segunda-feira, 31 de março de 2014

Assim é difícil ganhar…

Se trabalhamos uma equipa com uma defesa subida, bem articulada, para manter uma linha forte, para colocar o adversário em fora de jogo, os jogadores ficam desconfiados se depois, em dois jogos fora [sporting x FC Porto e Nacional x FC Porto], são validados dois golos em fora de jogo. Mais vale jogar mais atrás… Portanto, o quadro vai muito para além de se constatar os fora de jogo, atinge o trabalho semanal que fazemos”.

Fora de jogo que precedeu o golo dos calimeros

Fora de jogo que precedeu o 1º golo do Nacional

“O primeiro golo do Nacional é obtido em fora de jogo [as imagens televisivas provam que há dois jogadores do Nacional, à frente do árbitro assistente, em situação de claro fora de jogo]. Criámos várias situações de golo e chegámos ao empate; marcamos outro golo, mas não foi validado, quando era um golo limpo e tudo isso condiciona o estado de espírito dos jogadores que, apesar de terem feito uma boa segunda parte, perderam algum discernimento, fruto daquilo que ia acontecendo. Sentiram que era difícil ganhar assim.”

Tribunal de O JOGO unânime: golo limpo anulado ao FC Porto

“É natural que, quando estamos a desenvolver o nosso jogo, quando sentimos que estamos a ser prejudicados, percamos o nosso equilíbrio. Há situações difíceis de aceitar, é difícil falar da equipa quando sentimos que nos estão a desequilibrar”.

Declarações de Luís Castro, na conferência de imprensa após o Nacional x FC Porto.

Erros a mais e alguns de capela


A visita à choupana constituía um exame ao novo FCP que neste jogo mostrou demasiados vícios antigos para acreditar que os sinais de bonança, manifestados em alguns jogos anteriores, vinham para ficar de forma duradoura. O resultado e a exibição da primeira parte demonstram que não basta mudar de treinador para tratar da saúde da equipa. O FCP apresentou-se abúlico e incapaz de sair com a bola para além do meio campo, como tem ocorrido em boa parte do campeonato, nomeadamente na primeira fase de construção. A defesa com erros posicionais, pôs-se sempre a jeito do contra-ataque do adversário. Aquela desorganização posicional que permitiu ao Nacional chegar ao segundo golo, constatei-a demasiadas vezes em jornadas anteriores. Os jogadores movimentam-se de forma anárquica como se não houvesse um guião, sustentado em rotinas, processos e métodos que deveriam estar assimilados. Só por uma vez poderíamos ter chegado ao golo na primeira parte, enquanto o Nacional fartou-se de nos inquietar nas transições, com o nosso meio campo perdido e em que as ajudas raramente funcionaram.

No segundo tempo com um golo madrugador, perdemos rapidamente esse efeito de galvanização ao sofrer, poucos minutos depois, um novo golo que moralizou o adversário. Demos o ouro ao bandido e Quaresma e o árbitro apressaram a derrota. Muita vontade do Nacional que fechou todos os caminhos para a baliza, mais suor da nossa parte, mas continua a faltar força e intensidade. Provavelmente a equipa estará fatigada, possivelmente alguns jogadores ainda cometem erros próprios da juventude e reconheço que há que ter alguma paciência e não desatar a tudo pôr em causa e a diabolizar todos os directores e actores envolvidos neste desnorte. Apesar disso, é constrangedor e inquietante esta fragilidade e incompetência para ultrapassar este tipo de equipas que se entrincheira e que se ri nas nossas barbas pela tibieza como as combatemos. Mais: a equipa pareceu alheada da qualidade do adversário e não se preveniu para que os seus pontos fortes prevalecessem, como aconteceu na primeira metade em que não controlámos a bola, o ritmo, sem velocidade, muitos passes transviados e demasiado duelos feitos de choque que raramente vencemos. Apenas reagimos e raramente bem. Perderam-nos o respeito.

O melhor que nos poderia ter acontecido esta semana foi o Estoril ter perdido: não fora isso e aproximar-se-ia perigosamente do terceiro lugar. Individualmente, apenas Martinez esteve a um nível alto. Quintero mexeu no jogo, revelou qualidades, mas a sua acção não foi tão continuada como carecíamos. A arbitragem esteve ao nível do Capela de outras ocasiões. Péssima e que muito nos penalizou. Nenhuma surpresa. Quaresma entrou em delírio com aquela trapalhada já depois do apito final e o treinador tem que o saber conter e não hesitar em substituí-lo quando passa a ser um problema e não a solução. Devemos não aligeirar os erros do árbitro e muito menos esconder os nossos.

Falta muito para fechar a época, mas continuo muito pessimista. Esperemos que a equipa recupere, que os sócios apoiem e que a nossa direcção comande o clube de forma competente. E preparar a próxima época como deve ser para não entrarmos em plano inclinado.

domingo, 30 de março de 2014

Recordar é viver - 20 anos depois

A 30 de Março de 1994 o FCP deslocou-se ao terreno do campeão alemão (Werder Bremen) num jogo a contar para a fase de grupos da Liga dos Campeões (que nessa altura contava com apenas 2 grupos e tinha lugar após várias eliminatórias).

À entrada para essa jornada (a 5ª) o FCP estava em 2º lugar no grupo com 2V/0E/2D (sendo uma dessas vitórias sobre o mesmo Werder Bremen por 3-2 nas Antas), apenas 1 ponto à frente do Werder. Conseguir pelo menos um empate era portanto fundamental (e podia mesmo não chegar para nos apurarmos, até porque na última jornada o FCP recebia o poderoso Milan - que se viria a sagrar campeão europeu com cabazada de 4-0 ao Barça na final - e o Werder Bremen defrontava a equipa mais fraca do grupo, o Anderlecht). A tarefa não era nada fácil, já que o Werder Bremen era na altura uma das 10 melhores equipas da Europa.

