sexta-feira, 12 de setembro de 2008
20 anos: Parabéns Campeão!
Cumpriram-se ontem 20 anos sobre o primeiro jogo de Vítor Baía como guarda-redes titular da equipa principal do FC Porto. Foi em 11 de Setembro de 1988, então com 18 anos, à quarta jornada do Campeonato Nacional, em Guimarães, que defendeu pela primeira vez a baliza portista. O habitual titular, o polaco Mlynarczyck, lesionou-se numa clavícula, enquanto o suplente Zé Beto estava proibido de alinhar por problemas disciplinares sobrando, assim, o jovem Vítor Baía.
No entanto, recuperado o guarda-redes titular, Baía foi relegado para o banco de suplentes. Era Quinito o treinador do FC Porto, que não chegou a terminar essa época tendo sido substituído por Artur Jorge que acabou por devolver a titularidade novamente a Vítor Baía. A partir daí impõe-se definitivamente na baliza do FC Porto e, a partir de 1991, na da Selecção Nacional.
As suas prestações e as conquistas do clube não passam despercebidas e em 1996 é contratado pelo FC Barcelona que faz dele o guarda-redes mais caro do mundo. Foi promovido a titular tendo conquistado a Supertaça de Espanha e no ano seguinte a Taça de Espanha e a Taça das Taças. Mas o azar bate-lhe à porta e lesiona-se num joelho, lesão que o viria a atormentar durante largos anos. Entretanto recuperou mas o treinador Van Gaal preferiu o holandês Hesp e Baía foi relegado para o banco de suplentes, onde ainda festejou a conquista do campeonato em 1998. Depois de quase duas épocas sem jogar aceitou o desafio e regressou ao FC Porto para relançar a sua carreira. O regresso resultou e Baía volta finalmente aos grandes momentos.
Depois do campeonato do mundo de má memória para a selecção nacional em 2002, em que TODOS os jogadores estiveram mal, Baía é afastado das convocatórias pelo novo treinador, o brasileiro que precisamente na Coreia/Japão se tinha sagrado campeão mundial. Esse afastamento foi vergonhoso por várias razões: serviu para a afirmação do novo seleccionador, serviu para a afirmação do presidente da federação e serviu para todo um país anti-portista se rever numa selecção onde não figurava o maior símbolo do FC Porto: Vítor Baía. Um afastamento que serviu muitos interesses menos (aquilo que deveriam ser) os superiores interesses da equipa que representa Portugal. E depois foi ver o seu substituto, o medíocre Ricardo, falhar a toda a linha na final do Euro 2004 dando o seu frango tradicional com uma saída em falso a um cruzamento e permitindo o golo da vitória da Grécia a Charisteas.
Vítor Baía continuou a trabalhar no FC Porto, alheio a todas as canalhadas dos sulistas. Depois de um período conturbado no clube com a substituição de Fernando Santos e a passagem (felizmente breve) de Octávio pelo comando técnico, eis que surge José Mourinho e com ele o melhor período de sempre da vida do clube. Baía (e os restantes atletas) vence dois campeonatos, uma supertaça, a Taça Uefa em 2003, a Liga dos Campeões em 2004 e a Taça Intercontinental já sob o comando do espanhol Victor Fernandez. Depois chegou Co Adriaanse e mais tarde Baía perdeu a titularidade para Hélton. Apesar disso nunca desanimou, tendo sido o esteio do balneário portista em força e motivação. Despediu-se em Maio de 2007, jogando os últimos minutos da vitória sobre o D. Aves que nos daria também a vitória no campeonato nacional. Actualmente é o Director de Relações Externas da SAD do FC Porto.
“Desde que comecei a minha carreira como sénior, aos 18 anos, quis sempre estar entre os melhores do Mundo e demonstrei-o, não de letra, mas em campo, conquistando títulos importantes e sendo considerado pelas maiores entidades ao nível da Europa como o melhor.”
Vítor Baía, ao Expresso
“Só é verdadeiramente derrotado quem desiste de lutar. Por isso eu vos proponho, baseado na minha experiência: nunca desistam de um sonho!”
Vítor Baía, na sua Autobiografia
Apesar de uma carreira notável e de uma postura pública sempre irrepreensível, Vítor Baía tem pago um preço elevado pela sua forte ligação ao FC Porto. A polémica mais recente surgiu quando o ex-seleccionador, depois de se mudar para Inglaterra, decidiu escrever um livro a dizer que tinha preterido Baía por “opção” e, depois de questionado por jornalistas, afirmou mesmo que foi por “opção técnica”, depois de ter estado anos a dizer que não tinha de se justificar relativamente a isso. Baía fartou-se e chamou-lhe (e muito bem) cobarde. Que é precisamente aquilo que Scolari é. Ora, os jornalistas da praça (os do costume) insurgiram-se contra Vítor Baía porque acharam que ele se devia ter pronunciado quando o ex-seleccionador ainda cá estava. Mas quando cá estava, Scolari nunca foi capaz de explicar porque não o convocava. Só o fez depois de se ver daqui para fora, e através de um jornalista.
