quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Um passo atrás para dar dois em frente

Se havia algum jogo com o Sporting que o FC Porto podia perder no próximo mês, era este. Era importante ganhar. Sempre é importante ganhar. Mas perder, neste caso, tem tudo para não ser um drama e sim um ponto importante de inflexão. O FC Porto fez tudo o que estava nas suas mãos para ganhar um torneio a que, historicamente, sempre demos pouca relevância - e com razão - mas este ano era diferente. Não só interessava derrotar um rival directo nas duas competições mais importantes como também era importante terminar com mais de quatro anos sem levantar um caneco. Dinâmica de vitória gera dinâmica de vitória, pode dizer-se. No final o objectivo ficou cumprido a meias. O Porto vai continuar uns meses mais, pelo menos, sem vencer um torneio oficial mas o Sporting viu, uma vez mais, que em confronto directo continua a ser uma equipa bastante inferior como ficou demonstrado em noventa minutos onde os Dragões foram melhores. A derrota, que não em campo, é um passo atrás mas a motivação de saber-se superiores e a vontade ainda maior de vencer os desafios que restam podem significar dois passos em frente. 

O FC Porto foi quase sempre superior, mais esclarecido e mais dinâmico que o Sporting, com e sem Danilo Pereira. A baixa do médio é a única noticia genuinamente preocupante de uma noite que deixou, em geral, boas sensações. A defesa voltou a estar a um nível impecável, anulando perfeitamente a real ameaça que é Bas Dost, sem provocar erros individuais próprias e sem ceder aos primeiros bons minutos do Sporting. A saída de Gelson Martins anulou a única arma em velocidade que os leões tinham o que transformou o seu jogo ofensivo em algo mais plano e controlável por uma linha de quatro bem oleada que nunca deu nem espaço nem tempo para o rival pensar. Não surpreende portanto que os dois únicos lances de perigo gerados pelo Sporting fossem pelo ar. O penalty reclamado - era falta de Danilo Pereira mas Dost estava em fora-de-jogo antes da bola chegar à área - e o cabeceamento de Coates, foram os únicos arranhões de um leão sem garra que dominou bem os espaços nos primeiros vinte e cinco minutos mas que, depois, não teve esclarecimento para propor o que fosse e passou o segundo tempo a pensar, claramente, nas grandes penalidades .
Por outro, sem ter sido uma exibição de encher o olho, o Porto soube ser sempre mais incisivo e directo e gerou bastantes mais oportunidades. Dois fora-de-jogo de Soares, que continua a um ritmo inferior ao dos colegas (o que gerou o golo, muito duvidoso, e como se sabe, em caso de dúvida deve-se deixar seguir, salvo se o jogador é do Porto), uma boa jogada de Ricardo, um cabeceamento sem direcção de Waris e um remate, no instante final, de Marega. Lances que podiam e deviam ter resolvido o jogo e que reflectem bem como a equipa está nos últimos dois meses, capaz de gerar bastantes ocasiões mas com cada vez mais dificuldades em concretizar e desbloquear resultados. 

