Investigação ao caso dos e-mails no principal telejornal da TVI |
Em 10 de junho passado, uns dias após o Diretor de Informação e Comunicação do FC Porto, Francisco J. Marques, ter iniciado a bombástica revelação pública de e-mails, que nos últimos anos foram trocados entre diferentes personagens com ligações ao SLB, eu publiquei um artigo (Oremos pelos “padres” pecadores), onde escrevi o seguinte:
«Chegados a este ponto, pode dizer-se que todos os objetivos imediatos (de curto prazo), resultantes da denúncia feita no último ‘Universo Porto da Bancada’, foram alcançados. Eu diria mesmo que foram ultrapassados, tal foi o impacto mediático e a desorientação evidente que provocou nos “milhafres” de carnide, que mais parecem galinhas tontas.»
De facto, os benfiquistas ficaram atarantados, sem saber o que fazer ou dizer e, em termos de reações, houve de tudo. Silêncios ensurdecedores, falhas de memória seletivas, reações envergonhadas, não-reações e até confissões implícitas (do tipo “vocês fizeram parecido”).
Cinco meses depois, a partir da revelação de outros e-mails (feitas no Porto Canal, no jornal EXPRESSO e na revista SÁBADO), tudo é muito mais claro. Os adeptos do futebol e o público em geral, ficaram a saber que a rede de poder e de influências montada pelo SLB é enorme e abrange, ou abrangeu, todas as áreas do futebol português, nomeadamente:
- um ex-Presidente da Liga de Clubes (Mário Figueiredo);
- um ex-Presidente da Assembleia Geral da Liga de Clubes (Carlos Deus Pereira);
- um ex-VicePresidente do Conselho de Arbitragem da FPF, responsável pela classificação dos árbitros (Ferreira Nunes);
- vários ex-delegados da Liga (com destaque para Nuno Cabral, o “menino querido”);
- um ex-responsável pela nomeação dos delegados (o engenheiro Fidalgo);
- um ex-árbitro da AF Braga (Adão Mendes);
- um membro do Tribunal Arbitral do Desporto (Miguel Lucas Pires);
- um ex-presidente da Comissão Disciplinar da Liga e atual membro do TAD (Ricardo Costa);
E, claro, o presidente e vários elementos da estrutura do SLB (Luís Filipe Vieira, Paulo Gonçalves, Pedro Guerra).
Chegados a este ponto, a grande novidade dos e-mails não foi revelar que havia (há) uma vasta rede subterrânea a “trabalhar” em prol do SLB. Mesmo sem termos acesso às provas digitais/documentais que foram divulgadas, isso há muito tempo que era óbvio (em março de 2014, eu publiquei um artigo que intitulei Os aliados e “criadas de servir” de Vieira).
O grande mérito dos e-mails foi o de identificar, de forma inequívoca, vários rostos desta rede, revelar uma extensa teia de ligações, que envolveram os mais altos responsáveis do SLB e mostrar o refinamento a que se chegou nos métodos adoptados para ganhar jogos e campeonatos.
O esquema seguinte, publicado no JN, mostra apenas uma parte da REDE ENCARNADA.
Ligações entre diferentes rostos da Rede Encarnada (JN) |
Cinco meses depois, este caso deixou de ser, unicamente, um caso de e-mails divulgados no Porto Canal.
Este caso “saltou” dos programas do Porto Canal para a generalidade da comunicação social, fez capa em jornais insuspeitos de terem uma agenda portista e chegou às televisões generalistas, mesmo aquelas cuja orientação é mais pró-SLB e anti-FCP.
Duas capas do Correio da Manhã de Junho de 2017 |
Investigação ao caso dos e-mails (Jornal 8 da TVI) |
O mailingate, a rede de influências (Tempo Extra, SIC Notícias) |
E o impacto deste caso é cada vez maior, como o próprio SLB reconhece. Por exemplo, no recurso que apresentou no Tribunal da Relação à sentença do Tribunal Cível do Porto, o qual recusou a providência cautelar que visava proibir o diretor de comunicação do FC Porto de continuar a divulgar e-mails, o SLB refere que a contínua divulgação de mensagens de correio eletrónico dos seus dirigentes, tem provocado um enfraquecimento da ligação emocional dos adeptos ao clube.
