terça-feira, 21 de julho de 2015

A Bola pinchou!

Maxi e Casillas
A contratação de Maxi tem agitado as redes sociais; tem havido muitas críticas à direcção da SAD a propósito (e a despropósito) pelo facto desta contratação ter sido feita à revelia da cultura, da memória e do perfil de jogador à Porto. Outros não a reprovam e consideram que o FCP geriu bem esta oportunidade. Os do “Sim” e dos “Não” digladiam-se freneticamente num ping-pong, redundante e cansativo. A família está desavinda. Trocam-se insultos. Extraordinário, se não fosse lamentável!

Sou dos que não detectou qualquer contraindicação quanto à contratação de Maxi. Mais: acho que vai ter um desempenho profissional de qualidade. Sei que alguns considerarão esta opinião uma heresia, mas estou disposto a correr o risco. Já li coisas desagradáveis por ter esta atitude. És um colaboracionista, um vendido, gritaram. Não havia necessidade. Que deselegância, para ser elegante.

Quando comecei a ver a bola, a contratação de um jogador era para toda a vida, desde que o clube o quisesse. Obviamente que a longa duração contratual cimentava a ligação do atleta ao clube, mas tinha a inconveniência da acomodação num tempo em que o profissionalismo era pouco exigente e a estrutura amadora. As regras mudaram e as leis do mercado, apesar dos travões que o futebol ainda consagra, passaram a influenciar e a determinar as regras do negócio. Como na relação o capital tende a ser dominante, os sócios tendem a ser empurrados para a condição de consumidores. E isso é uma mudança radical que tem sido atenuada pelo facto dos clubes serem os administradores das SAD`s. Mas o laço aperta e é uma ameaça.

Apesar desse aperto, o futebol tem progredido e as melhorias são consideráveis: nas leis do jogo, na defesa dos direitos dos atletas, no aspecto técnico e táctico, na preparação física e na metodologia do treino, na arbitragem e na defesa de um desempenho que privilegie a qualidade. Falta uma regulação que funcione e limpar as estruturas supranacionais. E os sócios ousarem ir além das redes sociais.

O tema Maxi foi lançado como um dos erros maiores da gestão de PdC e como prova do seu declínio. Mas o tiro saiu ao lado, porque a discussão se centrou mais no pecado original do jogador que no presidente. Ora a contratação de Maxi é uma opção discutível mas não é estratégica, por assim dizer, e tem pouco para correr mal, na minha opinião, em termos de desempenho desportivo. Rui Águas encontrou, quando chegou ao Porto, um ambiente de hostilidade de jogadores e adeptos. Foi, com o regresso de Artur Jorge, finalmente integrado, e cumpriu de forma exemplar. Não estou de acordo com o discurso hostil relativamente a Maxi que é apenas um jogador que foi do SLB. Espero que o Maxi consiga ultrapassar este desprezo que rudemente se instala em nome da memória de não sei o quê. Espero que os adeptos se comportem de forma civilizada porque o desprezo não se deve intrometer: hostilizar um jogador que está ao nosso serviço e defende as nossas cores é incompreensível.

Esta fase alargada e tempestuosa em que o futebol se rende em demasia a interesses pouco condizíveis com o desporto profissional que acomodou e respeitou a força e alma dos sócios, tende a torna-lo um corpo estranho e disforme que se entranha no cumprimento de uma lógica de mercado cheio de duvidosos apetites e excessiva intermediação. Este cenário cresce de forma desmesurada na pré-época e sem o cheiro da bola e o apetite do jogo, torna-se insuportável, porque é o que se vê mais e não é bonito. O actual estado da coisa, deixa-me sempre muito incomodado porque o temo, porque não representa a história e duvido que seja sustentável. Não tenho chave para o problema.

Estou preocupado com a reformulação do plantel. Há muitos alvos, demasiada fuga de informação e ainda muita mexida por fazer. Temos a continuidade do treinador o que é positivo a meu ver mas não o é para muita gente, mas se a coisa não correr de forma compatível com as espectativas que criou, e foram muitas, temos o caldo entornado ou pior, porque o desalento pode dar em desistência.

