O JOGO é o único jornal desportivo que eu compro, o que faço, com alguma frequência, aos fins-de-semana.
De há uns meses para cá, a edição de domingo de O JOGO sofreu diversas alterações e passou a incluir crónicas de um conjunto alargado de comentadores.
Comentadores de O JOGO (edição de 16-10-2016) |
Um dos comentadores da edição de domingo de O JOGO é Manuel Queiroz, um jornalista Portista, que leio desde os seus tempos do PÚBLICO (no século passado) e do qual destaquei vários artigos em posts publicados no ‘Reflexão Portista’ ao longo dos anos. Alguns exemplos:
O jornalismo vergado a interesses (7 de Março de 2009)
Matar o mensageiro (25 de Janeiro de 2010)
Recordando Pôncio Monteiro (16 de Abril de 2011)
O fanatismo cego e doentio da benfica TV (12 de Junho de 2013)
Manuel Queiroz, que já esteve no “Index” de Pinto da Costa (penso que já não está), no início da sua crónica de hoje (com várias partes) faz uma referência às contas do FC Porto:
Manuel Queiroz na TVI |
«O descalabro das contas do FC Porto – 58 milhões é uma brutalidade – teve o efeito, ao que parece, de colocar Pinto da Costa outra vez na torre de comando, de que verdadeiramente tinha saído nos últimos anos. Mas aqueles números vermelhos têm nomes – Casillas, Maxi, Quintero, Adrian Lopez, Bueno, Tello, Imbula, Lopetegui – que foram decisões de gestão contra as quais muita gente alertou. E até foi alvo de chacota por isso. Vê-se hoje: nem títulos, nem dinheiro. É um descontrolo total porque, se é verdade que a grande diferença teve a ver com as vendas de jogadores que não houve, parecia muito evidente já em janeiro. E ninguém tomou medidas e o resto da administração estava toda – saiu apenas Antero Henrique. Que teve muitas culpas, mas todos os contratos têm que ser assinados, pelo menos, por dois administradores…»
Neste seu texto, curto mas incisivo, particularmente por aquilo que é sugerido nas entrelinhas, Manuel Queiroz parece querer isentar Pinto da Costa da desastrosa gestão desportivo-financeira dos últimos anos. Pelo menos é essa a leitura que se pode fazer da frase “colocar Pinto da Costa outra vez na torre de comando, de que verdadeiramente tinha saído nos últimos anos”.
Bem, se Pinto da Costa, que é o presidente do Clube e da SAD, não é o primeiro culpado e o responsável máximo do que se passou nos últimos anos, quem foi? O porteiro?
Por outro lado, ao falar do descontrolo das contas da FC Porto SAD, Manuel Queiroz insiste na ideia, que já li/ouvi a muitos portistas, de que “a grande diferença teve a ver com as vendas de jogadores que não houve”.
“as vendas de jogadores que não houve”? Ó meus amigos, vamos lá ver se a gente se entende. No exercício 2015/2016, a FC Porto SAD registou mais de 75 milhões de euros (75.357.145 Euros) em vendas de passes de jogadores, as quais proporcionaram mais-valias superiores a 40 milhões de euros (40.222.955 Euros).
Se alguém tem dúvidas, consulte as páginas 68, 97 e 98 do Relatório e Contas Consolidado da FC Porto SAD, porque está lá tudo explicadinho.
O cenário é de tal forma negro, que se a FC Porto SAD tivesse feito o dobro em vendas de passes de jogadores, mantendo o mesmo rácio entre vendas e mais-valias, atingiria o valor estratosférico de 150 milhões de euros em vendas de jogadores, 80 milhões em mais-valias e continuaria a fechar o exercício 2015/2016 com um elevado prejuízo (cerca de 20 milhões de euros).
Para não nos andarmos a enganar a nós próprios, era bom que Portistas – jornalistas, comentadores ou meros adeptos – não induzissem outros Portistas em erro. De uma vez por todas, NÃO É VERDADE que, no período correspondente ao exercício 2015/2016, não tenha havido vendas significativas de passes de jogadores.
Parabéns José Correia por mais este excelente trabalho em defesa do nosso FCP.
ResponderEliminarTambém não entendo como muitos portistas continuam a insistir na tecla de que o nosso ex grande presidente já não manda nada!!! Se não manda, então a coisa é muito mais grave do que aquilo que eu pensava, pois, se um profissional recebe um ordenado, nem que seja o SMN, e não trata de dar a sua contrapartida profissional à entidade que lhe paga... bem isso tem um nome que eu não vou referir por respeito a tudo quanto ele deu ao FCP nosso nos tempos em que era o Nosso Grande Presidente.
Boa tarde José Coreia.
ResponderEliminar75.357.145 Euros em vendas?
Não percebo como se chega a esse número.
Podes explicar? Obrigado.
Marco Lopes
A grande diferença do resultado obtido face ao projetado prende-se por 3 pontos:
ResponderEliminar1) já incorporou duas compras do plantel 16/17 +\- 12M€ (sendo que Layún já deveria estar orçamentado mas não estava);
2) não consideração das receitas da participação na Champions de 16/ 17 +\- 15M€ (dado que ainda estavamos no Playoff);
3) rescisões de contrato de treinadores +\- 5M€
Isto totaliza +\- 32M€ de prejuízo pelo que obteríamos um resultado consideravelmente diferente.
marco disse...
ResponderEliminar"75.357.145 Euros em vendas? Não percebo como se chega a esse número"
Nota 27 (Resultados com transações de passes de jogadores), na página 97 do Relatório e Contas Consolidado da FC Porto SAD, ver total dos 'Proveitos com transações de passes de jogadores'.
@ Marco Lopes,
ResponderEliminarSe o relatório o diz, não há discussão, claro, mas não será muito difícil descobrir-se de onde vêm os € 75 M: Alex Sandro, Imbula e Maicon dão um total de perto de € 60 M, pelas minhas contas. O restante deve referir-se a outras transferências de menor monta.
« já incorporou duas compras do plantel 16/17 +\- 12M€ »
ResponderEliminarJá começa a chatear ver o pessoal a confundir sistematicamente o custo da compra dos passes com o custo que aparece na demonstração de resultados, que é apenas a amortização anual desses passes... esta citação é apenas mais um exemplo disso.
Ou seja, para dar um exemplo: se a 1 de Julho pagarmos 10M por um jogador por um contrato de 4 anos, o q vai aparecer na demonstração de resultados do primeiro ano é 2,5M e não 10M.
Caro Diogo, por acaso nos resultados de 15/16 aparece ZERO (ou quase) das contratações para 16/17, já q a amortizacao desses passes em 15/16 foi praticamente nula (sendo contratados no fim da época). Não é por aí, nem pouco mais ou menos.
Caro José,
ResponderEliminarTem razão. As aquisições para o plantel entram no Ativo e não nas despesas operacionais.
Lapso meu.