Pudera, ao verem revelado publicamente o “segredo” de como foi ganho o treta campeonato, quem é que não ficaria emocionalmente afetado?
Cinco meses depois, penso que devíamos deixar de chamar a este caso o “caso dos e-mails”. Os e-mails são, apenas, um elemento de prova (como seriam escutas, se algum juiz tivesse a coragem de pôr os telemóveis do presidente do SLB ou de Paulo Gonçalves sob escuta).
Este caso deve ser designado de acordo com o cerne da questão, isto é, como o caso da REDE ENCARNADA (ou algo parecido), porque é disso que se trata. Continuarmos a chamar a este caso o “caso dos e-mails” é desviar o foco para o assessório e um favor que fazemos ao SLB.
Podiam chamar-lhe "operação polvo avermelhado"!
ResponderEliminarPrecisamente. O artigo é oportuno e vem na linha do que venho avisando vários nossos consócios. O caso não morre necessariamente, por o meio de prova inicial ser tido como inválido ou impossível de obter originais.
ResponderEliminarO caso tem tantas ramificações, tantos intervenientes, tantas testemunhas, datas, locais, horas e actos concretos, tantos registos consequentes dos mesmos, que o relevante são esses factos, essas datas, as relações de causa-efeito entre os diversos intervenientes.
E ao investigar-se, seja porque as galinhas metem pés pelas mãos, como meteu o Baganha ou o Lucas Pires, seja porque tem lapsos freudianos, seja porque deixam rastos, podemos prever que seja apanhada vasta matéria de prova, num lado qualquer desta rede extensa e profunda.
Diria que era só isto que falta no post, e que eu gostaria de acrescentar.
Abraço.
Não me parece que um eventual "rebranding" seja essencial para o caso. E-mails, ou não, todos associam esta questão a corrupção do slb. É a mesma coisa que a "Operação Marquês". A maior parte nem sequer sabe bem como surgiu este nome, mas todos conhecemos bem as consequências.
ResponderEliminarO importante, é que o MP, que nesse caso tem mantido a tenacidade na investigação a um ex-Primeiro Ministro, neste caso concreto, não se acobarde, e ceda à pressão social do Benfiquistão.
Emails, sinais de fumo ou telepatia, o que todos (não benfiquistas...) querem é o apuramento da verdade, e consequente punição, se for o caso.
Mais interessante vai ser depois o resultado final disto tudo. Vai ser feita justiça? Ou demitem-se 2 ou 3 gajos incluindo o orelhas, paga-se uma multa e apanha-se 2 anos de pena suspensa e siga a marinha?
ResponderEliminarTambém penso que, mas emboravtambém não seja despiciendo, o nome da operação/investigação não é o mais importante. A peste vermelha, através do se sacana-sem-lei LFV, tem vindo a tentar que tudo se resuma unicamente a a cusação por corrupção presente ou futura (já passada, como disse o MG duvido) porque sabem que por aqui é difícil condená-los. Eu penso que o mais importante é não os deixar ir por este caminho. Os crimes vão da corrupção exercida durante anos sobre instâncias desportivas, em particular do futebol, ao tráfico de influências no futebol e na justiça (não esqueçamos o FdP do funcionário do MJ, pago por todos nós mas ao serviço do mafioso clube), à chantagem sobre agentes desportivos, à falsificação de imagens televisivas no seu (deles) fraudo-canal. Não esqueçamos de denunciar sempre este pacote de crimes. O sacana-sem-lei, que agora "diz que uma pessoa séria não pode..." terá o mesmo destino do seu predecessor João Vale «tudo» e Azevedo, mas esse foi entalado lá dentro do Alcarnidão. O vigarista-mór será denunciado por todos os que apelam à verdade desportiva e querem ganhar no campo, contra tudo e contra os tolos. Não esqueçamos que estas fraudes nos têm prejudicado enormemente ao longo dos últimos anos, quer na nossa imagem quer financeiramente. Tanto que gostava de repetir a manita no dia 1/12...
ResponderEliminar1 abç e viva o FCP
Desportivamente, o clube do regime fez aquilo que o nazismo fez na Alemanha nos anos 30. Apoderou-se de tudo o qué social e sociável, para politicamente se tornar num bastião onde a oposição é esmagada, caluniada e anti-patriota.
ResponderEliminarO senhor Vieira creio eu, teria dado um bom discipulo desta seita...