Pois bem, o FCP passou o teste com distinção, e de que maneira... vitória por 5-0 que deixou a Europa boquiaberta. O marcador foi inagurado pelo malogrado Rui Filipe aos 11mins com uma «bomba» de fora da área, ele que nem sequer era previsto jogar (tinha entrado 3 minutos antes para o lugar de Paulinho Santos que se lesionou). Os restantes golos foram marcados por Kostadinov, Secretário, Domingos e Timofte.

Sabe sempre bem rever o resumo deste jogo:


Para mim foi um jogo muito especial - não só pela vitória histórica mas por ter sido dos primeiros jogos que vi ao vivo fora de Portugal, e para mais quando nem era suposto lá ir. Estava nesse dia em Amesterdão numa viagem de Páscoa com um grupo de campismo quando alguém se lembrou de propôr ir a Bremen ver o jogo, já que era «ali ao lado». Isto lá pelas 2h da tarde...

O «ali ao lado» era afinal a 360 km... não tínhamos bilhetes (nem ideia se ainda havia disponíveis), nem ideia como lá chegar, nem (muito) dinheiro, nem (muito) tempo, nem falávamos alemão, mas não faltava determinação. Depois de perceber que de comboio não ia funcionar lá conseguimos alugar carro, e saímos meio às cegas (nem mapa tínhamos) - isto quando já passava das 16h.


Os tempos eram bem diferentes: ninguém tinha telemóvel, não havia GPS nem Internet, o controlo de fronteiras ainda existia. Com um bocado de sorte lá conseguimos chegar a Bremen e encontrar o estádio pouco antes do jogo começar, mas deparámo-nos com um «pequeno» problema: os bilhetes estavam esgotados. Lá conseguimos arranjar bilhetes na candonga e entramos no estádio (tendo sido encaminhados para a zona onde estavam os adeptos do FCP) ao mesmo tempo que as 2 equipas entravam em campo. O resto é História, como diz o outro. 

sábado, 29 de março de 2014

“Viscondes” na cabine do árbitro

No dia 11 de Novembro de 1956, jogou-se no Campo da Tapadinha um Atlético x Sporting.
Ao intervalo o jogo estava empatado 1-1 e, pelos vistos, o presidente do Sporting – Carlos Góis Mota – não estava a gostar da arbitragem de Braga Barros, árbitro de Leiria. Vai daí, não esteve com meias medidas, invadiu a cabine do árbitro e, segundo foi referido na altura, de pistola em punho (segundo outras versões tinha a pistola à cintura) “aconselhou-o a tomar mais atenção na 2ª parte pois poderia prejudicar-se”.
Nos segundos 45 minutos as coisas correram bastante melhor aos “viscondes”, que marcaram mais dois golos, tendo o Sporting ganho esse jogo por 3-1.

Para quem não saiba, além de presidente do Sporting [1], Góis Mota era um destacado membro do regime da época, tendo ocupado os cargos de Procurador Geral da Republica, Comandante e Secretário-Geral da Legião Portuguesa [2].

Góis Mota faleceu em 25 de Janeiro de 1973. Em 2001 foi distinguido com o Prémio Stromp [3] na categoria Saudade.

Felizmente, os tempos mudaram e, em 2014, os presidentes do Sporting já não invadem as cabines dos árbitros de pistola em punho (ou à cintura)…







Nota: As imagens anteriores foram retiradas de uma reportagem da SIC intitulada “Árbitro de Elite”, transmitida esta semana (no dia 25-03-2014), em que o protagonista é o árbitro Pedro Proença, o qual, soube-se agora (9 dias após ter arbitrado um SCP x FC Porto de triste memória), foi colega de faculdade de… Bruno de Carvalho.


[1] O Dr. Carlos Cecilio Nunes Góis Mota, enquanto dirigente do Sporting Clube de Portugal, começou por ser Vogal nas Direcções presididas por Joaquim Oliveira Duarte, entre 15 de Agosto de 1938 e 14 de Agosto de 1940. Regressou à Direcção em 19 de Janeiro de 1946, como Vice-presidente de Ribeiro Ferreira, funções que desempenhou durante sete anos, até 23 Janeiro de 1953, altura em foi eleito Presidente do SCP. Liderou o Clube durante quatro gerências, até 31 de Janeiro de 1957, altura em que foi substituído pelo seu vice-presidente Cazal Ribeiro.

[2] A Legião Portuguesa foi uma milícia criada em 1936, que estava sob a alçada dos Ministérios do Interior e da Guerra, e que nas décadas de 50 e 60 se caracterizou pela perseguição e repressão às forças oposicionistas ao regime, para a qual contribuiu o seu Serviço de Informações e a sua vasta rede de informadores.

[3] Os prémios Stromp são atribuídos anualmente pelo Grupo Stromp, a dirigentes, técnicos, atletas ou sócios do clube e são considerados como uma espécie de "Oscares" leoninos. Em 1971 foi criada a categoria "Saudade", para premiar os grandes vultos do passado do SCP.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Não matem as promessas

O jogo com o SLB foi muito bem conseguido e respeitou o guião. Um FCP forte e um visitante que entrou cheio de medo, como habitualmente, e não produziu tanto quanto prometiam os seus adeptos e a maioria da comunicação social, que já nos tinha passado a certidão de óbito pela degola de que íamos ser vítimas.

Fizemos uma primeira parte sempre por cima e quando estivemos menos bem, conseguimos disfarçar algumas fragilidades que ainda se notam e sair com a vitória no bornal; o resultado pecou por escasso, porque há uma segunda mão na Luz mas, ainda assim, foi uma cabazada de um a zero, como diria Mourinho. Uma equipa que parecia ter caído na inevitabilidade da derrota ao menor percalço, está mais personalizada e confiante, desde que LC tomou conta da equipa, pois já consegue mitigar e ultrapassar bem melhor as suas insuficiências. Mas, há um longo caminho a percorrer e a SAD não deve deixar de ler o que correu mal e avaliar o que ainda não está bem. 