No 10 de Junho deste ano, Vítor Baía foi condecorado pelo Presidente da República, Cavaco Silva, na Comemoração do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, tendo sido investido como Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, numa cerimónia que teve lugar em Viana do Castelo. Uma condecoração tardia mas inteiramente justa.
Como grande homem que é, Baía criou uma Fundação com o seu nome e o número que o celebrizou na segunda fase da sua carreira, o 99, instituição que tem como objectivo “apoiar as crianças e os adolescentes carenciados das mais diversas formas”. Foi uma atitude nobre a de colocar ao serviço dos mais desfavorecidos a notoriedade que conquistou como futebolista. Não é Fundação que faça um jogo de “amigos” por ano, com muita fotografia e cagança, mas é uma Fundação que tem oferecido diversos equipamentos a hospitais e hospitais pediátricos.
Pela tua postura e pelo que tens contribuído para o Clube, a Cidade e o País, Obrigado Vítor.
«E depois foi ver o seu substituto, o medíocre Ricardo, falhar a toda a linha na final do Euro 2004 dando o seu frango tradicional com uma saída em falso a um cruzamento e permitindo o golo da vitória da Grécia a Charisteas»
ResponderEliminarSó recentemente, após as frangalhadas que o Ricardo deu no EURO 2008, é que o país desportivo reconheceu que, se calhar, com outro guarda-redes não teriamos perdido o EURO 2004, em casa, contra uma selecção grega que estava longe de ser um papão.
«o azar bate-lhe à porta e lesiona-se num joelho, lesão que o viria a atormentar durante largos anos»
ResponderEliminarVale a pena lembrar que o Vítor chegou a jogar lesionado, quer no FC Porto, quer na Selecção, o que demonstra bem o seu espírito.
Para Scolari conquistar o apoio popular que o sustentou, sacrificou Vítor Baía porque era o jogador-símbolo do FCP. Se ele fosse g.r de um dos clubes da 2ª circular não teria sido afastado.
ResponderEliminarFoi uma pulhice que assumiu contornos de humilhação quando o brasileiro convocou, por exemplo, Bruno Vale ( não pelo Bruno mas porque era o 3º g.r do FCP ). Com os aplausos do povinho.
Mas Baía respondeu com a sua dignidade e não criou "ondas" que pudessem crial mal-estar na Selecção. E ainda teve que aturar a arrogância do labreca.
Falou agora e logo se apressaram a criticá-lo. Só que mesmo um senhor tem o direito à indignação e o timing da mesma é bem adequado porque Scolari acabou de partir. Graças a Deus !
Se tivesse falado na altura, seria acusado de ser agitador !
Vítor Baía é será sempre um dos maiores símbolos do FCP e do futebol português. Por muito que custe aos invejosos.
José Correia: "Vale a pena lembrar que o Vítor chegou a jogar lesionado, quer no FC Porto, quer na Selecção, o que demonstra bem o seu espírito."
ResponderEliminarLembro-me bem dos jogos em que ele jogou mesmo com o joelho todo rebentado, cheio de ligaduras e elásticos. Algo que nunca entendi foi por que razão os colegas (centrais) nunca lhe batiam os pontapés de baliza, como o Aloísio e o Jorge Costa que lhe viravam costas e o deixavam bater. A bola às vezes nem sequer chegava ao meio campo. Até a mim me doía ver aquela cena...
A perseverança e o esforço para continuar a jogar perante o sofrimento causado pelas lesões demonstram todo o seu carácter e a sua forte personalidade.
Para mim o Vitor Baía representa O ser Portista, O Porto.
ResponderEliminarAcho que tá tudo dito
Cumpz
Ainda bem que os "gestores" do FCP que fizeram regressar Baía do Barcelona não eram os mesmo que estão lá agora... senão... Vitor Baía tinha acabado a carreira num outro qualquer clube, apesar de, quando regressou, ter abdicado de propostas financeiras bem melhores!!!
ResponderEliminarÉ que agora, só teem lugar no FCP jogadores jovens "com alto potencial de progressão"....
