quarta-feira, 2 de maio de 2012

Sr. Guardiola, o Porto precisa de um treinador...

«Acho que o clube acertou. É uma pessoa com capacidade, os jogadores conhecem-no, conhecem o perfil dele. Eu dava voz às ideias conjuntas dele e minhas.»

Estas palavras foram proferidas a 27 de abril, mas podiam ter sido proferidas a 21 de Junho último - em ambas as ocasiões, um "número 2" é promovido a treinador principal e não havendo surpresas, o resultado será desastroso.


Presidente, embora me conte entre os "defensores" do Vítor Pereira - leia-se "adepto que sabe que o treinador, mesmo que seja o Vítor Pereira, não é o principal responsável pelos desaires desta época" - acho que o senhor anda há um ano a dever-nos um treinador a sério. Esta é a sua oportunidade!



«Carta a Sandro Rosell»

Caro Senhor,

Antes de mais, devo dizer-lhe que estou muito feliz com a louca decisão que tomou: é a prova provada de que só as vitórias do FCP têm eco no país vizinho (e provavelmente no resto da Europa e no Mundo); sorte nossa, os erros crassos têm perna curta, e nem da fronteira passam. Caso contrário, o senhor não subiria a parada relativamente à decisão precipitada do sr. Pinto da Costa, ao oferecer ao seu até aqui treinador-adjunto, a liderança da equipa técnica.

Porque é louca a sua decisão? É simples: se promover a treinador principal o adjunto de uma equipa recheada de vencedores da Liga Europa, craques colombianos já consagrados em França, e titularíssimos da selecção do Uruguai, já é só por si uma má decisão, fazê-lo numa equipa recheada de campeões da Europa, do Mundo e ao quais se junta o Messi, é completamente insano. Por alguma razão, em alguns exércitos (ou até em todos), quando um soldado é promovido a oficial, é também transferido de pelotão (ou coisa do género) para evitar que os companheiros não respeitem a nova patente. Por muito boas que sejam as capacidades do Tito Vilanova na gestão de Recursos Humanos - e não se engane, este é ponto fulcral - os jogadores nunca o verão como mais do que o "adjunto do Guardiola". E em menos de nada, poderá ter um motim entre mãos.

Naturalmente há também que ter em conta a real capacidade do indivíduo para ser treinador principal - um grande adjunto não faz necessariamente um grande treinador, e o facto de ter estado até aqui numa "segunda linha" não só pode ter mantido na obscuridade as suas qualidades (ou a falta delas) mas também os seus defeitos. É óbvio que a questão não é "uma vez treinador-adjunto, para sempre treinador-adjunto" mas esta não é a forma mais segura para chegar a treinador principal.

A juntar a isto, há também que considerar outros efeitos secundários da sua decisão: ao não optar por um treinador com currículo, ou pelo menos com alguma notoriedade, que impacto causará isso nos jogadores? Quantos não optarão também por sair, mudar de ares? A época ainda não começou e já se entrou em poupanças? Está preparado para se contentar apenas com a vitória no campeonato? Quem acha que ficará mal na fotografia se, por exemplo, o Barcelona não passar da fase de grupos da Liga dos Campeões? Acha isso impossível? Pense melhor.

É quase certo que também o senhor se precipitou - embora, como em tudo na vida (mas especialmente no Futebol) «só os tolos têm certezas» - e que os resultados dessa precipitação serão penosos, e bem piores que os resultantes da escolha do Vítor Pereira para treinador do FCP. Eu sei que o campeonato espanhol não tem ponta de competitividade, e que o título só é disputado pelo seu Barcelona e pelo Real Madrid, mas ainda assim isso não torna a sua decisão menos arriscada, se bem que uma coisa é ter o melhor treinador do Mundo no banco do nosso maior rival, e outra é ter o José Mourinho. De qualquer forma, desejo-lhe felicidades mas não muitas. Se daqui a um ano ainda estiver satisfeito com a decisão que tomou, isso poderá significar que afinal Pinto da Costa não errou; o adjunto que promoveu é que não esteve à altura do desafio - seguir-se-á o Rui Quinta?

Com os melhores cumprimentos,
Filipe Sousa.

8 comentários:

  1. Ainda bem que o Sandro Rosell te tem a ti para dar conselhos sobre futebol...

    Mas se os teus conselhos fossem realmente bons não os davas, vendias-los.