O FCP teve dificuldades com o Belenenses e vai continuar a tê-las. Não acabaram, ontem. Desde AVB que o nosso erário tem sido desvalorizado: o saldo das vendas tem sido muito positivo financeiramente e deficitário na vertente desportiva. Não é uma crítica, é uma constatação. Os êxitos de VP disfarçaram essa corrosão e as críticas maiores, ainda nesse período, foram sempre dirigidas ao treinador. Por isso, o que veio por mal pode acabar bem, se soubermos ler os sinais e actuar em conformidade; a época de 2014/15 promete ser complicada e tem de ser gerida com muita sabedoria, até porque estão, na porta de saída, jogadores fundamentais e a entrada directa na CL é quase uma miragem.
                                                                                                                                      

Mas, os treinadores não seguem sozinhos na vertigem crítica dos adeptos: há ciclicamente jogadores sujeitos a marcação cerrada ou por serem velhos, ou por serem novos, ou porque sim. Por estes dias, o Carlos Eduardo que foi o herói em alguns jogos é sujeito às mais severas dúvidas quanto à sua valia. Foi muito bem substituído em Nápoles, mas acho que Carlos Eduardo tem tudo para ser um elemento valioso, mas como toda a equipa do FCP sente dificuldades quando se bate com equipas muito fechadas ou quando é sujeita a uma grande pressão. O FCP integrou, esta época, jovens de muita qualidade: Carlos Eduardo, Reyes, Herrera, Quintero, Ricardo, Josué, Ghilas e Licá. Alguns, provavelmente, não resistirão e ficarão pelo caminho, mas precisam dum treinador competente e de todo o seu magistério de influência para evoluírem e se integrarem no modelo da equipa. Se Luís Castro o fizer com lucidez e os sócios e adeptos forem capazes de compreender que aqueles atletas vivem um período de transição e aprendizagem, talvez a pressão que se abatata sobre esses jovens seja apenas a necessária para um desempenho profissional apropriado. Por favor, não matem as promessas antes do necessário tempo de maturação. Este pedido é obviamente extensivo aos decisores a quem cabe, prioritariamente, esse dever.
 

quinta-feira, 27 de março de 2014

A “equipa B” do slb…

Na caixa de comentários do artigo ‘Soube a pouco’, Luís Vieira (27-03-2014 às 10:58) escreveu o seguinte:

«A 1ª parte foi, de facto, muito boa, verdadeiramente asfixiante, o Benfica não conseguiu fazer nada. E não me venham com a tanga das poupanças, alinhando na orientação editorial do Record (ver capa de hoje), porque os únicos suplentes declarados que jogaram, tendo em conta o conjunto da época, foram o Sílvio, o Salvio e o Sulejmani, a que eu contraponho o Fabiano, o Herrera e o Reyes. O Artur, o Rúben Amorim e o Cardozo foram titulares largas vezes, este ano, pelo que não vinga a tentativa de apoucamento da vitória de ontem (justíssima e a pecar por escassa).»


Relativamente a este tipo de desculpas e álibis, o diretor de O JOGO, José Manuel Ribeiro, escreveu o seguinte:
José Manuel Ribeiro, O JOGO, 27-03-2014

«Seria incorreto, sequer, sugerir que o onze retocado [do Benfica] tinha a segunda intenção de servir de álibi em caso de nova derrota. O problema é que serviu: no final, em vez de repetir o que já disse tantas vezes (“não há titulares”, “confiança absoluta em todos os jogadores”, etc.), repisou e voltou a repisar as modificações feitas no onze e deixou cair que até substituiu o Rodrigo, estando este “melhor do que o Cardozo”, porque era preciso dar minutos ao paraguaio. Ou seja, perdeu porque jogaram os fraquinhos. Ao fim de cinco anos, no que respeita ao FC Porto, Jesus ainda nem sequer superou a fase da negação.»
José Manuel Ribeiro, O JOGO, 27-03-2014


Sobre este assunto, melhor do que qualquer opinião, são os números da utilização destes “suplentes” do slb nos meses de Fevereiro e Março:

Sílvio - utilização nos meses de Fevereiro e Março (fonte: zerozero)

Rúben Amorim - utilização nos meses de Fevereiro e Março (fonte: zerozero)

Sulejmani - utilização nos meses de Fevereiro e Março (fonte: zerozero)

Salvio - utilização nos meses de Fevereiro e Março (fonte: zerozero)

Cardozo - utilização nos meses de Fevereiro e Março (fonte: zerozero)

Perante estes números, parece-me difícil (para não dizer ridículo) afirmar que Sílvio, Rúben Amorim, Sulejmani, Salvio e Cardozo são jogadores de equipa B, suplentes pouco utilizados ou que estão sem ritmo de jogo mas, se isso servir de álibi para os benfiquistas ou como argumento para os (poucos) portistas que não vêem diferenças entre o FC Porto de Luís Castro e o de Paulo Fonseca, porque não?
É normal que, não podendo falar da arbitragem ou da sorte/azar/infelicidade, se invente outra desculpa qualquer.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Soube a pouco

Títulos e destaques na comunicação social a propósito deste jogo entre dragões e águias:

«Benfica sai vivo do Dragão»
in maisfutebol.iol.pt

«Dragão dominador ganha vantagem»
in record.pt

«"Dragão" fecha ciclo de 142 dias da "águia" a voar»
in RTP.pt

Jackson... Martinez!

