sábado, 16 de agosto de 2014

Rúben Neves, Casemiro e a posição 6

O JOGO, 16-08-2014
Não conheço um único portista que não goste de ver jogadores portugueses, provenientes da formação azul-e-branca, a jogar na equipa principal do FC Porto.
Assim sendo, a coragem do espanhol Lopetegui, em entregar a titularidade a um miúdo de 17 anos no primeiro jogo oficial da época 2014/2015, foi apreciada por mim e por todos os portistas que eu conheço.

Ao prazer de vermos Rúben Neves a estrear-se com a camisola dos dragões, acresce uma exibição personalizada, em que o golo inaugural do desafio não é um mero pormenor.

Rúben Neves mostrou ter uma boa visão de jogo, um passe preciso (apenas dois passes falhados em 35 efectuados) e não complica quando tem a bola nos pés.
Mas, na minha opinião, Rúben Neves é demasiado macio para jogar na posição 6 (“trinco”).
Apenas uma falta e dois roubos de bola são indicadores dessa macieza, embora haja outros aspectos a considerar.

Jogando como médio mais recuado, a ligação com a dupla de defesas-centrais também não me pareceu a melhor.
As compensações à dupla de centrais, quando estes foram ultrapassados pelos avançados do Marítimo, foram feitas, quase sempre, pelos laterais (Alex Sandro fê-lo duas vezes).
E quando o Marítimo pressionou e apertou os defesas-centrais nas saídas de bola, o Rúben Neves não se viu.

O JOGO, 16-08-2014
«A primeira substituição de Lopetegui no campeonato foi acertadíssima. Havia uma dificuldade tremenda para sair a jogar com bola, porque o Marítimo tapou bem as zonas de saída no corredor central. Rúben Neves não é um trinco puro e duro, Herrera não estava bem e saiu para dar lugar a Casemiro. Foi o brasileiro quem acabou por colocar ordem no meio-campo
in O JOGO, 16-08-2014


Em jogos no Estádio do Dragão, contra equipas do nível do Marítimo, penso que não será muito arriscado Lopetegui continuar a apostar em Rúben Neves para a posição 6, mas contra equipas mais fortes e, principalmente, nos jogos fora de casa, não me parece que seja uma boa solução.

Nesses jogos (de grau de dificuldade mais elevado) apostava em Casemiro que, tal como Rúben Neves, também não é um "6" de raiz (tipo Costinha ou Fernando), mas tem outra compleição física e uma maior agressividade e intensidade na disputa da bola.

Nota: Os destaques no texto a negrito são da minha responsabilidade.

9 comentários:

  1. Caro José, concordo consigo a 100%. Assino por baixo.

    Digo só, caríssimo, que o discurso de Lopetegui indica plenamente que vai fazer o que o José indica no último parágrafo. E vem aí Clasie.

    Abraço.

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  2. De acordo. Rúben Neves é um bocado macio no aspecto defensivo, provavelmente não dará conta do recado em jogos de maior exigência (já nem digo a Luz, não o imagino a titular à 6ª jornada em Alvalade). Dito isto 1º é preciso ver que tem 17 anos, portanto tem margem de progressão também no aspecto físico, o que vai ser importante, como na leitura de jogo, o que lhe vai melhorar a capacidade de antecipação e desarme dos lances.

    Depois convém realçar que Lopetegui parece não querer um trinco de destruição, o que eu não considero ser o mais avisado precisamente para jogos de maior exigência mas são as linhas com que nos cosemos de momento.

    E 3º, o Casemiro apesar de ter sido muito importante no jogo de ontem nesse aspecto, também me parece muito distante em termos de ritmo e capacidade defensiva das saudosas memórias que temos do Polvo.

    Julgo que a linha defensiva vai ser chamada a capítulo mais vezes e com menos solidariedade da frente (pelo menos no eixo central) e mais importante é que casas como o Indi e os laterais deram ontem não se repitam muitas vezes. Alguém consegue perceber a abordagem do Danilo ao lance em que o Dyego Souza (?) fica isolado no final da 1ª parte? Assim não há trinco que nos valha.

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    1. De acordo, estou em crer que o vídeo do jogo vai ficar gasto de tanto uso. A defesa à linha e as falhas defensivas terão de ser corrigidas. E sê-lo-ão, estou certo.

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    2. "...é preciso ver que tem 17 anos, portanto tem margem de progressão também no aspecto físico..."

