Num dia como hoje há nove largos anos, nascia para o mundo do futebol o Estádio do Dragão.
É, clubismos à parte, um dos estádios mais bonitos da Europa.
Frigorífico no Inverno, com correntes de ar bem portuenses, rodeado pela cintura rodoviária de um lado e a saudosa Fernão de Magalhães do outro, a casa do Dragão está prestes a cumprir uma década que acabará forçosamente por ser associada a alguns dos grandes momentos da história do clube.
Quando se anunciou o final do velhinho estádio, como aconteceu seguramente com todos os portistas, apertou-se-me algo no peito. Pensei, a principio, como aconteceu com a Luz e com Alvalade, que o nome se ia manter. Não que o estádio alguma vez tivesse sido das Antas (o nome oficial era Estádio do Futebol Clube do Porto) mas era um título que ecoava glória e nos prendia ao granito escuro da cidade. Depois ouvi o presidente anunciar, numa entrevista na RTP, que o nome do recinto seria o de uma personalidade marcante da história do clube. Pensei, de imediato, em José Maria Pedroto.
O pintocostismo, nos seus gloriosos 30 anos, tem uma divida com o Zé do Boné que nunca pagou - nem acredito que alguma vez consiga pagar tudo aquilo que o mestre nos deu e não pode viver para saborear - e dar o nome à maior personalidade individual da história do clube seria honroso e digno. Mas se nem uma estátua mandamos construir em tantos anos, seria um estádio inteiro uma utopia? Foi.
O nome Dragão primeiro foi estranho, raro, demasiado metafórico. Mas depois entranhou, e de que maneira. Hoje considero que foi uma das melhores ideias da gestão de Pinto da Costa como presidente. É um nome de força, um nome de alma, um nome que evoca tudo aquilo que nos separa da era pré-Pedroto, pré-Pinto da Costa, a era dos andrades com medo de ir a sul disputar o título com o regime.
No próximo ano a Luz irá receber a final da Champions. Alvalade já recebeu uma final da Taça UEFA.
As relações da direcção com o G14 talvez nos tenham impedido de receber uma merecida prova europeia em casa por parte da UEFA de Platini, mas nem sequer precisamos disso para estar na história. Um tal de Lionel Messi deu aqui os primeiros toques numa bola como profissional, numa equipa pouco de gala que o Barcelona enviou para a inauguração. Estive lá, paguei 70 euros (nunca paguei tanto por um bilhete), tenho o meu nome escrito para sempre no estádio e apesar de, por motivos alheios à minha vontade de portista, não lá ir há algum tempo, quando fecho os olhos sinto-me em casa e o cheiro da relva e a voz dos adeptos ressoa na minha cabeça.
Para muitos o seu grande momento do Dragão será o recente 5-0 ao Benfica. Percebo-os bem, mas não estive lá. O meu lugar anual de dez anos das Antas só durou três no Dragão antes de acabar por sair da Invicta para não voltar (ainda) de forma a recuperar o velho costume de estacionar o carro na Velazques, tomar um café, descer a Alameda e sentar-me no meu assento. Para mim a vitória ao Manchester United, em Março do ano seguinte, o da consagração definitiva, será esse momento mágico. Aí caiu uma lenda aos nossos pés e nasceram duas: a do FC Porto de Mourinho e a do Dragão.
O estádio onde a magia transforma-se em sentimento e futebol!
Além de todos os títulos e alegrias que tivemos o Dragão terá sempre um outro enorme marco: aquele que será relembrado como o melhor jogador da história do futebol estreou-se cá, no dia da sua inauguração!
ResponderEliminarUm aparte, deixaram de ter feed dos artigos no FB porquê ao certo?
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