«FC Porto podia ter conseguido um resultado expressivo diante de um Benfica muito atado. (...) os dragões tiveram mais volume de jogo do que os encarnados e registaram mais oportunidades de golo. Podiam ter garantido um resultado mais dilatado»
in JN.pt

Herrera e Luisão salva in extremis

«A vantagem tangencial acaba por saber a pouco aos tricampeões nacionais, que chegaram a ameaçar "arrumar" com o Benfica logo na primeira mão (...) O Benfica levava 27 jogos sem perder e sempre a fazer golos, mas desta vez foi surpreendido por um FC Porto autoritário, com mais intensidade de jogo e dominador (...) O FC Porto fica a dever a si próprio uma vantagem maior do que o curto 1-0»
in DN.pt

Reyes e Mangala dominam nas alturas (LUSA)

«No sítio onde Jesus se ajoelhou e lamuriou há dez meses, o Benfica voltou a sofrer por culpa própria e mérito, muito grande, do eterno rival.
Não fosse um leve assomo de vida nos últimos 15/20 minutos, com uma grande oportunidade de golo de Rúben Amorim pelo meio, e estaríamos aqui a falar de um Clássico de esmagador domínio azul e branco.
O Benfica escapou com sorte e pouco juízo à goleada.
Podemos falar dos dois cortes fabulosos de Luisão no primeiro tempo, do falhanço de Varela completamente isolado perante Artur, da bola de Jackson ao poste direito ou da definição errada e em câmara lenta de Quintero, também ele sozinho e deslumbrado.
Mas devemos, acima de tudo o resto, identificar e sublinhar as diferenças agudas entre este FC Porto e o anterior. O que viveu agrilhoado nas ideias incompreensíveis de um treinador cinzento e perdido num mar de caótica teimosia.»
Pedro Jorge da Cunha, in Maisfutebol


Luís Castro (REUTERS)
«A chave de todos os jogos é sempre a qualidade dos jogadores e a do plantel do FC Porto é muito boa. Os jogadores mostram-se disponíveis para cumprir as tarefas que entendemos. Foi visível que tentámos bloquear a construção de jogo do Benfica a partir de trás, tirando lucidez ao jogo deles. Depois dessa pressão alta queríamos recuperar e fazer ataques a partir desse ponto. (...)
A construção a partir de trás do FC Porto também foi boa, com paciência. Faltou-nos um bocado de jogo interior, para podermos furar mais a partir do centro, mas o jogo pelas alas foi sempre bem conseguido. (...)
Hoje houve um FC Porto com intensidade ao longo de todos os momentos do jogo. Apresentámos um jogo e uma identidade que queremos que se sedimente na equipa. Os jogadores estão confortáveis. (...) e peço desculpa por dizer isto, o plantel do FC Porto tem muito mais qualidade do que andaram a apregoar até hoje.»
Luís Castro, na conferência de imprensa

Nota: Os destaques no texto a negrito são da minha responsabilidade.

terça-feira, 25 de março de 2014

Mais de 3000 minutos

«Numa altura em que, como disse Jorge Jesus, o trabalho quase se divide entre jogar, recuperar e voltar a jogar, o Benfica, como o provou com a Académica, tem a vantagem de lidar com sistemas de jogos consolidados, enquanto o FC Porto reaprende a jogar no modelo do sucesso de outras épocas na altura mais crítica da temporada. (...)
A fartura tem permitido a Jorge Jesus gerir o esforço das peças nucleares. (...) Enquanto o Benfica gere, o FC Porto está em contrarrelógio. Nesta altura de sobrecarga, Luís Castro não pode permitir-se cuidar apenas do processo jogo-recuperação-jogo, pedem-lhe que altere o rumo dos acontecimentos, começando pela forma de jogar. E tem jogadores em claro sub-rendimento devido a excesso de jogos, como acontece com Danilo e Alex Sandro, jogadores de qualidade que só saem da equipa por castigo ou lesão e vão pagando a fatura com intermitência exibicional.»
Carlos Machado, O JOGO, 25-03-2014


Luís Castro herdou de Paulo Fonseca uma equipa que vinha de 4 jogos sem ganhar (E-D-E-E), com o campeonato virtualmente perdido (estava a 9 pontos da liderança) e cheia de problemas por resolver – modelo de jogo, equipa desorganizada dentro de campo, falta de confiança, etc.

Entre os muitos problemas, um dos pouco falados era (é) o desgaste de uma parte significativa dos habituais titulares, os quais, por terem sido exaustivamente utilizados em todas as competições (Campeonato, Liga Campeões, Liga Europa, Taça Portugal, Taça Liga), acumulavam demasiados minutos nas pernas.

Nesta altura, cinco dos jogadores que Luís Castro tem à sua disposição já têm mais de 3000 minutos nas pernas (sem contar com os jogos pelas respetivas seleções):
Jackson: 3459’
Alex Sandro: 3421’
Danilo: 3355’
Fernando: 3234’
Mangala: 3155’

E Varela anda lá perto (2879’).

Penso que este é um dos aspectos que ajuda a explicar o menor fulgor de jogadores como Alex Sandro, Danilo ou Jackson.

Comparando com o adversário de amanhã, que está nas mesmas competições do FC Porto, verifica-se que apenas dois jogadores do slb têm mais de 3000 minutos:
Luisão: 3360’
Garay: 3174’

E jogadores fundamentais como Enzo Pérez, Lima ou Gaitan têm menos minutos nas pernas que Varela.

Quando ainda terá de disputar, pelo menos, 11 jogos (990 minutos) até ao final da época, muitos dos quais decisivos e onde o treinador não poderá fazer grandes poupanças, este é mais um dos factores que complica a vida de Luís Castro.

Nota: A fonte para o número de minutos referidos neste artigo foi o jornal O JOGO de 25-03-2014.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Facilidades e dificuldades

As facilidades concedidas ao slb…

Sérgio Conceição
Não estávamos à espera desta exibição, má e fraca. Os três golos do Benfica são inconcebíveis em alta competição e ainda oferecemos outras oportunidades. Mesmo que fosse com o Casa Pia perdíamos este jogo. (…)
Nós conseguimos superar-nos contra o FC Porto e Sporting porque tivemos ambição, alma e fomos organizados. Hoje não tivemos nada disso.

Sérgio Conceição, treinador da Académica, em declarações no final do slb x Académica


… e as dificuldades impostas ao FC Porto…

Lito Vidigal
Fizemos um jogo fantástico. Se o Belenenses jogasse sempre assim, organizado, com atitude, não estaria nesta posição. O que tiro de positivo é que a atitude que os jogadores tiveram neste jogo permite-nos acreditar que temos condições para garantir a permanência na 1.ª Liga. (…)
Foram [FC Porto] superiores em muitas vertentes, mas no querer e no acreditar fomos superiores. Vi muitas melhorias.

