As propostas (inicialmente de três por cento e, depois, de um por cento) foram sucessivamente rejeitadas, mas a SAD assumiu como exemplo a reviravolta operada relativamente ao alargamento da Liga ZON Sagres para sustentar que não tem garantias de que tal fundo não venha a ser aprovado no futuro, mesmo com a época a decorrer. Por entender que tal compensação é injusta e por reforçar que não há certezas de que não possa ser apreciada favoravelmente, o FC Porto decidiu, então, deixar cair o projeto para a sua equipa B.
Os dragões lamentam a tomada de posição, sobretudo depois de tanto terem colaborado numa plataforma que permitisse o regresso das equipas B, enquadradas num patamar competitivo mais exigente e que facilitassem a transição entre as camadas jovens e a primeira equipa. Acresce que, nesta fase, várias decisões estavam já tomadas no sentido de deixar o projeto pronto a arrancar dentro de meses. Desde jogadores, passando por equipa técnica e restante staff, já muito tinha sido investido com vista a 2012/13.»
in O JOGO, 15/03/2012
Sempre fui favorável a uma aposta séria na formação, como um dos pilares fundamentais do projeto desportivo do FC Porto nas diferentes modalidades.
No caso do futebol, atendendo à cada vez maior exigência da alta competição, a existência de uma equipa B parece-me ser uma etapa importante para a transição entre a formação e a equipa principal, havendo bons exemplos em alguns dos maiores clubes mundiais (como o do FC Barcelona), que poderiam/deveriam ser seguidos.
Assim sendo, foi com tristeza que tomei conhecimento da decisão da Administração da FC Porto SAD mas, depois do que se passou nas últimas reuniões da Liga de Clubes, compreendo-a. E, para melhor explicar esta posição, vale a pena recordar sucintamente o que se passou, relativamente a esta tentativa (aparentemente falhada) para reativar as equipas B em Portugal.
1) A Liga (no tempo em que era presidida por Fernando Gomes) apresentou aos clubes um projeto com o objetivo de reativar as equipas B;
2) A ideia foi bem acolhida e aprovada (penso que por unanimidade) numa AG da Liga;
3) Um conjunto de clubes – FC Porto, slb, SCP, SC Braga, V. Guimarães, Marítimo – fez a pré-inscrição das suas equipas B para a época 2012/13, de acordo com as regras que tinham sido discutidas e aprovadas pela Liga e Federação;
4) Fernando Gomes saiu para a presidência da FPF e foi eleito um novo presidente da Liga – Mário Figueiredo –, cuja campanha foi alicerçada num programa “futurista” e de grande alcance, como seja o alargamento da I Liga e, a reboque, a possibilidade de nenhuma equipa descer de divisão…;
5) O novo presidente da Liga, para agradar aos clubes pequenos que o elegeram a troco de promessas populistas, submeteu a votação uma proposta em que os clubes com equipas B passariam a pagar uma espécie de taxa Robin dos Bosques (3% dos seus direitos televisivos), a distribuir pelos “clubes pobrezinhos”.
Podemos pensar que isto não passou de um pretexto, aproveitado pela Administração da FC Porto SAD, mas nestas coisas não se pode brincar. A formação de uma equipa B não pode ser uma espécie de projeto Visão 611 e, para dar frutos a médio prazo, necessita que haja seriedade e estabilidade regulamentar. Ora, com gente da estirpe de Mário Figueiredo na presidência da Liga, sabe-se lá o que irá acontecer na I e II Liga. Mais, se lhe der na cabeça, quem garante que daqui a um ano não coloca a votação o aumento desta “taxa Robin dos Bosques” de 3 para 30% dos direitos televisivos?
Eu lamento, mas percebo e concordo que, nesta altura, a FC Porto SAD tenha desistido da equipa B.
P.S. Como alternativa à equipa B, convinha que o FC Porto melhorasse a qualidade global dos seus escalões de formação e tivesse uma política de empréstimos rigorosa, que privilegiasse a componente técnica e não uma qualquer estratégia politico-desportiva.
No caso do futebol, atendendo à cada vez maior exigência da alta competição, a existência de uma equipa B parece-me ser uma etapa importante para a transição entre a formação e a equipa principal, havendo bons exemplos em alguns dos maiores clubes mundiais (como o do FC Barcelona), que poderiam/deveriam ser seguidos.
Assim sendo, foi com tristeza que tomei conhecimento da decisão da Administração da FC Porto SAD mas, depois do que se passou nas últimas reuniões da Liga de Clubes, compreendo-a. E, para melhor explicar esta posição, vale a pena recordar sucintamente o que se passou, relativamente a esta tentativa (aparentemente falhada) para reativar as equipas B em Portugal.
