O FC Porto fez uma exibição digna e de certo modo prometedora, contra aquela que é considerada a melhor equipa do Mundo, tendo merecido elogios de diversos quadrantes. Por exemplo, na sua crónica no jornal holandês De Telegraaf, Johan Cruyff pergunta "porque não há igual na Holanda" e antevê que o FC Porto "vai obter de novo bons resultados europeus".
Apesar dos (merecidos) elogios, convém não esquecer um pequeno pormenor: o FC Porto perdeu. Ora, isso, por si só, significa que houve falhas, erros e aspectos que têm de ser analisados, tendo em vista melhorar no futuro.
Contudo, como reagiu a imprensa portuguesa, nomeadamente aquela que eu costumo ler e que acompanha o FC Porto mais de perto?
Lendo os títulos do JN e de O Jogo, fica a ideia que a Supertaça Europeia se pode resumir em dois erros: um do Guarín e outro do(s) árbitro(s).
Ora, o jogo foi muito mais do que isso e, no que ao FC Porto diz respeito, há (haveria) aspectos que mereciam ser analisados por pessoas que são profissionais da comunicação social desportiva. Exemplos:
i) O impacto na movimentação atacante do FC Porto, resultante da substituição de Radamel Falcao por Kléber;
ii) O Hulk é um grande jogador (para mim, o FC Porto é Hulk e mais 10), mas qual tem sido o seu desempenho nas competições europeias, nomeadamente contra "equipas do pote 1" (não tenho a certeza, mas penso que o Hulk nunca marcou um golo em jogos contra o Arsenal, Manchester United, Barcelona, ...);
iii) Qual a razão da muito má forma de Varela neste início de época, a qual voltou a ser evidente nos vinte e tal minutos em que esteve em campo?
iv) O FC Porto fez apenas dois remates enquadrados com a baliza (mais três para fora). Quantas oportunidades claras de golo criou?
v) Faz sentido ser sempre o Hulk a marcar os livres directos frontais? Qual o aproveitamento desses livres?
vi) O FC Porto beneficiou de sete cantos. Por que razão não conseguiu criar perigo em qualquer um deles (apesar do Barça ser uma equipa baixa e, neste jogo, não ter a sua dupla de centrais habitual)?
Eu compreendo que, defrontando o FC Barcelona, as expectativas de sucesso eram reduzidas, mas isso não significa que os aspectos menos bons da exibição do FC Porto sejam ignorados e não sejam analisados, nomeadamente por aqueles que o deveriam fazer por obrigação profissional.
Um jornalismo subserviente, que por vezes chega a ser lambe-botista, pode alimentar alguns egos, mas não serve os interesses do FC Porto.
Em Portugal há aversão ao erro, mas é com os erros que se apreende e, se queremos fazer uma boa carreira na Liga dos Campeões, há aspectos da exibição do FC Porto que é preciso corrigir e outros melhorar.
P.S. As capas do JN e de O Jogo (edição Porto) fizeram lembrar as capas dos jornais do regime nos dias seguintes a derrotas do slb ou dos calimeros.
Apesar dos (merecidos) elogios, convém não esquecer um pequeno pormenor: o FC Porto perdeu. Ora, isso, por si só, significa que houve falhas, erros e aspectos que têm de ser analisados, tendo em vista melhorar no futuro.
Contudo, como reagiu a imprensa portuguesa, nomeadamente aquela que eu costumo ler e que acompanha o FC Porto mais de perto?
Lendo os títulos do JN e de O Jogo, fica a ideia que a Supertaça Europeia se pode resumir em dois erros: um do Guarín e outro do(s) árbitro(s).
Ora, o jogo foi muito mais do que isso e, no que ao FC Porto diz respeito, há (haveria) aspectos que mereciam ser analisados por pessoas que são profissionais da comunicação social desportiva. Exemplos:
i) O impacto na movimentação atacante do FC Porto, resultante da substituição de Radamel Falcao por Kléber;
ii) O Hulk é um grande jogador (para mim, o FC Porto é Hulk e mais 10), mas qual tem sido o seu desempenho nas competições europeias, nomeadamente contra "equipas do pote 1" (não tenho a certeza, mas penso que o Hulk nunca marcou um golo em jogos contra o Arsenal, Manchester United, Barcelona, ...);
iii) Qual a razão da muito má forma de Varela neste início de época, a qual voltou a ser evidente nos vinte e tal minutos em que esteve em campo?
iv) O FC Porto fez apenas dois remates enquadrados com a baliza (mais três para fora). Quantas oportunidades claras de golo criou?
v) Faz sentido ser sempre o Hulk a marcar os livres directos frontais? Qual o aproveitamento desses livres?
vi) O FC Porto beneficiou de sete cantos. Por que razão não conseguiu criar perigo em qualquer um deles (apesar do Barça ser uma equipa baixa e, neste jogo, não ter a sua dupla de centrais habitual)?