Lito Vidigal, treinador do Belenenses, em declarações no final do FC Porto x Belenenses


… impressionaram os próprios treinadores de Académica e Belenenses.


Quarta-feira vai jogar-se um FC Porto x slb e veremos se, nesta altura, os encarnados são assim tão superiores como alguns (incluindo portistas) dizem.

domingo, 23 de março de 2014

Quintero derruba torre(s) de Belém

14': Jackson Martínez isola-se em direção à baliza do Belenenses. O árbitro auxiliar levanta a bandeirinha e Carlos Xistra, erradamente, interrompe a jogada e marca fora-de-jogo.

27': Jackson Martínez salta mais alto e cabeceia para o fundo das redes defendidas por Matt Jones. Carlos Xistra decide anular o golo e marcar falta ao ponta-de-lança colombiano. (só em Portugal é que se anula um golo em que há um contacto natural entre dois jogadores que disputam uma bola de cabeça).
2º golo anulado ao FC Porto nos últimos dois jogos disputados no Estádio do Dragão (FC Porto x Nápoles e FC Porto x Belenenses), com o resultado ainda em 0-0. Em contrapartida, em Alvalade, foi validado um golo (contra o FC Porto!) precedido de um fora-de-jogo claro. É tudo a "ajudar"...

30': Varela cabeceia, Matt Jones "defende com os olhos" e a bola vai ao poste.

32': Ghilas faz um bom cruzamento, Carlos Eduardo saltou mas não conseguiu cabecear em condições (a imagem seguinte mostra porquê).


37': Remate cruzado de Fernando Ferreira ao poste da baliza defendida por Fabiano. Única oportunidade de golo da equipa do Restelo em todo o jogo.

44': João Afonso carrega Jackson Martínez pelas costas à entrada da área, quando o colombiano iria ficar isolado e, naturalmente, é expulso.

Intervalo: Luís Castro troca Josué por Juan Quintero.

Se nos primeiros 45 minutos o Belenenses tinha defendido com os 11 jogadores atrás da linha da bola, com o 1º remate à baliza do FC Porto (de fora da área e à figura de Fabiano) a ser feito ao minuto 35 (!!!), a 2ª parte foi um "massacre", com o FC Porto a "empurrar" os azuis do Restelo (vestidos de cor-de-laranja) para a sua grande área.
De facto, a jogar com menos um, o Belenenses recuou ainda mais e, durante longos minutos, os 10 jogadores da equipa do Restelo estiveram remetidos aos últimos 25-30 metros do relvado.

Apesar do jogo ter sido interrompido umas 5 ou 6 vezes, para os jogadores do Belenenses respirarem... perdão, serem assistidos pela sua equipa médica (só em Portugal é que esta estratégia é usada de forma tão recorrente e com a complacência dos árbitros), o caudal ofensivo do FC Porto não parou de aumentar e sentia-se que o golo estava iminente.


Aos 74' Carlos Xistra não viu Gonçalo Brandão puxar o braço esquerdo de Jackson (mais um penalty por assinalar a favor do FC Porto), mas quatro minutos depois, o homem do jogo - Juan Quintero -, com um "passe para a baliza", fez o resultado final (1-0).


Daí até ao fim, Quintero ainda haveria (na marcação de um livre) de mandar uma bola à trave, novamente com Matt Jones completamente batido.
Nos últimos quatro jogos (Nápoles, Sporting, Nápoles, Belenenses), os dragões enviaram cinco vezes a bola aos postes da equipa adversária (e ainda há quem ache que Luís Castro é um treinador com sorte...).

Num jogo em que Ghilas foi titular e Luís Castro utilizou Ricardo, Reyes e Kelvin (com Paulo Fonseca andavam pela equipa B), o resultado foi muito escasso para tanto domínio e tantas oportunidades criadas (principalmente na 2ª parte).
Ataques: 60 / 17
Remates: 23 / 4

Mais um com futuro promissor

O JOGO, 23-03-2014

Mais do que o penalty assinalado contra o FC Porto B, chamou-me à atenção a forma habilidosa como este jovem árbitro da AF Lisboa “geriu o jogo”.
Bolas divididas em que um jogador do Feirense se deixasse cair no relvado, eram falta contra o FC Porto mas, se fosse ao contrário, o critério já era à inglesa e siga o jogo.
E perdi a conta ao número de faltas que um dos defesas centrais do Feirense fez sobre o Gonçalo Paciência, a maior parte das quais não assinaladas e sem ter visto qualquer cartão.

Estejam atentos a este jovem valor da arbitragem lisboeta... perdão, portuguesa – Tiago Martins – porque ele vai longe.

sábado, 22 de março de 2014

A “fruta” de Lisboa

A BOLA, 28-12-1995
No dia 28 de Dezembro de 1995, o jornal “A Bola” reproduziu uma entrevista dada ao News of the World pelo ex-árbitro internacional inglês Howard King, onde o mesmo revelou ter recebido favores sexuais em Lisboa, oferecidos por Sporting e Benfica nos dias que antecederam jogos destas equipas para as competições europeias.

O primeiro caso passou-se em 1984, num jogo entre o Sporting e o Dínamo de Minsk. Na noite anterior, afirmou King, foi levado a um clube, em Lisboa onde, segundo o próprio, “se encontravam muitas raparigas das mais belas e bonitas”, tendo-lhe sido dada a possibilidade de escolher a que ele desejasse (o que veio a suceder).

O segundo caso ocorreu em 1992, para um jogo entre o Benfica e o Sparta de Praga. Segundo o próprio Howard King, dessa vez, para além da rapariga que esteve com ele, “o valor dos presentes que me enviaram excedeu em muito o limite de 40 libras a que estamos autorizados”.



