Record, 23-05-2013 |
Não dando grande importância aos jogos da pré-temporada (nunca dei), os primeiros minutos de Carlos Eduardo num jogo oficial com a camisola do FC Porto chamaram-me à atenção. Foi num Beira Mar x FC Porto B e, no dia 15 de Agosto de 2013, publiquei um artigo acerca da ‘Nova filosofia para a equipa B’, onde coloquei um recorte de O JOGO com o destaque da exibição de Carlos Eduardo em Aveiro.
Apesar das boas exibições que foi fazendo na equipa B, Carlos Eduardo ficou fora da lista de 21 jogadores escolhidos por Paulo Fonseca para a Liga dos Campeões 2013/14 e, a propósito desse assunto, no dia 5 de Setembro de 2013 escrevi o seguinte:
«Quem também fica de fora é Bolat (o terceiro guarda-redes será Kadú) e Carlos Eduardo, apesar dos bons indicadores que este médio de ataque brasileiro deu nos jogos da equipa B em que já actuou. Cheguei a admitir a hipótese de ser Diego Reyes a ficar de fora da Lista A e o 4º defesa-central (que raramente joga na LC) ser Tiago Ferreira, mas Carlos Eduardo não tem o mesmo estatuto do defesa-central mexicano e, além disso, concorre com Lucho, Quintero e, talvez, com Izmailov, o que, convenhamos, não lhe facilita a vida.»
O tempo foi passando, Paulo Fonseca foi experimentando diferentes configurações para o meio-campo portista (Fernando-Defour-Lucho; Fernando-Herrera-Lucho; Fernando-Josué-Lucho; etc.), sem obter grandes resultados e, no dia 29 de Novembro de 2013, após mais uma boa exibição de Carlos Eduardo pela equipa B, escrevi o seguinte num artigo intitulado ‘Carlos Eduardo e os intocáveis’:
«Pelo que se tem visto, quer nos jogos da equipa A, quer nos da equipa B, penso que Carlos Eduardo mais do que justifica uma oportunidade a sério na equipa principal. O problema é que Lucho parece ser intocável, Defour avisou que precisa de jogar (para manter a titularidade na seleção belga) e, no caso de Herrera, a SAD investiu 8 milhões em 80% do passe. (...) Quando as coisas não funcionam, talvez não fosse má ideia experimentar alternativas, em vez de continuar a apostar nas mesmas receitas e nos mesmos “intocáveis”.»
Nota: Atualmente, Carlos Eduardo é quase consensual entre jornalistas, comentadores e adeptos portistas, mas vale a pena (re)ler os comentários a este artigo, publicado há cerca de três semanas.
Após o FC Porto x SC Braga, jogo em que Carlos Eduardo entrou ao intervalo para substituir Lucho, escrevi o seguinte a propósito da sucessão de Moutinho:
«não havendo no plantel um “Moutinho 2”, compete ao treinador reestruturar o meio-campo, tirando o melhor possível dos bons jogadores que tem à sua disposição. Foi isso que aconteceu na 2ª parte do último FC Porto x SC Braga, em que o meio campo portista foi formado por Defour, Herrera e Carlos Eduardo e o que se viu foi o melhor FC Porto desta época. Dinâmica, intensidade, pressão alta, dois golos e mais quatro oportunidades flagrantes, tudo isto em 45 minutos sem Fernando, Lucho e… Quintero.»
Chegados à 13ª jornada do campeonato, Carlos Eduardo foi, finalmente, titular da equipa principal do FC Porto e, em Vila do Conde, jogou mais minutos do que nas 12 jornadas anteriores!
«A primeira parte [do Rio Ave x FC Porto], contudo, demonstrou que a coisa não correu muito bem, excepto na forma desempoeirada e plena de iniciativa de Carlo Eduardo que jogou muito bem entre linhas, com rapidez e critério. Também ficou incumbido da execução das bolas paradas que efectuou a um nível superior ao que tem sido feito. Foi de um livre seu que chegámos ao golo por intermédio de Maicon. (...)
Sobre o comportamento dos jogadores, e tirando Carlos Eduardo que me parece ser um reforço valioso para o que ainda falta jogar e esteve a um nível claramente superior, diria que cumpriram sem deslumbrar. Não gostei do Lucho: achei-o hesitante e com pouca mobilidade. Não criou, nem tamponou. Via o Herrera com maior utilidade para jogar nessa posição.»
Mário Faria, in ‘Carlos Eduardo fez a diferença!’
Olhando para o futuro…
O JOGO, 16-12-2013 |
Relativamente ao meio-campo portista, as minhas são as seguintes:
1) Analisando o plantel do FC Porto e o desempenho evidenciado pelos diversos médios até esta altura (quer na equipa A, quer na equipa B), o melhor meio campo portista inclui, necessariamente, Carlos Eduardo.
