quinta-feira, 30 de junho de 2011

Sócios: Paixão e razão (IV)

Por Paulo Vanzeler Monteiro

Paixão e razão (I)
Paixão e razão (II)
Paixão e razão (III)

Para onde pende o adepto do FCP, quando confrontado com o dinheiro que terá de despender por ser sócio e ter um lugar anual, ou ver os jogos pela TV do café, animado de outros portistas na sua situação?

Se os rendimentos são suficientes, de facto não é um problema dar mais algum para a causa do clube do coração que, ainda por cima, anda (andava) a ganhar tudo, incluindo aos mouros. Quer se vá, quer não se vá ver os jogos ao estádio, lá se vai dando para o clube, quanto mais não seja para manter o número de sócio, que já vem desde pequenino.

O dilema começa quando o rendimento não é folgado, é preciso fazer contas à vida, e dar explicações domésticas sobre as vantagens de dar dinheiro a uma empresa que paga milionariamente aos seus empregados, ganha e gasta milhões na sua actividade e andam todos de Porsche, mesmo que esta seja a empresa do seu coração.
Para além do problema das explicações domésticas, há o próprio dilema de cada um, que sabe quanto lhe custa ganhar o pão nosso de cada dia. Por outro lado, ir ver a “SporTb” ao café lá do bairro, é como ir ao estádio! Só mesmo se é uma daquelas paixões doentias, que nem que os filhos passem fome, não dá para perder um jogo do clube junto com a equipa.

Há depois os intermédios, os iluminados pela razão, que ponderam todas as razões, e analisam as vantagens e desvantagens de aderir ao clube como pagante. Esse faz todas as contas e considera as razões invocadas pelo José Correia no seu interessante artigo. Há que reconhecer que o FCP tem muito que andar no que toca a atrair este tipo de adeptos, que até podem pagar, mas que ponderam se de facto também lucram alguma coisa por isso. Quando a coisa corre bem desportivamente, lá se consegue angariar mais uns sócios, mas fidelizá-los é outro desafio. Isso obriga a uma situação win-win para sócio e clube, que o FCP não tem conseguido fazer.

Hoje em dia, as seduções às pessoas são muitas e elas têm muito onde gastar o seu dinheiro, pelo que é preciso cativá-las, não só para ir ao estádio, quando a equipa atravessa um bom momento, mas para continuarem sócias mesmo quando a equipa atravessa o deserto, e isso só se consegue se o sócio também ganhar com isso.

Pessoalmente, a minha experiência é um bocado negativa, e acho mesmo que os sócios são desprezados, talvez devido à convicção que o futebol é só paixão. Mas não é. Ainda conservo o meu cartão de sócio, com o selo de 2004! Ainda hoje não lhes consegui perdoar o facto de não ter conseguido entrar no estádio no último jogo do ano, um jogo que já não contava para nada, era só de festa, mas eu queria estar lá. Tendo ido de moto, fui como de costume deixar o capacete no local habitual e a tempo e horas. Não houve ninguém para me atender. Nada funcionava. Essa frustração, e a atenção com que comecei a analisar outros aspectos desde então, levaram-me a concluir que onde o FCP é bom mesmo é no futebol, o resto é do século passado.

Quase tudo o que envolve os sócios é mal organizado e quase sempre são tratados com pouca atenção. Quando recebi a recente carta do nosso presidente, convidando à re-adesão ao clube, apeteceu-me responder-lhe igualmente por carta, o que vai feito por esta via, que sempre deve ter mais leitores. Para voltar a ser sócio, senhor presidente, no meu caso, basta que comecem a respeitar mais os sócios, em tudo o que isso significa, que paixão pelo FCP já eu tenho.

Nota final: O 'Reflexão Portista' agradece ao Paulo Vanzeler Monteiro a elaboração deste artigo.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

O Regresso do Mal-Amado


José Semedo, virtuoso médio do F.C. Porto dos anos 80 e 90, foi escolhido para fazer parte da equipa técnica sob o comando de Vítor Pereira.

Como referi, virtuoso, tecnicamente falando, ele era, mas foi daqueles jogadores com quem os adeptos se impacientavam. Um vizinho meu dos cativos chegava a contar as vezes que ele caía durante um jogo!

Dou as minhas boas-vindas ao mal-amado.

Pressão sobre Joaquim Oliveira

No dia 3 de Maio, os dirigentes do slb enviaram um comunicado para a CMVM, para anunciar que estavam a “manter conversas preliminares” com Pais do Amaral, accionista e presidente não executivo do conselho de administração da Media Capital, acerca dos direitos televisivos dos jogos de 2013/14 e épocas seguintes.

Quando tive conhecimento deste comunicado fiquei atónito. Faz algum sentido enviar para a CMVM um comunicado com este teor quando, ainda por cima, no mesmo comunicado é dito que “o valor dos referidos direitos por cada época desportiva não foi ainda objecto de qualquer negociação”?

Entretanto, em resposta a outras especulações, no dia 25 de Maio, Francisco de la Fuente, o homem forte dos interesses da Mediapro em Portugal, garantiu que o grupo espanhol nunca esteve interessado em investir dinheiro nos pretensos projectos televisivos de Rui Pedro Soares e Emídio Rangel.

Para culminar esta pressão mediática em torno dos direitos televisivos do slb, o Correio da Manhã, na edição da passada segunda-feira, noticiava que as negociações entre Miguel Pais do Amaral e a administração do slb estão próximas da conclusão e que, segundo “fonte próxima do ‘dossier’ adiantou ao CM, já existe uma base de entendimento entre o empresário e os encarnados, que passa pela compra dos direitos televisivos dos jogos em casa do Benfica para a Liga por cinco épocas, por um valor próximo dos 30 milhões de euros por temporada”.

Então faz-se um comunicado quando apenas existem conversas preliminares, mas já não há comunicado quando, supostamente, o negócio está quase concluído?

Na mesma notícia do CM, é dito que o “objectivo de Pais do Amaral é criar um canal desportivo que possa concorrer com a Sport TV” e que, por isso, tinha comprado a Worldcom, empresa de Rui Pedro Soares (ex-administrador da PT), a qual já tinha negociado os direitos da liga espanhola para Portugal.

Eu custa-me a crer nesta notícia, porque só para pagar 30 milhões de direitos televisivos o futuro canal desportivo de Pais do Amaral precisaria de 100 mil assinantes (100000 assinantes x 25 euros/mês x 12 meses = 30 milhões euros), a que acresce o custo de outros conteúdos (como os direitos da liga espanhola) e as despesas de funcionamento do canal (instalações, estúdios, meios técnicos, jornalistas, operadores de câmaras, etc.).

E, já agora, num hipotético cenário destes, o que fariam os benfiquistas dispostos a pagar para ver os jogos da sua equipa na televisão?
Mantinham a assinatura na SportTv, onde poderiam ver os 15 jogos do campeonato disputados fora de casa, ou mudavam para o canal de Pais do Amaral, para verem os 15 jogos disputados no estádio da Luz?

A pressão encarnada sobre Joaquim Oliveira, recorrendo a diversos esquemas, intervenientes e meios de comunicação social, está a intensificar-se. Veremos se a raposa velha, que praticamente detém o monopólio da publicidade e direitos televisivos dos clubes portugueses, irá ceder.

P.S. Recordo que em Abril, a Futebol Clube do Porto - Futebol, SAD informou o mercado de um novo contrato de cedência de direitos televisivos com a PPTV (2014/15 a 2017/18, valor global de 82,8 milhões de euros).

terça-feira, 28 de junho de 2011

A banca fechou a torneira

Em entrevista à TSF, António Saraiva, presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), referiu que o maior problema das empresas portuguesas é um problema de tesouraria.
As empresas portuguesas não conseguem financiar-se junto da banca porque a banca fechou, praticamente, o credito às empresas, aquele que se vai conseguindo é um juro exorbitante, é na ordem dos 12% nalguns casos”.


Relacionado com este assunto, e a propósito da recente Oferta Pública de Subscrição de Obrigações emitida pela FC Porto SAD, referi que se a SAD se comprometeu a pagar juros de 8% ao ano, foi porque se fosse financiar-se à banca teria de pagar um juro superior. Pelos vistos não me enganei.

Nota: Os destaques no texto a negrito são da minha responsabilidade.

Fábrica de Talentos Globais


Já (quase) toda a gente opinou sobre a saída de André Villas-Boas para o seu trono em Inglaterra. Contudo, na véspera do S. João, o JN publicou uma crónica de Daniel Deusdado (em que me revejo quase totalmente), na qual, para além de abordar a forma como Villas-Boas saiu da sua ex-“cadeira de sonho”, o director-geral da Farol de Ideias e mentor do premiado programa ‘Liga dos Últimos’, lança pontes para o futuro, perspectivando desde já uma relação de Antero Henriques (e de outros futuros elementos da SAD portista) com um treinador que irá ser um “interlocutor privilegiado em grandes clubes”.

