sábado, 1 de maio de 2010

"Fui ameaçado de morte"

«(...) o Caniggia insulta-me. Chama-me 'filho da puta' e manda-me para a 'puta que te pariu'. Dei-lhe o amarelo. Depois ouvi isso e dei-lhe vermelho directo. O que as pessoas pensaram foi que eu me tinha enganado. Que eu julgava que ele já tinha amarelo e que portanto foi segundo amarelo. Nada disso. Foi amarelo, o primeiro dele naquele jogo, e depois o vermelho directo, porque não aceito insultos de ninguém. Nem em português nem em castelhano."

E depois? "Na cabina do árbitro, o sr. Gaspar Ramos [dirigente do Benfica] estava muito nervoso e descontrolado. Pedi-lhe que se retirasse. É verdade que aquela casa [Estádio da Luz] era dele, e ele até era delegado ao jogo, pelo que podia estar ali, mas não naquele estado, que aquele espaço era meu."

A FPF reagiu e instaurou um processo ao árbitro, aos jogadores, ao jogo. A expulsão de Caniggia não ficou por ali. O avançado argentino garantiu nada ter dito e as imagens televisivas confirmavam-no, embora Caniggia aparecesse tapado pela cabeça de Isaías por uns segundos. O processo avançou e quem foi o relator? Sampaio Nora, do Conselho de Justiça da FPF, que esteve, anos depois, na lista de Vale e Azevedo para as presidenciais do Benfica. "Mal entrei na sala para depor, ele disse-me que estivesse tranquilo porque não gostava de mim." Entrada a pés juntos? "É como lhe digo: já se passaram tantos anos e ainda nem sei se hei-de rir se hei-de chorar. Foi um processo kafkiano." (...)

"A FPF anulou esse jogo e promoveu um outro, de repetição, no Restelo, que a FIFA desvalorizou. Nas contas finais desse campeonato 1994-95, o jogo que conta é o meu. Que isso fique claro." (...)

Só mais uma pergunta: sofreu muito com esse episódio? "Nada de especial. Fui ameaçado de morte com uma pistola na cabeça e depois com uma faca, à porta do meu emprego [de bancário na Rua José Malhoa], de manhãzinha, antes da 8h30. Foram pequenos-almoços diferentes. Eram adeptos de cabeça perdida que queriam fazer justiça com as próprias mãos. O da pistola apontou-me a arma à cabeça mas não me assustou. O da faca falhou o alvo mas estragou-me o casaco. A sorte dele foi que conseguiu fugir. O azar foi que lhe fiquei com a faca."»


A entrevista completa de Jorge Coroado ao jornal i pode ser lida aqui.

De facto, comparado com isto, a estratégia dos túneis é uma brincadeira de crianças.

4 comentários:

  1. José Correia,

    o Coroado disse numa entrevista ao CM que a única pessoa que alguma vez o ameaçou no futebol e prometeu dar-lhe cabo da carreira foi o Gaspar Ramos.

    E foi, lembro eu, após um Benfica-Torreense com 0-0 e 3 jogadores do benfas expulsos, o que é inadmissível como se sabe.

    Coroado contou isso e mais na entrevista por alturas do Natal aqui ´há uns anos, mas o título era sobre Pinto da Costa.

    Enfim, o costume.

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  2. A memória lampiona é curta.
    Eles só lembram das TCE, de há quase 50 anos atrás.
    Depois, lembram-se das finais européias perdidas, feito único no mundo, que devia estar no guiness.
    E das 30 e tal taças de campeões domésticos, que trocariam sem pestanejar por 1 de campeões do mundo, e aí, ninguém aturava a bola e o record.
    Em termos de arbitragem, estes 3 personagens(benfas,bola e record)tem uma espécie de amnésia constante, que minimiza um mar de penalties exdrúxulos como aquele na Reboleira, em que a bola bate na cabeça do defesa do estrela, e ao mesmo tempo, tem uma memória de elefante ao estampar na 1ª página em letras garrafais que Lisandro é "batoteiro" e "enganador", ou ainda "certezas mais que absolutas", como aquela bola que eles juram de pés juntos que Baía tirou de dentro da baliza na Luz, quando nem as 300 camaras da sportv conseguiram provar.
    Este branqueamento sempre houve e sempre haverá por parte dos 2 pasquins, de modos que o FCP deve fazer como sempre fez:estar prevenido para tudo, e contra tudo e todos, entrar em campo para jogar contra 14.

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  3. Reparem que conseguiram repetir o jogo, que a FIFA anulou...Agora imaginem que eles fariam se lhes sucedesse o que aconteceu no túnel da Luz...Voltavam ao início no campeonato...Há sempre um Ricardo desconhecido que os espera nos corredores da Federação ou doutra qualquer Instituição Nacional...
    Quanto ao Coroado, não tenho pena nem simpatia nenhuma, ele continua com o seu ódio de estimação ao Porto...Para mim não é pessoa isenta, logo com ele tudo é possível.

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  4. Eu gosto muito do Gaspar Ramos: não fosse ele, e o Jardel nunca teria vindo para o Porto. Para mim, à porta do Estádio, era a estátua do Pedroto, Rui Filipe e Gaspar Ramos.

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