      Sem dúvida.
      E mais.
      Para além de continuar a treinar com a equipa principal, sempre que Lopetegui não contar com ele, Rúben Neves deveria jogar pela equipa B.
      A II Liga é uma boa competição para um jogador como o Rúben Neves ganhar agressividade e desenvolver a componente física do seu jogo.

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  3. Concordo. O Ruben tem que melhorar bastante no posicionamento e na transição defensiva. O Casemiro provavelmente também mas é um jogador mais rodado e mais agressivo. Clasie, se vier, também é enorme candidato ao lugar.

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  4. Classie também não é um "polvo". É um jogador com critério, que sabe fazer mover o esférico distribuindo jogo desde a posição de pivot. No fundo, é um clone europeu do Casemiro. O Ruben tem todo o potencial para converter-se, a médio prazo, num oito de pura classe. Mas em vários jogos da temporada poderá facilmente trabalhar como 6, como bem aponta o Zé, especialmente no Dragão!

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  5. Concordo com o post. Pessoalmente não acredito que o treinador coloque o R. Neves a titular nos jogos fora, ou nos das competições da UEFA... Acho que nos jogos em casa é mais seguro colocá-lo a jogar, pois sempre dá para o fazer evoluir, ganhar confiança, ritmo, experiência, etc.

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  6. Rúbem faz uma coisa que raramente vimos fazer no Dragão, a bola quando lhe surge já tem -para ele- endereço colocado.E não engonha como o faz a maioria dos outros jogadores.Falta-lhe corpo, ou matreirice? Talvez, mas não deve deixar o convívio dos AAAs senão pode perder-se.Deve jogar sempre que for possível para conseguir esse maturamento físico.

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  7. Rúben Neves: fantástica notícia
    Por Luis Sobral
    16 de Agosto às 12:41

    «Para Rúben Neves não podia ter sido melhor: uma oportunidade, um golo, uma vitória, entrada direta na história desta edição 2014/15 da Liga.

    O golo é o facto mais saliente da noite, mas é também o menos importante. Os golos muitas vezes dependem de acasos, de sorte. São a um tempo tudo e algumas vezes quase nada.

    Rúben Neves não foi o miúdo que marcou um golo. Naquela posição, a mais importante em qualquer equipa, um jogador não pode ser apenas um golo. O relevante disto tudo é que Lopetegui não confiou num jovem da formação para um lugar na frente ou nas laterais. Pediu-lhe que fosse o centro de tudo, o «6». Mais do que o golo foi impressionante a serenidade, a coragem de aparecer para rematar, a integração e as boas decisões que tomou.

    Em nenhum momento do jogo Rúben Neves pareceu ter 17 anos. Esse foi o facto mais relevante da sua exibição.

    Claro que isto foi apenas um jogo. Vai precisar de muitos outros. Ele pode não parecer um miúdo de 17 anos, mas isso não autoriza a que todos nós o esqueçamos. O percurso está apenas a começar, mas é fantástico ver um jogador desta idade ter uma oportunidade num clube como o FC Porto, infelizmente tão afastado daquele que deveria ser um dos seus caminhos fundamentais: promover o que é seu, o que produz em casa.

    A carreira de um jogador é resultado de quatro factores: o talento que possui, a capacidade de trabalho, as oportunidades e a sorte.

    O talento é o que o distingue.

    O trabalho é o que lhe permitirá competir ao mais alto nível.

    As oportunidades dependem das opções de treinadores e dirigentes.

    A sorte tem sobretudo a ver com as lesões. Infelizmente, muitas vezes carreiras promissoras foram paradas por afastamentos prolongados.

    Se olharmos para os onzes de Benfica, FC Porto e Sporting nas últimas épocas percebemos que apenas em Alvalade os jogadores da formação têm merecido oportunidades sólidas de treinadores e dirigentes. Tal facto tem a ver com diversos factores, que não cabem neste artigo.

    É cedo para saber se Rúben Neves terá direito a uma verdadeira oportunidade. Para já creio que podemos apenas dizer que os sinais deixados por Lopetegui são muito bons. Olhou para o médio, viu ali um jogador e foi capaz de o preferir a Casemiro, um emprestado pelo Real Madrid, o que demonstra coragem.

    NOTA: lançar um jogador da formação é o melhor ato de gestão. Todos os clubes portugueses deviam ser capazes de fazer chegar ao plantel principal um jovem da casa, a cada duas épocas. Não o conseguir significa que algo está profundamente errado: a qualidade de trabalho, a relação entre os treinadores da formação e o treinador principal e a política desportiva.»

    http://www.maisfutebol.iol.pt/sobe-opiniao-fc-porto/53ef41630cf2c1dfdf1630e1.html

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