quinta-feira, 11 de setembro de 2008
De estado de graça, para uma panela de pressão
Não basta jogar, é preciso também marcar. Numa única frase pode-se resumir o estranho jogo de Alvalade da noite passada e, também, constatar que a linha que separa o sucesso do insucesso é demasiado tenue.
Ao primeiro jogo a “sério” a Selecção Nacional volta evidenciar problemas antigos – péssima finalização, dificuldades no jogo aéreo na transição defensiva - que já vêem talvez dos tempos dos Afonsinhos. Estaremos a regressar aos tempos das vitórias morais? Estará Queiroz equivocado na sua estratégia de alteração de alguns conceitos instituídos na Selecção nos ultimos anos?
Provavelmente hoje não faltarão muitos fazedores de opinião a passar a ideia de que no reinado de Scolari nada disto seria possível, mas sou daqueles em que acredita que o trabalho e preparação técnica, a educação e o interiorizar de conceitos, mais cedo ao mais tarde garantirão frutos. Tudo isto com um lote de Seleccionados que chegam à equipa Nacional mercê de prestações positivas nos seus clubes, e não à conta de uma “carta branca” passada sempre às mesma figuras, independentemente da sua condição no momento.
O encontro com a Dinamarca foi um semi “dejá vu” de partidas como a Polónia e Sérvia, com toques mais maquiavélicos.
Continuam alguns problemas por resolver nesta Selecção, como sejam defender bolas paradas e saber jogar com a pressão final. A linha defensiva que toda ela é bastante ágil e rápida são de excelente qualidade, direi mesmo dos melhores do Mundo a defender com a defesa em linhas avançadas, mas menos bons a actuar nos ultimos metros, onde a velocidade não é tão importante.
No ataque a ineficácia na finalização é um calvário onde não vislumbra um fim à vista. Parece que o código genético Lusitano falhou nos seus primórdios na concepção das máquinas goleadoras, e só Eusébio ou Gomes nasceram com defeito de fabrico.
Desperdiçar quatro golos na cara do guarda redes em 45 minutos deve ser um feito que provavelmente só Portugal se poderá gabar...
Serenidade e confiança na sua estratégia, sem desvios nos seus propósitos, é o que se pede neste momento à Selecção Portuguesa. Mas, após esta inesperada derrota caseira e com o próximo encontro a ser disputado no terreno do principal adversário, a panela que inusitadamente ganhou pressão em Alvalade, pode estourar precocemente.
Fotos: Record
«Desperdiçar quatro golos na cara do guarda redes em 45 minutos deve ser um feito que provavelmente só Portugal se poderá gabar...»
ResponderEliminarE nem sequer se pode apontar o dedo a um único "culpado", visto que esses 4 lances, de golos quase feitos, foram escandalosamente falhados por 4 jogadores diferentes - Nani, Simão, Danny e Nuno Gomes.
«Continuam alguns problemas por resolver nesta Selecção, como sejam defender bolas paradas e saber jogar com a pressão final.»
ResponderEliminarNa minha opinião o principal erro do Carlos Queiroz no jogo de ontem esteve relacionado com este aspecto.
A seguir ao 2-1, quando faltavam apenas 5-6 minutos para o fim do jogo (descontos incluídos), foi para mim incompreensível que tivesse entrado o "minorca" João Moutinho.
Previa-se que os dinamarqueses, sem nada a perder, fizessem avançar todas as suas "torres" e apostassem tudo no futebol directo e em lances de bola parada.
Ora, a selecção tinha no banco um jogador possante que é "só" um dos melhores jogadores de cabeça do futebol europeu - Bruno Alves.
Porque razão não entrou para, nos últimos minutos, ajudar a segurar a vantagem mínima?
Por o jogo ser em Alvalade, tinha de entrar um dos meninos queridos do público?
Como se não bastassem os escandalosos golos falhados, o Quim decidiu ajudar a festa.
ResponderEliminarO 2º golo dos dinamarqueses fez lembrar os "melhores momentos" do Ricardo...
Depois de ter sido o melhor jogador de Portugal no EURO 2008, o Deco voltou a demonstrar que quando está em boa forma física é um jogador do outro Mundo.