Tal como Daniel Deusdado, também eu estou convicto que André Villas-Boas irá voltar a Portugal e ao FC Porto, embora dificilmente isso vá acontecer na próxima década. Não porque os portistas estejam zangados com ele (o tempo cura as feridas e as pazes serão feitas sem grande dificuldade) mas porque, mesmo que as coisas não lhe corram bem no Chelsea, a gestão da sua carreira irá levá-lo para outros países, onde não faltarão convites de médios/grandes clubes europeus, com capacidade financeira para pagar três ou quatro vezes mais do que a FC Porto SAD.

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«A máquina do F. C. Porto vai perdoar a saída de um dos mais recentes talentos? André Villas-Boas escolheu uma via algo precipitada, capaz de surpreender um clube pouco habituado a confiar tão profundamente em alguém. Sim, ele disse que ficaria mais um ano. Sim, agora é tarde para ir buscar Domingos. Sim, talvez não tivesse muito a perder se adiasse por um ano o seu voo internacional. E, claro, não há nada como manter a palavra dada.

Mas as regras do futebol são estas. Os treinadores entram e saem em função dos resultados e interesses do clube – que está sempre acima de qualquer fidelidade, como a história mostra. Usar a mesma regra, desta vez no interesse do treinador, é algo que Pinto da Costa pareceu encaixar com fair-play, tanto mais que o valor da cláusula foi fixado pelas duas partes há um ano. Isto podia acontecer e não faz sentido que os admiradores de Villas-Boas passem agora a ser os adeptos do Benfica e do Sporting, como em alguma medida aconteceu aquando da saída de Mourinho...

Foi certamente uma decisão difícil para o ex-treinador portista, que não encaixa facilmente no estereótipo da pessoa a quem só importa o dinheiro. E a escolha não era entre o Benfica/Sporting ou o Porto. A gestão de carreira pesou certamente mais que os milhões de um salário melhor no imediato. A que máximo pode aspirar um treinador? Barcelona, Real Madrid, Manchester United seriam inacessíveis face à idade e ao currículo. Abramovich propôs-lhe voltar ao Chelsea, casa já conhecida, e onde os adeptos têm capacidade de não hostilizar a chegada de um jovem talento. Outro ponto importante: a Liga inglesa é a melhor prova para um tirocínio na alta roda europeia.

Há comboios que não param duas vezes na mesma estação. O treinador decidiu apanhar o deste ano, com medo de não ganhar a Liga dos Campeões na próxima época e perder currículo. É realista, embora fosse possível ousar mais – ele tem talento para tal. Era nisto que secretamente acreditavam todos os portistas.

Com a saída antecipada, o clube das Antas encaixa 15 milhões pelo treinador, provavelmente 30 milhões por Falcao e eventualmente 40 milhões por João Moutinho (ou outro jogador). Poderão ser 85 milhões de euros frescos a entrar de imediato num clube que tem a notável oportunidade de endireitar as contas (será que o faz?), ainda por cima sem desfazer o plantel do ponto de vista estratégico. Ou seja, Villas-Boas (tal como Mourinho) paga duplamente em vendas extra.

Independentemente das circunstâncias da saída, André torna-se num novo nome extraordinário da constelação de estrelas portuguesas no futebol internacional, a juntar-se a Mourinho e Cristiano Ronaldo. Há, no entanto, uma diferença: nasceu e cresceu na escola portista. Há todas as razões para se pensar que um dia pode voltar ao Dragão. Será certamente daqui a uns bons anos. Mas Antero Henriques e os futuros elementos da SAD têm a ganhar com alguém que sempre foi genuíno no seu portismo.

Villas-Boas – para além de ver a sua contratação como a mais alta alguma vez feita por um treinador – passa também a ganhar cinco milhões de euros por ano. Para a economia portuguesa todos os capitais são bem-vindos (se é que vêm para Portugal...). Cinco milhões/ano correspondem a muitas PME a exportar toneladas de produtos.

Há, portanto, razões para se pôr uma pedra sobre a forma da saída e ver o essencial. Ele é “made in Porto” – nasceu e cresceu numa rua da cidade e, com 33 anos, ascende à categoria de um dos treinadores mais bem pagos do Mundo. É um extraordinário detector de talentos. Vai tornar-se num interlocutor privilegiado em grandes clubes. Quantos mais êxitos somar, maior potencial se cria em redor desta indústria de alto nível que o Porto (e Portugal) representa enquanto empresas exportadoras de futebol. Simboliza também capacidade de se transmitir conhecimento entre gerações, ao mais alto nível de competência. O Porto (Portugal) como “Fábrica de Talentos Globais”. Temos de conseguir fazer isto mais vezes em muitos outros sectores.»
Daniel Deusdado
in JN, 23/06/2011

Nota: Os destaques no texto a negrito são da minha responsabilidade.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Doeu!


Reconheci como razoável a actualização do valor das quotas no FCP.

Hoje, renovei o meu dragon seat, através do site do FCP. Eis senão quando, constato que o meu lugar passou de 380 para 420 €. Um aumento acima dos 10%. Doeu-me, confesso.

Como a maioria dos portugueses, activos ou reformados, no sector público ou privado, terão os seus proveitos significativamente diminuídos nos próximos anos (não sou excepção), considero esta actualização excessiva e desmobilizadora. O FCP é uma paixão, mas o futebol não é um produto de primeira necessidade e o sofá é uma alternativa bastante mais barata.

Há uma justa euforia, depois desta época inesquecível que continua viva e que queremos repetir, mas não pode ser a qualquer preço. Não nos tornemos menos prudentes. Os efeitos da crise acrescerão de forma brusca e prevejo tensões sociais, no futuro próximo. Acho que o futebol não vai conseguir sair incólume da grave crise que o país atravessa.

Apesar da actual situação do país, o futebol parece girar em contra-ciclo: o FCP vai contar com o maior orçamento de sempre, o SLB são contentores de jogadores e mais uma tonelada a caminho, e o SCP conta com 100M€ para investir.

Atenção às ondas de choque. Os exemplos na contenção dos custos tem de vir de cima. Os mercados são muito voláteis e amanhã, os mais esbanjadores, podem ter de fechar a torneira.

É minha convicção que a SAD do FCP não foi prudente nesta actualização dos preços dos lugares cativos, a não ser que esteja profundamente equivocado: este acréscimo segue um ponderado aumento da procura interna. Ainda que seja assim, alguma contenção teria sido avisada.

Dois treinadores, dois comunicados






Sete anos e 20 dias depois, é interessante verificar as diferenças nos termos e tom utilizados nestes dois comunicados da SAD portista.

domingo, 26 de junho de 2011

Vídeo do dia

A esta hora o Falcao está a chorar.

O Magnífico Pintini já não surpreende...

Por Filipe Sousa

Poderia alguém prever há um ano atrás, os resultados desta última época? Podia... Mas não seria uma previsão muito audaciosa. Pessoalmente, não diria que era expectável, mas era sem dúvida possível: vencer a liga doméstica e a antiga Taça UEFA não era um feito original. Porém, aquilo que ninguém esperava era o brilhantismo da “coisa”: o campeonato sem derrotas, os 5-0 no Dragão e a dramática reviravolta na Taça de Portugal. Pinto da Costa, sem nada de novo para conquistar, parece entreter-se a repetir os feitos do passado; mas se o clímax não surpreende, já a execução é sempre nova e diferente.

O primeiro truque envolveu a equipa técnica: a saída de Jesualdo Ferreira, treinador tri-campeão, cujo futebol só enchia o estádio na derradeira jornada, a da consagração. A primeira vez que falhou, foi a última. Entretanto, enquanto o país se arrojava aos pés do novo campeão, o génio de quem afinal o Mourinho tinha sido clonado, o Magnífico Pintini tentava contratá-lo. Consequências, caso esse intento se tivesse concretizado, ninguém conhece. Certo é que o “clube que só compra e não vende” ficou com mais uma enorme despesa (que também ninguém sabe como paga).

Resignado, o Magnífico Pintini recorreu a um truque velho e contratou um treinador sem currículo ou experiência – desilusão. Conhecedor do comportamento das massas, o velho ilusionista não se deixou intimidar e sem perder muito mais tempo, tirou da cartola aquele será para sempre um dos seus maiores truques: João Moutinho.