Não estou contra essa política, antes pelo contrário, mas penso que também é preciso acarinhar elementos que, embora não sendo "valores futuros de mercado" são valores do presente, quer em termos de imagem e mística do FCP quer em termos de valorização imediata da equipa de futebol!!!!
Vitor Baía é um óptimo exemplo do excelente investimento feito, num atleta não destinado à "venda"! Com outros ex-altetas do FCP poderiamos e deveriamos proceder de igual forma!
PARABÉNS VITOR!!!
Parabéns pela justa homenagem que deixou a esse enorme jogador e homem que é o Victor Baía.
ResponderEliminarNo entanto, não posso deixar de me indignar com a forma ligeira, "banqueadora", como é relatada a passagem do Baía para o banco e, logo a seguir, para a bancada. Os Portista não deviam ter deixado que fizessem ao Baía o que lhe fizeram. O Helton é um guarda-redes mediano, que falha nos momentos importantes. Não se queixem do Scolari, porque, em casa, fizeram-lhe muito pior.
Haveria mais a dizer, mas para já, não é pouco.
Cumprimentos
Caro Zé Lucas, não concordo consigo. O FC Porto fez o que tinha a fazer na altura em que resolveu restituir o "patrimonio" que Baía é para a nossas fileiras, mas daí a atribuir-lhe um lugar na equipa por decreto vai uma grande diferença.
ResponderEliminarE é preciso recordar que quando Helton ganhou o lugar na equipa a Baía, fe-lo com mérito e total merecimento. O Brasileiro à época mantinha intacta toda sua qualidade evidenciada em Leira, demonstrado uma grande capacidade entre os postes e uma elasticidade notavel fora deles, o que o levou a ser chamado à sua Selecção.
Foi numa fase posterior a Baía ter abandonado, que Helton começou a definhar nas suas qualidades e comprometer de forma mais regular a equipa.
Hulk onze milhas disse: «Ainda bem que os "gestores" do FCP que fizeram regressar Baía do Barcelona não eram os mesmo que estão lá agora... senão... Vitor Baía tinha acabado a carreira num outro qualquer clube, apesar de, quando regressou, ter abdicado de propostas financeiras bem melhores!!!»
ResponderEliminarCaro Hulk, se a memória não me trai, com a excepção da troca de Angelino Ferreira por Fernando Gomes, penso que os actuais administradores da FCP SAD são os mesmos dessa altura.
Aliás, segundo se me constou, uma das razões de Angelino Ferreira (o pai da nossa SAD) ter saído foi, precisamente, por ter discordado com o regresso do Baía, devido aos valores (altos) dos seus ordenados.
Hulk disse: «É que agora, só teem lugar no FCP jogadores jovens "com alto potencial de progressão"....
ResponderEliminarNão estou contra essa política, antes pelo contrário, mas penso que também é preciso acarinhar elementos que, embora não sendo "valores futuros de mercado" são valores do presente, quer em termos de imagem e mística do FCP quer em termos de valorização imediata da equipa de futebol»
Nisto estamos de acordo, embora nem todos os ex-jogadores do FC Porto justifiquem os esforços financeiros que são feitos para o seu regresso (estou, por exemplo, a pensar nos casos do Domingos e do Postiga).
Nelson Carvalho disse: Foi numa fase posterior a Baía ter abandonado, que Helton começou a definhar nas suas qualidades e comprometer de forma mais regular a equipa.
ResponderEliminarConcordo que quando o Helton conquistou a titularidade no FC Porto o fez com inteiro merecimento e fez uma 2ª volta na época 2005/06 de altissimo nível.
Contudo, a partir daí, e principalmente depois do Baía ter abandonado, a atitude e concentração que o Helton revela na baliza baixou muito e não lhe fazia nada mal uma temporada no banco de suplentes.
Anti lampião disse: «Comissão Disciplinar passou por cima da Lei que pune violência em espectáculos desportivos»
ResponderEliminarEstamos atentos. Amanhã irá ser publicado um artigo sobre este assunto.
Caro Nelson Carvalho,
ResponderEliminareu sei que a minha posição está longe de ser consensual entre os Portistas. Também o Jorge Costa, o Fernando Gomes (bi-bota) e muitos outros, não o são. Por isso é que devemos ter cuidado com os bezerros de ouro que, de vez em quando, nos ofuscam. Só um pequeno exercício: - imaginem que o Baía queria continuar a jogar mais uns anos...