ResponderEliminarEsta derrota faz mesmo lembrar os antigos jogos da selecção portuguesa: jogar melhor, atacar mais e... perder. No entanto já tivemos jogos assim com o Scolari (contra a Polónia por exemplo).
ResponderEliminarGostei muito mais do futebol praticado pela selecção de Queiroz. É um futebol de ataque, sem preconceitos, como que "à United". Não estavam previstos os falhanços do Nulo Gomes (a maior nulidade dos últimos anos na selecção), do simaozinho, do Danny e do Nani. Também não estava prevista a defesa ricardiana do Quim, que lhes deu o golo do empate e um fôlego extra para tentar a vitória.
Que haja mais objectividade no próximo jogo para a vitória não escapar. Os lances de ataque criados são mais que suficientes para se vencer um jogo.
"E nem sequer se pode apontar o dedo a um único "culpado", visto que esses 4 lances, de golos quase feitos, foram escandalosamente falhados por 4 jogadores diferentes - Nani, Simão, Danny e Nuno Gomes."
ResponderEliminarO único a quem perdoo é ao Danny porque ainda é estreante. Os outros já são reincidentes. O Cepo Gomes já deve ter falhado 1000 golos assim...
Dou confiança a Queiroz porque a verdade é que praticamos muito melhor futebol com ele do que com Scolari e tem uma equipa coerente. É verdade que continuamos a não ter homens-golo. Naturalizem o Liedson, já !
A Dinamarca teve uma excelente atitude, á imagem do seu treinador ( ou não tivesse tido ele uma escola séria: a do Anderlecht dos anos 80 que era uma dor de cabeça para qualquer um e terrívelmente eficaz ! )
Enfim, aconteceu futebol e melhores dias virão: com Cristiano e Quaresma, a música será outra.
Essa do azar já não pega no futebol, e muito menos as vitórias morais.
ResponderEliminarAconteceu algo semelhante com os sub-21 : a vencermos por 2-0 e a um golo de passarmos à fase seguinte, acabámos por empatar por 2-2.
Somos de excessos, e há alguma tendência para desvalorizar o adversário. Com a Irlanda falava-se em 10-0, e da Dinamarca como se fosse uma selecção menor, até tinha empatado com a Hungria vejam lá.
Perdemos golos, é verdade, mas a Dinamarca poderia ter inaugurado o marcador por duas vezes, no início do jogo. Fez um pressing alto, como há muito não assistia. O nosso primeiro golo é precedido de off-side, e o segundo saiu de um gp, indiscutível, quanto desnecessária.
Não se percebe a não inclusão do Bruno Alves e não ter no banco o Meira. A equipa poderia precisar de “peso” e “altura”. Depois, alguns jogadores deram um "berro" que ouvi em m/casa, enquanto rapaziada da Dinamarca cavalgava ainda cheia de vapor.
Nunca senti o resultado seguro e a defesa não esteve no seu melhor. Fala-se no Liedson, no Derlei (e porque não no Paulo Assunção) para reforçar a selecção. Talvez fosse justo, pois estaria mais conforme a realidade do futebol português.
Poderemos ter comprometido o 1º lugar do grupo. Vi o jogo , Suécia-Hungria, e não vão ser peras doces. Minimizar os adversários, normalmente sai caro.
Gostei do jogo, teve grandes momentos, rasgadinho, bom.
ResponderEliminarO resultado não foi o melhor, não só falhamos golos como consentimos outros, é futebol, mas mil vezes esta selecção à do escarrolari.
Deco encantou a lembrar momentos à Porto.
Por falar nisso devem ter reparado que mais de meia equipa inicial era de ex jogadores do FCP,muitos deles campeões europeus mais o Raul...
Pois bem, pudessemos nós competir em dinheiro com os grandes tubarões, os jogadores cá teriam continuado e com alguns que cá temos não davamos hipótese na Champions...Penso eu de que ...
Ontem e hoje falou-se muito nos golos escandalosamente falhados por Portugal, principalmente os 4 lances da 2ª parte que teriam dado o 2-0 e, muito provavelmente, sentenciado o jogo.
ResponderEliminarContudo, convém lembrar que se é verdade que a Selecção foi altamente ineficaz no ataque, também o foi na defesa, porque sofrer 3 golos em 10 minutos, não é próprio de uma Selecção que se diz de top.