António Boronha, 1991
«a propósito da partida desta noite [11-03-2010] entre o ‘benfica’ e o ‘marselha’ estou farto de ouvir gente, alguns nem nascidos eram, falar de uma outra, entre os mesmos intervenientes realizada na primavera de 1990.
ora acontece que eu, na altura ‘presidente’ de um clube que (já) liderava isolado a ‘zona sul’ da 2ª. divisão, o ‘farense’, acabei por ter tido uma relação um pouco estranha e absolutamente casual com tudo o que se passou nessa noite, no velho ‘estádio da luz’.
várias peças soltas e desirmanadas que se juntaram, num espaço de horas entre o início da noite e as 4 da manhã, acabando por formar um mosaico, para mim, inesquecível.

primeiros os elementos isolados:
Marcel Van Langenhove
- por intermédio de álvaro braga júnior, hoje presidente do ‘boavista’ e à época ‘director desportivo’ do ‘farense’ - sim! a partir de finais de ‘80’ o ‘farense’ tinha na sua orgânica o cargo de ‘dd’! - eu era talvez uma das poucas pessoas no país que já tinha chegado à fala com o árbitro indicado para a partida, o belga marcel langenhove;
- fui convidado para assistir ao prélio, acompanhado de um v/p do meu clube, luís baptista mais tarde presidente da ‘arbitragem’, no camarote presidencial do ‘benfica’. remeteram-nos para a zona dos não afectos às cores da casa onde desfrutei da companhia do então presidente do ‘sporting’, josé de sousa cintra, e meia dúzia de pessoas ligadas ao ‘marselha’, elementos da embaixada de ‘frança’, julgo;
- festejei, moderadamente, o golo de vata no meio da enorme euforia que se vivia naquelas paragens, excepção feita aos ‘franciús’ e...ao zé sousa cintra que arrepanhava os (poucos) cabelos que tinha, perguntando-se, ‘como é que tinha sido possível tamanha injustiça?...a do ‘benfica’ ir à final da ‘champions’!!!;
- terminado o jogo, eu e o luís, resolvemos ir à ‘baixa’ comer qualquer coisa tendo durante o percurso ouvido no rádio do carro que o golo do ‘benfica’ tinha sido marcado com a mão, como, diziam, as imagens televisivas mostravam. foi a primeira vez que tomámos conhecimento de tal possibilidade!
- a euforia encarnada - e o paraíso cavaquista que então se vivia à custa dos dinheiros de bruxelas - tinham enchido por completo a maioria dos restaurantes da ‘baixa’ lisboeta. arrajámos lugar na ‘lagosta real’ onde quem lá estava(?) era sousa cintra (de novo) em animado convívio com o autarca mor de ‘aljezur’, na costa vicentina. (sousa cintra nunca brincava em serviço!);

juntemos agora estes elementos soltos, num só.
terminado o repasto e tendo jsc tratado dos ‘negócios’ que tinha a tratar zarpámos, os três, para ‘lavar a vista’ e beber um ‘whisquinho’ no, onde é que poderia ser?, ‘elefante branco’.
Alder Dante
quem lá estava, para além de uma enorme multidão? a equipa de arbitragem chefiada por langenhove, césar correia e alder dante
, que os acompanhavam, e dois funcionários do ‘benfica’, sendo um deles...loura e bonitinha...
quando me dirigi à mesa para os cumprimentar, marcel puxou-me de lado e perguntou-me:
- oiça lá, o golo foi com a mão?...
- tentando meter água na fervura, respondi-lhe que estivesse tranquilo, pois só muito depois de ter saído do estádio e ter tido conhecimento do que as imagens revelavam é que eu próprio me apercebera de tal possibilidade. daí ele poder ficar sem qualquer peso na consciência pois se algo de irregular houvera tinha sido algo que humanamente lhe escapara, como a milhares que assistiam ao jogo no estádio.
aproveitei ainda o momento para lhe apresentar o presidente do ‘sporting’, pessoa com quem se poderia vir a cruzar no futuro, o qual não perdeu a oportunidade para enquanto lhe apertava a mão dizer em português: ' vocês (árbitros) são todos iguais! sempre a gamar para o lado do ‘benfica’!
depois desta tirada resolvi sair pela esquerda baixa e...ir para a cama. sozinho.»
Antonio Boronha, 11-03-2010



O Benfica, à semelhança daquilo que faziam a maioria, a generalidade dos clubes, ao receber as equipas de arbitragem, naquele tempo, cá em Lisboa, as equipas de Lisboa levavam as equipas de arbitragem para um estabelecimento nocturno muito conhecido. E uma equipa de arbitragem, chefiada por um árbitro francês muito conhecido, foi para esse estabelecimento e quando estava lá dentro o árbitro tinha umas senhoras na mesa, a acompanhar a equipa de arbitragem...

Estas afirmações de Jorge Coroado (ex-árbitro internacional da AF Lisboa), feitas esta semana no programa “Liga Futre” da CM TV, só vieram surpreender quem, nos últimos anos, andou muito distraído, ou então entretido com a propaganda anti-Porto, que pretendeu (pretende!) convencer os papalvos de que “fruta” só existia no Norte.

Gaspar Ramos
Pois apesar de nunca ter sido feita qualquer investigação aos clubes de Lisboa (porquê?), foi possível tudo isto ser conhecido através do testemunho directo de vários intervenientes (ex-árbitros e ex-dirigentes).

Agora, imaginem por um instante, que indivíduos como Alder Dante, César Correia, Porfírio Alves, António Rola, Gaspar Ramos, João Rodrigues, Luís Filipe Vieira, José Veiga, etc., etc., tivessem sido colocados sob escuta durante uns meses...

Ai se as paredes do ‘Elefante Branco’ falassem...

Nota: Os destaques no texto a negrito são da minha responsabilidade.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Sorte é isto…

Se uma equipa tiver um guarda-redes de qualidade acima da média, capaz de fazer “defesas impossíveis” quando é posto à prova, isso é ter sorte?

Se uma equipa tiver jogadores ineficazes, que falham uma percentagem significativa das oportunidades de que dispõem, isso é ter azar?

