segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Do 4-3-3 ao 4-5-1

Temos vindo a trabalhar de há um ano a esta parte em 4-3-3, e é natural que quem quer ser fiel a si próprio mantenha a estrutura. Não há razões para mudar.

Estas declarações foram feitas por Vítor Pereira, na véspera da final da Supertaça Europeia contra o Barça. Nesta altura, interessa pouco discutir se o FC Porto actual, sem ter ainda um ponta-de-lança com nível suficiente para substituir Falcao, deveria ter jogado em 4-3-3 contra a melhor equipa que Vítor Pereira já viu jogar. Contudo, perspectivando o futuro, vale a pena recordar o que se passou em 2002/03 e 2003/04.

Na época 2002/03, o FC Porto jogou quase sempre em 4-3-3, com a equipa base a ser constituída pelos seguintes jogadores:
Vítor Baía
Paulo Ferreira, Jorge Costa, Ricardo Carvalho, Nuno Valente
Costinha, Maniche, Deco
Capucho, Postiga, Derlei

No entanto, chegados à final da Taça UEFA, em Sevilha, não houve Postiga (tinha sido expulso nas meias-finais) e no onze inicial surgiu Dmitri Alenichev, alterando o esquema habitual para um 4-4-2.

Será que José Mourinho fez mal, ao ter alterado o seu esquema habitual de 4-3-3 para 4-4-2? Devido a esse facto o FC Porto jogou pior que o Celtic? Foi menos ofensivo? Criou menos oportunidades e marcou menos golos que habitualmente?

Depois de ter “passeado” na Taça UEFA de 2002/03, na época seguinte o FC Porto voltou à Liga dos Campeões e nos jogos europeus, nomeadamente nos de maior dificuldade, Mourinho passou a adoptar o 4-4-2 como esquema base. A equipa de 2003/04 era menos ofensiva que a do ano anterior, mas o que perdeu em espectacularidade ganhou em consistência defensiva. Não foi certamente por acaso que não perdeu um único jogo na fase a eliminar da Liga dos Campeões.

Em 26/05/2004, no Arena Aufschalke, em Gelsenkirchen, o onze inicial dos dragões foi o seguinte:
Vítor Baía
Paulo Ferreira, Jorge Costa, Ricardo Carvalho, Nuno Valente
Costinha, Pedro Mendes, Maniche, Deco, Carlos Alberto
Derlei

Ou seja, uma equipa com cinco médios e sem um único ponta-de-lança de raiz. De facto, Mourinho deixou no banco McCarthy, o qual só entrou em campo aos 78 minutos, para substituir Derlei, e quando o FC Porto já vencia por 3-0.

A situação actual não é exactamente igual à da época 2003/04, mas será que na Liga dos Campeões, contra os adversários mais fortes, a equipa se poderá dar ao luxo de jogar em 4-3-3?

5 comentários:

  1. o título já responde ao texto. hoje em dia poucas são as equipas que jogam naquele 4-3-3 que nos habituamos e a transformação em 4-5-1 acaba por ser natural dependendo dos jogos. tanto Hulk como Varela, os previsíveis titulares para esse esquema, já pegam no jogo a partir do meio-campo e convertem-se mais como médios-ala e menos como extremos puros.

    o que me deixa a salivar é a possível adaptação a um 4-4-2 (nada de losangos, esqueçam lá as formas geométricas) se James começar de facto a jogar nessa posição. pode resolver muitos problemas, especialmente no nosso campeonato contra equipas mais pequenas que defendam mais atrás...

    bom artigo!

    um abraço,
    Jorge
    Porta19

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  2. Acho que vocês estão a confundir o modelo de jogo com a organização defensiva e ofensiva.

    O 4-3-3 é, e continuará a ser (quando bem oleado) o melhor sistema a nivel defensivo e ofensivo. Isto porque permite uma adaptação fácil a meios campos adversários com mais jogadores ou de grande talento, mantendo uma ocupação de espaço ampla em termos ofensivos.

    Ao contrário do que escreve o 4-3-3 não é nem mais nem menos defensivo que o 4-4-2, tudo depende da dinâmica de jogo de cada equipa. Por exemplo com o Barcelona o 4-3-3 resulta bem, até Mourinho já o percebeu.

    O facto de um médio ala vir buscar jogo atrás não o transforma em 4-5-1.... aliás nos pressupostos de jogo de um 4-3-3 o médio ala deve ser polivante e ocupar correctamente o espaço defensivo.

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  3. @Pedro

    Em abstracto, o comentário que fez é pertinente. Sugiro então uma análise concreta.

    Em termos dos jogadores escolhidos, qual dos seguintes onzes é (no papel) mais ofensivo:

    Vítor Baía
    Paulo Ferreira, Jorge Costa, Ricardo Carvalho, Nuno Valente;
    Costinha, Maniche, Deco;
    Capucho, Postiga, Derlei.

    Vítor Baía
    Paulo Ferreira, Jorge Costa, Ricardo Carvalho, Nuno Valente;
    Costinha, Pedro Mendes, Maniche, Deco, Carlos Alberto;
    Derlei.

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  4. @José Correia,


    está a pensar em termos de caracteristicas intrinsecas de cada jogador e nesse caso a equipa da UEFA tem claramente jogadores mais talhados para o ataque.
    ainda assim, na final de 2003 pode (e deve) ter sido pedido aos extremos mais responsabilidade defensiva do que aos 2 jogadores da frente contra o mónaco o que equilibra um pouco mais as coisas.

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  5. Em Gelsenkirchen, o FCP jogou em 4-4-2 e não em 4-5-1 (C.Alberto era avançado naquele esquema).

    Não há esquemas melhores ou piores que outros. Todos já tiveram sucesso.

    Os jogadores disponiveis também contam muito para a escolha de um ou de outro modelo.

    Com a saída de Falcao, o 4-4-2 torna-se novamente uma solução viável, principlamente se Iturbe for tão bom quanto muitos dizem.

    Poderá ser uma espécie de novo Carlos Alberto.

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