2) Eu reconheço grande qualidade ao Lucho (a jogar na posição 8) mas, conforme já referi noutros artigos, para mim não é obrigatório que tenha de ser sempre titular deste FC Porto 2013/14.
Por exemplo, quer contra o SC Braga, quer contra o Rio Ave, gostei de ver a dupla Carlos Eduardo + Herrera a jogarem à frente do médio defensivo (contra o SC Braga foi Defour; contra o Rio Ave foi Fernando).
O processo de adaptação de Herrera ao futebol europeu ainda não está concluído e o ex-Pachuca perde para el comandante em termos de experiência, liderança, classe pura e visão de jogo. Contudo, o internacional mexicano é um jogador mais vertical, com maior intensidade de jogo e, quando arranca com a bola em transições ofensivas, provoca maiores desequilíbrios nas defesas contrárias (fê-lo duas vezes nos 16 minutos que esteve em campo contra o Rio Ave).
Gostava de ver esta solução – Herrera + Carlos Eduardo à frente de Fernando ou Defour – trabalhada por Paulo Fonseca e experimentada em mais jogos.
3) Os últimos dois jogos para o campeonato provaram que, com o plantel atual, é possível formar meios campos competentes sem Moutinho, mesmo deixando de fora jogadores como Fernando e Lucho (na 2ª parte do FC Porto x SC Braga), Defour e Josué (no Rio Ave x FC Porto) e Quintero (em ambos os jogos).
Ao contrário dos últimos dois anos, em que, basicamente, Vítor Pereira só dispôs de quatro médios – Fernando, Moutinho, Lucho e Defour (o joker, primeira e às vezes única alternativa para todas as posições do meio-campo) –, no plantel atual não falta matéria-prima, quer para Paulo Fonseca construir e consolidar um meio-campo capaz, quer para o treinador ter alternativas de qualidade para castigos, lesões ou situações de abaixamento de forma dos habituais titulares.
Saiba o “cozinheiro” Paulo Fonseca fazer “omeletes” com os “ovos” que tem à sua disposição.
Parece bom jogador, sim. Mas eu recomendaria muito cuidado com as euforias.
ResponderEliminarO Licá nos primeiros 2 ou 3 jogos já era chamado de novo Lisandro e agora é chamado ele e a mãe dele de coisas muito feias.
Tem jogo e meio feito praticamente. É pouco para se avaliar o que quer que seja.
Até porque, na minha óptica, todos os outros jogadores testados no meio-campo têm capacidade e potencial enormes, mas foram "queimados" por causa das funções que o treinador os colocou a fazer.
E se há coisa sobre a qual tenho poucas dúvidas é sobre a capacidade do PF para queimar também este Carlos Eduardo.
Mas se, pela primeira vez esta época, o PF começar a usar consecutivamente os mesmos jogadores no meio-campo, não tenho dúvidas que as coisas só podem melhorar com as rotinas assimiladas. Agora meter Defour, depois meter Herrera, depois meter Josué, etc... só arrasa os jogadores e não permite à equipa "conhecer-se".
O Licá nos primeiros 2 ou 3 jogos já era chamado de novo Lisandro
EliminarEu já não me lembro do que disse do Licá em Agosto mas, seguramente, não o comparei ao Lisandro.
O Licá parece-me ser um jogador que precisa de espaço (muito espaço) para correr, tipo gazela. Ora, espaço para os atacantes do FC Porto se movimentarem é algo que não abunda na esmagadora maioria dos jogos disputados pelo FC Porto.
O Licá não é, naturalmente, o Lisandro, mas não é mau jogador, como já provou no início da época. Não é o extremo desequilibrador que o Porto precisa, mas é um jogador competente, de processos simples e com faro de golo, um pouco à imagem do Varela. Muitas vezes, no FCP, um dos alas é mais trabalhador e cumpridor do ponto de vista táctico, ficando os desequilíbrios para o colega de sector. Nos últimos anos esse papel tem sido desempenhado pelo Varela, que partilhou a titularidade com jogadores como Hulk e James. Nesta óptica, o Licá seria um bom substituto do Varela, mas quem não tem cão caça com gato.
EliminarJá agora, o Porto contra o Rio-Ave não foi o melhor Porto desta época. Contra o Guimarães ou o Marítimo o Porto foi muito melhor e criou no mínimo o dobro dos lances de perigo. (e a defender também o Rio Ave causou muito mais problemas).
ResponderEliminarAtenção que não foi isso que eu disse.