Conceição deu uma licção de futebol a um Jesus que, uma vez mais, voltou a demonstrar cedo que vinha para o empate. Apesar de ter começado melhor o Sporting foi engolido pelo 4-3-3/4-4-2 que o Porto ia desenhando consoante as situações de jogo com Sérgio Oliveira como joker. O médio trabalhou muito mas continua a demonstrar ter sérios problemas tanto no disparo de meia distância (onde era suposto ser do melhor disponível) e na toma de decisão final. A lesão de Danilo precipitou a entrada de Oliver, que esteve a um nível muito bom e gerou várias ocasiões de perigo, basculando bem entre zonas, o que levou Herrera a baixar à posição de pivot defensivo. O mexicano, que voltará a ser mais recordado pelo penalty falhado, fez um excelente jogo e fez esquecer o omnipresente Danilo nas tarefas defensivas e da ocupação do espaço ainda que, ofensivamente, tenha contribuido muito pouco. Oliver e Oliveira mantiveram o controlo do meio-campo durante grande parte do tempo mas a mudança de desenho forçou Brahimi, sobretudo, a baixar bastante a uma zona central o que diminuiu o seu impacto sobre o jogo ainda que, com a bola, tenha sempre sido o mais esclarecido a romper o desenho dos leões. Marega, no outro lado, trabalhou muito e só Soares, batalhador mas pouco esclarecido, acabou por não ser diferencial algo que Aboubakar tão pouco foi capaz de ser. Nota positiva para Waris que, na estreia absoluta depois de poucas horas de trabalho colectivo, ofereceu-se e movimentou-se bem entre linhas e demonstrou serviço. Mais uma peça para compor o puzzle. Fosse em posse, fosse na rápida recuperação do esférico, fosse na pressão, o Porto foi sempre a melhor equipa e a única que não quis deixar tudo para os penaltis. Conceição, dando o mote, nem quis seguir a serie ao vivo e talvez soubesse por antecipação que os jogadores não estavam preparados para a sequência (afinal quando nos apitam tão poucos penaltis a favor precisa-se de treinar mais ainda nas horas livres, que são poucas) e assim foi. Três falhanços - apesar de duas grandes defesas de um Casillas que sempre se mostrou seguro - e uma eliminação injusta pelo feito em campo. E um aviso para o futuro. Tacticamente e em qualidade de jogo, não há melhor equipa em Portugal que o FC Porto. 

No final de contas se havia um torneio que interessava pouco era este. Se havia um duelo directo que podiamos permitir-nos não ganhar era este. E se havia uma derrota com força emocional suficiente para unir, ainda mais, o grupo em relação a um objectivo comum, também era este. Os grandes clubes sabem fazer dos tropeções, vitaminas para alcançar as vitórias. Não é, nunca seria, motivo de drama - nem nos anos de AVB-VP nem na etapa final de Jesualdo, com equipas ganhadoras, perder o torneio significou algo relevante - mas pode ser motivo mais do que suficiente para afinar baterias para o sprint final no campeonato e o mano a mano na Taça de Portugal, competição que deve ser encarada da mesma forma que o jogo de ontem na Pedreira. Perder não faz parte do ADN do FC Porto mas há derrotas (neste caso, eliminações, mais do que derrotas) que vêm por bem. Que esta seja uma delas.

6 comentários:

  1. Pois, isso é muito bonito, mas levar o jogo a sério lá deu mais uma lesão por uma equipa pouco preocupada em acertar na bola: avé Jesus, nunca mudes.
    É mau um treinador deixar os jogadores sozinhos, por muito que seja uma moeda ao ar.

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  2. Facto: o último título que festejámos foi à custa do Paulo Fonseca, na longínqua Supertaça de 2013, há mais de 4 anos. Outro facto: estamos a 7 títulos do Benfica na contabilidade geral de títulos, exactamente o número de Taças da Liga que eles conquistaram (e nós nem uma para amostra). Opinião: interessa é ganhar, coisa que não temos feito ultimamente. Continuarei a apoiar como sempre e espero festejar a dobradinha, mas foi-se um dos objectivos da época.

