O FC Porto entrou a vencer na Liga com uma boa vitória no terreno de um claro candidato aos lugares europeus. Um excelente início, tanto pelo resultado como pela dificuldade do rival, um Rio Ave em mãos de um óptimo treinador e com muito futuro como é Capucho e que sabe ao que joga. O Porto está ainda num processo de crescimento coletivo como parece óbvio numa equipa que ainda não está fechada - esperamos - e que leva um mês e meio de trabalho colectivo.
O Porto entrou bem no jogo. Nuno alinhou o onze esperado. Brahimi e Aboubakar parecem ter o destino traçado. No caso do camaronês explica-se com dificuldade a decisão uma vez que nem uma venda será positiva - o FC Porto tem uma parte reduzida do passe - nem o camaronês parece ser inferior a Depoitre (e o FC Porto tem ainda um ponta-de-lança a menos nas contas colectivas) pelo menos visto o que conseguiu no inicio da época passada. Já Brahimi, praticamente banido do projeto de NES, está a desvalorizar-se a cada dia que passa, algo que pode prejudicar uma venda futura. Infelizmente longe vão os dias em que os clubes podiam fazer isso aos jogadores e ainda assim sair a vencer no pulso. Sem esses dois pilares da época passada, o resto do onze foi o esperado com André Silva, Otávio e Corona no eixo ofensivo em grande nível e André André, Danilo e Herrera afiançando o controlo da zona intermédia. A bola circulava com fluidez, com algum erro individual natural pela falta de treino colectivo, mas o Porto dava boas sensações até que o golo chegou num lance de bola parada, contra o ritmo do jogo, e colocou o Rio Ave na frente. Um canto ao primeiro poste, uma marcação zonal que precisa de ser trabalhada e Marcelo a antecipar-se a Casillas na pequena área para marcar sem oposição. Um golo em contra que o Porto não merecia mas que revelou o carácter da equipa. Todos nos lembramos do karma lopeteguiano de nunca dar a volta a resultados adversos. Pelo menos com esta equipa, percebeu-se que esses dias já acabaram. Não tinham passado ainda quatro minutos e já Telles - desacertado defensivamente mas com boa aportação no ataque - conseguiu centrar da melhor forma para a área onde André Silva ganhou o lance, sobrando a bola para Corona que num gesto técnico espectacular empatou o encontro. Um grande golo e um prémio merecido para o mexicano que esteve em boa nota ao longo do encontro.
O Porto voltou do descanso com vontade de mudar rapidamente a história de tropeções contra rivais dos últimos anos após começar a perder e voltou a assumir o jogo. Herrera era o responsável de trazer o esférico, André André de apoiar André Silva e Otávio e Corona muitas vezes procuravam zonas interiores deixando o jogo lateral a Maxi e Telles no apoio constante. Um modelo que foi empurrando o Rio Ave, que procurava nas transições rápidas a resposta, e que triunfou quando uma boa jogada de combinação no miolo encontrou um Herrera inspirado. O remate de meia distancia foi perfeito e adormeceu nas redes vilacondenses para selar definitivamente a reviravolta. Uma noite com sabor a tequilla e guacamole que teve o seu perfume luso quando, na recarga de uma grande penalidade, André Silva colocou o 1-3 final no marcador, demonstrando que está numa boa forma goleadora, precisamente o único que se lhe criticou durante a época passada. Cada vez mais completo, André Silva tem dado boa conta de si mesmo lembrando o arranque de Domingos há já quase trinta anos. NES lançou ainda no terreno de jogo a Adrian - parece determinado em encontrar-lhe utilidade - e Depoitre para a sua estreia de dragão ao peito. Antes já Layun tinha rendido um excelente Otávio para tapar a aberta na esquerda deixada pelo desastrado Telles, expulso.
No final o Porto conseguiu não só o primeiro e importante triunfo do ano, e logo fora de casa, mas também uma injeção de moral antes dos próximos confrontos europeus e de um arranque de liga exigente. A equipa deu a sensação de estar ainda distante do que pode apresentar mas com uma ideia de jogo clara e, sobretudo, um importante plus de carácter e atitude como não se viu nos últimos quatro anos. Que Vila do Conde seja o primeiro golpe de efeito numa época para recordar.
5 comentários:
Apesar das criticas justas ao desprofissionalismo com que a SAD tem actuado no que toca ao mercado, continua-me a parecer que existe uma postura de corte com o passado recente e que aos poucos se tem construido uma equipa bem mais promissora do que as imediatamente anteriores.
Como desconhecemos o interior do balneário, vai haver sempre situações que nos vão causar estranheza ou descontentamento seja nas entradas como nas saídas mas Brahimi parece-me o exemplo perfeito do sacana que quiz fazer do FCPorto um mero trampolim esquecendo-se de alguns conceitos importantes como brio profissional, respeito pela entidade que lhe paga o ordenado (miserável) e pelos adeptos.
Aboubakar, Josué, Gonçalo, Quintero? Sebemos lá! Algo do género?
O Nuno não tem um modelo de jogo propriamente encantador. Baseia-se na segurança defensiva e na chegada rápida às zonas de finalização, um pouco à imagem do Jesualdo (que, aliás, foi seu mentor). Quando foi contratado, não fiquei entusiasmado porque, no meu entender, havia treinadores mais capazes em termos técnico-tácticos. No entanto, assinalei desde logo um aspecto positivo: o perfil de liderança e a capacidade de trazer o grupo para o espírito Porto, que, diga-se o que se disser, no nosso clube é importantíssimo (exemplos recentes: AVB e VP). Ora, ontem pude assistir precisamente a isso: um comprometimento sério dos jogadores com os objectivos do colectivo (veja-se a celebração do golo do Herrera). Para já, é o aspecto mais positivo do FCP versão 2016/2017, e, a manter-se, pode ser que traga outras vantagens. De resto, grandes golos dos mexicanos, boa reacção ao golo sofrido e muito por onde trabalhar. O Otávio continua a encher-me as medidas (está em 2 golos) e é o destaque natural.
Belo texto :)
Concordo com o Miguel.
Mas eu diria, mergulho a mergulho. Os vermelhos lá abriram o marcador com mais um mergulho do taliban, a dar origem a um livre mentiroso que resultou em golo. Mais do mesmo, todos os anos igual.
Só acrescentar que este é o trio de meio campo mais fraco de que tenho memória. Com um trinco como Danilo e um jogador que falha 3 em cada 4 passes (embora corra e corra e corra) bem podem vir defesas centrais.
Gostei dos sectores juntinhos e a equipa a actuar como um bloco, à Jesualdo. Falta qualidade no meio campo e um Brahimi com a cabeça no sítio (parece que finalmente vai embora, veremos).
Soren,
Se estiver errado peço desculpa, mas quero acreditar que se refere a Herrera (porque é típico) quando fala no jogador que falha 3 em cada 4 passes, certo?
Se sim, explique lá como raio, alguém que falha 3 em 4 passes consegue ter 85% de eficácia no passe?
Chateia, serem Portistas os primeiros e dizer mal dos nossos... Muito mais, quando as observações são completamente descoladas da realidade dos factos...
Cumps
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