domingo, 12 de novembro de 2017

Dos e-mails à REDE ENCARNADA

Investigação ao caso dos e-mails no principal telejornal da TVI

Em 10 de junho passado, uns dias após o Diretor de Informação e Comunicação do FC Porto, Francisco J. Marques, ter iniciado a bombástica revelação pública de e-mails, que nos últimos anos foram trocados entre diferentes personagens com ligações ao SLB, eu publiquei um artigo (Oremos pelos “padres” pecadores), onde escrevi o seguinte:

«Chegados a este ponto, pode dizer-se que todos os objetivos imediatos (de curto prazo), resultantes da denúncia feita no último ‘Universo Porto da Bancada’, foram alcançados. Eu diria mesmo que foram ultrapassados, tal foi o impacto mediático e a desorientação evidente que provocou nos “milhafres” de carnide, que mais parecem galinhas tontas.»

De facto, os benfiquistas ficaram atarantados, sem saber o que fazer ou dizer e, em termos de reações, houve de tudo. Silêncios ensurdecedores, falhas de memória seletivas, reações envergonhadas, não-reações e até confissões implícitas (do tipo “vocês fizeram parecido”).

Cinco meses depois, a partir da revelação de outros e-mails (feitas no Porto Canal, no jornal EXPRESSO e na revista SÁBADO), tudo é muito mais claro. Os adeptos do futebol e o público em geral, ficaram a saber que a rede de poder e de influências montada pelo SLB é enorme e abrange, ou abrangeu, todas as áreas do futebol português, nomeadamente:

- um ex-Presidente da Liga de Clubes (Mário Figueiredo);

- um ex-Presidente da Assembleia Geral da Liga de Clubes (Carlos Deus Pereira);

- um ex-VicePresidente do Conselho de Arbitragem da FPF, responsável pela classificação dos árbitros (Ferreira Nunes);

- vários ex-delegados da Liga (com destaque para Nuno Cabral, o “menino querido”);

- um ex-responsável pela nomeação dos delegados (o engenheiro Fidalgo);

- um ex-árbitro da AF Braga (Adão Mendes);

- um membro do Tribunal Arbitral do Desporto (Miguel Lucas Pires);

- um ex-presidente da Comissão Disciplinar da Liga e atual membro do TAD (Ricardo Costa);

E, claro, o presidente e vários elementos da estrutura do SLB (Luís Filipe Vieira, Paulo Gonçalves, Pedro Guerra).

Chegados a este ponto, a grande novidade dos e-mails não foi revelar que havia (há) uma vasta rede subterrânea a “trabalhar” em prol do SLB. Mesmo sem termos acesso às provas digitais/documentais que foram divulgadas, isso há muito tempo que era óbvio (em março de 2014, eu publiquei um artigo que intitulei Os aliados e “criadas de servir” de Vieira).

O grande mérito dos e-mails foi o de identificar, de forma inequívoca, vários rostos desta rede, revelar uma extensa teia de ligações, que envolveram os mais altos responsáveis do SLB e mostrar o refinamento a que se chegou nos métodos adoptados para ganhar jogos e campeonatos.

O esquema seguinte, publicado no JN, mostra apenas uma parte da REDE ENCARNADA.

Ligações entre diferentes rostos da Rede Encarnada (JN)

Cinco meses depois, este caso deixou de ser, unicamente, um caso de e-mails divulgados no Porto Canal.
Este caso “saltou” dos programas do Porto Canal para a generalidade da comunicação social, fez capa em jornais insuspeitos de terem uma agenda portista e chegou às televisões generalistas, mesmo aquelas cuja orientação é mais pró-SLB e anti-FCP.

Duas capas do Correio da Manhã de Junho de 2017

Investigação ao caso dos e-mails (Jornal 8 da TVI)

O mailingate, a rede de influências (Tempo Extra, SIC Notícias)

E o impacto deste caso é cada vez maior, como o próprio SLB reconhece. Por exemplo, no recurso que apresentou no Tribunal da Relação à sentença do Tribunal Cível do Porto, o qual recusou a providência cautelar que visava proibir o diretor de comunicação do FC Porto de continuar a divulgar e-mails, o SLB refere que a contínua divulgação de mensagens de correio eletrónico dos seus dirigentes, tem provocado um enfraquecimento da ligação emocional dos adeptos ao clube.
Pudera, ao verem revelado publicamente o “segredo” de como foi ganho o treta campeonato, quem é que não ficaria emocionalmente afetado?

