domingo, 4 de dezembro de 2011

Somos Porto... nos atletas das modalidades


Há três ou quatro épocas atrás, os jogadores profissionais das equipas de futebol do Vitória de Setúbal e do Estrela da Amadora tiveram, durante largos meses, os seus salários em atraso. Apesar disso, continuaram a envergar com toda a dedicação e profissionalismo as camisolas dos clubes que não lhes pagavam e, pasme-se, a obter bons resultados desportivos.
Lembrei-me desta triste situação a propósito de um não menos triste caso idêntico que está a ser vivido nas três modalidades de alta competição do FC Porto.

O ano passado já tinham surgido rumores de que havia salários em atraso em algumas das modalidades do FC Porto, mas os briosos profissionais que envergam as camisolas azuis-e-brancas, honraram o emblema da Invicta que trazem ao peito e, apesar disso, sagraram-se campeões nacionais em Basquetebol, tri-campeões em Andebol e deca-campeões em Hóquei em Patins!
E fizeram-no na presença do presidente do clube, Pinto da Costa, que esteve várias vezes no Dragão Caixa a aplaudi-los, principalmente em jogos decisivos contra o slb (adversário directo nestas três modalidades).

Quando se pensava que o problema tinha sido pontual, estava resolvido e não iríamos voltar a ouvir falar em salários em atraso no FC Porto, aconteceu o contrário. Esta época os rumores intensificaram-se, começaram a ser comentados abertamente em fóruns e blogues portistas e esta semana chegaram aos jornais.

(Diário de Notícias, 30/11/2011)


Já não é possível mascarar, nem muito menos esconder esta situação vergonhosa.

Ontem, no final do jogo em Valongo, e após mais uma grande exibição e vitória concludente (1-8), o treinador Tó Neves foi claro e afirmou o seguinte:
"Foi difícil preparar esta partida, mas já recebemos um mês. Estamos tranquilos e acreditamos nas pessoas que estão a gerir o clube".

A época começou em Setembro, estamos a 4 de Dezembro, e os profissionais da equipa de Hóquei em Patins já receberam um mês...
Imagino que o mesmo tenha acontecido com os jogadores e treinadores das equipas de Andebol (espectacular vitória ontem contra o Estrela Vermelha) e de Basquetebol (mais uma vitória hoje em Guimarães).

Sinceramente, não tenho palavras. Nunca pensei que uma situação destas pudesse acontecer no meu FC Porto.

E o presidente do clube, não diz nada?

17 comentários:

  1. Caro José Correia,
    E depois vemos as comissões pornográficas que se pagaram nas transferências do Falcao e do Danilo e não querem que fiquemos revoltados. Eu sei que são questões diferentes mas no final do dia o clube é o mesmo, o nosso FCP!

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  2. Não tenho a certeza, mas é minha convicção que as modalidades de alto rendimento têm um modelo de gestão independente. Portanto, o que se passa no hóquei não significa necessariamente que se passe nas outras modalidades.

    O Basquete, por exemplo, é gerido por uma SAD. Obviamente, que o clube tem um compromisso de investimento anual que se não cumprir deverá pôr as modalidades em situação difícil. Falta saber se os patrocinadores estão a cumprir com as suas obrigações.

    Quem está em default e quanto ?

    Seja, como for, é uma situação
    inquietante e significativa porque o Sr. Ilídio Pinto sempre tratou o hóquei com grande carinho e muito esforço pessoal (financeiro incluído), ao que julgo saber.

    O andebol já esteve para fechar e só um conjunto de ex-praticantes o salvou do lock out.

    Penso que o FCP vai chegar a uma situação de precariedade em todas as modalidades por razões do empobrecimento que vai grassar no país. Não temos receitas, nem patrocínios para modalidades que atraem muito pouco público.

    O futuro é negro!

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  3. Já que em tudo o resto, a gestão do Pinto da Costa se pauta por "calores clubísticos", pode ser que as bocas do Vieira (sobre os salários em atraso), façam o presidente do FCP "andar da perna" e por fim a esta vergonha. Diga-se de passagem, e até a propósito da publicação do mais recente "relatório e contas", que à excepção da gestão desportiva e política, as demais facetas da gestão do Pinto da Costa, são uma desgraça.