E, pelo contrário, se uma equipa tiver avançados eficazes, que concretizam uma boa percentagem das oportunidades de que dispõem, isso é ter sorte?

Eu penso que não.

Sorte (ou azar) é isto…


Dezasseis avos de final da Liga Europa:
– Adversário do FC Porto: Eintracht Frankfurt (Alemanha)
– Adversário do benfica: PAOK (Grécia)

Oitavos de final da Liga Europa:
– Adversário do FC Porto: Nápoles (Itália)
– Adversário do benfica: Tottenham (Inglaterra)

Quartos de final da Liga Europa:
– Adversário do FC Porto: Sevilha (Espanha)
– Adversário do benfica: AZ Alkmaar (Holanda)

A sorte que o slb tem nos sorteios, enfrentando, sucessivamente, equipas muito acessíveis e/ou a atravessarem períodos particularmente difíceis (caso, por exemplo, do Tottenham), é algo que desafia as probabilidades.

De regresso a Sevilha



Depois das vitórias em 2003 (na épica final contra o Celtic) e em 2011, o FC Porto vai regressar a Sevilha.

Quanto ao slb, calhou-lhe a pera doce do sorteio – AZ Alkmaar – e com o bónus da 2ª mão a ser disputada no estádio da Luz. Melhor era impossível.

quinta-feira, 20 de março de 2014

Massacre napolitano termina na Quaresma

FC Porto x Nápoles (fonte: REUTERS)

Que jogo!

O Nápoles entrou a todo o gás, encostou o FC Porto às cordas e os primeiros 20 minutos (até ao 1-0) foram de autêntico massacre.
Com a equipa portista a denotar enormes dificuldades em sair a jogar e com um quarteto defensivo improvisado (Danilo, Reyes, Mangala, Ricardo), que no início do jogo mais parecia um queijo suíço, cheguei a recear que o FC Porto saísse do San Paolo vergado a uma derrota pesada.

Mas, depois de estar em vantagem no marcador, o Nápoles, sem nunca deixar de dominar o jogo e de criar oportunidades, abrandou e permitiu que os dragões respirassem.

Contando com um enorme Mangala a comandar a defesa, uma dupla de médios (Fernando e Defour) incansável e um gigante na baliza, o FC Porto resistiu até aos 63 minutos, mantendo a eliminatória empatada.

E foi nesse momento que Luís Castro mexeu, invertendo a tendência de um jogo em que a equipa esteve várias vezes à beira do precipício e fazendo aquilo que parecia impossível no início – eliminar um grande Nápoles em pleno San Paolo.

Luís Castro (Nápoles x FC Porto, REUTERS)

Aos 63’, Luís Castro trocou um abúlico Carlos Eduardo por um aguerrido Josué, mas o momento decisivo foi aos 66’, quando retirou do campo um inconsequente Varela (talvez a sua pior exibição dos últimos meses) e colocou em campo o “esfomeado” Ghilas.
Com esta substituição Luís Castro mostrou arrojo, mostrou que queria marcar e não aguentar o resultado até ao prolongamento, mostrou que temos treinador.

E como a “sorte” protege os audazes, três minutos após o argelino ter entrado em campo, Fernando arrancou, fez um excelente passe vertical a desmarcar Ghilas, o qual, à entrada da área, rematou colocado, sem dar qualquer hipótese a Pepe Reina.
1-1 e, a partir daí, a eliminatória virou definitivamente a favor do FC Porto.

Aos 72’ é Defour (quantos quilómetros correu o belga?) que se isola e remata ao poste (para quem explica os resultados recorrendo sistematicamente ao argumento da sorte/felicidade/estrelinha, recordo que, no computo global desta eliminatória, o FC Porto enviou duas bolas ao poste e teve um golo mal anulado).

E aos 76’, o San Paolo assistiu a um hino ao futebol.
Danilo sobe pelo corredor direito, Josué dá de calcanhar para Quaresma e depois um momento de magia, em que me apetece citar António Oliveira (após um FC Porto x Marítimo, disputado nos anos 70): “Quem viu, viu, quem não viu, tivesse visto”.

Ricardo… QUARESMA! (Nápoles x FC Porto, REUTERS)

Daí até ao fim, Rafa Benítez e os seus jogadores nunca desistiram. O Nápoles haveria mesmo de chegar ao justo golo do empate, já em período de descontos, mas o vencedor da eliminatória tinha ficado carimbado no momento Quaresma.

Ainda haverá alguém que questione a contratação e regresso do genial Ricardo Quaresma ao Dragão?

P.S. Espero que o sorteio de amanhã não coloque a Juventus ou o slb no caminho do FC Porto (já chega os 4 jogos entre dragões e águias que estão previstos até ao final da época).

O inferno do San Paolo

O JOGO, 19-03-2014

O Nápoles já recebeu oito grandes equipas esta época e venceu sempre…

Liga dos Campeões:
18-09-2013: Nápoles x B. Dortmund (2-1)
06-11-2013: Nápoles x Marselha (3-2)
11-12-2013: Nápoles x Arsenal (2-0)

Liga Europa:
27-02-2014: Nápoles x Swansea (3-1)

Série A:
15-12-2013: Nápoles x Inter Milão (4-2)
08-02-2014: Nápoles x AC Milan (3-0)
09-03-2014: Nápoles x AS Roma (1-0)

Taça Itália:
29-01-2014: Nápoles x Lazio (1-0)
12-02-2014: Nápoles x AS Roma (3-0)


Veremos se logo à noite o FC Porto conseguirá fazer melhor.

quarta-feira, 19 de março de 2014

E foi assim há quase 5 anos...


Jesualdo fizera um "manguito", em resposta a uma decisão do árbitro, num jogo em Madrid, contra o Atlético, umas semanas antes.

Segundo o regulamento disciplinar da UEFA, artigo 11, um interveniente no jogo, será punido se  "tiver uma conduta insultuosa ou se violar as regras básicas da conduta decente" ou que tenha um comportamento "pouco desportivo". Jesualdo infringiu, foi castigado.

Entretanto...


...continuamos à espera.

