Qual é o futuro do FC Porto agora que parece evidente que os
Fundos vão desaparecer (até encontrar forma de se transformar em algo novo) e o
clube vai ter menos opções para vender a clubes das grandes ligas por cifras
milionárias quando o cerco do FFP vai apertando?
Uma das respostas possíveis – há sempre mais do que um caminho – já se vai dando com as políticas de contratação do clube. Não para a primeira equipa mas para os sub19 e a equipa B. Formar antes, formar melhor e formar jogadores vindos dos quatro cantos do Mundo.
Uma das respostas possíveis – há sempre mais do que um caminho – já se vai dando com as políticas de contratação do clube. Não para a primeira equipa mas para os sub19 e a equipa B. Formar antes, formar melhor e formar jogadores vindos dos quatro cantos do Mundo.
Uma política difícil de
sustentar
Desde 2004 que o FC Porto se especializou a ser um dos
clubes que melhor vende no mundo. Até a Gelsenkirchen conseguíamos vendas
excepcionais mas eram mais fruto do valor per se dos jogadores (Futre, Jardel, Zahovic,
Baía, Couto) do que parte de uma política pensada pela direcção.
O pos-Champions mudou tudo. O clube passou a investir mais do que nunca em passes – sobretudo nos chamados contentores de sul-americanos – mas também encontrou mercados periféricos onde vender caro. Começou na Rússia (Derlei, Maniche, Costinha, Thiago Silva), seguiu para Inglaterra (onde Mourinho já por lá andava com escolhas pessoais da sua equipa campeã) e Espanha graças á mediação de Jorge Mendes (Anderson, Pepe, Meireles) e aproveitou-se dos novos oligarcas mais recentemente (Moutinho, Falcao, James, Hulk). Tudo isso foi feito a partir do pressuposto que havia equipas – e presidentes – dispostos a pagar muito e bem pelos nossos melhores jogadores. Isso acabou. Para o bem e para o mal o Financial Fair Play obrigou os clubes a medir muito bem os seus gastos e só mesmo a emergência de um clube do nada que tenha tudo para acabar mal pode abrir na Europa uma válvula de escape.
Sem haver quem ponha, em regra, mais de 30 milhões na mesa por um jogador, urge pensar duas coisas. Se é mais difícil vender caro, deve-se vender bem. E se ninguém paga demasiado por um jogador nós devemos pagar menos ainda. Porque sim, o FC Porto tem vendido muito em jogadores mas também paga mais do que nunca pagou e a margem de lucro vai-se reduzindo progressivamente. Ainda somos capazes de apanhar algumas gangas no mercado mas o que custou Danilo, Alex Sandro, Jackson ou Brahimi (onde só poderemos comprar até 55% do passe, o resto é da Doyen) fará com que as suas respectivas e inevitáveis vendas rendam muito menos do que um Falcao, James e afins há uns anos atrás.
O pos-Champions mudou tudo. O clube passou a investir mais do que nunca em passes – sobretudo nos chamados contentores de sul-americanos – mas também encontrou mercados periféricos onde vender caro. Começou na Rússia (Derlei, Maniche, Costinha, Thiago Silva), seguiu para Inglaterra (onde Mourinho já por lá andava com escolhas pessoais da sua equipa campeã) e Espanha graças á mediação de Jorge Mendes (Anderson, Pepe, Meireles) e aproveitou-se dos novos oligarcas mais recentemente (Moutinho, Falcao, James, Hulk). Tudo isso foi feito a partir do pressuposto que havia equipas – e presidentes – dispostos a pagar muito e bem pelos nossos melhores jogadores. Isso acabou. Para o bem e para o mal o Financial Fair Play obrigou os clubes a medir muito bem os seus gastos e só mesmo a emergência de um clube do nada que tenha tudo para acabar mal pode abrir na Europa uma válvula de escape.
Sem haver quem ponha, em regra, mais de 30 milhões na mesa por um jogador, urge pensar duas coisas. Se é mais difícil vender caro, deve-se vender bem. E se ninguém paga demasiado por um jogador nós devemos pagar menos ainda. Porque sim, o FC Porto tem vendido muito em jogadores mas também paga mais do que nunca pagou e a margem de lucro vai-se reduzindo progressivamente. Ainda somos capazes de apanhar algumas gangas no mercado mas o que custou Danilo, Alex Sandro, Jackson ou Brahimi (onde só poderemos comprar até 55% do passe, o resto é da Doyen) fará com que as suas respectivas e inevitáveis vendas rendam muito menos do que um Falcao, James e afins há uns anos atrás.
