cena de arrepiar apareceu um tipo de cabeça rapada e logo alguém gritou: "Olha o Paulo Amaral"... Grande risota.
Bons tempos...