Sobre ele já muito se disse e escreveu, e por isso gostaria de salientar apenas isto: entre este plantel e o da época anterior – que (quase) nada venceu – eu destacá-lo-ia como a única e verdadeira diferença. O palmarés de um e outro contam o resto da história. Não quero com isto ofuscar ou menorizar outros desempenhos de jogadores como o Hulk, Falcao, Álvaro Pereira, Belluschi ou Hélton, porque poder-se-á dizer que fizeram aquilo que sabiam, demonstraram o valor que, de forma mais ou menos consensual, todos lhes reconheciam; a meu ver, esse valor só foi ultrapassado no caso do nosso guarda-redes. Hélton já demonstrara ser um grande guarda-redes, mas talvez não o suficiente para o Porto. Esta época dissipou qualquer dúvida, fechando uma época fantástica brilhando na final da Liga Europa. Hulk deu continuidade à excelente recta final que realizara na época anterior, e formou com Falcao uma dupla extremamente profícua, tanto nas competições internas como internacionais.

A juntar a estas certezas, porque nem só de estrelas vive uma equipa, outros “operários” brilharam com Guarín à cabeça – julgo que nenhum outro jogador evoluiu tanto – com golos e exibições irrepreensíveis, mas também Sapunaru, Rolando, Varela, James ... Em suma, uns confirmaram aquilo que esperava deles, outros transcenderam-se e outros ainda deixaram promessas de dias ainda melhores.

Numa época com tão bons resultados e tantas demonstrações de qualidade, é difícil (numa perspectiva de justeza), apontar o dedo a alguém. Mas os resultados, por melhores que sejam, não devem esconder o facto de que este plantel, apesar de todas as mais-valias, tinha uma lacuna gravíssima e que poderia ter-se revelado fatal: Falcao nunca teve um substituto à altura e Walter, embora tenha tido um pecúlio muito interessante, nunca foi alternativa – grave na medida em que a sua contratação foi muito mais complexa e dispendiosa do que a do artilheiro colombiano; aliás, o período mais “baixo” da época coincidiu com a ausência de Falcao, e a “nulificação” do Hulk; aliás, todo o processo que envolveu a vinda do Walter, assim como o “affair Kléber” são as notas dissonantes na habitualmente exemplar actuação do Porto no mercado de transferências, mas que de uma forma global não merece reparos.

Além destas situações, há a apontar o ocaso de Fucile; o bom senso aconselhava a sua manutenção na equipa, embora a sua prestação no Mundial fosse um catalisador para um bom negócio; não houve negócio nem Fucile, que realizou uma temporada muito aquém daquilo que já demonstrara. Fernando é outro caso de expectativas goradas. E Maicon também deixou muito a desejar; dada a sua fraca evolução, a sua continuidade no plantel poderá mesmo ser questionada.

Posto isto, falta apenas falar de André Villas-Boas, o coelho que o Magnífico Pintini tirou da cartola no arranque da época. É dele o mérito de ter transformado uma equipa desagregada e desmotivada, numa “debulhadora” de títulos, taças e recordes, apenas com duas alterações no onze-tipo: Moutinho e (até certo ponto) Otamendi. Como se um campeonato sem derrotas, uma Taça de Portugal e uma Liga Europa não fossem suficientes, houve reviravoltas dramáticas, batalhas à chuva, na neve, no frio, e vitórias, muitas. E muito do mérito, é dele. Não houve Taça da Liga, mas julgo que também ninguém o censura por isso.

As expectativas para nova época são/eram altas, mas não (pelo menos para mim) a ponto de culminarem com a (re)conquista da Liga dos Campeões. Em 2004, o poderio do futebol europeu estava distribuído por vários clubes, como o AC Milan, Real Madrid, Manchester Utd ... naturais candidatos à conquista da Taça dos Campeões. Actualmente, todo esse poderio se concentra numa só equipa: Barcelona. E como já ficou demonstrado em várias ocasiões, equipas com mais argumentos que a do Porto, não foram capazes de quebrar esse poderio. Porém, a Supertaça Europeia será/seria um teste interessante e o Futebol é imprevisível. Obrigatório para mim será/seria sim, eliminar de forma inequívoca o Arsenal e Arséne Wenger, equipa e treinador para com os quais estamos em “dívida” desde há uns anos para cá.

“Seria” e já não “será”? Quando comecei a escrever este artigo, por alguma razão que não consigo explicar, senti alguma inclinação para louvar mais o trabalho do Pinto da Costa – e não sou um indefectível – do que propriamente do treinador. E ainda bem que assim aconteceu. Porque se há alguém que merece ser louvado é o Presidente; se há alguém que realmente seja Portista, é ele (mesmo que seja em troca de um ordenado chorudo – merece-o!). Pinto da Costa tem mais anos de dedicação ao Clube, que o Villas-Boas tem de idade. Convém reflectir muito bem nisto. Ser Portista é mais do que bater no peito e afirmá-lo: é preciso demonstrá-lo. No mínimo, é não deixar o trabalho a meio e passar-se para as bandas de lá, só porque o ordenado – e não o prestígio do Chelsea, que tem pouco disso – o justifica. Abramovich «abriu-lhe os braços e disse "vem por aqui"». E ele foi. Pobre o adepto do Chelsea que tem um presidente que compra tudo feito – uma Taça dos Campeões conquistada pelo Porto vale 10 conquistadas (ou compradas) pelo Chelsea. O meu Presidente tem obra, tem mérito, o Abramovich tem o quê além de dinheiro?

“Seria” e ainda pode vir a ser. As dificuldades aumentaram mas as expectativas – pelo menos as minhas, que não considero extremamente altas – continuam legítimas. Será difícil manter as principais figuras da equipa (quando são aliciadas, na minha opinião de forma ilegal, por “Jorges Mendes” e quejandos), e mais ainda fazer-lhes ver que o mérito pelos resultados da última época, é de todos e não apenas do treinador, mas a vitória no campeonato e uma boa prestação na Liga dos Campeões, estão ao nosso alcance. Acima de tudo é urgente estabilizar a equipa técnica e o plantel, e quiçá, começar a negociar cláusulas de rescisão que demasiado altas para petro-milionários. Espero ainda que o Iturbe seja pelo menos tão bom como o Anderson e que fique por cá o dobro do tempo.

Finalmente, quedamos-nos de novo só com o Magnífico Pintini. Pode parecer pouco, pode parecer que não mais voltará a surpreender-nos, mas neste espectáculo nada é garantido e o velho não gosta de perder. E portanto os truques mudam, os artistas vêm e vão, mas a pequenada não desmobiliza porque embora saiba que a carta está escondida na manga, nunca se sabe de onde ela vai aparecer.

Nota final: O 'Reflexão Portista' agradece ao Filipe Sousa a elaboração deste artigo.

sábado, 25 de junho de 2011

Hóquei, balanço da época

Por Fernando Delindro


A época de 2010/2011 foi a mais difícil desta longa série vitoriosa que culminou com a conquista do DECA CAMPEONATO, em 4 de Junho de 2011.

O começo da época não foi o melhor, devido à participação de jogadores fundamentais nas selecções e que não chegaram ao clube nas melhores condições.

A Supertaça António Livramento foi a primeira batalha disputada em Coimbra em Setembro e o nosso desacerto nos penalties e livres directos, aliado à boa performance do inimigo neste capítulo, e com uma forte dualidade de critérios de arbitragem, levaram ao desaire e deixavam antever uma época duríssima que se veio a confirmar.

No início do Campeonato conseguimos rectificar a imagem deixada na Supertaça e entramos com uma vitória ante a aguerrida equipa do Valongo. Outras vitórias se seguiram, até que a 6 de Novembro nos deslocávamos ao terreno do eterno candidato na última década que, felizmente, tem sido sempre derrotado e a entrada em igualdade pontual deixava antever um jogo complicadíssimo. A sorte nas bolas paradas alterou-se face ao duelo anterior em Coimbra e aliada à melhoria do critério de arbitragem permitiu que a vitória sorrisse aos então ENEA CAMPEÕES.