Aleluia, Aleluia a bola pinchou, o FCP ganhou, o Brahimi encantou, o Sérgio confirmou, a cor de cacau passou e o povo portista serenou.

14 comentários:

  1. Como sempre, um passo à frente - a par do José Correia - nestas coisas da reflexão sobre o Porto. Uma delícia!

    ResponderEliminar
  2. Caro Mário,

    Muito obrigado por um post sensato e equilibrado contra esta histeria colectiva.

    Tenho o prazer de subscrever cada letra.

    Muito obrigado, uma vez mais.

    Abraço Azul e Branco,

    Jorge Vassalo | Porto Universal

    ResponderEliminar
  3. Nem um ponto tenho a acrescentar!Totalmente de acordo.É nosso como todos os outros que fazem parte do plantel e o nosso dever como adeptos é apoia-los..a todos!!o Sucesso deles é o sucesso do nosso Clube!

    ResponderEliminar
  4. Havia muito a dizer sobre o texto, designadamente a postura aparentemente pacifista, mas que não deixa de dar a sua bicada feroz aos detractores da contratação pondo-os todos no mesmo saco (é o chamado pacifismo insidioso, mas adiante), todavia realço apenas um aspecto muito importante que não pode e não deve, jamais e em tempo algum, passar em claro: o Maxi NÃO é "apenas um jogador que foi do SLB". Não vou explicar porquê, de tão evidente. No Direito é um facto notório. Assinalo apenas o revisionismo. Não obstante, volto a frisar: que o Maxi tenha muito sucesso no FCP.

    ResponderEliminar
  5. Do ponto de vista estritamente técnico nada tenho a opor à contratação do Maxi. Tampouco as suas declarações ao serviço do Benfica me preocupam: há muito que deixei de dar importância ào que dizem os futebolistas na maior parte dos casos. Na maioria das vezes, dizem o que outros esperam que eles digam. Já os números que o Maxi vem auferir deixam-me mais preocupado, não só pelo que isso contribuirá para os encargos da SAD, como nas ondas que poderá causar entre colegas com vencimentos menores e qualidade igual ou superior.

    Quanto ao mercado, o problema não me parece estar nele, mas sim em certos operadores. Mas pelo menos existe, o que não se passava nos tempos em que o Mário começou a ver a bola, e era por isso que os contratos "eram para toda a vida": os jogadores ficavam amarrados para sempre aos clubes, mesmo no final dos contratos. Eu ainda sou desse tempo, também.

    E, sim a bola pinchou, e também gostei de ver o Brahimi, a quem parece que as férias fizeram bem.

    ResponderEliminar
  6. 1- Se havia dúvidas quanto ao erro desta contrataçao, basta ver a divisão entre os adeptos que ela provoca.

    2- Pensar que os adeptos, como eu, sao contra esta contrataçao apenas e só porque ele passou pelo slb continua a ser um erro tremendo.

    3- Pedirem-me para que nao me incomode com esta contrataçao é o mesmo que me pedirem para nao ser adepto do Porto e que mantenha uma visao fria e racional de um simples observador do mundo do futebol.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Pensei q era mais do q obvio de q a esmagadora maioria dos q estão contra esta contratação nao têm essa opinião por causa de simplesmente ser um jogador que veio do slb. Alias, bastava ver q muitos outros jogadores ex-slb (Iuran, Kulkov, Maniche, etc) geraram muito menos controvérsia do q esta contratação.

      E mais: nao falta quem esteja está contratação pura e simplesmente por considerar o racio valor/custo como ridículo.

      Eliminar
    2. Caro José,

      Também eu pensava que era óbvio que a esmagadora maioria dos que estao contra esta contrataçao nao o são por ser um jogador ex-slb.

      No entanto no texto é isso mesmo que é afirmado: "Não estou de acordo com o discurso hostil relativamente a Maxi que é apenas um jogador que foi do SLB."
      Nao estou de acordo que Maxi é apenas isso, um ex jogador do slb, e sim, é sobretudo o lado emocional a falar porque nem abordo o absurdo financeiro que isto representa.