Jorge Aragão disse: «mais de meia equipa inicial era de ex jogadores do FCP, muitos deles campeões europeus mais o Raul»
ResponderEliminarDe facto, no onze inicial, dos 10 jogadores de campo 8 têm a matriz do FC Porto:
Bosingwa, Pepe, Ricardo Carvalho, Paulo Ferreira, Raul Meireles, Maniche, Deco e Hugo Almeida
"Ora, a selecção tinha no banco um jogador possante que é "só" um dos melhores jogadores de cabeça do futebol europeu - Bruno Alves.
ResponderEliminarPorque razão não entrou para, nos últimos minutos, ajudar a segurar a vantagem mínima?
Por o jogo ser em Alvalade, tinha de entrar um dos meninos queridos do público?"
Pois, o Rui santos também é dessa opinião. Diz ele, com graça, que aos armários dinamarqueses respondeu Queiroz com uma mesinha de cabeceira...
«(...) o seleccionador nacional deve ter dormido a última noite com muito peso na consciência. A três minutos do fim, Portugal vencia por 2-1 e era previsível que a Dinamarca ia gastar os últimos cartuchos em lances aéreos, ou não tivesse, em média, uma vantagem de seis centímetros. O que fez Queiroz? Trocou Nani por João Moutinho. Os adeptos aplaudiram, sem perceberem o tiro no pé. Como foi possível apostar num jogador de 1,70m num momento daqueles quando, no "banco", estavam não só os 1,90m de Bruno Alves, mas também a agressividade e o portentoso jogo aéreo do central?
ResponderEliminar2. O problema da diferença de estatura assaltou-me pela primeira vez aos 72 minutos, quando percebi que ia sair Hugo Almeida. Ele era o português claramente mais alto (1,92m) em campo e vinha sendo precioso em situações em que recuava para ajudar na área de Portugal. Acabei por dar um desconto porque Hugo Almeida parecia, de facto, esgotado e porque para o seu lugar entrou Nuno Gomes, que está longe de ser um anão. Mas até aquela diferença de 12 centímetros de estatura dos dois avançados me veio à cabeça quando a Dinamarca iniciou a última reviravolta no marcador.
3. O 2-2 surgiu de um canto em que Christian Poulsen subiu mais alto que toda a gente, não sendo também despicienda a má saída de Quim. Mas há coincidências do diabo: o reforço da Juventus mede 1,90m, exactamente a altura de Bruno Alves...
4. O mais estranho é que Queiroz até ensaiou a possibilidade de lançar no jogo Bruno Alves, passando Pepe para a posição seis. O que terá então bloqueado a aposta mais óbvia? O seleccionador deu a entender que a sua estratégia passou por apostar na posse de bola naqueles minutos finais. Uma resposta razoável, se não levássemos em conta a estatura e o jogo cada vez mais directo do adversário. Por isso, estou tentado a acreditar que a opção de Queiroz foi condicionada pelo receio dos adeptos. Que é como quem diz: não quis ser acusado de recorrer a um defesa para salvar o resultado. Mais valia que o tivesse feito.»
Bruno Prata
in PUBLICO, 11/09/2008
E ninguém acha que já é tempo de dizer "o rei vai nú" e assumir que o brasileiro naturalizado Pepe não é o fora-de-série que nos vendem diáriamente? Ontem, onde estava o Pepe no golo de cabeça da dinamarca ( culpas para o Quim, mas ele estava lá e nem estorvou o avançado ): e a displicencia com que virou as costas à bola no 3ª golo? Os 30 milhões do Real Madrid não obrigam a que se veja só o que se quer!
ResponderEliminarNão vi o jogo, logo não posso comentar o que aconteceu ontem.
ResponderEliminarAinda assim para mim, Portugal têm para mim 3 problemas claros.
Falta um lateral esquerdo, um trinco tipo Costinha e um ponta de lança, para jogar em 4-3-3.
Porque se o Queiros quiser mudar o esquema para 4-4-2, ja não lhe faltam jogadores habituados a esse esquema, Postiga, Djaló, Hugo Almeia, Cristinao Ronaldo, Nuno Gomes....