A saída desta jornada permitia antever um campeonato duro mas desde logo com vantagem para o FC Porto. Na jornada seguinte a recepção ao Candelária trouxe o primeiro dissabor do Campeonato e a prova de que todos se “mordiam” para derrubar o FC Porto e um empate a 3 golos colocava alguma pressão no FC Porto em não perder mais pontos que o colocasse numa posição desconhecida desde há alguns anos. A equipa reagiu bem e com vitórias ante Espinho, Limianos e Braga.
A vitória em Braga fica marcada por um critério estranho da dupla de arbitragem Jaime Vieira e Joaquim Carpelho, em que ignoraram as regras internacionais e paravam o jogo para assinalar faltas, quando as regras dizem que se deve assinalar a falta e deixar prosseguir o jogo.
A deslocação a Viana, num jogo terrível para o FC Porto em que tudo corria mal, trouxe a primeira derrota da época e colocou a nossa equipa na posição de perseguidor, algo que não estávamos, felizmente, habituados. Era um período difícil para a nossa equipa e de intranquilidade que nem as vitórias frente ao Gulpilhares, Física e OC Barcelos nos permitiam descansar.
A 26 de Janeiro deslocação a Oliveira de Azeméis e uma derrota que nos colocava mais distantes do título já que o nosso inimigo não escorregava nem tropeçava como acontecia em anos anteriores. Neste momento passávamos a depender de terceiros para alcançar o objectivo do DECA CAMPEONATO.
Apenas 10 dias e as esperanças renasciam com o empate do líder dessa altura na deslocação aos Açores. As três jornadas seguintes eram cruciais, já que a perda de pontos seria fatal, visto que impediria a troca de liderança. As vitórias alcançadas em Cascais, na recepção ao Cambra e em Porto Santo colocavam o duelo no Dragão Caixa, a 5 de Março, decisivo para o FC Porto.

A recepção ao eterno candidato a campeão correu dentro das expectativas e a vitória colocou o FC Porto na posição que é sua por norma, ainda que em igualdade pontual, e possíveis escorregadelas fossem determinantes para a perda do objectivo.


A jornada seguinte era um teste duro com a deslocação aos Açores e o que durante o jogo parecia uma batalha perdida foi, no fim, uma vitória conseguida com muita raça, garra e querer. Este jogo permitiu clarificar algumas posições e ver que o máximo dirigente açoreano anda no hóquei para tentar beneficiar terceiros já que só se revolta por não ganhar ao FC Porto não dando mérito a uma equipa que lutou até ao fim do jogo.
As recepções ao Espinho, Braga, Viana e Física, intercaladas com deslocações a Ponte de Lima, foram ultrapassadas e colocavam-se embates tradicionalmente difíceis em Gulpilhares e Barcelos juntamente com a recepção à Oliveirense. Pelo meio ficava a recepção à Física. Estes jogos foram superadas em especial dificuldade com a excepção do jogo que confirmou o título na recepção aos comandados de Tó Neves.

Nas competições europeias a fase de grupos ficou marcada pela derrota pesada na deslocação ao Valdagno no período mais negro da época em Dezembro. Este derrota arredava a equipa do 1º lugar do grupo colocando a nossa equipa na rota do Barcelona.


Na final 8 disputada em Andorra, ainda na ressaca de Dublin, defrontamos e vencemos no golo de ouro os catalães num pavilhão maioritariamente português tal a presença dos nossos emigrantes. No dia seguinte seguia-se outro osso duríssimo com a recepção ao então 1º classificado da Liga Espanhola, o Liceo da Corunha. Não entramos muito bem no jogo e vimo-nos a perder 3-0. Depois, como prova do querer e da raça desta equipa, chegamos ao 3-3 e no prolongamento manteve-se a igualdade. Nos penalties fomos eliminados de forma inglória num penalti defendido pelo guarda-redes dos galegos de forma irregular, já que não se encontrava em cima da linha de golo e teria sido expulso obrigando à entrada a frio de um outro guarda-redes. Tal como em 2010, saímos de prova sem perder um jogo na fase decisiva. A minha confiança é que um dia destes a taça virá para o nosso lado e eu vou lá estar a apoiar já que estive nestes dois desaires um pouco inglórios.

Por último a retrospectiva da Taça de Portugal. Entramos na competição defrontando a Académica de Espinho em casa e conseguimos a vitória. De seguida o sorteio colocou no nosso caminho a combativa equipa do Santa Cita. Como são uma equipa da 3ª divisão manda o regulamento que a equipa de divisão inferior jogue em casa. Nova vitória e assegurada a presença na final 4 em Coimbra. Novamente o mesmo pavilhão da Supertaça e a dupla de arbitragem da visita Braga. O resultado foi similar ao da Supertaça com a vitória a sorrir à Oliveirense. Foi um jogo que não entramos bem e ao intervalo perdíamos 2-1. No início da segunda parte passamos de 3-2 para 5-2, tendo o 5º golo da Oliveirense sido marcado bem acima do 1,5m permitido pelas regras. Com dois livres directos Pedro Gil aproximou as equipas no marcador e a equipa acreditou que podia empatar e lutou até ao fim. Com o resultado em 5-4 Emanuel Garcia rouba de forma 100% legal uma bola junto à tabela lateral e o árbitro marca falta quando devia ter deixado jogar e seria um contra-ataque de 2 para 1 do FC Porto que podia ter dado o empate e o prolongamento que seria merecido pelo que os DECA CAMPEÕES fizeram na parte final do jogo mas inglório se olhássemos para os primeiro 35-40 minutos em que não conseguiram colocar toda a qualidade em pista.
No fim fica a dúvida se é do pavilhão que está enguiçado ou se é coincidência e o problema reside nas duplas de arbitragem que erram contra nós quando jogamos no pavilhão Mário Mexia.

A preparação para a época correu sem grandes alterações no plantel apenas com a saída de Jorge Silva e a entrada de Gonçalo Suíssas. Foi a adaptação do Gonçalo a um grande clube e assim a utilização foi um pouco irregular, tendo aumentado ao longo que a época se aproximava do fim e em que as exibições dele foram melhorando. A empatia entre o Gonçalo e os adeptos foi grande tendo-lhe sido adaptada a música do João Moutinho e, tal como expresso na música, o Gonçalo alcançou o seu primeiro título nacional no FC Porto. O Gonçalo é um valor seguro da modalidade e a nova época certamente trará um Gonçalo ainda mais preponderante.

O balanço da época é positivo já que o principal objectivo foi conseguido e a dureza da época não permitiu que a equipa se apresentasse mais fresca, quer em Andorra, quer em Coimbra para a Taça de Portugal e conseguisse mais algum título.

Um agradecimento especial ao André Azevedo por estes 4 anos que defendeu as nossas cores e ao Emanuel Garcia que sai 11 anos depois de ter ingressado na formação do nosso clube. Boa sorte aos dois nos novos desafios que terão nas suas carreiras.

Ao mister Franklin Pais um enorme obrigado por estes 10 anos que culminaram com 10 títulos. Espero que as novas funções que o mister Franklin irá abraçar lhe tragam tanta felicidade como até aqui enquanto treinador. A certeza porém é que Franklin Pais será um nome incontornável na história da modalidade e na história do clube, primeiro como jogador e agora como treinador. Esperamos que entre na história também nas novas funções que lhe serão confiadas.

A finalizar fica a tristeza de algumas notícias desagradáveis na comunicação social dando conta de ordenados em atraso, algo que estes bravos guerreiros não merecem. O desejo para a nova época é da não repetição destas notícias já que estes atletas, bem como os do andebol e do basquetebol, encarnam a 100% o espírito do Dragão e merecem que o clube cumpra os compromissos que tem com eles. Esperamos que todos os problemas sejam ultrapassados porque os atletas precisam de estar 100% focados nos jogos e treinos e com a cabeça cheia de problemas é muito difícil.

Nota: Nas próximas semanas será elaborado um artigo antevendo a nova época.


Nota final: O 'Reflexão Portista' agradece ao Fernando Delindro, um apaixonado do Hóquei em Patins e um portista sempre presente nos jogos das modalidades, a elaboração deste artigo.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Morreu Tomislav Ivic


Faleceu esta tarde, vítima de problemas cardíacos, o treinador croata Tomislav Ivic que, em Portugal, treinou o FC Porto em 1987/88, o slb em 1992/93 e de novo os dragões em 1993/94. Ivic tinha 77 anos.

Em 1987/88, na primeira passagem pelo FC Porto, Ivic fez história ao conquistar o campeonato nacional, a Taça de Portugal, a Supertaça Europeia e a Taça Intercontinental.

Do seu vasto currículo, destacam-se os oito títulos nacionais em seis países diferentes - Jugoslávia (3), Holanda, Bélgica, Grécia, Portugal e França - aos quais juntou ainda sete taças e os dois títulos internacionais ganhos ao serviço do FC Porto.

Para além de algumas polémicas, que com o passar dos anos foram vistas com outros olhos, os portistas nunca esquecerão o homem e a forma como comandou a equipa na fantástica época 1987/88.

Paz à sua alma.

