domingo, 6 de março de 2011

Contas do 1o semestre

As contas do 1o semestre da SAD foram publicadas na semana passada (ver aqui).

Depois de ler o relatório e contas, fico com as seguintes impressões: não havendo grandes novidades (vs o que já se antecipava), as poucas que há são principalmente de tendência positiva.


Nomeadamente, os proveitos "normais" (i.e. excluindo vendas de jogadores e receitas europeias) não só se aguentaram bem como até mesmo subiram, ainda que ligeiramente - de 23.3M€ para 24.2M€ (uns 5%). O que, diga-se de passagem, só confirma o que estou farto de afirmar: a indústria do futebol é sui generis, com muito pouca correlação (ainda que alguma) com a evolução geral da economia. Tanto em Portugal como no resto da Europa.

Ao mesmo tempo os custos "normais" mantiveram-se estáveis. Houve alguma descida nos "custos com pessoal", enquanto os custos com o serviço da dívida aumentaram. Se excluirmos as perdas de imparidade com passes de jogadores que são muito voláteis e com impacto meramente contabilístico (tal como a amortização dos passes, por uma questão de consistência com a análise aos proveitos), mas incluirmos os custos financeiros (que são certinhos ano após ano, porque ninguém nos empresta dinheiro sem juros), os custos aumentaram de uns 35.3M€ para uns 36.1M€ (ou seja, pouco mais de 2%).


Mas se as poucas novidades são de tendência positiva, a situação geral continua a dar azo a alguma apreensão. A tesouraria respirou um pouco ao renegociarmos com a banca dívidas de curto para o longo prazo (mas com juros mais altos), mas o passivo total (161M€) não baixou em relação a 1 de Julho, ao contrário do que é normal nos primeiros semestres; e numa análise de médio/longo prazo continua num rumo ascendente - há 5 anos atrás o passivo era 35M€ mais baixo...

Isto é fruto não só da ausência da Liga dos Campeões nesta época, mas também do constante aumento das amortizações de passes de jogadores (13M€ neste 1o semestre, comparado com menos de 9M€ há 5 anos atrás). Isto quer dizer o quê? Que nunca gastámos tanto dinheiro na compra de jogadores como nos últimos anos.

O reverso da medalha é que a avaliação da valia do plantel, contabilisticamente falando, também tem vindo a aumentar (lógico). Mas pessoalmente tenho muitas dúvidas que no mercado o nosso plantel (ou melhor: a quota-parte que dele detemos) valha mais hoje do que valia por exemplo há 3 ou 5 anos, até porque - e ao contrário de há uns anos atrás - há percentagens muito consideráveis que não nos pertencem entre os passes de quase todos os jogadores valiosos.

Temos por ex: Hulk 45%, A. Pereira 75%, James 25%, Otamendi 50%, Belluschi 50%, Moutinho 63%. Falcão é a única excepção à regra (95%). Curiosamente nestes 6 meses vendemos % consideráveis a preço de custo de Moutinho e James, enquanto comprámos os restantes 50% que nos faltavam de Maicón.

Para concluir: a situação está mais ou menos controlada (como de costume) e o acesso à Liga dos Campeões na próxima época vai ajudar a equilibrar um pouco as coisas, mas (como de costume) será extremamente difícil evitar a venda de uns 2 titulares no Verão, mesmo que se quisesse deliberadamente evitá-la (de forma a atacar a LC na próxima época).

Falcão é o mais óbvio candidato a ser vendido (não só por ter muito mercado, mas também por termos 95% do passe dele). Pessoalmente teria imensa pena de o ver sair prematuramente (sim, duas épocas sabe a muito pouco, até porque ainda é muito jovem).

O mais reconfortante é que o slb está claramente em bem pior situação do que nós. A venda de D. Luiz ajudou bastante, mas para além de Coentrão (cuja saída me parece 99% certa) parece-me quase certo que terão que vender pelo menos mais um ou dois titulares no Verão.

3 comentários:

  1. há percentagens muito consideráveis que não nos pertencem entre os passes de quase todos os jogadores valiosos

    Partilho desta preocupação do Zé Rodrigues mas, de outra maneira, penso que seria muito difícil termos no plantel jogadores como Hulk, Álvaro Pereira, James, Falcao (é muito bom a SAD ter 95% do passe do ponta-de-lança colombiano) e, na próxima época, Iturbe.

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  2. Claro que temos que vender, mas será o Hulk e não o Falcao.

    Mesmo com apenas 45% do passe do Hulk acho que podemos fazer uma mais valia na ordem dos 20-25 Milhões e provavelmente venderemos também o Rolando por outros 15-20 Milhões.

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  3. Uma pequena correcção: é Falcao, sem o til. Já basta os gajos do Record sonharem com o Falcão...

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