quinta-feira, 4 de julho de 2013

A Insustentável Leveza do Sucesso (I)

(a partir da esq.: José Lima, Jorge Bertocchini, Rodrigo Martins, Nuno Nunes, Prof. Armando Leitão)

O presente artigo tem por base uma apresentação recente que fiz no II Encontro da Bluegosfera, em Espinho. Essa apresentação, que é parte integrante de um painel que deu o nome a este artigo, teve por objectivo abordar, entre outros, os temas Internacionalização, Crescimento, Competitividade e Sustentabilidade do FC Porto e em particular da sua Sociedade Anónima Desportiva (SAD) e contou com outras duas apresentações (José Lima do Mística Azul e Branca e Rodrigo Martins do Bibó Porto), com a moderação de Jorge Bertocchini do Porta19 e com o comentário final do Prof. Armando Leitão da FEUP.

Enquadramento da actividade no contexto de Crise


Em primeiro lugar é necessário enquadrar a actividade da SAD no contexto da actual crise socioeconómica que se vive em Portugal. Os números do Desemprego, Dívida Pública, (queda do) Produto Interno Bruto e Défice Orçamental são por demais conhecidos, sendo objecto de escrutínio quase diário na comunicação social, redes sociais, pelos partidos e por outros comentadores políticos. Interessa sobretudo reforçar o descontrolo no crescimento do desemprego e do défice e na queda do PIB, com influência directa na qualidade de vida dos cidadãos. Estes factores condicionam e impactam, directa ou indirectamente, a actividade da SAD. Em termos económicos será previsível (mas não obrigatório) a ocorrência de diminuições nas receitas ‘core’ da sociedade como sejam Bilheteira, Merchandising, Sponsorização, Media e, inclusive, potencial desvalorização dos passes dos jogadores. Em termos financeiros os impactos são reais e já estão a ser sentidos há mais tempo: escassez de liquidez no mercado, aumento dos spreads bancários, dificuldades de acesso ao crédito (acrescidas, no negócio Futebol) e dificuldade de cobrança (e pagamento) de dívidas.

O Modelo de Negócio da FC Porto SAD


As receitas da sociedade assentam num conjunto de proveitos ‘core’ (que como já foi referido são compostos por Bilheteira, UEFA, Merchandising, Sponsorização e Media) e numa componente vital que são os encaixes com as transferências de jogadores, que no gráfico são descritos como “vendas de jogadores” e dizem apenas respeito às mais-valias obtidas (grosso modo, o valor pelo qual vendemos deduzido do valor pelo qual comprámos). O método ou a prática a que temos vindo a assistir na vertente “jogadores” caracteriza-se essencialmente por adquirir o passe – só o FC Porto ou em associação com Fundos – de jogadores jovens, internacionais pelo seu país, com grande potencial de crescimento e valorização, fazer o aproveitamento desportivo e vendê-los numa fase mais madura e de preferência para campeonatos mais competitivos (ou aos petrodólares), com um grande encaixe financeiro. Faze-lo da forma como a SAD o tem feito significa estar um passo à frente da concorrência. No entanto esta estratégia comporta riscos consideráveis. Por exemplo, num ano em que o clube não consiga encaixar um montante da ordem dos €30m em mais-valias com vendas de passes de jogadores, isso representará um défice operacional se os custos não forem reduzidos em conformidade (e normalmente a SAD não reduz custos).


Nos 2 últimos períodos com Relatórios e Contas publicados (2010-11 e 2011-12) os custos cresceram a um ritmo superior ao do crescimento dos Proveitos. No primeiro valeu o encaixe de €15m com o recebimento da cláusula de rescisão de AVB. No segundo (2011-12) houve um crescimento das rubricas Fornecimentos e Serviços Externos e Gastos com Pessoal do lado dos custos e um decréscimo dos proveitos, o que contribuiu decisivamente para o resultado líquido negativo de -€35m. O crescimento dos custos associado a um ligeiro decréscimo nos proveitos implicou uma queda considerável no Resultado Operacional Antes de Juros, Impostos, Depreciações e Amortizações, vulgarmente conhecido por EBITDA. Este indicador vinha a apresentar-se estável num intervalo entre €30m e €35m e, em 2011-12 caiu para €12m. Há que inverter com urgência esta situação. Espera-se que os resultados operacionais 2012-13, a serem divulgados em Setembro, voltem para os níveis de 2010-11.