O excesso de sucesso


"É uma sucessão natural, inclusive já prevista há algum tempo. Aquilo que aconteceu faz parte da vida e do futebol. Nós admitíamos isso. Já tínhamos a garantia do professor Vítor Pereira que, se isso acontecesse, ele estaria disponível.
Quando o nosso treinador [André Villas-Boas] foi passar um fim-de-semana a Londres, há um mês e tal, falei com o professor [Vítor Pereira] a questionar a sua disponibilidade. Ele disse-me que sim e fiquei descansado.
"
Pinto da Costa, 21/06/2011


Conforme o presidente FC Porto referiu na apresentação de Vítor Pereira, e o novo treinador confirmou, a saída de André Villas-Boas era uma situação encarada como provável, que até já tinha sido discutida entre ambos.

Na realidade, se quisermos analisar os factos friamente, verificamos que:

1986/87, o portuense e portista Artur Jorge ganhou a Taça dos Campeões Europeus e saiu para o Matra Racing de Paris (na altura, uma forte aposta do dono do Canal+).

2003/04, o setubalense José Mourinho ganhou a Liga dos Campeões e saiu para o Chelsea.

2010/11, o portuense e portista André Villas-Boas ganhou a Liga Europa e saiu para o Chelsea.

Sempre que o FC Porto ganhou uma competição europeia o treinador, independentemente de ser portista ou não, saiu.
A excepção? José Mourinho em 2002/03, o qual permaneceu mais um ano no FC Porto após ter ganho a Taça UEFA.
Foi por gostar do Porto? Claro que não, foi porque nessa altura não chegou ao Dragão uma proposta de um dos grandes (e mais endinheirados) clubes europeus.

Para um clube da dimensão económica do FC Porto, o excesso de sucesso desportivo que temos tido (é quase uma blasfémia dizer isto), torna inevitável estas saídas. E, não tenhamos ilusões, quanto maior for o sucesso, mais curtos serão os ciclos.

A alternativa a este “sofrimento” (o sofrimento de ano após ano vermos sair os melhores) é passar a ganhar menos, ou mesmo não ganhar nada. Num cenário desses, é certinho que nenhum dos “tubarões” europeus vai cobiçar os “peixinhos” (jogadores e treinadores) que temos no nosso aquário.

Têm dúvidas? Apesar da propaganda, vejam lá se alguém se chegou à frente disposto a pagar as clausulas de rescisão de jogadores do SCP ou mesmo do slb (já nem falo nos treinadores). Talvez com a excepção do Coentrão, só sairão se for a preço de saldo e mesmo assim…

Chamem-me nomes mas, como portista, quem me dera voltar a desfrutar de uma época como a de 2010/11 e, no final, sofrer uma “traição” semelhante a esta do André Villas-Boas. E seria óptimo que o próximo “traidor” fosse já o Vítor Pereira que, pelo sim, pelo não, tem no seu contrato uma clausula de rescisão de 18 milhões...

quinta-feira, 23 de junho de 2011

SMS do dia - CXXVII

Temos de convir que esta é uma boa mensagem publicitária:

Nada limita a nossa ambição. As grandes conquistas começam sempre consigo. Mantenha a sua cadeira de sonho! Renove o Dragon Seat até 8/Jul


Villas Boas vs Mourinho

Quem não se lembra da forma como Mourinho ficou mal visto por muitos portistas quando deixou o FCP?

Muita gente diz agora que ''afinal Villas Boas é como Mourinho''.

Pois muito bem: não, não é. É pior. A saída de Villas Boas é muito menos abonatória do carácter do homem do que a de Mourinho. E porquê?


1) o Mourinho saiu do FCP após 2 épocas e meia, e após ser campeão europeu. O AVB saiu ao fim de uma época e sem sequer comandar um jogo na LC.

2) O Mourinho qdo saiu do FCP era 8 anos mais velho do q o AVB é hoje. Se o Mourinho ainda era muito jovem, então o AVB é q não se compreende de todo pq esta tão cheio de pressa. Alias, muito dificilmente não arranjaria oferta equivalente (ou até melhor) a do Chelsea daqui a um ano - quando ainda teria uns 30 anos de carreira pela frente.

3) Mourinho não bateu com a porta a uma semana do inicio da época. Bem sei que Pinto da Costa diz que Vítor Pereira já estava previsto como potencial substituto, mas mesmo que não seja verdade é natural que afirme isso, só lhe fica bem e protege o novo treinador.

4) O AVB é portista (diz ele...) e fez juras de amor (se ficasse 15 anos no FCP ficava contente), o Mourinho não. Alguém viu a Mourinho declarações semelhantes as que se seguem?

"Eu já vivi experiências fora e posso dizer que não abdico desta cadeira por nada. Relativamente aos jogadores, têm ambições individuais. Agora, não podem sobrepor ambições individuais aos objectivos colectivos. Isso é o mais importante." André Villas-Boas, 12/11/2010

"Se ficar 15 anos no clube que adoro, por mim tudo bem" André Villas-Boas, 12/11/2010, 30/04/2011

quarta-feira, 22 de junho de 2011

A primeira entrevista de AVB


It was going well at Porto, what convinced you it is the right time to move to Chelsea?

[AVB]: I think it is a massive individual challenge which I felt I should take. I went to a magnificent year in Porto and the split from Porto is not something that is not easy for me because it is my club, the club I have defended a lot. Porto is my city and there is no running away from it, Porto supporters will always feel like there is nothing I can say that will delete their sense of being betrayed.
But I felt it was a challenge I needed to make with the importance of Chelsea, the importance of the Premier League and happily I left Porto with good success. Now I face this new challenge and focus again on being successful at Chelsea.


A entrevista completa de André Villas-Boas ao site do Chelsea pode ser lida aqui.

Vítor Pereira e a Estrutura


Um artigo de opinião de Luís Sobral (publicado no Maisfutebol), com uma perspectiva interessante acerca da escolha de Vítor Pereira e da famosa estrutura do FC Porto.

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«Antes de escrever o que quero escrever, o mais importante: saudar o aparecimento de mais um treinador português que se sente capaz de competir ao mais alto nível. Dito isto, o resto.

A primeira impressão é abrir a boca de espanto.
Depois de ouvir Vítor Pereira na apresentação como treinador do F.C. Porto não tenho dúvidas de que lhe falta quase tudo para aquele tipo de confronto.
Primeiro, não convence. Segundo, não entusiasma. Terceiro, mas não menos importante, não inspira receio.
Um treinador do Porto não é aquilo. É mesmo muito diferente daquilo.
Tem de ser empolgante, genial e agressivo, como Mourinho.
De cara fechada como Fernando Santos e Jesualdo Ferreira.
Ou inesperado e entusiasta, como Villas-Boas.
Também tem de ser competente, como todos os que citei. Acredito que Vítor Pereira o seja. Mas precisa de ganhar o resto. Depressa. Ou então precisa a estrutura do F.C. Porto de o completar, dando mais uma vez provas de inteligência e elasticidade.

A segunda impressão, mais reflectida, é um pouco diferente.
O F.C. Porto tem a melhor organização de futebol que existe em Portugal e provavelmente uma das mais competentes da Europa. Só isso permite que se movimente tão bem no mercado, que domine em Portugal e, sobretudo, que tenha conseguido somar três competições europeias no século XXI.
Esta estrutura é o verdadeiro segredo do sucesso portista. Está suportada sobre pessoas, valores, rotinas e princípios que são conhecidos no interior do clube e pouco falados cá fora. Funciona muito bem.
Nesta estrutura, o treinador deve encaixar. Deve saber ao que vem, aceitar o que existe, testado e adaptado ao limite. Se conseguir influenciar de forma positiva, melhor. Não chega para mandar, no sentido inglês do termo. Não chega para revolucionar. Não chega para salvar. Não chega para ser número um, mesmo que o pareça na ficha do jogo.

Nesta contexto, um treinador da casa é sempre a solução óbvia. Aliás, há uns anos que o F.C. Porto anda a formar treinadores, num mistura curiosa entre ex-jogadores e pessoas com formação académica. Uma mistura que ganha títulos, forma e potencia futebolistas. E coloca nomes em diversos bancos, em Portugal e fora.
No fundo é como se tivessem dito à estrutura do clube, depois de um ano fantástico, que encarasse um desafio ainda mais difícil. Fazer bem com um treinador que não chega ao banco dourado pelo carisma, pela carreira, muito menos por ser a solução mais simples e consensual.

A eleição de Vítor Pereira para treinador do campeão garante o essencial: não haverá ruptura. Não se perderá tempo, a estrutura manter-se-á. Os jogadores estão lá, ele conhece-os, eles conhecem-no. Como princípio de história já houve muito pior.
Se pensarmos assim, Vítor Pereira poderá de repente fazer sentido. O sentido relativo, claro, de alguém que nunca teve semelhante responsabilidade. Mas não se passou algo parecido com Mourinho? E com Villas-Boas? E, numa dimensão diferente, até com Fernando Santos e Jesualdo Ferreira?