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  2. Está um post engraçado, mas que não pode ser levado a sério... senão vejamos:

    a) antes de ser adjunto de AVB já VP tinha sido treinador principal

    b) se acham que VP fez um mau trabalho a substituir o treinador principal e ganhar o campeonato, que dizer do principal que sem o seu ex-adjunto não durou até ao fim da época no clube que o contratou?

    c) ironia das ironias o mais recente adjunto de AVB, sem o seu principal, acabou por levar a equipa à final da Champions, eliminando para isso a equipa do futuro ex-adjunto de Guardiola...

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  3. Parece-me haver demasiada certeza sobre o engano do Porto e agora (azia?) do Barcelona. Que tal REFLECTIR sobre q tipo de treinador deve suceder a um (quase) perfeito? E o q se deve aprender com o pós-Viena e o pós-Gelsenkirchen?

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  4. Nunca fui adepto da passagem de um adjunto a treinador principal, sem antes poder distanciar-se do balneário que o conheceu nessa condição e de ter contado com outras experiências e tido a oportunidade de juntar ao seu curriculum os resultados do trabalho exercido noutros clubes (nacionais ou estrangeiros) de dimensão ao nível do primeiro escalão.

    VP quando foi escolhido seguiu a mesma sorte : fiquei de pé atrás, mas acolhi a escolha como razoável, dada a experiência que reconheço do nosso presidente e pelo pouco tempo que teve para preencher a vaga, com outras alternativas exequíveis.

    Entendo o texto, o estilo e nada tenho contra. Mas, a tese que lhe está subjacente falha claramente, na minha perspectiva. Basta atentar que Pep saltou dos juniores, teve um começo de campeonato algo atribulado na sua primeira época na liga principal e depois – quando alguns já lhe encomendavam o caixão – desatou a ganhar e a sua equipa a jogar o melhor futebol que me foi dado ver. Essa escolha foi muito arriscada para quem a assumiu : o Pep não tinha curriculum e ser treinador da equipa de juniores ou da equipa B do Barcelona não é atestado de garantia. Luis Enrique é prova disso.

    O Toni foi campeão pelo SLB saído da condição de adjunto, Paulo Bento saltou dos juniores do SCP e hoje é selecionador nacional, e a Sá Pinto aconteceu algo semelhante, saltando dos juniores para os seniores, tendo sido antes adjunto de Caixinha e, hoje, é o único treinador dos 3 grandes com a continuidade assegurada. Este mundo é estranho.~

    As certezas ou ideias feitas (especialmente no futebol) são excelentes exemplos como a "verdade" nos engana.

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  5. Penso que as situações não são assim tão comparáveis.
    Não sei se Vilanova está com Guardiola desde há 4 anos ou se entrou a meio, mas em qualquer uma das situações já tem mais tempo de contacto com o plantel do que VP teve.
    Para além de que treinar durante 4 anos (sendo adjunto) aquela que foi a melhor equipa do planeta e umas das melhores de sempre, não é o mesmo que treinar apenas 1 epoca uma grande equipa.

    Outra nuance não referida neste post, é que o Barcelona é o Barcelona e o Porto é o Porto. Ou seja os jogadores ambicionam sair do Porto para o Barcelona, mas do Barcelona não ambicionam sair porque não dá para voar mais alto.

    São casos completamente diferentes, logo esta comparação é algo absurda.

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  6. Realidades tão distintas caro Filipe Sousa...

    O Porto é o Porto e quanto mais tentamos colar-nos à imagem do FC Barcelona menos Porto somos.

    Compreendo a motivação para o post mas a razão não assiste ao conteúdo.

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  7. "c) ironia das ironias o mais recente adjunto de AVB, sem o seu principal, acabou por levar a equipa à final da Champions, eliminando para isso a equipa do futuro ex-adjunto de Guardiola..."

    Ironia das ironias, quando Mourinho foi despedido do Chelsea, depois de ter empatado em casa com o poderoso Rosenborg, Avram Grante substitui-o e levou os blues à final da Champions. Final que, de resto, não foi ganha porque o John Terry escorregou no penalty decisivo.

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  8. Este artigo é muito esclarecedor sobre o Vitor Pereira

    http://jornaldez.com/2012/05/03/o-merito-e-do-treinador-7/

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