A vontade de vencer foi algo que sempre caracterizou as nossas equipas. Por vezes, onde faltava o resto, sobrava garra.
Não é necessário citar nomes de jogadores que, ao longo dos tempos, personificaram essa característica, pois são inúmeros os exemplos e todos os conhecemos.
Também hoje, no Estádio, damos o mesmo aplauso ao jogador virtuoso que faz algo que mais ninguém, tecnicamente, consegue fazer, como ao jogador que deixa “tudo em campo” (eu, muitas vezes, confesso que aplaudo mais este último do que o primeiro).
A vontade não é, obviamente tudo. Mas faz muito. Em especial, quando ela falta, torna-se muito complicado vencer uma competição de fundo, como é a Liga.
De facto, mesmo que sejamos superiores ao adversário, há jogos em que o adversário tem a sorte de nos marcar um golo e em que precisamos de recuperar da adversidade; ou em que o árbitro inclina o campo contra nós e precisamos que o elemento da vontade nos ajude a superar essas dificuldades; ou em que, pura e simplesmente, não estamos a acertar e precisamos de acreditar.
Esses jogos valem exatamente os mesmos três pontos que os demais. E também precisamos de preparar esse tipo de jogos (nos demais, o mais normal é que a nossa superioridade se imponha).
Muito se tem escrito, no Reflexão Portista, sobre a maior ou menor qualidade da equipa de este ano, quando comparada com a do ano passado. Acho que ainda é cedo para fazer o saldo dessa análise, embora, de forma genérica e ainda precoce, me pareça que ganhámos mais “raça” e “grupo” (Danilo Pereira, Maxi, André e Aboubakar) e perdemos algum virtuosismo (Danilo, Alex Sandro, Oliver, Quaresma e, naturalmente, Jackson).
Isto sem querer dizer que os primeiros não são virtuosos (por exemplo o Aboubakar aparenta ter menos técnica do que a que, na verdade tem e André, lutando muito, parece encobrir o “mar de futebol” que lhe corre nas veias e que já mostrou sempre que entrou) ou de que os segundos não eram lutadores. Afirmar isso seria, a meu ver, uma injustiça, que não corresponde ao meu entendimento.
Queria apenas salientar que a vontade de vencer cada jogo (eu diria, cada lance) deve ser um ponto de trabalho para Lopetegui. Custa-me, por exemplo (e já aqui o referi) ver um jogador como Tello tirar o pé em lances divididos.
Penso que o treinador percebeu já que o campeonato se pode perder num lance, ou num jogo, e que não temos margem para a perda de pontos (embora a saída de Aboubakar, na Madeira, para a entrada de Osvaldo, não tenha sido por mim compreendida).
Na Champions há um natural impulso de superação. Espero que este seja um ponto bem trabalhado pelo treinador também para as demais competições. Jogador que “tirasse o pé” num jogo da Liga frente a uma equipa menor, seria um jogador que, para mim, não mereceria jogar no jogo seguinte da Champions.
“Querer” não é uma condição suficiente para vencer mas é, sem dúvida, uma condição necessária, que se trabalha no dia-a-dia e que também se contagia do banco para o campo.
Estamos bem a tempo de trabalhar isto.
"(nos demais, o mais normal é que a nossa superioridade se imponha)"
ResponderEliminarA jogar como se joga à bolinha este ano, todos os jogos fora e boa parte dos jogos em casa são de tripla.
Lopetripla, mais precisamente.
Espero que não, João. Ainda vamos a tempo, mas temos que trabalhar
EliminarEu penso que essa vontade de vencer e de deixar a pele em campo estava associada ao Portismo que existia na altura. Eram outros tempos. Era o tempo do orgulho tripeiro, do tribunal, do João Pinto e do Jaime Magalhães. Os nacionais eram Portistas e os estrangeiros eram rapidamente polidos com as nossas cores e costumes.
ResponderEliminarHoje em dia tudo isso mudou. Os rapazes já não são jogadores de futebol! São técnicos profissionais de futebol que passam pelo nosso clube como um mero emprego temporário onde 95% do empenho que empregam em campo se destina a mostrarem-se a clubes maiores do que propriamente a lutar pela nossa equipa.
Um treinador Portista poderia de certa forma amenizar essa tendência mas, nem isso temos.
Por muito que se possa criticar o Sporting e toda aquela maralha que o gere, é inegável o esforço de cortarem com esse trajecto puramente mercantilista para apostarem um pouco mais na paixão e entrega para obterem resultados.
Em 2003 e 2004 provámos ao mundo que apostando mais forte num treinador de inegável qualidade aliviando a carga financeira com talentos nacionais emergentes, poderemos fazer coisas bem mais bonitas do que o que estamos a fazer com um basco tosco e um carradão de mecos que ninguém sabe o que estão aqui a fazer.
Miguel, percebo mas também há razões de esperança. Acho que isto pode ser trabalhado
Eliminaros tempos mudaram, tenho a certeza que muitos jogadores desses tempos hoje seriam como muitos o são agora.
ResponderEliminarNão é preciso falar só nesses jogadores, mesmo os miúdos de agora não têm o mesmo espirito de sacrifício de antigamente, onde ficavam horas e horas a jogar á bola e para nós era tudo, os tempos mudaram e é preciso perceber isso, e também o clube adaptar-se a isso..
Concordo, Alberto Silva. Os tempos são outros e temos que nos adaptar. E o "trabalho" de que falo vai nesse sentido (perceber que os tempos são outros mas que é importante manter um certo caráter). Temos também exemplos recentes de jogadores com garra e em que a garra superava algumas limitações (ex: Fernando, que não deixou de ir para o city).
EliminarDafil Nab, obrigado. É mesmo esse o ponto que acho que deve ser trabalhado
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