sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Os candidatos às eleições na FPF


No PÚBLICO de hoje, Bruno Prata assina um artigo onde faz uma análise muito interessante aos dois candidatos à presidência da FPF, às forças em presença por detrás das mesmas e aos aparentes contra-sensos nos apoios de cada um delas.

Na minha perspectiva, dois dos aspectos que Bruno Prata refere no seu artigo merecem um olhar e acompanhamento atento:
i) o distanciamento entre Pinto da Costa e o seu ex-vice no clube e ex-administrador da SAD;
ii) a eventual negociação centralizada dos direitos televisivos, algo que dificilmente avançará por ser contra os interesses dos três "grandes" e de... Joaquim Oliveira.

Alguns extractos do artigo de Bruno Prata:

«Os 84 delegados que no próximo dia 10 vão eleger o próximo presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) terão de escolher entre um benfiquista (Carlos Marta) que tem o apoio da Associação de Futebol do Porto (cujo presidente, Lourenço Pinto, nunca iria contra a vontade do FC Porto, mesmo que Pinto da Costa procure passar uma imagem pública de neutralidade) e um portista (Fernando Gomes) que tem como principais amparos clubísticos o Benfica e o Sporting.

Um aparente contra-senso que se percebe e explica à luz dos complicados equilíbrios de forças que existem no futebol português. Dois exemplos: o avanço da lista de Fernando Gomes levou a que Fernando Seara acabasse por desistir da ideia que tinha de se candidatar, para o que contava com o apoio garantido do Benfica - hoje Fernando Seara é o candidato a presidente da assembleia geral nos corpos gerentes propostos por Carlos Marta; Soares Franco desistiu da corrida por não ter contado com o apoio do clube a que presidiu até há dois anos, e o Sporting acabou por apoiar Fernando Gomes, depois de ter escolhido Hermínio Loureiro (que será uma espécie de braço direito de Gomes, se este for eleito) como o homem certo para o lugar certo. Como se não bastasse este intricado processo, Luís Duque, administrador da SAD leonina, não tem tido dúvidas em dar o seu apoio público a Carlos Marta, como se infere das suas presenças em acções públicas de campanha da Lista A. (...)

Carlos Marta (Lista A) tem 54 anos e é mais novo quatro anos do que Fernando Gomes. Ambos têm meritórios currículos enquanto praticantes, mas em modalidades diferentes. O líder da lista A foi futebolista profissional, tendo-se licenciado em Educação Física na opção de Futebol. Fernando Gomes foi campeão nacional de basquetebol com a camisola do FC Porto, cuja secção chegou a liderar, antes de presidir à Liga de basquetebol. Licenciado em Economia, tem um percurso profissional multifacetado, que inclui o ensino universitário, a gestão de empresas, designadamente do grupo Amorim, a provedoria da Santa Casa de Misericórdia e a administração da SAD do FC Porto. Nos últimos 18 meses, presidiu à Liga de Clubes. (...)

Tanto Gomes como Marta garantem não ter feito compromissos com ninguém. Um e outro declararam a necessidade de existir maior solidariedade na distribuição do dinheiro que resulta das transmissões televisivas e ambos defenderam que a melhor solução passa por uma negociação centralizada. Nesta matéria, Gomes corre mais riscos. Porque os principais clubes estão entre os seus apoiantes e porque é pública a sua boa relação com Joaquim Oliveira, a quem não interessa que a Olivedesportos passe a ter de negociar um "bolo" total com um representante dos 32 clubes profissionais. (...)

No debate, ficou evidente que Marta assume uma postura mais agregadora, enquanto Gomes não tem dúvidas de que o seu posicionamento, sem deixar de ser agregador, passa também pela rotura. Isso tanto lhe vale apoios, como lhe cria anticorpos - não é por acaso que falha o apoio público do FC Porto, o que era previsível, depois de ter escolhido Hermínio Loureiro e Vítor Pereira e de ter voltado a receber o apoio inequívoco de Luís Filipe Vieira, a exemplo do que tinha acontecido nas eleições da Liga. Na altura, muita gente entendeu tratar-se de uma jogada magistral de Pinto da Costa. Um enorme equívoco. Porque Fernando Gomes há muito que corre por sua conta e risco, como ficou claro quando Pinto da Costa nem se lhe referiu na última festa dos Dragões, apesar de Gomes estar presente na sala. (...)»
Bruno Prata
PUBLICO, 02/12/2011


O artigo completo pode ser lido aqui.

Foto: Debate na RTP Informação (fonte: record.pt)

5 comentários:

  1. Acho estranho falar-se nos direitos televisivos no contexto de uma eleição para a FPF. Não seria matéria da competência da Liga?

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  2. E se FG ganhar vai acumular com a Liga? Se não, quem é que fica a liderar a Liga?

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  3. Alexandre Burmester disse...
    Acho estranho falar-se nos direitos televisivos no contexto de uma eleição para a FPF. Não seria matéria da competência da Liga?

    Talvez, mas por detrás destas afirmações está o facto do centro do poder do futebol português ir-se deslocar da Rua da Constituição (sede da Liga de Clubes) para a Rua Alexandre Herculano (sede da FPF).

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  4. João Saraiva disse...
    E se FG ganhar vai acumular com a Liga?

    Ele já disse que não e nem sequer podia. À luz dos estatutos da FPF, o 1º vice-presidente é, por inerência, o presidente da Liga.

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  5. Simples: Se Pinto da Costa/FC Porto anunciasse o apoio a Fernando Gomes este não teria a minima hipotese de ser eleito.

    É como aquelas mulheres que dao ideias aos maridos e fazem com que eles sintam que foram eles próprios a ter as ideias.

    Maquiavel era capaz de aprender uma coisita ou duas com PdC.

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