Paralelamente ao desempenho operacional é importante uma observação atenta à evolução da Dívida total da FC Porto SAD (em termos consolidados). De facto, o endividamento tem crescido para níveis elevados tendo já ultrapassado a barreira dos €100m (não inclui Dívida da Euroantas no Project Finance do Dragão). Face às crescentes dificuldades de obtenção de liquidez e renovação das linhas de financiamento no mercado bancário, a SAD tem optado por uma progressiva substituição deste tipo de endividamento pela emissão de títulos de dívida (Empréstimos Obrigacionistas). A procura tem superado a oferta nas sucessivas emissões de títulos nos últimos anos e por isso torna-se mais fácil e cómoda esta opção, com o inconveniente de o custo do capital ser superior: a última emissão, de €30m em Dezembro de 2012, ofereceu uma taxa de juro anual bruta de 8,25%.


Ao indicador Dívida total acrescentamos um outro, a Dívida líquida (“Net Debt”, obtida pela subtracção à Dívida total dos montantes em Caixa, Depósitos bancários e outros títulos imediatamente mobilizáveis). Este indicador teve um crescimento superior a 35% no último ano, fruto das dificuldades de tesouraria vividas nesse período. Se dividirmos este indicador pelo EBITDA (grosso modo, um resultado operacional bruto), temos o número de anos necessários à liquidação total do endividamento (medido no eixo vertical, do lado direito do gráfico), que passou de 2 a 3 para um valor superior a 8 no último ano. Para que o negócio e a actividade da SAD sejam sustentáveis no longo prazo, face a estes níveis de endividamento, seria prudente conseguir recuperar os níveis anteriores de EBITDA o mais rapidamente possível.

Com um modelo de gestão que (i) obtém uma parte considerável (30 a 40%) dos proveitos totais com as mais-valias geradas na alienação de passes de jogadores e que (ii) mantém elevados níveis de endividamento, uma das questões que se colocam é: como manter simultaneamente o negócio sustentável e uma equipa de futebol competitiva?

A discussão continuará na segunda parte deste artigo: A Insustentável Leveza do Sucesso (II)
   

29 comentários:

  1. Boa introdução ao tema.

    Uma correção (a uma omissão que pode levar a um mau entendimento da parte de alguns adeptos): quando no artigo e quadro se fala em «dívida total», convém esclarecer que se trata apenas da dívida FINANCEIRA (i.e. que é onde tipicamente se paga juros). Essa dívida financeira a 31 de Março (dados mais recentes) era de 110M.

    A dívida TOTAL da SAD a 31 de Março era cerca do DOBRO, mais especificamente cerca de 215M.

    À dívida financeira há que acrescentar outras dívidas normais decorrentes do negócio num total de 105M, nomeadamente a fornecedores de todo o tipo e a clubes e fundos a quem comprámos jogadores (a outra face da moeda é o dinheiro que temos ainda a receber de clientes, como clubes compradores de jogadores, UEFA, Liga etc; o total do que tínhamos a receber nessas áreas a 31 de Março era também e por coincidência de cerca de 105M).

    Por outras palavras, a dívida total da SAD é igual ao passivo (218M) subtraído de provisões (2M a 31 de Março).