EliminarO que eu escrevi, a seguir ao FC Porto x SC Braga, foi o seguinte:
«na 2ª parte do último FC Porto x SC Braga, em que o meio campo portista foi formado por Defour, Herrera e Carlos Eduardo e o que se viu foi o melhor FC Porto desta época. Dinâmica, intensidade, pressão alta, dois golos e mais quatro oportunidades flagrantes, tudo isto em 45 minutos»
a defender também o Rio Ave causou muito mais problemas
EliminarMenos do que vimos noutros jogos.
E, na 2ª parte do Rio Ave x FC Porto, os vilacondenses fizeram zero remates!
Sim, José. Mas tanto no jogo contra o Guimarães como contra o Marítimo tivemos uma quantidade de oportunidades bem superior à dessa 2ª parte.
EliminarCaro DC, atenção que eu não digo que o FC Porto x SC Braga, no seu todo, foi o melhor jogo do FC Porto nesta época. Aliás, a 1ª parte foi péssima.
EliminarAs mudanças operadas ao intervalo - troca de Lucho por Carlos Eduardo + adiantamento de Herrera - funcionaram muito bem e a exibição do FC Porto na 2ª parte não teve nada a ver com a paupérrima exibição da 1ª parte.
E, para além dos golos e oportunidades do FC Porto, não me lembro do SC Braga ter criado uma única oportunidade de golo na 2ª parte.
Concordo, e concordo que terá sido a melhor exibição dos últimos 3 meses talvez. Mas em Agosto ainda vimos a equipa a jogar bem 2 ou 3 vezes.
EliminarE estou a dar grande importância a esse facto porque é um fenómeno que considero curioso. Será que a equipa jogou bem por ter ainda pouco tempo de trabalho com este treinador?
Quando ao Carlos e a este novo meio-campo, é o que lhe digo: quero ver se é para durar e quero ver como se vai sair em jogos exigentes como no estádio da Luz.
Excelente texto Zé,
ResponderEliminarEm Abril, num artigo que publiquei aqui com uma série de sugestões de jogadores a contratar com uma perspectiva de médio-prazo, a actuar no futebol português, o Carlos Eduardo estava presente. Foi o melhor, de longe, do Estoril no ano passado e já se percebia que tinha algo.
Como diz o DC, convém não entrar em euforias. Até o Deco, tão genial como era, demorou dois ou três anos a dar um salto de qualidade a um patamar mais elevado. Mas foi, provavelmente, uma das mais certeiras contratações do defeso, particularmente na relação qualidade-preço. Com tempo e minutos será o número 8 do FC Porto dos próximos anos.
Claro que alguém em Agosto achou que o Ismailov, que tinha feito uma segunda metade de época, no ano passado, aborrecida, para náo dizer pior, era melhor solução para a Champions.
Por falar no Is My Love, parece q a telenovela continua... Incrível.
EliminarEu já prefiro não dizer nada, não vão acusar-me de ser contra os direitos do Homem.
EliminarMiguel, por aquilo que já vi, eu tenho grandes expectativas na evolução e afirmação do Carlos Eduardo como titular do FC Porto (não sei se na posição 8 ou num misto entre a posição 8 e a posição 10), mas compará-lo a Deco que, na minha opinião, é um dos melhores de sempre do historial do FC Porto, é sonhar muito alto.
Eliminar...Carlos Eduardo estava presente. Foi o melhor, de longe, do Estoril no ano passado e já se percebia que tinha algo
EliminarEm termos quantitativos, parece que a SAD acertou nas apostas que fez no Estoril.
Comprou 60% do passe do Licá e 80% do passe do Carlos Eduardo (não sei se ficou com direito de opção na compra das restantes percentagens dos passes destes dois jogadores).
Atenção q o Deco chegou ao FCP com salvo erro 20 anos (falando de cor) e o Eduardo com uns 23 ou 24 (falando também de cor). Ou seja, a margem de progressão deste ultimo é mais pequena.
EliminarAbsolutamente de acordo. O Carlos Eduardo, pelo que demonstrou nos 135 minutos que fez, merece de caras a titularidade. Foi o médio que conseguiu melhor ligação entre o meio-campo e o ataque, denotando grande qualidade nas suas acções, ao nível do passe, da ocupação de espaços, do transporte de bola, da marcação de bolas paradas, etc. Por outro lado, permitiu o recuo do Lucho para a sua melhor posição. Espero, sinceramente, que com esta configuração o jogo do Porto melhore, sendo certo que há mais opções de qualidade para o meio-campo, que permitem uma rotação tranquila, quando necessária. Quanto ao Herrera, parece-me o substituto natural do Lucho, embora com características distintas. É um médio-centro box-to-box que a médio-prazo vai estabelecer-se como titular. Na mesma linha de pensamento, o Defour será o substituto do Fernando e o Quintero do Carlos Eduardo. O Josué, como visto, é pau para toda a obra.
ResponderEliminar