sexta-feira, 11 de julho de 2014

Nota 15


O que está a dar é o mundial que tenho seguido com particular atenção. Porém, estou mais interessado no FCP, na próxima época e em alguns escritos que têm saído sobre o momento do clube. Vou participar nesse debate, desorganizadamente.

Vítor Baia, Fernando Gomes, João Pinto, Jaime Magalhães e Domingos, não passaram pelo crivo do empréstimo; a maioria dos jovens jogadores (por essa altura) teve que cumprir noutros clubes uma fase de transição até regressar ao FCP. Perdemos André Gomes como no passado Pedro Barbosa. O FCP tentou promover alguns jogadores, como Postiga e Sérgio Oliveira, em tempos diferentes. Também, com Ivanildo, Paulo Machado, Vieirinha ou Hugo Almeida. Saíram e não deixaram saudades, pelo que me apercebi. Recrutaram-se jovens promessas portuguesas que servem de chacota para muitos porque não corresponderam às expectativas; só na época passada: Josué, Tiago Rodrigues, Licá e Ricardo constituíram-se como exemplo disso. Sentença: o FCP não tem prospecção, escolhe mal e paga caro.

A formação é uma espécie de D. Sebastião da bola: sempre que a coisa corre mal, no FCP ou na selecção, toda a gente se vira para ela, emergindo como uma personagem saída do nevoeiro, para preparar a redenção do futebol; os directores dos clubes são eleitos como os principais responsáveis pelo défice, por interesse próprio. Os estrangeiros são mais lucrativos, acusa o pessoal. Que os jornalistas e os adeptos o façam, percebe-se, porque não se tem produzido valores de qualidade suficiente nas nossas oficinas e, desse facto, resulta um sentido de desperdício, pronto a esquecer logo de seguida ao próximo êxito, e a ressuscitar imediatamente após o próximo insucesso. Tem a palavra a FPF que deve ser o motor da mudança. A palavra aos técnicos. Espero que não se fiquem por lugares comuns e “no olha para o que digo, não olhes para o que faço”, como fez há uns dias VP na TV.

Portugal é um país pequeno e avesso a praticar desporto e ao exercício físico. Tem, segundo penso saber, o triângulo invertido no que concerne à distribuição etária da população que pratica futebol, inscrita federativamente. Estes são dados estruturais. Mas há outros. A obrigação de chegar a resultados desportivos que garantam receitas compatíveis, a obrigatoriedade da presença na CL para engrossar os proveitos e a fragilidade dos vínculos contratuais, face à pressão que os jogadores fazem para fugir quando estão em alta, apelam a um tipo de gestão imediatista ou de curto prazo que obviamente acarreta muitos inconvenientes na sustentabilidade do negócio e da coesão dos grupos. Cada época é um calvário. Este circo aborrece. Não me revejo nesta fúria, mas sigo a par e passo, esta prática que se vem entranhando no panorama futebolístico. Alguma vez, teremos de arrepiar caminho, mas não creio que se regresse ao passado. O futuro é incerto, o que não o é?

Para explorar e criticar o presente nada melhor que cantar loas ao passado. Fica bem e melhora o perfil de quem acusa. Mas, no passado, cometeram-se erros: fiquei indignado quando exportámos Rui Barros para a Juventus; nessa época batemos no fundo e não apenas pelo recrutamento de Quinito para treinador, para sossegar (em parte) os detratores de Ivic que defendiam que não jogávamos bem e que, por isso, tínhamos de mudar. Relativamente às escolhas dos treinadores por este ou aquele jogador, lembro que Bobby Robson não hesitou em sentar Domingos (vindo da formação) para colocar no eixo do ataque Yuran (raptado ao SLB) na mesma semana em que foi recrutado pelo FCP. Não houve drama. E Domingos acabou por tomar o lugar e tornou-se imprescindível, porque tinha muita qualidade. Lamentavelmente, a nossa formação não tem produzido jogadores de futebol com qualidade, ultimamente. Nem alma se nota nas equipas de formação.

Velho como sou, aprecio a estabilidade, a segurança no emprego e os jogadores como fazendo parte de um futebol mais romântico em que o amor à camisola deveria contar; por isso, acolho estas novidades que o negócio atrai, com natural desconfiança. No FCP gostaria que houvesse práticas mais transparentes e dirigentes irrepreensíveis. O futebol mudou: não é do clube, é de uma sociedade anónima desportiva. Nas actuais circunstâncias, estou de acordo com o plano do FCP SAD para a próxima época. Aceitei muito bem a escolha do treinador, o empréstimo do Tozé (eleito à condição de mártir), o recrutamento de um guarda-rede e o que vou lendo sobre a época de 2014/15. Desagrada-me não haver uma adequada blindagem, relativamente aos alvos que o FCP pretende contratar. E são tantos!? Que orgia! A indefinição da formação do plantel, que pode arrastar-se até ao final de Agosto, é mais um elemento indesejável na constituição da equipa. Aumenta a incerteza e a CL tão perto. Esta época, estou prudentemente confiante. Dou nota 15 ao programa. A revisão segue dentro de momentos.

5 comentários:

  1. Depois de alguns anos sem saber o que fazer com a formação, acho - baseado características que apresentou da realidade do futebol português - que finalmente se desenhou uma linha: vamos formar quem tiver mérito. Português ou angolano ou colombiano ou charters de chineses. O que quer dizer ter mérito? para além dos pézinhos, ter visão de jogo, ser disciplinado, e ter cabeça (ou alguém que tenha cabeça por ele) para aguentar a pressão... De todos os que se perderam o que me deu mais pena foi o Paulo Machado... mas, já toda a gente viu que ele não tem o tal estofo. Uma pena.
    Presumo que muitos virão falar de Kelvin... lembro-me sempre do Carlos Alberto. Gordo.
    Enfim, a vida não é justa. Os adeptos com certeza também não...

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  2. Atlético põe 27 milhões na mesa por Iturbe.

    Mais um bom negócio

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    1. Já os 15M foram um bom negócio.
      Os 12M a mais, devem ser pelo passe do papai...

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  3. Pelo 11 que parece que queremos formar, estamos bem...

    Falta agora, como sempre, saber quem vamos dispensar e quem fica no plantel e como as jovens promessas, que começam a ser menos jovens, vão ter espaço e minutos para se mostrar.

    A ver vamos

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  4. Tenho 54 anos de idade a pratico futebol de praia no Inverno - estamos agora tambem no defeso! - e até sou dos mais novos!
    Contudo espanta-me ver este povo português que vive de telenovelas e arrepios de moda e momento!
    Quando está sol, as esplanadas abarrotam, os praticantes de jogging transpiram, e os ciclistas entopem os passeios. mas será isso desporto, ou um voyeurismo ao contrário?
    Realmente estou de acordo com o Mário faria, e aliás as provas não renegam, somos o povo da Europa com menos propensão para a prática de exercicio fisico... o que de acordo com alguem que disse que mens sana in corpore sano...
    Agora tambem acredito que somos os primeiros na critica feroz, irracional e egoista, somos do genero que "até eu fazia melhor com uma perna ás costas", e como tal, quem é que paga? O mexilhão! E o mexilhão neste caso futebolistico tem nome: formação!

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