Arriscado? Sim, claro. Mais difícil do que tem sido norma nos tempos mais recentes? Talvez sim. É possível que funcione? Não serei o primeiro a dizer que não. Afinal, os dirigentes do F.C. Porto, por tudo o que já fizeram, merecem essa prova de confiança. Mesmo se, como parece, foram pela primeira vez nos últimos anos apanhados de surpresa.»

Nota: Os destaques no texto a negrito são da minha responsabilidade.

De Oliveira a AVB

Um dia nos anos 80 vi o meu ídolo de infância, aquele por quem chorei a ida para Sevilha e festejei o seu regresso, aquele que para mim era o símbolo do ser jogador do Porto, jogar nas Antas com uma camisola vermelha, empatar a 2 e no fim do jogo ser aplaudido pelos adeptos do Porto.

Nesse dia percebi que eu gostava mesmo era do Porto, doeu ver os adeptos do Porto vaiarem os nossos jogadores e aplaudirem quem nos tirou um ponto em casa.

Passaram-se uns 30 anos - pelo meio houve mais 2 ou 3 desilusões - e as coisas estão extremadas, não há símbolos do clube. Há profissionais que vestem a camisola do clube e recebem bem por fazê-lo. Há muito que deixei de admirar o homem, admiro o profissional. E como profissionais o que lhes peço é que justifiquem cada tostão daquilo que recebem. Durante anos mentalizei-me disto, até porque o clube também tem esta necessidade: vênde-los e por isso não vale a pena estar a criar muitas afectividades.

É como profissional que estou agradecido a André Villas-Boas, encaixou perfeitamente naquilo que peço aos profissionais do Porto. Não sei se foi a melhor época do Porto, isso é sempre subjectivo, mas foi uma época perfeita.

E esta mensagem devia ter acabado aqui.

Mas (e há sempre um mas) desta época fiquei com a ilusão de algo mais, identifiquei-me a 100% com o profissional, voltei a identificar-me com o homem que está atrás do profissional, voltei a acreditar que era possível que o futebol fosse puro prazer, que os egos e as vontades individuais fossem sobrepostos pelo gozo colectivo.

Acordei.

André, vou-te dizer uma coisa: foda-se esta doeu!

terça-feira, 21 de junho de 2011

Já há fumo branco!

O site oficial anunciou já o nome do novo treinador do F.C.Porto: o até agora treinador-adjunto Vítor Pereira.

10 razões para Villas-Boas ir para o Chelsea


Há cerca de dois meses atrás, em conversa com vários amigos portistas (dois dos quais co-autores deste blogue) enquanto assistíamos a mais um jogo dos dragões, afirmei que, perante a hipótese de um sucesso estrondoso do FC Porto – ganhar o Campeonato sem derrotas, Liga Europa e Taça de Portugal –, seria muito difícil André Villas-Boas continuar no FC Porto, se um dos tubarões europeus o quisesse mesmo contratar. E logo nessa altura me pareceu que o maior perigo vinha do Chelsea (nunca acreditei na pista italiana), perante a mais que provável saída de Carlo Ancelotti.

Esta minha previsão/receio devia-se a um conjunto de razões:

1) A liquidez do Chelsea permite-lhe pagar, facilmente, a clausula de rescisão (15 milhões de euros são peanuts para Abramovich);

2) A multiplicação, por quatro ou cinco, do ordenado que André Villas-Boas aufere no FC Porto (a comunicação social de hoje fala num salário de 3,5 milhões de euros líquidos anuais);

3) O conhecimento já existente entre André Villas-Boas e o Chelsea, devido aos três anos que esteve em Londres, fazendo parte da equipa técnica de José Mourinho;

4) O facto de André Villas-Boas ser poliglota e, nomeadamente, fluente em inglês;

5) O aliciante, para o André Villas-Boas, de voltar pela porta grande e como treinador principal a um clube onde já esteve noutras funções;

6) A projecção, para o André Villas-Boas, de ir treinar um clube de topo da Premier League, o principal e mais mediático campeonato a nível mundial;

7) A necessidade urgente do Chelsea em iniciar um novo ciclo, reformulando um plantel gasto e algo envelhecido (Frank Lampard 33 anos, Didier Drogba 33 anos, Nicolas Anelka 32 anos, John Terry 30 anos, Ashley Cole 30 anos);

8) A disponibilidade financeira de Abramovich, que deverá colocar à disposição de André Villas-Boas um cheque chorudo para comprar meia-dúzia de jogadores de topo, incluindo alguns do FC Porto;

9) O desafio de superar o “pai” Mourinho e ganhar a Liga dos Campeões pelo Chelsea (um sonho antigo de Roman Abramovich);

10) A possibilidade de conviver com grandes personalidades do futebol e, quem sabe, até beber uma garrafa de vinho português de cada vez que jogar com Sir Alex Ferguson.

Por tudo isto, dificilmente o André poderia deixar de aceitar esta proposta do Chelsea, até porque, se o não fizesse, nada garante que na próxima época teria uma oportunidade igual. Assim, embora algo desiludido, compreendo a decisão de Villas-Boas, a quem desejo as maiores felicidades (menos, obviamente, em eventuais jogos contra o FC Porto).

segunda-feira, 20 de junho de 2011

A "bomba" do JN



A capa do JN de hoje caiu como uma bomba entre os adeptos portistas, sendo que o tom usado foi taxativo e dá a transferência como consumada.

Mas, numa notícia desta importância para o futuro imediato do FC Porto, o mais surpreendente foi o JN ter o exclusivo e conseguir antecipar-se a toda a concorrência, particularmente ao Jogo. A isto não deve ser estranho o facto do actual director do JN - Manuel Tavares - ser o ex-director do Jogo.

A confirmar-se a saída de André Villas-Boas, antevejo uma entrevista de Pinto da Costa nos próximos dias. Veremos se a mesma será dada ao JN, ao Jogo ou ao Porto Canal.

Villas-Boas na imprensa inglesa

«PORTO coach Andre Villas-Boas is the red-hot favourite to become new Chelsea boss after several leading bookmakers suspended betting on the man referred to as mini-Mourinho.
Porto's in-demand coach was one of Jose Mourinho's backroom staff at Stamford Bridge and has had considerable success as a manager in his own right, leading his Portuguese club to a league and Europa League double last season.
Portugal's national news agency Lusa reported that Villa-Boas was poised to take over from Carlo Ancelotti and some suggestions were that he would become Chelsea coach with previous leading candidate for the job Guus Hiddink securing a director of football role.»
The Sun (notícia completa aqui)


«Chelsea are closing in on a sensational deal to appoint Andre Villas-Boas. (...)
Villas-Boas is now understood to be on his way to London to discuss taking over from sacked Carlo Ancelotti. Chelsea are hopeful of completing the deal this week with an unveiling set for soon afterwards.
The 33-year-old is widely regarded as the next Jose Mourinho given the similarities in his incredible rise with Porto. Villas-Boas, who speaks fluent English, also worked in Mourinho's backroom team during his spell at Stamford Bridge.
Should the follow in his mentor's footsteps, he will become the Premier League's youngest manager, more than half the age of Sir Alex Ferguson and in fact younger than Frank Lampard. (...)
It is not yet clear whether Villas-Boas, who is set to earn around £5m a year (the same as Mourinho did at Chelsea), has been targeted to work alongside Guus Hiddink, who has been at the centre of a tug-of-war between Chelsea and his current employers Turkey. However, Hiddink may well assume a sporting director role with Villas-Boas in charge of coaching and team selection at the Barclays Premier League runners-up.»
Daily Mail (notícia completa aqui)


«Chelsea are set to recruit the Porto manager André Villas-Boas, according to reports in Portugal, and the coach has accepted the offer to work in London. (...)
Chelsea have also been in negotiations with Guus Hiddink about returning to the club he briefly managed in 2009. Chelsea have been considering the Dutchman for either the coach's job or the sporting director role – should he take on the latter then there would also be room for Villas-Boas to take a position at the club.
However, his agent, Cees van Nieuwenhuizen, felt the Dutchman would be wary of taking the director of football role. "One hundred per cent we have never discussed that, and I know Guus has not given it a thought for one second. He has a tough enough challenge trying to qualify Turkey for the Euros. And if he does that then he will be going to the finals next year. And if he doesn't then it will probably end with Turkey in November."
Guardian (notícia completa aqui)


«Chelsea remain confident a new manager will shortly be in place - with Porto insisting as yet there has been no official offer to trigger Andre Villas-Boas' €15 million release clause.
Guus Hiddink - who enjoyed a successful spell as caretaker boss in 2008/2009 and continues to hold a close relationship with Chelsea owner Roman Abramovich - emerged as the leading candidate to return to Stamford Bridge.
However, despite the Blues said to be ready to meet the £4million compensation demands of the Turkish Football Federation to allow Hiddink's departure, it now appears the veteran Dutchman could be set for a sporting director role rather than going back into hand-ons management.
Villas-Boas, 33, would certainly fit the bill for an up-and-coming coach to work with the first team and is no stranger to Stamford Bridge, having worked there under Jose Mourinho.»
The Independent (notícia completa aqui)

"Fiéis mesmo, só os cães!"