O Menino Bruninho

O Bruninho vai dizer, com voz embargada, que é mentira que tenha coagido os árbitros! O Bruninho vai dizer que exigir a verdade, aquilo a que tem direito, não é coagir, e que quem diz o contrário é um grande mentiroso e queixinhas! O Bruninho vai dizer que quem devia de descer de divisão era o Porto, por tudo o que fez no antigamente! Uma lágrima escorre pela cara bolachuda. O Bruninho vai dizer que não tem medo, e que não se deixa amedrontar pelos meninos grandes, mesmo que lhe voltem a meter a cabeça dentro da sanita. Vai limpar o ranho à manga da camisa, colocar a bola debaixo do braço, e voltar à rua para jogar com os amiguinhos. Mas tem de ganhar, porque a bola é dele.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Si vis pacem, para bellum


Em declarações feitas hoje à Antena 1, Dias Ferreira, conhecido sportinguista e ex-dirigente do SCP, quando questionado se admitia que a contestação promovida pelo “Movimento Basta”, nas horas que antecederam o Sporting x FC Porto, tenha surtido efeito nas incidências do jogo, respondeu:

Não posso deixar de admitir que sim. Quando as pessoas dizem que basta, os outros têm de ficar alertados. Admito todas as hipóteses. Admito, sobretudo, que não podemos deixar de protestar.

E, para que não ficassem dúvidas, rematou a conversa com a seguinte frase:

Jogámos à Sporting, ganhámos à Porto”.


Portistas, chegou a altura de dizermos BASTA!

Basta deste silêncio ensurdecedor da FC Porto SAD, perante tantos desaforos, insinuações, mentiras, provocações e até insultos.

Basta de inoperância da FC Porto SAD perante tantas manobras de bastidores, cozinhadas nos corredores do poder, e que têm como consequência autênticas ROUBALHEIRAS como as que ocorreram esta época em deslocações do FC Porto à capital - Estoril, Luz e Alvalade.

Sinceramente, não me revejo na postura atual dos dirigentes do Futebol Clube do Porto.

O Futebol Clube do Porto é, por definição, um clube anti-sistema, um clube anti poder central e, por isso, os seus dirigentes não podem ser mansos.

Esta gente da capital quer guerra?
Pois vamos para a guerra (futebolisticamente falando), com todas as armas (desportivas, politico-desportivas e mediáticas) à nossa disposição, dentro e fora dos relvados.

A época 2013/2014 está perdida, mas a próxima só estará se os dirigentes da FC Porto SAD quiserem e nada fizerem.


(*) Si vis pacem, para bellum é um provérbio latino, que pode ser traduzido como: “se queres a paz, prepara-te para a guerra”

domingo, 16 de março de 2014

O “crime” compensou


Então, gostaram da arbitragem deste jogo?
A “sensibilização” aos árbitros (e não só), particularmente a que foi feita durante a última semana, valeu a pena?

Aos 44’, viram o Cedric a carregar o Jackson Martinez pelas costas, quando o colombiano estava no ar, impedindo-o de marcar aquele que seria o 0-1?
Aquilo é que foi uma falta feita com classe! Com tanta classe que Pedro Proença não viu, não assinalou o penalty que se impunha, nem expulsou o defesa sportinguista.

Jackson e Cedric (estas duas fotos falam por si)

Pergunta dos 8,6 milhões de euros: Como seria o resto do jogo (faltavam 46 minutos) com o sporting a perder por 0-1 e a jogar com menos um jogador? Pois, isso é daquelas coisas que não interessa nada…

E aos 52’, viram o golaço dos calimeros, na sequência de um “fantástico cruzamento de André Martins” para a cabeça de Slimani?
André Martins estava em fora-de-jogo (mais de um metro)? Que pena... Mas o que é que isso interessa?

E, já agora, interessa comentar o cartão vermelho direto (!) que Proença mostrou a Fernando (mais uma expulsão ridícula de um jogador portista em Alvalade), por este ter reagido a um comportamento incorrecto de Montero com um “gravíssimo” encontrão? Normalmente este tipo de lances não se resolvem com um amarelo para cada lado?

A expulsão de Fernando em Alvalade

O que interessa é que ninguém ponha em causa a “vitória justíssima” dos calimeros.

O que interessa é sublinhar que a “verdade desportiva”, à moda de Alvalade, foi salvaguardada por uma “arbitragem de grande nível” do melhor árbitro do Mundo. Depois do trabalhinho de hoje, Pedro Proença voltou a ser o melhor do Mundo, certo?

Acerca deste SCP x FC Porto e enquanto houve um jogo limpo, porque a partir do minuto 44 o jogo ficou inevitavelmente falseado, eu poderia ainda falar na fantástica exibição de Quaresma, que fez do pobre Cedric gato sapato, ou das três oportunidades flagrantes de golo dos dragões contra 0 (ZERO!) dos calimeros.

Também poderia falar que, apesar dos calimeros jogarem em casa e com 14 jogadores (11 mais o trio de arbitragem), no computo global dos 90 minutos o FC Porto foi quem teve mais e as melhores oportunidades de golo.

Num jogo cujo resultado final foi completamente adulterado por graves erros de arbitragem (inacreditável como não houve um único erro minimamente relevante em prejuízo dos calimeros!), uma palavra final para Helton: FORÇA CAPITÃO!


P.S. Se dúvidas tivesse (que não tinha), depois de ver e ouvir as declarações que fez hoje no programa Play-off da SIC Notícias, nunca votarei no sócio António Oliveira para a presidência do Futebol Clube do Porto. E mais, se após a saída de Pinto da Costa ele se candidatar, farei campanha activa contra ele.

P.S.2 Tal como o Miguel Guedes (tem estado muito bem como adepto do FC Porto no programa 'Trio de Ataque'), vou aguardar serenamente pelo próximo comunicado do Sporting Calimeros Portugal ou conferência de imprensa de Bruno Carvalho, cujo tema será, seguramente, relacionado com a arbitragem portuguesa e verdade desportiva...