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  2. Parece-me que nos últimos anos se tem acentuado a tendência da SAD em apostar nos negócios de venda de jogadores.
    Para isso aumentou os custos com pessoal e o investimento no plantel, mas por sua vez também tem obtido receitas muito interessantes em transferências ano após ano.
    Parece-me que o risco estará na possibilidade de ocorrer um ano em que vendamos mal. Agora, falando por alto, observando os últimos anos onde descobrimos sempre um milionário (pelo menos) que vem cá deixar 30 milhões ou mais, parece-me que a probabilidade disso acontecer é relativamente baixa.

    Portanto, não tenho grandes problemas com o endividamento se for numa perspectiva de investimento no plantel (que normalmente traz um bom retorno. Acho é que ao nível de FSE e Custos com pessoal podíamos e devíamos aliviar um pouco a factura. Continuo sem perceber como depois da saída de Hulk os Custos com Pessoal aumentaram. Será que este ano depois de Moutinho e James voltam a subir?

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    1. “…apostar nos negócios de venda de jogadores… Para isso aumentou os custos com pessoal…”

      Em que normalmente os jogadores vendidos, são também os mais bem pagos do plantel. Logo como é que logo de seguida se aumenta os custos com o pessoal!!!

      “…e o investimento no plantel, mas por sua vez também tem obtido receitas muito interessantes em transferências ano após ano…”

      Que pelos vistos de nada tem servido para uma melhor saúde económico-financeira da FC Porto sad. Como o José Rodrigues salientou e bem “Esse aumento é visível no quadro da dívida financeira (quase que DUPLICOU em meia duzia de anos), mas seria ainda mais nitida se o quadro recuasse mais no tempo: o volume de emprestimos TRIPLICOU nos ultimos 10 anos (tomando como referencia a situacao em Junho de 2003)”. Em conclusão; a política seguida desde Junho de 2003, só tem ajudado a aumentar a divida.


      “Parece-me que o risco estará na possibilidade de ocorrer um ano em que vendamos mal”. Risco que não é assim tão baixo; e as probabilidades de tal acontecer são igualmente altas, tendo em conta como está a caminhar a economia mundial. Claro que há sempre por ai um milionário que não olha a meios para comprar o que quer… mas sempre dentro dos menores valores possíveis e estes sempre se adequam á lei da oferta e da procura; mesmo que inflacionados por alto.

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    2. "Em que normalmente os jogadores vendidos, são também os mais bem pagos do plantel. Logo como é que logo de seguida se aumenta os custos com o pessoal!"

      Como? Parece-me evidente que:

      1) as novas contratacoes nao têm um salario tao baixo como isso, em média. O q não admira tanto como isso, se constatarmos que o custo médio do passe tem sido elevado (e há uma correlação razoável entre as 2 coisas, ainda que longe de perfeita: um Danilo ganha certamente muitissimo mais do que um Quinones ou Kleber)

      2) Mesmo assim, as contratacoes ganham certamente menos em media do que ganham os que foram vendidos. Parece-me evidente que esse «lucro» tem sido completamente «comido» por aumentos de salários aos outros jogadores que continuam no plantel. O que é em parte explicável pelo acordo Bosman, que leva a que seja prudente fazer renovações de contrato mais frequentes do que no passado.

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    3. Sim José isso parece-me claro... menos claro é o aumento "abusivo" dos fornecedores externos (se bem me lembro do RC)

      De qualquer maneira, o Antero(?) já veio dizer que face à conjuntura actual os custos fixos e modelo de negócio vai ter que ser reajustado para baixo... esperamos para ver essencialmente o que nos diz o relatório do último trimestre deste ano.

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    4. «esperamos para ver essencialmente o que nos diz o relatório do último trimestre deste ano»

      Nao espero mudanças significativas ou grandes noticias no ultimo trimestre nessas 2 áreas (FSE e custos com pessoal). Isso sao áreas com uma grande «inércia», digamos.

      Mais elucidativo será o R&C do 1o trimestre (mas isso só lá para fins de Outubro) nomeadamente no q diz respeito a custos com pessoal (onde se poderá descortinar o impacto do balanço de entradas e saídas no plantel).

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    5. Eu devo dizer-te que estou mais preocupado com os FSE do que com os custos de pessoal...

