domingo, 17 de março de 2013

Um sistema inovador?


«Chegada a quarta-feira, logo desconfiei do onze inicial que Vítor Pereira escolheu. Com um meio campo reforçado, com Fernando, Defour, Moutinho e Lucho, restavam dois jogadores no ataque: Varela e o inevitável Jackson. (…) É que não lembra ao Diabo ir jogar fora, para a Liga dos Campeões, e tentar um sistema inovador
Rui Moreira, A Bola, 15-03-2013


Discordo da forma como Rui Moreira (um conhecido adepto e comentador portista) viu o Málaga x FC Porto e também discordo da opinião que manifesta acerca de Vítor Pereira, o que é perfeitamente normal. Mas, o que me leva a pegar nestas afirmações, é Rui Moreira ter escrito que o treinador do FC Porto apresentou em Málaga um sistema inovador.
Eu sei que Rui Moreira não é o único portista que disse isto, e até ouvi portistas a fazer um paralelismo com as "invenções" de Bobby Robson em Barcelona (colocar Aloísio a defesa esquerdo) e de António Oliveira em Manchester (quando apostou de início no quase desconhecido Costa para o meio-campo), mas será que é verdade?

Recordemos qual foi o onze inicial que, há dois meses atrás, Vítor Pereira escolheu para enfrentar a equipa orientada pelo "catedrático":


Pois é, o sistema e onze inicial do FC Porto no La Rosaleda foi exatamente o mesmo da última deslocação ao estádio da Luz.
Parafraseando o saudoso Fernando Pessa, e esta heim?

P.S. As pessoas podem mudar de opinião e no futebol isso acontece com frequência mas, já agora, o que escreveu Rui Moreira acerca do sistema adoptado por Vítor Pereira no slb x FC Porto?
«Apesar das ausências de James e de Atsu, o que limitava as suas opções, Vítor Pereira teve o mérito de, compreendendo os pontos fortes e fracos do adversário, montar um sistema muito competente».
Rui Moreira, A Bola, 18-01-2013

28 comentários:

Tiago disse...

Pois claro,

E a verdade é que no estádio da Luz, como em Málaga, a equipa não jogou UM CAGALHÃO, encheu o meio campo, e passou o tempo a trocar a bola para o lado e para trás.
No fim do jogo, fizeram a habitual cena de teatro para disfarçar, porque foram à luz cagados de medo defender um empatezinho.

Joao Goncalves disse...

VP usou mesmo um sistema inovador em Malaga, mas não foi o Sistema táctico mas sim o Sistema de Jogo.

A 1ª parte foi passada a mandar bolas da defesa para o Jackson e a ver se este conseguia ganhar a bola na luta com os defesas, e assim começar as jogadas de ataque por esse método.

Ora esse não é o sistema do Porto, mas sim o sistema de um Porto/treinador assustado com a sua própria sombra, que queria a bola o mais rápidamente fora da sua zona defensiva.

Como já referi anteriormente, foi uma péssima exibição do nosso treinador que falhou em todas as componentes do jogo.

Anónimo disse...

O Malaga é uma equipa com BONS jogadores e por isso está a fazer uma boa epoca na liga espanhola e ficou a frente de Zenit e Milão na LC e isso ninguem (os portistas) meteu na cabeça.
O problema em Malaga para alem da expulsão de Defour(importantissima) foi que talvez não fosse jogo para jogar com defesa subida e pressão alta e futebol de posse puro e duro.

Bluesky disse...

A mim qualquer treinador serve, é bom e é genial desde que mostre serviço. Vitor Pereira já mostrou que sabe da poda, mas lá está, falta-lhe aquela centelhazinha que ilumina alguns e faz com que sejam endeusados...
Dou de barato o exemplo de Mourinho, Villas-Boas e Jorge Jesus... dos 3 um é efectivamente bom, outro é mediano e o outro um piçalhudo, mas tem aurea, boa imprensa e nestes tempos mercantilistas , o marketing é 50% de sucesso...

Mário Faria disse...

Nada tenho contra a equipa montada para jogar com o Málaga, salvo algumas dúvidas quanto à (prematura?) utilização de Moutinho.
Devo reconhecer, porém, que a "posse" em muitos jogos do FCP é um "fim" e não "um meio", dada a impotência de atacar e meter gente na última fase de construção. Não sei se é o perfil do plantel que reclama este modelo, se o plantel está erradamente modelado porque o treinador confunde "o meio" com "o fim". Não me lembro de uma transição transformada em golo. E isso parece-me “um defeito” da equipa.
O presidente do Bayern tratou os jogadores como lixo em função da exibição que fizerem com o Arsenal, e o presidente do Bordéus disse que a sua equipa era composta por donzelas e por fracos. Nós por cá, atribuímos todos os males ao treinador. Que importa se o James não está cá, desde que se lesionou, que importa se Defour não está concentrado, que importa saber se Moutinho reagiu com prontidão á sua incapacidade, que importa se Alex foi uma sombra do que vale, que importa porque Helton nestes tipo de jogos desafina um pouco, que importa qualquer outra avaliação se sabemos o nome do culpado.
É fácil de mais atribuir ao males globais ao treinador e, ainda mais, às incidências ocorridas no jogo da CL. Continuo a pensar que quem ganha os jogos são os jogadores e quem os perde, na maioria das vezes, também são os jogadores. Por outro lado, como perceber que o FCP compre um central mexicano e não cuide de apetrechar a equipa em outras zonas bem mais carenciadas ?
Um pouco de calma não nos fará mal.

José Correia disse...

A 1ª parte foi passada a mandar bolas da defesa para o Jackson e a ver se este conseguia ganhar a bola na luta com os defesas

Esta afirmação é redondamente falsa.

Para não ir mais longe, relembro três situações de finalização (à entrada da área do Málaga ou já dentro da área) na primeira meia-hora, por Danilo, Defour e Lucho.

Recomendo-lhe que reveja os primeiros 25-30 minutos do Málaga x FC Porto, período em que o FC Porto dominou claramente o jogo (quantas oportunidades de golo é que o Málaga teve nos 30 minutos iniciais?), até o Moutinho se ter ressentido da lesão.

José Correia disse...

O problema em Málaga para alem da expulsão de Defour (importantíssima) foi que talvez não fosse jogo para jogar com defesa subida e pressão alta

Talvez, embora seja mais fácil dizer isto à posteriori (valorizava muito mais este tipo de opinião se tivesse sido feita ANTES do jogo).

Agora, o que não é verdade, é dizer que Vítor Pereira adoptou um sistema inovador em Málaga, ao jogar de início com um meio campo reforçado - Fernando, Defour, Moutinho e Lucho - e apenas dois jogadores no ataque - Varela e Jackson.

José Correia disse...

Nada tenho contra a equipa montada para jogar com o Málaga, salvo algumas dúvidas quanto à (prematura?) utilização de Moutinho

Mário, mas que culpa tem Vítor Pereira que o Departamento Médico do FC Porto tenha dado o Moutinho como apto e, afinal, ele se tenha ressentido da lesão após os primeiros 25-30 minutos do jogo?

O Vítor Pereira pode ter muitas culpas, e terá concerteza, mas neste caso (utilização do Moutinho em Málaga) vejo-o muito mais como vítima de erros de outros do que como culpado.

José Correia disse...

Devo reconhecer, porém, que a "posse" em muitos jogos do FCP é um "fim" e não "um meio", dada a impotência de atacar e meter gente na última fase de construção

Eu gosto, mas admito que o atual modelo de jogo do FC Porto seja discutível.
Contudo, parece-me que seria muito mais discutível no jogo da 1ª mão, quando o FC Porto jogava em casa e precisava de ganhar, do que neste jogo em Málaga, onde entrava com uma vantagem no marcador.

Zé Luís disse...

A verdade é como o algodão e só alguns se sujam mesmo nem sabendo o que comeram ontem nem do que estão a falar em concreto. Mas isto é para quem liga alguma coisa a catedráticos da opinião da treta.

Mais uma vez, bom trabalho Zé Correia. Isto, de facto, não é para quem quer, é para quem pode.

Anónimo disse...

Sem duvida que o Malaga é uma grande equipa, mas de certeza que o Porto é 50 vezes melhor do que o Espanhol, que deu 2 a 0 hoje ao Malaga.
O mesmo se pode aplicar ao SCP, empatar aquela jogo, pondo em causa o campeonato é impessivel a uma equipa do nosso nível

Duarte disse...

Os jogadores são os culpados de estarem rebentados fisicamente, porque certamente são eles que determinam o que fazer nos treinos e qual a preparação física a adoptar. Os jogadores são os culpados de constantemente serem os mesmos a jogar, de praticamente não haver rotação nesta ponta final. A culpa é toda dos jogadores, já sabemos que essa foi a moda que pegou desde há dois anos a esta parte no FCP.

Varela terá culpa de não estar a jogar nada, mas não tem culpa de não ser substituído pelo Atsu. Rolando, no ano passado, teve a culpa de meter água jogo após jogo, mas não tem a culpa de ter sido titularíssimo indiscutível quase até final. Com VP eu já perdi a conta aos jogadores que foram dispensados, mas pelos vistos não chega. É preciso continuar e continuar até que se encontre a fórmula ideal que não chegará nunca e talvez à centésima tentativa se perceba que o treinador, afinal, tem a maior parte das responsabilidades pelos resultados e exibições.

Vítor Pereira está imune, é inimputável nas derrotas. Só que depois, nas vitórias, não lhe faltam louvores: ora é o melhor que cá tivemos desde o Mourinho, ora são aqueles que o criticaram no passado que percebem zero de futebol. Depois, quando se perde, vira-se a mira para os jogadores e para a planificação da SAD e o treinador passa entre os pingos da chuva. Eu não tenho problemas nenhuns em vir dizer, como já o fiz várias vezes, que os bons jogos que já fizemos esta época se devem principalmente ao treinador. Pelo contrário, só me enche de satisfação. Mas depois avalio em igual medida os momentos menos bons.

O Mário foi buscar dois exemplos, eu posso ir buscar outros dois bem diferentes: quando Ivic saiu do Porto na sua segunda era e entrou Robson, as diferenças notaram-se bem. Quando Jesualdo (e eu defendi o professor muitas vezes) saiu e entrou AVB os jogadores eram praticamente os mesmos, mas os resultados foram incomparavelmente superiores aos de 2009/2010. Porque terá sido? Não é verdade que nada seja cobrado aos jogadores e a prova disso são as já referidas dispensas.

Em relação ao onze de Málaga, vendo de um modo simplista, não o critico. Se deu bem na Luz, poderia resultar em Espanha. O problema é que estamos a falar de jogos diferentes em alturas diferentes. Na Luz não tínhamos um Moutinho preso por arames, na Luz não havia Atsu pelo que não restava alternativa que não fosse confiar em Varela, na Luz Izmaylov tinha apenas três dias de treino com a equipa, na Luz a condição física dos jogadores era uma coisa, agora é outra.

Vítor Pereira teve dois momentos chave este ano (Braga-PSG; Estoril-Málaga), em que se lhe exigia uma planificação cuidada e competente, mas falhou rotundamente. E vou dizer outra vez para que não pensem que estou de má-fé contra este treinador: se for campeão (e tem todas as possibilidades de o ser), que fique, é da mais elementar justiça. Se não for, por mim acabou. Desculpas já ele as teve que chegassem. Debilidades existem em todos os planteis da Liga e VP não é diferente de nenhum outro treinador que por cá passou (embora às vezes, atendendo às atenuantes que lhe arranjam, pareça).

José Correia disse...

Conforme o Miguel Lourenço Pereira teve o cuidado de explicar há uns meses atrás, desde que a UEFA decidiu excluir o Málaga das competições europeias no próximo ano, que clube, treinador e jogadores estão quase e unicamente focados em ir o mais longe possível na Liga dos Campeões desta época.

P.S. Este artigo é sobre o sistema/onze inicial escolhido por Vítor Pereira no jogo de Málaga.

Filipe Sousa disse...

Deves ser um daqueles bafejados pela aula do Chiclas, e que por isso acha que já sabe tudo. Não é o teu mestre que diz que o 4-3-3 é o sistema mais fácil de anular? Deve estar no bom caminho, com apenas 2as vitória em não sei quantos jogos, e umas das derrotas sendo um 5-0.

José Correia disse...

Duarte disse...
Em relação ao onze de Málaga, vendo de um modo simplista, não o critico. Se deu bem na Luz, poderia resultar em Espanha.

Sobre o tema deste artigo, estamos de acordo.

Quanto ao resto, e particularmente às criticas ao treinador, é algo que já foi abundantemente discutido em outros artigos publicados no 'Reflexão Portista' nos últimos dias.

P.S. Este artigo é sobre o sistema/onze inicial escolhido por Vítor Pereira no jogo de Málaga.

Pedro Albuquerque disse...

Usar os mesmos jogadores na Luz ou em Málaga não significa que o sistema é o mesmo. Na Luz vimos um DeFour a jogar numa posição mais lateral, jogando a extremo.
Em Málaga ele jogou no meio-campo.

Miguel Lourenço Pereira disse...

Zé,

O VP usou o mesmo onze, mas o onze não jogou da mesma forma. O Defour esteve sempre muito mais recuado do que no Dragão. Os laterais subiram muito menos, houve muito mais espaço entre linhas e, sobretudo, entre os extremos e o ponta-de-lança. Usar o mesmo desenho e o meu onze não reproduz as mesmas sensações no terreno!

Anónimo disse...

Completamente de acordo com o J.G. Um cobardola este VP. E depois vem lançar para os olhos dos adeptos a areia da arbitragem. Este VP é um treinador há dimensão dos lampiões; nunca do Porto.

Anónimo disse...

Nem mais caro MLP; só não vê quem não quer ver.

Anónimo disse...

Sem dúvida J.C, aquele pontapé para frente de inovador, nas palavras de VP, não tem nada; já que foi utilizado amiúde pelo rei da pastilha elástica em plena luz, contra o Porto e desde logo criticado pelo VP. A grande diferença é os treinados pelo JJ, marcaram dois golos de bola corrida e empataram o jogo contra nós. Infelizmente o mesmo não conseguimos nós, contra o Málaga.

Anónimo disse...

Não só gostei de o ler, como concordo plenamente consigo. Agora e classificando VP dentro da sua analise; diria que VP é um mero aprendiz de piçalhudo da pior espécie.

Anónimo disse...

Duarte só discordo com a sua opinião num ponto, mas para mim inquestionável. Sem dúvida que VP não só tem hipóteses de ser campeão; como o vai ser; pois tenho uma fé cega na "estrutura" . Mas dito isto, afirmo que está acabado o ciclo de VP no Porto.

José Correia disse...

O Defour esteve sempre muito mais recuado do que no Dragão

Ó Miguel, mas qual jogo no Dragão?
O onze inicial e sistema de jogo adoptado por Vítor Pereira na deslocação ao La Rosaleda foi exactamente o mesmo do adoptado na deslocação ao estádio da Luz!

José Correia disse...

Os laterais subiram muito menos

Bem, o Danilo subiu tão pouco, que até foi dos primeiros jogadores portistas a criar perigo e a aparecer a finalizar dentro da área do Málaga.

Quanto ao Alex Sandro, não só fez o tipo de jogo habitual como, aquando da passagem de Mangala para defesa esquerdo, até jogou mais adiantado.

Ó Miguel, de que jogo estás a falar?

José Correia disse...

houve muito mais espaço entre linhas

Sim, mas isso nada teve a ver com o onze inicial e pretenso "sistema inovador" que Vítor Pereira adoptou em Málaga.

A razão do maior espaço entre linhas está diretamente relacionada com a menor frescura fisica de Lucho nesta altura (comparativamente com o jogo disputado no estádio da Luz, a 13-01-2013) e, principalmente, com o facto do "motor" da equipa, João Moutinho, se ter ressentido da lesão por volta dos 25-30 minutos.

José Correia disse...

Pois, vimos jogos diferentes.
Tanto na Luz como no La Rosaleda, o Defour jogou solto, descaindo preferencialmente para a ala esquerda (tal como hoje no Funchal, no lance do golo do FC Porto).

Miguel Lourenço Pereira disse...

Zé,

1) Queria dizer Luz, naturalmente.
2) O Danilo foi de uma inconsequência atroz a nível ofensivo. No primeiro quarto de hora subiu, algumas vezes, mas a partir de aí fixou-se atrás e só nos minutos finais do desespero o voltei a ver lá a frente, atabalhoado como sempre. O Sandro, jogou mais recuado na 1º parte, naturalmente na 2º, quando passou a interior, o meu comentário refere-se ao Mangala, por isso falei em posição, não em individualidade!
3) É da responsabilidade do treinador saber o estado físico dos seus jogadores. Até nos iniciados. Se ele já sabia que tanto o Lucho como o Moutinho estavam entre algodões, a sua função é procurar um modelo de linhas mais compactas, que não permitam clareiras daquelas, uma pressão tão alta e inconsequente e - digo também, o uso de Defour+Lucho quando o lógico seria que só jogasse 1, com o Atsu ou o Izmailov como extremo e o segundo reservado para quando o Lucho ou o Moutinho dessem o berro!

José Correia disse...

Miguel, podemos discutir o que quiseres sobre as opções, incidências e consequências do Málaga x FC Porto, não me venham é dizer que o onze inicial e o sistema adoptado no La Rosaleda foram inovadores, porque_n_ã_o__é__v_e_r_d_a_d_e_.