Eu compreendo que, defrontando o FC Barcelona, as expectativas de sucesso eram reduzidas, mas isso não significa que os aspectos menos bons da exibição do FC Porto sejam ignorados e não sejam analisados, nomeadamente por aqueles que o deveriam fazer por obrigação profissional.
Um jornalismo subserviente, que por vezes chega a ser lambe-botista, pode alimentar alguns egos, mas não serve os interesses do FC Porto.
Em Portugal há aversão ao erro, mas é com os erros que se apreende e, se queremos fazer uma boa carreira na Liga dos Campeões, há aspectos da exibição do FC Porto que é preciso corrigir e outros melhorar.
P.S. As capas do JN e de O Jogo (edição Porto) fizeram lembrar as capas dos jornais do regime nos dias seguintes a derrotas do slb ou dos calimeros.
O Jornalismo que temos!
ResponderEliminarQuero referir que gostei do conteúdo do texto e das questões postas.
Concordo com todas elas.
Saudações portistas!
Excelente artigo José!
ResponderEliminarÉ que não podemos passar a vida a bradar contra A Bola e o Rascord e depois ter uma bitola diferente para julgar as coisas quando nos convém...
José Correia disse: "O FC Porto... quantas oportunidades claras de golo criou? " E quantas criou o Barça? Como o jogo, e a posse de bola, estava a ser bastante disputado no meio-campo não houve muitas e claras oportunidades de golo para qualquer das equipas.
ResponderEliminar"O FC Porto beneficiou de sete cantos. Por que razão não conseguiu criar perigo em qualquer um deles" "Qual o aproveitamento desses livres? " Aqui penso que temos de melhorar, mas o problema já vem do ano passado onde já era notória uma insuficiência no aproveitamento de lances de bola parada, para isso precisamos de um marcador exímio e muita práctica nos treinos, só assim de cabeça lembro-me de jogadores como Celso, Geraldão, Branco, Timofte, Deco, e outros.
Daniel Gonçalves disse...
ResponderEliminarE quantas criou o Barça?
Para além dos dois golos que marcou, o Barça conseguiu ultrapassar a defesa em linha do FC Porto em três ocasiões.
Mas, com o "mal" do Barça posso eu bem. A minha preocupação é o FC Porto e analisar os aspectos que podem/devem ser melhorados.
III) Varela não está tão bem. No ano passado iniciou a época com um golo ao 5LB na suertação, isso motiva. E tinha atrás de si o Palito que é bem diferente do Fucile.
ResponderEliminarV) Faz sentido. A par do guarin é o unico jogador do plantel que em milésimos de segundo pode decidir bater em força ou jeito. Qq outro teria de bater em jeito.
VI) Mascherano - 1,74 m | Abidal- 1,86 m. Onde está equipa baixa?
JPCL disse...
ResponderEliminarMascherano - 1,74 m | Abidal- 1,86 m. Onde está equipa baixa?
Neste jogo, a dupla de centrais do FC Porto foi constituída por:
Rolando - 1,89
Otamendi - 1,83
Para além destes, tínhamos no onze mais três jogadores que costumam jogar bem de cabeça - Cristian Rodriguez, Sapunaru e Kléber:
Sapunaru - 1,87
Kléber - 1,89
E ainda...
Guarín - 1,84
Souza - 1,88
A vantagem do FC Porto na altura dos jogadores era mais do que notória. Contudo, a equipa nunca conseguiu tirar partido disso nas bolas paradas, nomeadamente nos sete cantos de que beneficiou.
Todos os anos é a mesma coisa. Uma derrota ou resultado menos bom, e lá vem a quinta-coluna destabilizar as hostes. Quem é que pensou, alguma vez, que podia ganhar ao Barcelona? Se nem o Real, com o Pepe, o Ramos e o Marcelo a darem pau durante o tempo todo o conseguiu, quem éramos nós para fazer mais e melhor? Ensinaram-me que devia usar um boné, com pala, evitando olhar para cima. Cá para mim fiquei contente, de certo modo, por ver a réplica que demos à melhor equipa de futebol de todos os tempos. Devemos ser ambiciosos, mas não exageradamente, para que a frustração não tome conta de nós quando as coisas não correm à medida dos nossos desejos. Haja bom senso!
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