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  4. Falta saber até quando é que estas modalidades vão poder continuar a ser profissionais num país que viveu e ainda vive muito acima das suas possibilidades.
    Nestas modalidades não há transferências nem comissões chorudas como no futebol pelo que as receitas são apenas os patrocínios e a bilheteira e ambos tendem a diminuir.
    Seja como fôr, se não havia capacidade para sustentar as equipas não se tinha renovado com os jogadores. Agora, a ser verdade que há salários em atraso, espero que o clube (com SADs ou sem elas) resolva o assunto muito rapidamente sob pena de ensombrar mais uma época que se perspectiva novamente brilhante em todas as modalidades.

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  5. Tanto quanto sei o Basquete não teve até esta altura problemas com salários, e o andebol terá "apenas" 2 meses em atraso.

    Estranho o óquei ser o caso mais problemático, até porque segundo se sabe é aquele que obtem mais receita própria em patrocinios.

    Para tudo isto se negoceia um empréstimo da SAD ao clube, quando este obtem muito pouco da exploração do estádio e dos seus espaços comerciais.

    E sim, bastaria 10% das comissões do negócio Falcao para que tudo estivesse regularizado.

    Ps: O SLB também não está melhor, dado que pagou/financiou esta época (Andebol, óquei e futsal) com um empréstimo bancário em nome do clube... Parecem ambos querer ir parar ao abismo, apenas seguem estradas diferentes.

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  6. Bem, o facto é triste, e ao mesmo tempo um exemplo. - Não sei o que se passa não vou comentar.
    Sei, porém, que isto é um blogue, não um jornal, ainda assim, acho estranho é que o José Correia depois de ler um comentário feito três posts atrás de um leitor Lima explicando a questão das percentagens da SAD e do clube, não tenha tentado aprofundar as coisas!...

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  7. reine margot disse...
    acho estranho é que o José Correia depois de ler um comentário feito três posts atrás de um leitor Lima explicando a questão das percentagens da SAD e do clube, não tenha tentado aprofundar as coisas!...

    Eu acho estranho é este seu comentário neste artigo.
    Quanto à questão da quotização paga pelos Sócios do FC Porto Clube e à percentagem da mesma que é canalizada para a SAD, é um assunto que irei tratar oportunamente, num dos vários artigos que conto publicar sobre o relacionamento entre o Clube e a SAD. Quando tal suceder, espero que possa contribuir com comentários construtivos, que ajudem a esclarecer os adeptos e sócios portistas.

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  8. como já deixei expresso no meu bloG:

    http://fcpsempredragao.blogspot.com/2011/12/ordenados-em-atraso.html

    Para mim a solucção mais simples, era passar os custos com o pessoal para a SAD e reduzir a percentagem para o clube dos jogos/quotizações para 5%-10%, para custos de manutenção e de organização deveriam ser suficientes.

    Desta maneira, não haveria esta vergonha de dificuldades de tesouraria no clube com a SAD com os "bolsos cheios".

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  9. Se eu fosse presidente do Porto, com tanto clamor e tão pouca adesão (pavilhão com taxa média de ocupação inferior a 50%, apesar de pequenino e do preço irrisório dos bilhetes), ou as modalidades ditas profissionais se auto financiavam totalmente ou acabava implacavelmente com elas. E se alguns quisessem deixar de ser sócios, que deixassem. O Porto, não é Andebol Clube do Porto; Nem Basquete Clube do Porto; Nem Hóquei Clube do Porto; É Futebol Clube do Porto.

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  10. Luís Negroni disse...
    O Porto, não é Andebol Clube do Porto; Nem Basquete Clube do Porto; Nem Hóquei Clube do Porto; É Futebol Clube do Porto.

    Há um destacado dirigente do FC Porto (Clube e SAD) que, antes de exercer qualquer cargo no Futebol, foi:
    - vogal da secção de Hóquei em patins;
    - chefe da secção de Hóquei em patins;
    - chefe da secção de Hóquei em campo;
    - chefe da secção de Boxe (onde conheceu Reinaldo Teles, na altura atleta desta modalidade).