      Se eu visse as receitas de Marketing, Merchandising e Publicidade a aumentar a um ritmo elevado e tendo como base o aumento do FSE, então tudo se encaixava, assim ficamos todos na duvida para onde afinal vai esse investimento...

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    6. “Como? Parece-me evidente que:…”

      José Rodrigues, claro que também a mim parece-me evidente; tanto o ponto 1 como o ponto 2; agora na minha opinião o que acontece é que actualmente nem com as saídas dos melhores e credenciados jogadores do FC Porto (normalmente com os salários mais elevados) e com a entrada normalmente de jogadores menos credenciados; logo e naturalmente, na minha opinião a massa salarial do plantel deveria baixar em proporção á sua real qualidade, ou até aumentar se fosse caso disso. O que tem acontecido é que nestas últimas épocas em geral, a qualidade do plantel tem diminuído ao contrário dos custos da sua massa salarial. E o caso do Danilo é um caso paradigmático disso mesmo. No ano que entrou só o Hulk na altura ganhava mais do que ele; e só depois com a entrada de Lucho e a renegociação com Moutinho é que ele deixou de ser o 2º mais bem pago do plantel. E havia na altura o James, A. Pereira, Guarin a ganhar menos por exemplo. Poderia até compreender esses custos com novos jogadores… porque depois são vendidos com lucro etc… blá blá blá… mas a realidade mostra que ano para ano a divida tem aumentado e muito. Em conclusão; de ano para ano, enfraquecemos a equipa em termos de qualidade, aumentamos a massa salarial e a própria divida. Então como é? Onde é que vamos parar se nada for feito para alterar esta equação?

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    7. “Se eu visse as receitas de Marketing, Merchandising e Publicidade a aumentar a um ritmo elevado e tendo como base o aumento do FSE, então tudo se encaixava, assim ficamos todos na duvida para onde afinal vai esse investimento...”

      Quanto a este ponto do João Gonçalves, não só concordo, como acho muito pertinente as dúvidas em relação ao referido investimento.

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    8. Certo, Joao.

      Alias, segundo as contas oficiais da SAD, as Porto Multimedia, Porto Seguros e Porto Comercial nem sequer dao lucro. O q e' inacreditavel.

      Ora ou isso e' mesmo verdade, ou entao ha' "engenharia financeira" escondendo certos custos do resto da maquina (i.e. futebol) nessas empresas do grupo (para pagar menos impostos, especulo eu), em cujo caso os custos do futebol seriam na realidade ainda mais elevados do q pensamos.

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    9. @ Portista Séc. XXI

      « O que tem acontecido é que, nestas últimas épocas em geral, a qualidade do plantel tem diminuído, ao contrário dos custos da sua massa salarial »

      mas é claro que tem. nem sequer vou referir as conquistas de títulos mais recentes (inclusive internacionais) para demonstrar o quão verdadeira é aquela afirmação.
      também não vou contrapor com nomes de jogadores que têm (de facto) marcado a diferença pela positiva - para lá de proporcionarem excelentes encaixes financeiros em época de "vacas magras".

      o que me aborrece, mesmo!, neste tipo de afirmações é considerar-se que é tudo muito simples e que, sentadinhos em frente a um computador, somos todos bestiais e o Mundo parece claro.
      infelizmente, a Realidade é má e, para lá de tudo o que não dominamos (pois fica dentro do balneário), há que ter em linha de conta as expectativas dos jogadores, as comissões cobradas pelos seus agentes, os salários que pretendem auferir, as vontades dos treinadores. são factos que não são contabilizáveis mas que existem e que podem obstar a um bom negócio.
      pois que é disto mesmo que se trata: um negócio, onde terá que haver concordância entre as partes para se realizar.

      pa finalizar, sim!, preocupa-me a situação financeira do meu clube. mas confio em quem gere os seus destinos e tantas alegrias me/nos tem proporcionado. e, por último, perceber que, passados trinta anos ainda há a velha máxima de o clube ser gerido de dentro para fora e não o inverso.

      somos Porto!, car@go!
      «este é o nosso destino»: «a vencer desde 1893»!

      saudações desportivas mas sempre pentacampeãs a todas(os) vós! ;)
      Miguel | Tomo II

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    10. "Ora ou isso é mesmo verdade, ou entao há "engenharia financeira" escondendo certos custos do resto da maquina (i.e. futebol) nessas empresas do grupo".

