Em 1922 o clube traçou planos para a construção de uma grande cidade desportiva, a primeira do estilo em Portugal. Incluía um novo campo de futebol, courts de ténis, um edifício que serviria de sede e um espaço de convívio para os jogadores. O Campo da Constituição, já na época, era considerado demasiado pequeno para as ambições de uma instituição que tinha ganho nesse ano o Campeonato de Portugal.
O Complexo Desportivo das Oliveiras, como seria chamado, seria construído de olhos postos no Douro e o rio daria nome ao novo estádio, que teria espaço para 25 mil adeptos, uma absoluta enormidade para a demografia portuense da época. Por 1000 contos da época o sonho teria sido realidade. Mas não o foi.
A directiva da época tinha abordado o dono do Parque das Oliveiras, situado na rua Barão de Nova Cintra, entre a estação de Campanhã e a marginal do que hoje é a Avenida Paiva Couceiro, uma quinta que media mais de 60 mil metros quadrados e que serviria de base de operações para o clube. O preço original do Parque rondava os 100 contos. O clube adiantou 80 e começou a preparar as obras. Sondaram-se arquitectos, fizeram-se esquemas e desenhos. Oficialmente ficou um plano que incluía o estádio, ao lado do morro que separava o monte do rio, e atrás de si uma zona piscinas, courts de ténis (três), um restaurante, sala de bilhar e um ginásio. No palacete, já construído seria instalada a sede do clube. Chegou-se até sonhar com a construção de um pequeno porto, entre as pontes D. Maria e D. Luiz, e de um funicular que uniria o topo do morro ao rio, para uso exclusivo dos atletas do clube.
E no entanto, depois de vários meses de planos e ideias, o representante da família Wright, dona do Parque que também era conhecido como Jardins dos Ingleses, apareceu na sede do clube a exigir mais dinheiro. Tinha visto as primeiras noticias do projecto na imprensa e imaginava que quem estava disposto a gastar à volta de mil contos podia pagar-lhe algo mais. Exigiu do clube 200 contos pelo terreno ou nada feito. A directiva recusou-se terminantemente e acabou por ficar com os 80 contos pagos por adiantado. Dez anos depois a Câmara Municipal acabaria por expropriar os terrenos para integrar os SMAS.
Sem outra alternativa para levar a cabo o projecto, decidiram investir o dinheiro na construção de novas bancadas na Constituição. O que poucos sabem é que parte desse dinheiro serviu para pagar a Augusto Baptista Ferreira, um artista gráfico que também era jogador. Conhecido entre os adeptos como Simplicio, recebeu um bónus por redesenhar o símbolo do FC Porto, incluindo pela primeira vez as armas da cidade sobre a bola azul. Não existiria Estádio do Douro mas graças a isso nasciam os "Dragões".
Obrigado ao MLP por esta pequena e singela lição de história de um dos maiores clubes mundiais:o FUTEBOL CLUBE do PORTO.
ResponderEliminarUm excelente post acerca da História do Clube, que eu desconhecia por completo ( a parte do projeto do novo estádio, não a do emblema).
ResponderEliminarObrigado pela partilha.
Belo pedaço de história.
ResponderEliminarFica aquela nostalgia do e se...
Convenhamos, termos como sede um palacete era dignificante.
E o nome estádio do Douro também tem muito carisma.
Embora esse erro se tenha perpetuado, o nome da família inglesa que detinha a quinta agora ocupada pelos SMAS, era REID e não WRIGHT.
ResponderEliminarDe resto, uma história interessante que não conhecia. Obrigado pela partilha.
Desculpem ter colocado anónimo. Na verdade, o autor do texto que afirma que a família é REID e não WRIGHT não gosta de anonimatos. O meu nome é Jorge Ricardo Pinto.
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