    Fruto do bom trabalho desenvolvido nestas modalidades, em 1969, esse dirigente foi convidado por Afonso Pinto de Magalhães a integrar a sua lista para as eleições desse ano como director das modalidades amadoras.

    O Luís Negroni sabe como se chama esse dirigente?

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  11. Luís Negroni disse...
    O Porto, não é Andebol Clube do Porto; Nem Basquete Clube do Porto; Nem Hóquei Clube do Porto; É Futebol Clube do Porto.

    O Futbol Club Barcelona que, cultural e socialmente, tem várias semelhanças com o Futebol Clube Porto, é também um clube eclético, tendo já sido várias vezes campeão europeu em Andebol, Basquetebol e Hóquei em Patins.

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  12. José Correia disse...
    "O Luís Negroni sabe como se chama esse dirigente?"

    José Correia, todos nós sabemos quem é esse dirigente. Mas o percurso de PdC no clube não significa que as modalidades sejam a essência do FCPorto, quer-me parecer. Aliás, o percurso foi o que foi mas podia ter sido outro qualquer e o desfecho ter sido o mesmo.

    O que é inegável, é que algo está muito mal, quando existem duas cidades contíguas com mais de 500.000 habitantes a grande maioria portistas, existe um pavilhão fantástico que serve essas duas cidades, existem equipas ganhadoras e com espírito "à Porto" a jogar nesse pavilhão, existem bilhetes a preços muito baixos para assistir a jogos dessas equipas nesse pavilhão...e não existe público para encher esse pavilhão que ainda por cima é bastante pequeno.

    E a crise não é desculpa. Continuo a ver muita gente nos bares, nas discotecas, a tomar café, a beber, a fumar, e todas estas coisas ficam bem mais caras que meia dúzia de euros por mês para ver 2 jogos de cada uma das 3 modalidades profissionais. Para um sócio, basta isso, 6 euros, por mês, em média, para assistir a todos os jogos no Dragão Caixa das 3 modalidades.

    Se o Dragão Caixa estivesse sempre cheio em vez de ter a fraca taxa de ocupação que tem (47,8%), haveria mais cerca de 100.000 euros de receitas de bilheteira por época que dariam um jeitão para ter os salários das modalidades sempre em dia.

    Se há pouco público, é porque os adeptos ligam pouco. Se ligam pouco, não se percebe porquê tantas reclamações.

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  13. Luís Negroni disse...
    o percurso de PdC no clube não significa que as modalidades sejam a essência do FC Porto

    Claro que não, mas, independentemente do nome do clube, o ecletismo faz parte do código genético do FC Porto praticamente desde a sua fundação.

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  14. Luís Negroni disse...
    o percurso foi o que foi mas podia ter sido outro qualquer e o desfecho ter sido o mesmo

    Sim, mas é o próprio Pinto da Costa que refere o seu trajecto nas modalidades extra futebol como essencial para o conhecimento que adquiriu do Clube e para a sua formação como dirigente desportivo.

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  15. Luís Negroni disse...
    não existe público para encher esse pavilhão que ainda por cima é bastante pequeno

    Por causa do futebol - construção do Estádio do Dragão - as modalidades andaram cerca de 10 anos com a casa às costas. Naturalmente, houve muitos portistas que se desabituaram de acompanhar as modalidades e houve outros, mais novos, que nunca ganharam esse hábito.

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  16. Luís Negroni disse...
    Se o Dragão Caixa estivesse sempre cheio em vez de ter a fraca taxa de ocupação que tem (47,8%)

    Já referi várias vezes, que o Clube tem de trabalhar melhor em termos de captação de mais espectadores para os jogos em casa.

    Mas atenção. No futebol, apesar de se venderem cerca de 30 mil dragon seats, dos convites e das ofertas de bilhetes, quer de patrocinadores, quer de sites como o 'Somos Porto', já vi muitos jogos com assistências a rondar os 50-60%.

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