Caro Zé_Lucas,
ResponderEliminarPode indignar-se à sua vontade com a forma como relatei a passagem do Baía para o banco e, depois, para a bancada. Obviamente que não o fiz de uma forma "branqueadora". Foi uma passagem natural, condizente com a perda de algumas capacidades e performances, bem observadas por Adriaanse. De todas as maluqueiras do holandês no seio do plantel, esta foi a que menos me incomodou. Não embarquei na histeria do MST. O Baía não podia ser o guarda-redes por decreto e nessa altura o Helton estava melhor. Tão simples como isso. E o Vitor, mais uma vez, aceitou a situação e continuou a dar o seu melhor em prol do clube, como se nada fosse. É isso que o torna diferente e que faz dele um grande homem.
De qualquer forma agradeço a atenção e o reparo. Continue a participar. Cumprimentos,
Nuno Nunes
" Baía (e os restantes atletas) vence dois campeonatos, uma supertaça, a Taça Uefa em 2003, a Liga dos Campeões em 2004 e a Taça Intercontinental já sob o comando do espanhol Victor Fernandez. Depois chegou Co Adriaanse e mais tarde Baía perdeu a titularidade para Hélton."
ResponderEliminarPermití-me fazer este sublinhado acima ( retirado do seu post ), só para lhe dizer o seguinte:
- Baia tinha +- 36 anos quando perdeu a titularidade para o actual guarda redes do FCP, diz o senhor " por perda de capacidades ". Deixe dar alguns exemplos para ver se consegue entender: - Khan, retirou-se com 39 anos, van der sar ainda joga com 38, Preud`homme retirou-se em grande aos 40. O FCP com o Helton não passou em nenhuma eliminatória de topo na Liga dos Campeões.
Repito o que disse no meu primeiro post ( e eu que nem sou de grandes postas ), OS PORTISTAS FIZERAM AO BAIA PIOR DO QUE O SCOLARI, e o senhor foi um deles. Assuma se quiser, ou continue a meter a cabeça na areia. O mal está feito.
Prometo que pode fechar o debate, que eu não volto a escrever sobre isto.
1 abraço
Caro amigo Ze Lucas
ResponderEliminarCompreendo o seu ponto de vista, mas de facto os jogadores que referiu estiveram, e um ainda esta em actividade ao mais alto nivel, embora não tenham sofrido as mazelas e lesões gravissimas que victor baia sofreu durante a sua carreira.
O FC Porto sempre acarinhou o Victor, é um dos nossos, sempre o aplaudimos, e sempre o defendemos, embora compreenda a sua opinião, não posso concordar com ela.
Baia é um Icone do FC Porto, um simbolo, tal como Fernando Gomes, João Pinto, Madjer e Jorge Costa o são, estando em meu entender, Paulinho Santos e Rui Barros, num patamar ligeiramente abaixo desses maiores que referi.
A sucessão da titularidade de Baia para Helton foi natural, e não foi uma humilhação, ou tentativa de.. como a grande filha da putice que Socolari levou a cabo enquanto esteve a mando dos sulistas como treinador da equipa de madail e da FPF.
A unica coisa que julgo que deveriamos ter feito e que não fizemos em tempo oportuno seria dar-lhe um jogo de grande festa de despedida. ao estilo do que fizemos aquando do pendurar das botas do nosso lendario grande capitão João Pinto, Baia merecia-o
Acredito que não teve essa honra devido ao facto de não ter feito toda a carreira no FC Porto, como Pinto o fez. Mas continuo a achar que Baia o merecia.
Ha personalidades que nunca poderemos esquecer no nosso grande clube, alem das que referi anteriormente, Jaime Magalhães, Aloisio, André, Emil Kostadinov, Josef Mlynarczyck todos esses eram merecedores de uma noite das estrelas, em gala de homenagem, não apenas por serem grandes jogadores que passaram e lutaram pelo nosso FC Porto, muitas vezes com enorme sacrificio e sofrimento, mas igualmente porque são Enormes portistas e sentiam e continuam a sentir a camisola.
Parabens Vitor, estamos contigo, agora e sempre, és dos nossos!
Ha jogadores que merecem a realização de eventos especiais, Baia é um desses, e não seria caso unico no futebol europeu, devo relembrar a grande gala das estrelas que o AC Milan realizou em homenagem especial a Franco Baresi quando este se retirou, em que ate jogaram ex-jogadores do Milan que estavam na altura a jogar em clubes rivais - ate Roberto Baggio (antigo jogador do Milan), na altura a jogar na Juventus de Turim, alinhou com a camisola do Milan numa das partes para homenagear o ex-companheiro Baresi.
A homenagem que o Olympique de Marselha prestou a Jean Pierre Papin quando este se retirou é outro exemplo, Baia merecia algo semelhante que acabou não sendo realizado.
è apenas isso que lamento, e que deveriamos ter feito, ele merecia-o.