Cinco meses depois, penso que devíamos deixar de chamar a este caso o “caso dos e-mails”. Os e-mails são, apenas, um elemento de prova (como seriam escutas, se algum juiz tivesse a coragem de pôr os telemóveis do presidente do SLB ou de Paulo Gonçalves sob escuta).

Este caso deve ser designado de acordo com o cerne da questão, isto é, como o caso da REDE ENCARNADA (ou algo parecido), porque é disso que se trata. Continuarmos a chamar a este caso o “caso dos e-mails” é desviar o foco para o assessório e um favor que fazemos ao SLB.

6 comentários:

  1. Podiam chamar-lhe "operação polvo avermelhado"!

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  2. Precisamente. O artigo é oportuno e vem na linha do que venho avisando vários nossos consócios. O caso não morre necessariamente, por o meio de prova inicial ser tido como inválido ou impossível de obter originais.

    O caso tem tantas ramificações, tantos intervenientes, tantas testemunhas, datas, locais, horas e actos concretos, tantos registos consequentes dos mesmos, que o relevante são esses factos, essas datas, as relações de causa-efeito entre os diversos intervenientes.

    E ao investigar-se, seja porque as galinhas metem pés pelas mãos, como meteu o Baganha ou o Lucas Pires, seja porque tem lapsos freudianos, seja porque deixam rastos, podemos prever que seja apanhada vasta matéria de prova, num lado qualquer desta rede extensa e profunda.

    Diria que era só isto que falta no post, e que eu gostaria de acrescentar.

    Abraço.

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  3. Não me parece que um eventual "rebranding" seja essencial para o caso. E-mails, ou não, todos associam esta questão a corrupção do slb. É a mesma coisa que a "Operação Marquês". A maior parte nem sequer sabe bem como surgiu este nome, mas todos conhecemos bem as consequências.

    O importante, é que o MP, que nesse caso tem mantido a tenacidade na investigação a um ex-Primeiro Ministro, neste caso concreto, não se acobarde, e ceda à pressão social do Benfiquistão.

    Emails, sinais de fumo ou telepatia, o que todos (não benfiquistas...) querem é o apuramento da verdade, e consequente punição, se for o caso.

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  4. Mais interessante vai ser depois o resultado final disto tudo. Vai ser feita justiça? Ou demitem-se 2 ou 3 gajos incluindo o orelhas, paga-se uma multa e apanha-se 2 anos de pena suspensa e siga a marinha?

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  5. Também penso que, mas emboravtambém não seja despiciendo, o nome da operação/investigação não é o mais importante. A peste vermelha, através do se sacana-sem-lei LFV, tem vindo a tentar que tudo se resuma unicamente a a cusação por corrupção presente ou futura (já passada, como disse o MG duvido) porque sabem que por aqui é difícil condená-los. Eu penso que o mais importante é não os deixar ir por este caminho. Os crimes vão da corrupção exercida durante anos sobre instâncias desportivas, em particular do futebol, ao tráfico de influências no futebol e na justiça (não esqueçamos o FdP do funcionário do MJ, pago por todos nós mas ao serviço do mafioso clube), à chantagem sobre agentes desportivos, à falsificação de imagens televisivas no seu (deles) fraudo-canal. Não esqueçamos de denunciar sempre este pacote de crimes. O sacana-sem-lei, que agora "diz que uma pessoa séria não pode..." terá o mesmo destino do seu predecessor João Vale «tudo» e Azevedo, mas esse foi entalado lá dentro do Alcarnidão. O vigarista-mór será denunciado por todos os que apelam à verdade desportiva e querem ganhar no campo, contra tudo e contra os tolos. Não esqueçamos que estas fraudes nos têm prejudicado enormemente ao longo dos últimos anos, quer na nossa imagem quer financeiramente. Tanto que gostava de repetir a manita no dia 1/12...
    1 abç e viva o FCP

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  6. Desportivamente, o clube do regime fez aquilo que o nazismo fez na Alemanha nos anos 30. Apoderou-se de tudo o qué social e sociável, para politicamente se tornar num bastião onde a oposição é esmagada, caluniada e anti-patriota.
    O senhor Vieira creio eu, teria dado um bom discipulo desta seita...

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