      Em relação a isso o melhor é lerem algo que se foi escrito neste blogue.


      "A criação de uma nova empresa, cujos resultados não são consolidados nas contas da FC Porto SAD, permitiu à sociedade dos dragões retirar salários dos custos da sociedade.
      De acordo com o Relatório e Contas relativo aos primeiros nove meses da época 2011/12, é possível verificar que a FC Porto – Serviços Partilhados (SP), criada em Março de 2011, tem como objectivo a "prestação de serviços de assessoria empresarial, administração e recursos humanos a todas as empresas do Grupo", sendo que os seus custos entram na rubrica de Fornecimentos e Serviços Externos. Aqui, a SAD registou custos de 26,8 milhões, uma subida de 10,6 milhões em relação aos mesmos meses da época 2010/11. E parte deste crescimento é justificado com "o pagamento dos serviços prestados" pela SP. A própria SAD admite que "parte dos funcionários, que estavam alocados às várias empresas" da SAD, transitaram para a Serviços Partilhados. Apesar desta transferência, o relatório diz que "verificou-se um aumento de 6% nos custos com o pessoal", que atingiram 31,5 milhões."

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  3. De resto, e' evidente que a SAD aposta cada vez mais a dependencia em mais-valias para equilibrar as contas, aumentando tambem o volume de dinheiro gasto em contratacoes.

    E' uma estrategia legitima, ainda que muito mais arriscada. Basta um ano mau ou uma contratacao cara "furada" para criar uma crise.

    Mas onde eu tenho um problema fundamental nao e' nessa estrategia em si, mas sim que têm contraido cada vez mais emprestimos de forma a executa-la. Esse aumento é visível no quadro da dívida financeira (quase que DUPLICOU em meia duzia de anos), mas seria ainda mais nitida se o quadro recuasse mais no tempo: o volume de emprestimos TRIPLICOU nos ultimos 10 anos (tomando como referencia a situacao em Junho de 2003).

    Ora isso é particularmente preocupante quando as taxas de juros tambem aumentaram imenso na ultima meia duzia de anos, e com poucas perspectivas de diminuirem significativamente nos proximos anos - com a consequencia de q temos q suportar um «fardo» de juros cada vez mais alto (em excesso de 10M na epoca que agora terminou, o q é imenso dinheiro).

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    1. Completamente de acordo. De facto este modelo de gestão está sustentado em alguns factores de risco médio/elevado que podem colocar de um momento para o outro a FCP sad numa posição insutentável. A cada exercicio o espaço temporal calculado para pagar a divida tem aumentado; o vai condicionar com é de calcular decisões futuras. O mesmo acontece com o encargo da divida. Colocando um fardo cada vez mais pesado para futuras direcções.

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  4. Muito boa introdução mesmo!

    O que me confundo é como é que os custos anexos (fornecedores, custos com pessoal, etc... ) continuam a aumentar virtigiosamente.

    Num momento desta estratégia em que já atingimos a "maturidade" da mesma, pelo numero de anos que a temos seguido, ultrapassa-me como é que os custos acessórios continuam a aumentar.

    Se fosse numa vertente de divulgação da marca pelos mercados emergentes e consolidados, como mais campanhas de marketing e de venda de artigos com consequente subida de receita nesse factor, mas nada disso tem acontecido ou pelo menos, as iniciativas não são publicas, portanto não tem sucesso.