Tirada famosa de José Maria Pedroto.



domingo, 19 de junho de 2011

Uma parceria entre o FC Porto e a ACP


Disputou-se no Palácio da Bolsa, no magnífico espaço do Pátio das Nações, o 62º Campeonato da Europa de Bilhar às três tabelas (individual), numa organização conjunta da Confederação Europeia de Bilhar, da Federação Portuguesa de Bilhar e da Secção de Bilhar do FC Porto.

O evento, que decorreu nos últimos quatro dias (16 a 19 de Junho), recebeu bilharistas de 22 países, sendo de destacar que o seu custo - cerca de 100 mil euros - foi totalmente coberto por patrocínios.

Num cenário de crise e de previsível aumento do centralismo (é mais fácil cortar longe do que perto do Terreiro do Paço), é importante este tipo de parcerias entre duas instituições da cidade - Futebol Clube do Porto e Associação Comercial do Porto -, as quais contribuem para trazer para o Porto eventos internacionais. E, apesar do Bilhar não ser um desporto de massas, este campeonato da Europa ajudou a promover o FC Porto, o Palácio da Bolsa e a própria cidade do Porto.

A SportTv transmitiu as meias-finais e a final mas, quem gosta da "magia das três tabelas" e não pôde assistir em directo, poderá ver um resumo nos dias 23 de Junho (19h00), 25 de Junho (09h00) ou 26 de Junho (14h00).


(clicar para ampliar)


P.S. A final foi ganha pelo holandês Dick Jaspers, o qual derrotou o belga Eddy Merckx por três sets a zero. O melhor portista foi o sueco Tornbjorn Blomdahl, que ficou em terceiro lugar.

Fotos: abola.pt, José Paulo Andrade, www.fcporto.pt

Transferências...

(clicar para ampliar)


Para já, nota-se uma certa contenção nos gastos (6 dos 10 jogadores contratados pelo slb estavam em fim de contrato), mas também é verdade que ainda não entrou dinheiro de vendas.

Contudo, é certo que a novela das transferências está longe do fim e que, pelo menos durante mais dois meses, haverá novos episódios.

Fonte: Expresso (15/06/2011)

sábado, 18 de junho de 2011

Amigos, amigos, competição à parte


Ao fim de 10 anos, Franklim Pais vai deixar de ser treinador do FC Porto e, na próxima época, irá ser substituído pelo actual treinador-jogador da Oliveirense.

Este facto deu que falar e até alimentou alguma maledicência mas, conforme se comprova pelos resultados, não teve qualquer influência nos jogos entre estas duas equipas. Para o campeonato, cada uma das equipas ganhou o jogo que disputou em casa e hoje, nas meias-finais da Taça de Portugal, a Oliveirense venceu por 5-4, afastando o FC Porto da final da prova.

Os profissionais da suspeição vão ter de arranjar outro exemplo.

Sócios: Paixão e razão (III)

Por Miguel Lourenço Pereira

Paixão e razão (I)
Paixão e razão (II)


Há poucos adeptos no mundo tão identificados com os seus clubes como os britânicos. E, no entanto, no futebol inglês o conceito de “sócio” não existe. Mas há uma profunda preocupação, em ambos os sentidos, de que a relação entre o adeptos e a instituição seja dinâmica e interactiva.
Em pleno século XXI o FC Porto, já um grande da Europa por direito próprio, ainda tem muito caminho por percorrer neste sentido.

Talvez mais importante do que aumentar o número de sócios – esse conceito latino que ainda hoje perdura – seria valorizar os sócios já existentes. Para muitos, independentemente da antiguidade no clube, ser sócio significa apenas pagar um pouco menos pelo bilhete de jogo ou pelo lugar anual. E nada mais. A esmagadora maioria nunca utilizou o cartão que o clube vai renovando, pura e simplesmente porque ninguém lhes explicou que aquilo é mais do que um cartão: é um símbolo de união com a instituição. E para que essa ideia entre na cabeça dos sócios é primeiro preciso valorizar essa relação.

Nenhum sócio é mais portista por pagar quotas mensalmente, isso já todos o sabemos, mas os 120 euros que paga ao ano são uma ajuda às arcas do clube que deve ser recompensada. Já se falou aqui de acções com sponsors, com instituições parceiras do clube e essa realidade, hoje básica em clubes de topo europeus, no Porto ainda é um mito. Mas é preciso ir mais longe.

Ser sócio do FC Porto e viver no estrangeiro, como sucede comigo há uns bons anos, é como um casamento à distância a viver de lembranças pretéritas. As quotas dos sócios que vivem longe do Porto, tanto em Portugal como no estrangeiro, continuam a ser pagas, as contas do clube agradecem, mas nenhum sócio recebe nada em troca.

A página Web do clube não tem uma área dedicada de acesso aos sócios com conteúdos exclusivos. Conteúdos que podiam passar por sorteios com jogos a serem vistos no camarote presidencial, visitas ao balneário, viagens com a equipa, ofertas de merchandising, ou outras iniciativas que valorizem essa união. Iniciativas que devem apostar numa imagem de exclusividade e recompensa, elementos chave de diferenciação para garantir ao sócio que unir-se ao projecto FC Porto é, para lá de uma grande paixão, uma aposta pessoal com contrapartidas a seu favor que mais ninguém pode usufruir. O sócio que pode mostrar com orgulho aos amigos uma foto junto do presidente no camarote, o autógrafo conseguido do seu jogador preferido no balneário, ou o bilhete preferencial para um jogo fora de casa na sua zona de residência, é um sócio feliz. Um sócio capaz de demonstrar de forma palpável aos adeptos do seu clube, que há uma vantagem real em pagar uma quota mensal ao clube do seu coração.

O FC Porto vende-se muito mal para o sucesso que tem e, tirando os habituais sócios e adeptos historicamente fiéis, é difícil fazer a marca funcionar lá fora. Porque o clube aposta muito pouco nessa relação. Já discuti aqui a necessidade de uma política de marketing e merchandising profissional, capaz de capturar os grandes momentos do clube, eternizar a imagem do colectivo mesmo para aqueles que não a conhecem.

No ano passado, no final da Liga, o Benfica não perdeu tempo em editar um DVD comemorativo do título. Foi colocado à venda de forma consciente para aproveitar o fluxo de vendas que a romaria habitual dos nossos emigrantes provoca. E funcionou. O FC Porto, nesse sentido, continua uns passos atrás de muitos clubes e o sócio dragão também tem consciência disso.


Numa época de crise apostar numa relação de fidelidade implica contrapartidas. O clube tem direito a exigir um aumento de quotas para manter a competitividade do projecto desportivo. Mas só se o sócio sentir que parte desse dinheiro lhe é devolvido de forma indirecta. Dois não fazem nada se um não quer. O clube terá de dar o primeiro passo e demonstrar que entrar no futuro, como preconiza Angelino Ferreira, é também entrar numa nova etapa na relação directa e pessoal com quem tem sido o alicerce da instituição desde os primeiros dias.

Nota final: O 'Reflexão Portista' agradece ao Miguel Lourenço Pereira a elaboração deste artigo.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

O FC Porto é grande!


"Sou a favor da identidade. Se o FC Porto está em Portugal, devia jogar com portugueses, em vez de comprar jogadores de outros países. Não gostei da influência sul-americana na final. Creio que os jogadores jovens do Brasil e da Argentina estariam melhor jogando no seu próprio campeonato."
Michel Platini


Quantos sul-americanos faziam parte do onze inicial do Inter Milão na final da Liga dos Campeões 2009/10?
Pelas minhas contas (ver foto em cima) foram "só" sete!
E italianos?
Ora deixa cá ver... zero?!!
Pois...

E quantos ingleses havia no onze inicial do Manchester United na final da Liga dos Campeões 2010/11?
Por acaso, tantos como portugueses no onze azul-e-branco de Dublin: três (Ferdinand, Carrick, Rooney)!

