«Embora a nomeação de Fernando Gomes para Ministro Adjunto e da Administração Interna com a tutela do Desporto tenha sido saudada pela quase totalidade dos agentes desportivos, a maior parte da imprensa lisboeta atirou-se ao ar e viu com acinte o facto de estar um homem do Porto à frente do Euro'2004. Daí à intriga não demorou nada. Um chorrilho de falsidades encheu o fim-de-semana tentando criar um facto político bloqueador. Plumitivos idiotas sacaram cacetes e marretas e intentaram uma nova guerra contra o Norte e contra o Porto. No "Público", o editorialista (não é uma opinião, compromete toda a empresa) considera uma nomeação cobarde dum primeiro-ministro refém do Porto. (Olhem lá, se começássemos a falar do editorialista!) O "Expresso", na sua vocação de recoveiro, brindou-nos com o recado de que o secretário de Estado do Desporto teria de ser de Lisboa! (...) O resto nem chegámos a ler, nem ver, nem ouvir. Excepto o Barroso, o Alfredo caceteiro-mor que, incapaz de alinhavar um parágrafo no respeito pela sintaxe, destila o costumado ódio tribal contra o país, contra o Norte e contra o Porto. Agora contra Fernando Gomes. (...) É gente como o Barroso, com a sua mentalidade de australopiteco, com o seu ódio, tribalismo e xenofobia regional, que põe em causa a coesão nacional. (...) A verdade é que no pensar destes escrevinhadores pacóvios recolhidos no asilo da capital, o Porto e o Norte nem direito a voto teriam! (...)
Não basta nascer no Porto para ser tripeiro. Nem é preciso nascer no Porto ou ser descendente de portuenses. Pode bem ter-se nascido em Marraquexe filho dum qualquer Al Faci e ser-se tripeiro. Ser do Porto é uma história, uma cultura, uma mentalidade, uma atitude. Incompatível com qualquer noção fechada de sociedade. Mas incompatível também com qualquer vassalagem. A essa condição se referia Camões quando se autoproclamava "cidadão do Porto". (É por isso que o Porto concatenará sempre o ódio de gente pequena como o caceteiro-mor.)»
Pedro Baptista, O Jogo, 27/10/1999
Em 19 de Junho de 2008, o 'BiBó PoRtO, carago!' publicou uma entrevista de Pedro Baptista. Pode ser lida aqui.
6 comentários:
"Não basta nascer no Porto para ser tripeiro. Nem é preciso nascer no Porto ou ser descendente de portuenses. Pode bem ter-se nascido em Marraquexe filho dum qualquer Al Faci e ser-se tripeiro. Ser do Porto é uma história, uma cultura, uma mentalidade, uma atitude. Incompatível com qualquer noção fechada de sociedade".
Para quem, como eu, nasceu em Angola, viveu grande parte da sua vida em Lisboa e é tripeiro de alma e coração, estas palavras não podiam ser mais adequadas e calar tão fundo.Reflectem o que sempre pensei e senti.
O Pedro Baptista, também conhecido por "Pedro Maluco", tem de facto mais interesse agora lido do que tinha nos tempos do PREC, época em que se tornou famoso por ser o atribuído cérebro de várias ocupações selvagens de casas na cidade do Porto, em nome da revolução e da classe operária, claro. Tendo passado da FEC-ML ou da UDP para o PS, começou também a escrever e a falar sobre futebol, essa actividade alienante.
Este texto está escrito no melhor estilo polemista português de outrora, mas o Fernando Gomes é fraco defunto para tanta cera.
Stewards gayvotas despacham mais um
http://oantilampiao.blogspot.com/2010/10/stewards-da-luz-despacham-mais-um.html
"Ser do Porto é uma história, uma cultura, uma mentalidade, uma atitude. Incompatível com qualquer noção fechada de sociedade. Mas incompatível também com qualquer vassalagem"
É esse o meu espírito. Por isso me revejo, inteiro, no que está contido, explícita e implicitamente, no dizer acima transcrito.
o "Pedro" pode ser maluco, epíteto por certo de um daqueles cagarolas que pululam na cidade, mas é certamente um defensor da cidade e do seu clube.
E também dá para perceber o porquê dos "convites" que aquele benfiquista de Paredes faz.
Gente desta, combativa e sempre em guarda, não lhes serve. Só os "copinhos de Leite", como diria o do Marco
Eu transmontano, estudei e trabalhei fora do país, e nos ultimos 10 anos a viver em lisboa, é assim mesmo que me sinto, tripeiro!
Excelente definição que só uma imprensa mediocre e totalmente assaltada pela gentalha que anda aqui na Capital do Império, não promove, não enaltece, não sublinha. Simplemente deturpam, distorcem e dimimuem o país ao tamanho dos seus cérebros de ervilha...
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