      Eliminar
  7. O Mário apoia quem quiser, eu não apoio filhos da mãe.

    ResponderEliminar
  8. Obviamente (e como já foi aqui dito) entre os adeptos há de tudo, e estou certo que a grande maioria dos que foram contra a contratação de Maxi nao vão agora "hostiliza-lo". Muitos desses irão mesmo apoiá-lo, e muitos outros (como eu) nao Irão hostiliza-lo mesmo que tb nao o vão incentivar. E quase todos eles terão poucas duvidas que ele irá ser profissional (alias ainda nao vi ninguém q colocasse isso em causa).

    ResponderEliminar
  9. Vamos lá esclarecer uma coisa. Nem todos os que não queriam a vinda de Maxi , o fazem devido ao clube de onde vem. Há muitos,como é o meu caso, que consideramos o Maxi um lateral banal, e com uma idade e preço que provocam que não faça sentido ser contratado por um clube da grandeza e nivel do Porto.
    Será assim tão difícil perceber que há portistas coerentes??Que há portistas que pensam pela própria cabeça. Se há quem não gostava do Maxi, dizia que ele era banal e numa semana passou a dizer o oposto, muito bem, mas entendam que há quem mantenha a sua opinião do jogador independentemente da cor da camisola que veste.
    É obvio que sendo jogador do Porto ,Maxi não deve ser assobiado nem insultado pelos portistas, eu nunca fiz nem farei isso a nenhum profissional do Porto, mas não queiram , como se fosse um designio da nação, obrigar toda gente a amar o Maxi e achar que ele é um jogador á Porto, portador da mistica e ultimo baluarte do que és ser portista.
    Respeitem quem tem coluna vertebral e opiniões claras. Não queiram obrigar toda gente a pensar da mesma forma, nem dar lições de portismo. Há varias formas de gostar e defender o Porto.

    ResponderEliminar
  10. Caro Mário.
    Que ele venha daquele clube isso nem me mexe muito.
    O que me mexe foi o facto de ele dizer coisas absurdas e porcas |desculpe-me o insulto| ao longo dos 8 anos anteriores ao nosso clube.
    E que depois se vá contrata-lo como se nada houvesse dito ou feito.
    Nós temos memória...

    ResponderEliminar
  11. Os jogadores sao na sua maioria profissionais e nao vejo qualquer motivo de receio que o Maxi seja menos dedicado do que sempre foi a Sul.

    Agora que o Danilo foi vendido por 30M toda a gente acha que foi bom negocio; no entanto quando foi contratado por 17M com um salario muito elevado muitos portistas acharam um erro colossal. Alguns dos meus amigos aqui esquecem-se que nem sempre ha um Danilo no mercado onde mesmo com 17M e elevado salario faca sentido fazer o esforco. Outra das possiveis razoes para escolher o Maxi pode tambem ter sido a falta de experiencia que revelamos o ano passado nos momentos decisivos. Nao conto com o Maxi para ser voz de comando, mas conto que nao trema, o que podia ter sido a diferenca o ano passado.

    O que o Maxi disse do Porto enquanto esteve por Lisboa foi a reproducao da mensagem dos papagaios benfiquistas. Tambem nos ja tivemos jogadores nossos, nao tao identificados com o FCP, a reciclar mensagens da SAD e nao é por isso que nao iam para um rival nosso se fosse melhorar a sua carreira. O Maxi vai agora sentir as dores do nosso clube porque ele é efectivamente uma parte do clube nos proximos 3 anos.

    Maxi nao foi uma aposta de rentabilizacao financeira de um activo, foi uma aposta no imediato. O que nao pagamos pela transferencia acabamos por pagar em salarios, ja se sabe que os jogadores livres saiem sempre mais caros em salarios e premios de assinatura.

    ResponderEliminar
  12. Para dizer disparates, mais valia estar calado.

    ResponderEliminar