Financial Fair Play e
adeus aos Fundos, um problema sério
O FFP foi criado para estabelecer uma espécie de equilíbrio
entre grandes e pequenos mas são os “pequenos” vendedores como o Porto (e o
Benfica, o Lyon, o Sevilla, a Udinese ou o Ajax) quem mais vão sofrer com isso.
O final dos Fundos servirá apenas (de momento) para rematar o morto. Os Fundos
nunca irão desaparecer. É altamente provável que regressem os clubes fantasma
onde os Fundos inscrevem os jogadores para depois jogar com eventuais
empréstimos, vendas a 50% do passe, etc. Mas o grande beneficio dos Fundos era
a liquidez financeira que geravam e isso sim vai começar a desaparecer. Os
grandes clubes – com as suas gigantescas Academias – vão-se aproveitar disso e
ocupar o vazio enviando os seus activos a valorizar emprestados a esses mesmos
clubes. Não lhes dão cashflow para investir mas oferecem jogadores de
qualidade.
Para o clube que recebe os jogadores o negócio é dúbio. Ficam com a qualidade, sim, mas sabem que é um negócio sem futuro e entram num ciclo vicioso (o FCP está nesta posição, por exemplo, a partir do momento em que se confirme que depois de Casemiro voltar a Madrid venha agora Lucas Silva fazer o mesmo) enquanto que os grandes não só aligeiram a ficha de salários, como mantêm jogadores seus a render desportivamente. Sem os Fundos os clubes têm de encontrar caminhos alternativos. O FC Porto optou pelo mais fácil no momento, mas o de menor margem de sobrevivência. Decidiu seguir por aí por vários motivos mas um deles, evidente, foi a ausência de uma formação de nível a que recorrer.
Para o clube que recebe os jogadores o negócio é dúbio. Ficam com a qualidade, sim, mas sabem que é um negócio sem futuro e entram num ciclo vicioso (o FCP está nesta posição, por exemplo, a partir do momento em que se confirme que depois de Casemiro voltar a Madrid venha agora Lucas Silva fazer o mesmo) enquanto que os grandes não só aligeiram a ficha de salários, como mantêm jogadores seus a render desportivamente. Sem os Fundos os clubes têm de encontrar caminhos alternativos. O FC Porto optou pelo mais fácil no momento, mas o de menor margem de sobrevivência. Decidiu seguir por aí por vários motivos mas um deles, evidente, foi a ausência de uma formação de nível a que recorrer.
O fracasso do projecto Visão 611 foi evidente para todos e
foi preciso fazer um reboot na ideia. Para que surjam jogadores de nível terão
de passar uns bons 3 a 6 anos. Muito tempo. Até lá o clube tentará tapar os
problemas com decisões a curto prazo como os empréstimos. Não é caso único. O
Sevilla tem feito o mesmo com bons resultados para a dimensão do clube. Mas
tudo isso terá, mais tarde ou mais cedo, de acabar. E é aí onde entra a opção
que a SAD parece estar a tomar, a de gerar talento em casa para depender ao
mínimo de variantes externos. Mas não um talento pescado nas ruas de Amarante,
Gondomar ou Espinho. Talento analisado escrupulosamente pela nossa scouting
network a nível mundial que devemos captar muito cedo para que esse mesmo
jogador, dois ou três anos depois, não custe o triplo. Conseguir um Danilo, um
Anderson ou um James três anos antes da idade em que os contratamos para
garantir o talento pagando muito, muito menos. Esse é o objectivo. O como na segunda parte!
O caminho é um que já defendo há alguns anos.
ResponderEliminarRefrear dramaticamente as compras.
"...e Espanha graças à mediação de Jorge Mendes (Anderson, Pepe, Meireles)"
ResponderEliminarMiguel, o Anderson saiu para Inglaterra (Manchester United, 2007/2008) e o Raul Meireles também (Liverpool, 2010/2011).
"...Brahimi (onde só poderemos comprar até 55% do passe, o resto é da Doyen)"
ResponderEliminarA FCP SAD tem 20% dos direitos económicos do Brahimi e poderá comprar mais 55%, passando a deter 75%.