sábado, 18 de fevereiro de 2017

É preciso ter lata

Ainda a noite estava a começar e os tremores já se começavam a sentir na Segunda Circular. Há genuíno medo, pânico até, perante a possibilidade de se perder uma oportunidade histórica e, não se enganem, esta vai ser a tónica até Maio. O vitimismo de uns contra a resistência de outros. A tudo e a todos. Como realmente nos gosta ser. No entanto, por muito que um triunfo à Porto saiba melhor "contra tudo e contra todos", não deixa de ser igualmente necessário recordar que é preciso ter muita, mas muita lata, para que se levante um coro de indignação depois do que temos visto ao largo desta década nas arbitragens do futebol português. Claro que a hipocrisia é moeda corrente em Portugal e hoje o Sistema - através de outras redes financeiras, do sistema podre bancário, das conexões com fundos e empresários e, sobretudo, com a conivência política do eucalipto a que chamam Lisboa - está mais enraizado que nunca esteve o que transforma ainda este coro de Madalenas em algo mais anedótico se não fosse tão perigoso esquecer-nos que os mesmos que hoje choram são os mesmos que têm feito o que querem do nosso campeonato nos últimos anos. E é preciso dizer chega. Em campo e fora dele.

Em campo, sem ser brilhantes, a resposta tem sido dada. Era um ciclo complicado este antes do jogo com a Juventus e foi cumprido com pouca qualidade de jogo mas com muita eficácia que é o que se exige nesta etapa de uma competição a pontos onde cada escorregão conta. Os tropeções que o Porto teve quando havia Depoitre, não havia Soares e André Silva não dava para tudo e que nos custaram pontos importantes em empates fora de casa (e o malfadado momento Herrera), foram recuperados com vitórias importantes sobre Sporting, Vitória e Tondela e capitalizadas pelos tropeções do mais fraco Benfica dos últimos anos, uma equipa sem um modelo de jogo ofensivo claro, que sempre que sofre um golo primeiro mostra-se incapaz de dar a volta por cima e que de celebrar em Novembro um tetra histórico começa agora a acordar cada fim-de-semana a ter de remar contra um Porto que não descola e que, para todos os efeitos, só depende de si próprio para sagrar-se campeão. A isso chama-se medo. A isso chama-se pânico e tem-se feito notar pouco a pouco através dos canais do costume, uns que tentam desviar a atenção a microfones e postes e outros com eleições certeiras para arbitrar encontros, capas de jornais interessadas e declarações como as de ontem onde, já abertamente e sem nenhum tipo de vergonha, se declara o estado de emergência nacional porque, pasme-se, o FC Porto teve um tratamento em casa remotamente parecido - nem sequer idêntico - ao tratamento que o Benfica tem tido em casa, fora de casa e até em campo neutro nos últimos anos. Até porque ir a Braga é algo que não se lhes costuma dar bem e convém preparar o antidoto antes de levar com a vacina.

Foto: JN

Que ninguém se engane.
Se o FC Porto quer ser campeão terá de continuar a ser tão eficaz como tem sido até agora. No ano passado o Benfica e o Sporting conseguiram vencer todos os jogos desde o duelo em Alvalade até á última jornada e nenhum perdeu pontos. Sem jogar bem, sem ser brilhantes, mas sem tropeçar. Este é um cenário que provavelmente se vai repetir de aqui até ao fim do campeonato e não há margem de manobra para erros. Ir á Madeira e Luz e jogar em Braga são três desafios tremendos mas cada jogo vale três pontos e de nada adianta ir ganhar a campos perigosos e depois tropeçar onde menos se espera. O "forte" do Dragão será fundamental para garantir a pontuação necessária para chegar á Luz com uma diferença pontual que permita olhar o jogo sem pressas e angustias. Os jogos fora serão, como sempre, um fartote de roubos mais ou menos descarados e mais ainda depois deste grito de alarme que todos - árbitros, dirigentes de clubes, jogadores, agentes - ouviram e que, imaginem, vão agir em conformidade. Há um alvo a abater a cada fim-de-semana e não é quem se queixa. É quem tem suado a camisola e encontrado caminhos para por ponto e final a um cenário que há uns meses atrás soava a utopia. Os outros, os de sempre, vão continuar a gritar, espernear e fazer as coisas pelo civil e pelo criminal, se falta fizer. A nós terá de bastar com ser Porto, ser Porto de verdade, um clube de resistência, de camisola suada em campo, de golos nos últimos minutos em campos onde vale tudo e, sobretudo, um clube que não se cala.

Quando Pinto da Costa afirma - porque nem sequer acusa, não é preciso, basta afirmar - uma "jornalista" de ser mentirosa, está a dar o mote. Acabou-se o silêncio. Tem de acabar o silêncio. Em campo com gritos de golos. Fora dele com respostas á altura. Em Maio fazemos contas. O clube do colinho tem medo. E muita lata. Mas não tem o ADN FC Porto!


4 comentários:

  1. Parabéns Miguel, essa é a atitude.
    Apesar da ser critico desta Sad, agora o momento é de união.

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  2. Ah Grande Miguel! A lata é a habitual...do tamanho do mais maior grande clube do universo! Estão todos borrados e vão usar tudo para nos derrotar fora de campo!!!
    Só juntos, cheios de vontade e com sentimento de Dragão é que será possível ultrapassar os obstáculos que nos vão pôr no caminho...
    Eu acredito nesta equipa e que será possível chegar a bom Porto mas, acima de tudo, estou orgulhoso com o espírito lutador desta equipa.
    Grande crónica Miguel. Contra tudo e contra todos...à Porto!

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  3. Mas saiu ontem uma nova perspetiva do lance do penalti com um mais que evidente puxão da camisola do Soares. Fazem soar os alarmes de forma patética e agora vão engolir sapos... uma vez mais.

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