E, já agora, com quantos ingleses costuma alinhar o Arsenal?
Zero?
E, senhor Platini, a enorme legião de franceses dos gunners (treinador incluído) estaria melhor a jogar no seu próprio campeonato?

Mas eu compreendo que o presidente da UEFA fale do FC Porto. Ao fim e ao cabo, quem é que se ia preocupar com o número de estrangeiros de clubes pequenos como o Inter e o Man United?...

FCP: um clube bem gerido

Serve este artigo para assinalar o excelente trabalho, comparativamente falando, da direcção do FCP clube com o dos rivais da 2a circular no que diz respeito à gestão economico-desportiva.

Para começar, convém assinalar que falo aqui do clube, não do futebol (SAD). Hoje em dia muita gente confunde as duas coisas, mas - pelo menos para já - ainda são duas coisas bem distintas, ainda que muitos dos dirigentes máximos (pelo menos no caso do FCP) sejam os mesmos.

Não excluo o futebol deste artigo porque acho que não seja aí feito bom trabalho (há, e muito, como se tem visto). - mas quero focalizar neste artigo o trabalho feito nos clubes em particular, onde penso que a diferença entre o FCP e os rivais é (ainda) maior.

Pois bem, qualquer dos 3 grandes tem gerido os clubes em boa parte de forma subordinada aos interesses das SADs para o futebol, como se vê por exemplo na forma como as receitas de merchandising vão por inteiro para a SAD: no entanto parece-me claro que o FCP é o clube, dos três, que melhor tem sido gerido.

E porquê? Pois muito bem, porque:

1) as contas do clube estão bem controladas (ainda que de forma apertada)

2) o património do FCP clube é excelente e tem aumentado (falta apenas o museu...) e mantém-se nas mãos do clube (ao contrário de por ex o slb, onde o estádio foi incorporado na SAD, na qual o clube tem apenas cerca de metade das acções)

3) os resultados desportivos estão à vista de todos, batendo claramente os rivais

Concluindo, penso que o FCP clube além do sucesso desportivo tem o futuro assegurado, que é mais do que posso dizer dos clubes rivais (e eu ficaria furioso se o clube perdesse o estádio para a SAD, como aconteceu recentemente no slb). E espero que quando o project finance do estádio acabar (e ainda faltam muitos anos) a SAD continue a pagar uma renda anual jeitosa pelo seu usufruto, que poderá ser muito útil seja para as modalidades, seja para investir no património.

Por isto, o meu agradecimento a Pinto da Costa, aos 14 vice-presidentes, aos directores e restantes funcionários.

Isto não quer dizer que ache é tudo um mar de rosas na gestão do clube, longe disso; se na vertente económico-desportiva acho que tem estado bem e muito melhor que os rivais (ainda que ache que uma maior % das quotas deva ir para o clube, tal como uma pequena % das receitas de merchandising), já na vertente relação com o adepto/sócio acho que podia estar muito, muito melhor (quase 10 anos sem museu - nem que fosse temporário para os principais troféus; a fraca oferta de interactividade e produtos na Net; a fraca divulgação e mobilização dos adeptos para os jogos das modalidades; a ausência pura e dura das modalidades no merchandising; em geral, a forma como trata o sócio como um mero consumidor e fonte de receitas - e apenas ou quase para o futebol - não o encorajando a participar mais na vida do clube, como alias foi muito bem abordado na serie de posts "socio - paixão e a razão"). Esperemos que também aqui haja melhorias, porque seria a cereja no cimo do bolo.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Sócios: Paixão e razão (II)

Paixão e razão (I)


“O FC Porto vai apostar também na disponibilização de mais produtos, desde descontos nos combustíveis, nos cinemas, ginásios, viagens e outras áreas.”
Angelino Ferreira, O Jogo, 12/06/2011


Mais produtos, mais descontos, mais e melhores serviços, é este o caminho que tem de ser trilhado. Contudo, antes de mais nada, é indispensável que as condições negociadas com o leque de parceiros do clube sejam comunicadas aos sócios de forma eficaz (através do website oficial, correio electrónico, SMS, revista Dragões, etc.), algo que o próprio Angelino Ferreira reconhece que não acontece actualmente (“há uma falta de conhecimento da parte do associado do FC Porto de um conjunto de serviços que já disponibilizamos”).

Mas, embora seja importante, não chega ter uma boa estratégia de comunicação. Para serem valorizadas pelos portistas, as vantagens terão de ser reais e não iguais (ou piores) às que os adeptos podem obter sem serem sócios do FC Porto.

Um exemplo flagrante é o desconto nos combustíveis. O FC Porto tem uma parceria com a Repsol, que proporciona um desconto de 6 cêntimos/litro, mas um cliente do Continente que abasteça na Galp obtém ganhos cruzados (Promoção Vice-Versa) que correspondem a um desconto global superior.
Porque é que o FC Porto não faz algo semelhante, cruzando o abastecimento de combustível (na Repsol ou noutra companhia) com vales de desconto a serem usados numa Loja Azul?

O desconto na Repsol é semelhante ao que o Automóvel Clube de Portugal negociou com a BP mas, no caso dos sócios do ACP, existem ainda descontos de 8 cêntimos/litro em combustíveis Premium e 9 cêntimos/litro aos dias 9 de cada mês.
O FC Porto não conseguirá negociar algo parecido, em que existisse um desconto especial, não a um dia fixo mas, por exemplo, nos dias em que houvesse jogo no estádio do Dragão?

Quanto às viagens, já aqui falei na “excelente” parceria entre o FC Porto e a Cosmos e nos preços praticados, os quais, para o caso da viagem a Dublin, eram mais caros (!) do que programas semelhantes vendidos por outras agências.

Aliás, consultando o site Dragon Tour (operated by Cosmos), alguém consegue descobrir onde estão as vantagens para os sócios do FC Porto?

E tanto que podia ser feito neste domínio, promovendo deslocações conjuntas de grupos de adeptos a jogos do FC Porto (já ouviram falar de compras em grupo?), city breaks associados a jogos no estrangeiro, pacotes para viagens de férias em família, etc., em que, para além de preços necessariamente mais baixos, fosse usada uma lógica tipo ‘Abreu Travel Card’ (o valor gasto em cada viagem é convertido em pontos – €1 = 1 ponto –, os quais dão descontos em futuras viagens).

Mais. Sendo o FC Porto um ex libris da cidade, ao ponto das próprias armas da Invicta fazerem parte do emblema do clube, um outro campo que está completamente por explorar é o das parcerias com outras instituições e entidades da região, com as quais pudessem ser potenciadas sinergias cruzadas. Exemplos:
- Associação Comercial do Porto (descontos em visitas ao Palácio da Bolsa);


- Fundação de Serralves (descontos em visitas ao Parque e Museu);

- Associação de Bares da Zona Histórica do Porto (descontos no consumo);

- Associação das Empresas de Vinho do Porto (descontos em visitas às caves do vinho do Porto);

- Douro Azul (descontos em cruzeiros).


Quando o clube decidiu construir um novo estádio, uma das razões apresentadas foi o custo de manutenção do estádio das Antas e o facto de só ser utilizado de 15 em 15 dias. Hoje em dia, o estádio do Dragão é utilizado diariamente, quer pelos serviços do clube e participadas do grupo FC Porto, quer através de um conjunto de empresas que têm aí lojas ou instalações (Solinca, Clínica Saúde Atlântico, Rádio Popular, Cosmos, BES).
A mesma evolução terá de ocorrer com o cartão de sócio, cuja utilização deverá passar de quinzenal a diária. Se e quando isso acontecer, até os portistas mais renitentes vão achar insignificantes os 10 euros da cota mensal.

«A conta corrente é um conceito único e inovador a nível mundial em termos de clubes desportivos e resulta dos valores acumulados pelo associado em vários consumos do quotidiano nos parceiros institucionais do conceito (TMN, BPI e Repsol).»
in www.fcporto.pt

(continua)

quarta-feira, 15 de junho de 2011

O avião que levou a equipa a Dublin



«A White Airways, S.A. transportou a equipa de futebol profissional e adeptos do Futebol Clube do Porto até Dublin, para a Final da Liga Europa.
Antes de Dublin, os jogadores do FCP viajaram com a White até à Madeira, para defrontar o C.S. Marítimo, no último jogo do Campeonato Português.
A equipa do FCP realizou ambos os voos a bordo do A319 CS-TFU, um dos aviões VIP da frota White destinado à aviação executiva, com capacidade para 48 passageiros.»
in www.flywhite.eu

O interior do avião: