terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Downsizing no basket portista

A conjuntura económica leva as empresas a reduzir os seus custos de produção o que, muitas vezes, significa cortes na mão-de-obra (despedir pessoas e/ou “encolher” remunerações).

Aparentemente, foi isso que aconteceu no basquetebol portista. Assim, para além do fim de todos os escalões de formação femininos, saíram dois dos três americanos da equipa sénior que na época passada, e após sete anos de jejum, se sagrou brilhante campeã.

Com menos dinheiro, não foi (não está a ser) fácil colmatar as saídas de Sean Ogirri e de Julian Terrell.

Anthony Hill, um poste de 22 anos e 2,04 metros de altura, veio para substituir Terrell mas, após ter cumprido a pré-temporada e jogado o Torneio António Pratas, foi dispensado.
Curiosamente, foi logo de seguida contratado pelo Barreirense, o que, por si só, é demonstrativo do nível salarial deste jogador.

Para o substituir, foi contratado Rob Johnson, um poste de 30 anos e 2,03 metros, que na época passada representou o River Andorra, da liga espanhola LEB Prata. Ao contrário de Hill, é um jogador com uma vasta experiência europeia, tendo já alinhado nas ligas austríaca, sueca, eslovaca, suíça e espanhola.
Por aquilo que já vi, embora me pareça um bom defensor e ressaltador, é óbvio que não está ao mesmo nível de Julian Terrell.

Reggie Jackson é dos novos americanos o que chegou mais cedo. Veio para substituir Sean Ogirri mas tem características diferentes. Não sendo um lançador exímio de longa distância, é antes um típico 1º base. Baixo e rápido, até agora ainda não convenceu, mas se conseguir melhorar na percentagem de lançamento exterior e no comando da organização de jogo da equipa, poderá vir a ser muito útil, particularmente quando chegarmos à fase decisiva da época – os playoff.

Em contra-ciclo com a realidade do basquetebol português, o nosso rival de Lisboa parece estar a nadar em dinheiro. Manteve os melhores jogadores da época passada e reforçou-se com americanos e portugueses de bom nível (e caro$). O plantel benfiquista inclui cinco (!) americanos – Ben Reed, Heshimu Evans, Fred Gentry, Ted Scott e Seth Doliboa – e é complementado por vários jogadores de selecção - Sérgio Ramos, Elvis Évora, Miguel Minhava e João “Betinho” Gomes. Inclusivamente, fala-se que vários dos americanos do slb estão em patamares salariais entre os 15 e os 25 mil USD/mês!

Não sei qual é a diferença entre os orçamentos do FC Porto e do slb (deve ter crescido significativamente esta época) mas, em termos de jogadores, é notório que os encarnados investiram como nunca para recuperar o título nacional e têm uma equipa com mais individualidades e melhores soluções para todas as posições.

O que o slb não tem é um treinador com a capacidade e categoria de Moncho Lopéz. O nosso treinador galego, além de ser um Senhor, consegue exponenciar a “matéria-prima” que tem à sua disposição e construir colectivos muito fortes, atenuando dessa forma as diferenças orçamentais.

Assim, se é certo que começa a notar-se algum envelhecimento do plantel – o capitão Nuno Marçal (14/11/1975) tem 36 anos e o base José Costa (08/12/1973) já vai em 38 primaveras – e que esta nova dupla de americanos é de menor valia que Ogirri e Terrell – consequência de um orçamento inferior – a equipa, globalmente, dá indicações de estar mais consistente e entrosada.


Para já, e após 11 jornadas, o FC Porto partilha a liderança do campeonato com o slb, ambos com apenas uma derrota, mas com os azuis-e-brancos a terem o melhor ataque (930) e a melhor defesa (720) da competição.

O campeonato é longo, desgastante e há ainda o imponderável das lesões, sendo um facto que o slb tem mais e melhores trunfos (já para não falar nas “assistências” que regularmente recebe de alguns árbitros). Contudo, se os dragões conseguirem terminar a fase regular em primeiro, o sonho do Bi é perfeitamente possível.

3 comentários:

  1. José Correia disse...
    "esta nova dupla de americanos é de menor valia que Ogirri e Terrell"

    Tenho visto bastantes jogos do Porto esta época e não acho nada que Reggie Jackson seja inferior a Ogirri. Melhor a proteger a bola, a assistir, na dinâmica que dá ao jogo, nas penetrações para o cesto, tão bom ou melhor em lançamentos médios, apenas pior no jogo exterior. Mais jogador de equipa, mais maduro, mais experiente, mais regular. Ainda neste último jogo contra o Barreirense fez uma exibição excelente. O Porto ficou a ganhar com a troca.

    Quanto ao slb ter "mais e melhores trunfos" - até porque tem orçamento bastante superior - também assim era na época passada e perderam. E também assim era (e é) em Andebol e Hóquei, e têm coleccionado 2ºs, 3ºs e 4ºs lugares, enquanto o Porto tem coleccionado 1ºs. Têm muito dinheiro e árbitros? É da maneira que as vitórias do Porto dão gozo a dobrar ou a triplicar.

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  2. Luís Negroni disse...
    não acho nada que Reggie Jackson seja inferior a Ogirri

    Conforme referi no texto, são jogadores com características diferentes. O Reggie Jackson é um 1º base típico, enquanto que o Sean Ogirri, podendo jogar a 1º base, era mais um 2º base ou até extremo.

    Não vi o Barreirense x FC Porto, mas a minha opinião sobre o Reggie Jackson resulta de vários jogos que já vi, uns ao vivo e outros na televisão. Nesses jogos, ele ficou aquém do expectável num jogador que foi contratado para ser o indiscutível 1º base da equipa. Aliás, concerteza que não tem sido por acaso, que Moncho tem dado muitos minutos de utilização aos outros bases do plantel, particularmente aos jovens Diogo Correia e Miguel Maria (este um ex-junior).

    Seja como for, na época passada o Ogirri também não começou lá muito bem e depois explodiu nos play-off, tendo sido decisivo em vários dos jogos da final contra o slb.

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  3. É uma equipa curta, sem um bom base e no jogo interior não somos muito fortes. Defesa agressiva e os triplos são o nosso ponto forte.
    A defesa agressiva exige uma grande circulação do quinteto e não temos qualidade para manter um rendimento alto em muitos momentos de jogo. Nos lances livres temos uma taxa de aproveitamento baixo.
    O que pode fazer a diferença é a (muito) superior qualidade de Moncho versus Lisboa.
    O que vi da equipa não me entusiasmou.

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