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    1. Já somos dois. E ainda para mais quando a cada ano que passa as grandes estrelas que tanto ajudam a inflacionar os custos com o pessoal por exemplo; são vendidos. Mais uma boa razão para que esses custos tivessem uma redução significativa. Ou será que as esperanças contratadas ganham mais que as estrelas de facto?

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    2. «O que me confundo é como é que os custos anexos (fornecedores, custos com pessoal, etc... ) continuam a aumentar virtigiosamente»

      Bem, antes de mais «FSE» é muito diferente de «custos com pessoal». Os primeiros são de facto «anexos», digamos, mas os ultimos sao na sua maioria intrinsecos à actividade, ie. dizem respeito a jogadores e treinadores (dos 50M gastos aqui em 11/12, «apenas» cerca de 7M nao dizem respeito a jogadores, tecnicos e medicos).

      Os custos com pessoal têm aumentado acima de tudo porque se tem contratado jogadores cada vez mais caros e aproveitado menos a formacao, parece-me claro. Por exemplo, nao tenho duvidas de que os salarios iniciais de Mangalas, Defours, Iturbes e Izmailovs é mais alto do que os Bruno Alves (ao inicio), Hugo Almeidas, Alans e Jorginhos. Ou que o salario do Danilo é (bem) mais alto do que o de Fucile ou Sapunaru quando chegaram ao FCP.

      Quanto aos FSE, em parte isso é explicado por também maiores receitas, mas apenas em muito pequena parte. O resto do aumento é difícil de explicar e não compreendo, parece-me haver ali «gordura» desnecessária. Mas quem quiser interessado pode ver aqui muitos mais detalhes sobre os FSE:

      http://www.reflexaoportista.pt/2012/10/o-bicho-dos-fse.html

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    3. Penso que a melhoria da situação económica dos países da América do Sul e a degradação da dos europeus explica também muita coisa.

      Já não se vai buscar um puto ao Brasil por meia dúzia de tostões como se ia há 10 anos.

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    4. "Já não se vai buscar um puto ao Brasil por meia dúzia de tostões como se ia há 10 anos"

      Entao se calhar e' melhor virarmo-nos mais para outros mercados onde a relacao valor-preco e' mais interessante, nao?

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    5. Então não será melhor fazer o que sempre fizemos bem e melhor que os outros? Ir á procura de novos mercados mais acessíveis, mas igualmente garante de qualidade? Será por essa mesma razão que outros clubes começaram também apostar nos mercados europeus mais ou igualmente “acessíveis” que alguns Sul-americanos. Por exemplo o Holandês e o dos países balcânicos? Já para não falar nas apostas ganhas no mercado Belga por parte do FCP e não só. Se analisarmos bem os custos com Reys e o Herrera não ficam mais baratos que o Mangala e o Defour por exemplo… já para não falar de um Witsel.

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    6. Virámo-nos recentemente para outro mercado (mexicano). Mas o valor das transferências nem por isso baixou (7M pelo Reyes e 8M pelo Herrera).

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    7. Sim, claro. Mas não é propriamente dum dia para o outro que se monta uma rede de observação com a categoria que a que o Porto tem na América do Sul noutra região.
      Além disso, a América do Sul em relação a outros mercados traz vantagens ao Porto, por exemplo no que toca ao facto das equipas inglesas muito raramente se intrometerem em negócios nessa zona.
      O Porto, neste momento, na América do Sul, é praticamente rei e senhor do mercado.

      Já se falarmos em Leste Europeu, Ásia ou África além da quantidade de jogadores de qualidade ser bastante inferior, teríamos que lutar contra a abundância de petro-dólares no Leste Europeu ou as várias academicas inglesas espalhadas por África.

      Não me parece que seja mau mantermos como prioritário o mercado sul-americano. Simplesmente temos que nos mentalizar que está mais caro. E portanto convém comprar menos, mas melhor.

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    8. Desculpa lá DC mas o Benfica ainda agora se desenrascou bem no mercado Europeu...

      E até foi lá buscar uma borla que ninguém sabe o que sairá dali mas veio de "borla".

      Um mercado que nunca vi o nosso clube usar foi o mercado do custo "zero"... será estratégia para não atiçar compradores e não manchar o nome? Até pode ser mas penso que para melhorar a equipa devíamos ia a todos os recursos não?

      Em Janeiro estão uma carrada de gente disponível para novos contratos e estamos nós "preocupados" com Atsu e Fernando e devíamos era estar motivados a garantir reforços nessa altura a custo 0, isso sim.

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    9. O 5LB foi buscar um jogador que já custou muito ao Ajax mas que gradualmente foi perdendo importância na equipa e nunca se assumiu como um indiscutível.
      Portanto, e até pode adaptar-se e jogar muito bem em Portugal, mas não me parece que possa ser comparado a promessas como James, Alex Sandro, Quintero, etc...

      Quanto ao mercado de custo zero o Porto usa-o muito, mas a nível interno. Quanto ao mercado externo, quantos jogadores que ficam livres a custo zero e que ganham no máximo 150.000 euros por mês é que existem com qualidade para vir para o Porto? Talvez não tantos assim...

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    10. Talvez não tantos assim mas certamente existem muitos e se pagamos o ordenado a um Danilo também pagamos a um outro qualquer nessa situação.

      Num outro blog que frequento, em Janeiro fizeram um apanhado e tinha lá alvos bem apeteciveis.

      É a mesma coisa de se estar possivelmente a apostar no Bernard... Será que o Afellay não vinha para cá com uma redução de ordenado se tivesse um prémio "à Danilo"? E o Barça quer 4M-6M€ por ele...

      Nós temos uma fixação enorme pela América do Sul e deixamos a Europa de fora.

      o 5lb já à muito que se virou en negociatas com o Real e o Barça e agora para a Europa Centra e de Leste...

      Quer dizer até o Onofrio nos enganou quando mandou o Deffour e mandou o Witsel para o outro lado...

      Temos que melhorar e muito a nossa rede na Europa, pois até perdemos o Cornellius um avançado muito interessante, Dinamarquês de 20 anos Internacional, para o Cardiff por 7 ou 8M€

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    11. Afellay? ganha à volta de 200.000 € por mês e passou as 2 últimas épocas fustigado por lesões. boa aposta? duvido.

      Sim, o 5lb aceita jogadores à troca porque não os consegue vender por mais, nós não aceitamos, optamos por dinheiro. Tem-lhes corrido bem sim, mas também já levaram com o Alípio. E à custa disso, num central que valorizaram imenso como o Garay, só podem no máximo obter um lucro de 5 milhões (só 50% do passe e cláusula de 20 milhões). São estratégia de negócio, eu sinceramente prefiro a nossa. Isto para não começar a falar em Balboas...

      Essa do onofrio nos ter enganado mostra uma enorme consideração pela nossa equipa de scouting. e o defour e o mangala são muito maus mesmo...

      Perdemos o Cornelius??? mas perdemos porquê? não temos Jackson e Ghilas a caminho? Como é que se perde um jogador em que nunca se esteve interessado e que não faz falta ao plantel?

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  5. Caro Nuno Nunes
    Naturalmente ainda sob o efeito do dia magnífico passado em companhia de tantos portistas queria dizer-lhe que a sua apresentação foi excelente, muito bem estruturada e melhor desenvolvida.
    Vim para a casa a pensar nela e em todas as outras. Cada uma no seu estilo trabalhadas com muito profissionalismo em cada um dos painéis, todas me surpreenderam pela qualidade. Perguntei a mim mesmo se teria havido algum eco da parte do clube. Se não houve terei mesmo muita pena, foi um grande desperdício.
    Mas “isto” é como o Constantino: "já vem de longe”. Ando por cá há muitos anos e sempre me fez confusão a ausência de sintonia entre as várias direcções e os associados. Refiro-me particularmente à era Pinto da Costa mas, poderíamos dizer o mesmo ou pior, das anteriores. Nas assembleias-gerais ninguém é ouvido, pese embora, alguns elogios dispersos “para inglês ver” à participação dos associados nos êxitos do Clube. Também era o que mais faltava que não enaltecessem, por exemplo, o papel das claques.
    No que diz respeito à sua intervenção no Encontro, não acredito que nenhuns dos elementos da Direcção desconheçam as verdades que ali foram proferidas. A pergunta que deixo é a seguinte: quais as medidas que a Direcção irá colocar no próximo Orçamento para responder a situações como o aumento exponencial do Passivo? Não me refiro a palavras de circunstância, de apreensão ou de estímulo a poupanças, mas, a medidas concretas. “Vamos cortar aqui, ali, e acolá”! Não me chegam simples manifestações de vontade envergonhada. Infelizmente não espero ouvir nem uma palavra.
    Porque não se pensa “a sério” resolver o vergonhoso défice sistemático do Capital Próprio? Porque se continua a acreditar ano-após-ano no milagre das transferências como se duma actividade “normal” da SAD se tratasse? Porque se continuam a pagar monumentais quantias em juros com empréstimos para “resolver” empréstimos? Parece que não basta a esta direcção (agora é mesmo desta que estamos a falar) o exemplo do país. Eles não vêem que um dia a bolha pode rebentar?
    Um abraço para o meu amigo.

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  6. Quanto ao "core" eu já fiz a minha parte que foi comprar o lugar anual, como já faço há umas dezenas de anos desde o cativo do antigo ESTÁDIO DAS ANTAS, mas a o motivo que me leva a comentar neste blogue, com o qual não me revejo em quase nada que comentam, é se nas vossas contas tipo copo sempre meio vazio, é se conseguem ter um medidómetro para os TITULOS DO FUTEBOL CLUBE DO PORTO nas várias modalidades e escalões, são dum valor imensurável, isto não os vejo comentar.

    VIVA O FUTEBOL CLUBE DO PORTO

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    1. Caro amigo Aires
      Permita que o trate assim. Se já vem dos Cativos das Antas então tenho parceiro para conversar. Eu venho do Campo da Constituição. Somos do tempo em que não ganhávamos nada, lembra-se? Instabilidade directiva, polémicas constantes entre treinadores, atletas e massa adepta (recordar-se-á do “tribunal que demitia e contratava jogadores”) dos cartões rasgados sempre que perdíamos um jogo importante, “o medo de atravessar a ponte” etc.
      Felizmente, tudo mudou de há 30 anos para cá. Não será necessário recordar o sucesso deste período, conhecido que é de todos. Assim, e não tendo “procuração” dos autores do Reflexão, penso que este blogue do que trata é disso mesmo: reflectir.
      Foi uma das razões que presidiu à realização do II Encontro onde tive a honra de ser convidado para fazer uma das apresentações. O meu tema também incidiu sobre os aspectos menos bons desta geração directiva. Um deles é o aspecto financeiro, as continhas, como lhe costumo chamar. Não fará mal que um grupo de sócios e/ou adeptos se preocupe com as finanças do clube.
      É que, infelizmente, “elas” não são nada boas. Provavelmente o meu caro, não terá paciência, conhecimentos, ou pachorra para perder tempo com estas minudências, mas, no meu modesto entendimento, e penso que cada vez com mais regularidade, vejo portistas a questionarem a direcção.
      Basta olharmos para o que está a acontecer aos 2 circos da Segunda Circular para percebermos que não estamos assim tão longe daquele descalabro. Já dizia o meu avô: “cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém”. Sabe porquê? Quando o senhor Pinto da Costa tomou posse e abriu a gaveta, não tinha dinheiro. Só tinha vales e papeis.
      Quando um dia, que não deve estar muito longe, o senhor Pinto da Costa resolver retirar-se, não quero que volte a acontecer o mesmo.
      Um grande abraço e obrigado por ter comentado.

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