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  3. Em primeiro lugar, o Porto não perdeu o jogo, apesar de um golo limpo escandalosamente anulado pelo var fdp artur soares dias contra todos os protocolos "varisticos", empatou-o. Perdeu foi a eliminatória que é uma coisa diferente (Mais uma vez, o vermelho soares dias quis deixar bem claro que detesta o FCP; Só não percebo é como, com tantos anos disto, ele ainda tem os dentes todos). Em segundo lugar, este estado de coisas do futebol do portugal lisboeta, centralista, vermelho e verde, começa a ultrapassar todos os limites de tudo e mais alguma coisa. Porque uma coisa, é ficarem por marcar, sistematicamente, pênaltis a favor do FCP, por mais evidentes que sejam, e os jogadores adversários nunca serem expulsos, por mais porrada que dêem e os jogadores do FCP sempre que estão em linha ser assinalado fora de jogo. Isto já faz parte da "normalidade" anormal, em que há sempre a desculpa "legítima" do viu mal, errar é humano, blablablabla e a isto já os jogadores do FCP estão mais que habituados. Outra coisa, é a novidade recente, e em articulação íntima com o VAR (que no que toca ao FCP só pode significar Vídeo Árbitros a Roubar), das malfeitorias puras e duras, sem hipóteses de desculpa de qualquer espécie, pura má-fé, pura má-vontade. Como é o caso do apito célere do árbitro jorge sousa no jogo FCP x slb, não deixando a jogada finalizar-se, como manda o bom senso na actual conjuntura de var e como é recomendado superiormente pela própria liga, impedindo assim que o VAR repusesse a verdade desportiva óbvia de um golo que estava metros em jogo. E como é este caso de artur soares dias no FCP x scp da taça luciliobaptista, em que se arroga o direito de alterar uma decisão arbitral sem que haja qualquer erro evidente por parte do árbitro auxiliar ou melhor dizendo sem que haja qualquer erro do árbitro auxiliar. Com estes erros, absolutamente indesculpaveis, absolutamente inaceitáveis, entra-se num novo patamar de roubo ao Porto, que pode causar grande insegurança, grande instabilidade emocional, nos jogadores do Porto, com o consequente decréscimo futebolístico, especialmente no capítulo que mais interessa que é como é evidente o da finalização. E não consigo perceber, como é que perante estas duas malfeitorias inaceitáveis e também perante o bem audível documentado em vídeo "Morre preto de merda", o presidente e a estrutura do FCP continuam calados e quietos, quando teriam de ir até às últimas consequencias para que estes 3 energumenos fossem severamente punidos. No caso do energumeno coentrão, se não fosse pela "justiça" desportiva de cá, era de certeza pela justiça desportiva da UEFA que é implacável com estas tiradas racistas. Este actual Pinto da Costa é pior que o Américo de Sá que ele combateu há muitos anos. Temos equipa, temos treinador, temos director de comunicação mas não temos acima deles uma estrutura e um presidente que os suportem. Fora de campo somos uma lástima, qualquer um faz gato-sapato de nós. Assim, só com uma equipa de super-herois conseguimos ganhar alguma coisa.

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  4. Factos: O scp foi á final da taça da treta graças a um golo limpissimo roubado ao Porto. O scp ganhou a final da taça luciliobaptista graças a um pênalti que não existe porque é precedido de fora de jogo de Doumbia. O scp mais uma vez ganhou qualquer coisita, não jogando nada, á custa da arbitragem.
    Opinião: Interessa é ganhar limpo, especialmente sendo o FCP, que mesmo quando ganha de forma esmagadora, tem os vermes dos eternos beneficiados lisboetas a virem para os jornais, com honras de capa, dizer "Este campeonato é um tributo aos árbitros". O clube do regime tem muitas taças luciliobaptista e também tem muitos campeonatos calaboticos. O Porto isso não tem. Mas tem uma Liga dos Campeões, uma Liga Europa, uma Taça UEFA, uma Supertaça Europeia e duas Taças Intercontinentais. O clube do regime, disto, tem? Ou só cheira?

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    1. Contra-opinião: a desvantagem na arbitragem, na comunicação social e nas estruturas de poder é tão antiga quanto o 1º título do FCP. Tal não nos impediu de conquistar os supramencionados títulos internacionais, nem de de os termos ultrapassado, não vai há muito tempo, na referida contabilidade. Acho que este parágrafo é elucidativo: "Este actual Pinto da Costa é pior que o Américo de Sá que ele combateu há muitos anos. Temos equipa, temos treinador, temos director de comunicação mas não temos acima deles uma estrutura e um presidente que os suportem."

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