1) A Liga (no tempo em que era presidida por Fernando Gomes) apresentou aos clubes um projeto com o objetivo de reativar as equipas B;
2) A ideia foi bem acolhida e aprovada (penso que por unanimidade) numa AG da Liga;
3) Um conjunto de clubes – FC Porto, slb, SCP, SC Braga, V. Guimarães, Marítimo – fez a pré-inscrição das suas equipas B para a época 2012/13, de acordo com as regras que tinham sido discutidas e aprovadas pela Liga e Federação;
4) Fernando Gomes saiu para a presidência da FPF e foi eleito um novo presidente da Liga – Mário Figueiredo –, cuja campanha foi alicerçada num programa “futurista” e de grande alcance, como seja o alargamento da I Liga e, a reboque, a possibilidade de nenhuma equipa descer de divisão…;
5) O novo presidente da Liga, para agradar aos clubes pequenos que o elegeram a troco de promessas populistas, submeteu a votação uma proposta em que os clubes com equipas B passariam a pagar uma espécie de taxa Robin dos Bosques (3% dos seus direitos televisivos), a distribuir pelos “clubes pobrezinhos”.
Podemos pensar que isto não passou de um pretexto, aproveitado pela Administração da FC Porto SAD, mas nestas coisas não se pode brincar. A formação de uma equipa B não pode ser uma espécie de projeto Visão 611 e, para dar frutos a médio prazo, necessita que haja seriedade e estabilidade regulamentar. Ora, com gente da estirpe de Mário Figueiredo na presidência da Liga, sabe-se lá o que irá acontecer na I e II Liga. Mais, se lhe der na cabeça, quem garante que daqui a um ano não coloca a votação o aumento desta “taxa Robin dos Bosques” de 3 para 30% dos direitos televisivos?
Eu lamento, mas percebo e concordo que, nesta altura, a FC Porto SAD tenha desistido da equipa B.
P.S. Como alternativa à equipa B, convinha que o FC Porto melhorasse a qualidade global dos seus escalões de formação e tivesse uma política de empréstimos rigorosa, que privilegiasse a componente técnica e não uma qualquer estratégia politico-desportiva.
Eu estou como o autor. Lamento mas concordo.
ResponderEliminarO problema aqui, na minha opinião, está na falta de "cojones" demonstrada particularmente pelas Direcções dos 3 (ou 4) "grandes". Desculpem lá, mas no futebol, e particularmente no português, tem que imperar a regra "isto é uma democracia mas quem manda aqui sou eu" (sendo o "eu" os 3 ou 4 "grandes"). Ou seja, os clubes pequenos tem que se convencer que, sem os grandes, não vão rigorosamente a lado nenhum! Não quero com isto dizer que tenham que ter uma atitude de subserviência, nem que os grandes tenham uma permanente aura de sobranceria. Quer apenas dizer que, do ponto de vista do pequeno, a máxima deveria ser "se não os podes vencer, junta-te a eles".
Em Espanha os clubes "pequenos" também ameaçaram com greves e patati-patatá por causa da distribuição de direitos televisivos. E deu em quê? O BCN e o RM impuseram o seu poder, e tudo ficou como antes. Porque é que os nossos "grandes" não fazem o mesmo?
Arrisco-me a dizer que é porque são geridos por uma cambada de morcões, que só vêem a curtíssimo prazo e que simplesmente não estão para se chatear com "o futuro".
José Correia, por uma vez, discordo desta opinião.
ResponderEliminarTalvez por viver nos EUA e aqui, nas ligas profissionais as receitas de televisão e são negociadas em pacote e repartidas por todos. A liga de Baseball vai mesmo mais longe e institui um imposto de luxo associado aos montante que cada equipa gaste em salários. Na NFL, NHL, MLS e na NBA existem tectos salariais. Tudo em prol da qualidade, competitividade e emoção de cada jogo, que são os ingredientes legítimos para gerar interesse, espectadores ao vivo, na televisão e na internet.
Em Portugal os 2 grandes (em tempos foram 3) alimentam uma fogueira de atenções com polémicas e ódios, críticas a arbitragem, programas de televisão virulentos e rivalidades pessoais.
Quem perde com tudo isto são os jovens futebolistas portugueses.
A nossa SAD que em tempos de crise investe quantias obscenas em jogadores estrangeiros, não quer assumir o risco de criar uma equipa B? Alguém engole esta patranha? A SAD não tem o mínimo interesse na formação de jogadores, porque hoje as comissões se fazem nas compras na América do Sul (de jogadores parcialmente na posse de fundos) e não na venda aos mercados Europeus mais controlados.