No passado fim de semana o Expresso publicou um artigo sobre os 50 principais devedores do BES na altura do colapso da instituição então comandada por Ricardo Salgado. Luís Filipe Vieira, o seu grupo empresarial e os seus (ex?)-sócios figuram entre esses 50 maiores devedores com mais de 600 milhões de euros (excluindo o SLB):
A ligação de Luís Filipe Vieira ao Banco Espírito Santo era forte e conhecida. E isso acontecia com diversas empresas de construção e imobiliário a que estava ligado. Além disso, o próprio Benfica, de que Vieira é presidente, tinha relações de crédito fortes com o BES. No final de 2012, a dívida bancária junto do BES era de pouco mais de cem milhões, valor que subiria no ano seguinte para quase 150 milhões, estando agora o Novo Banco a exigir uma redução dessa exposição.
in Expresso, 11-07-2015
As empresas de Vieira e dos seus sócios têm uma dívida superior a meio bilião de euros à instituição agora designada "Novo Banco" que herdou estes créditos do antigo BES.
Luís Filipe Vieira, além de presidente do SLB, é um empresário ligado ao sector da construção e do imobiliário tendo começado a sua carreira como vendedor de pneus. O "Rei Midas", como foi chamado na capa de ontem do pasquim "A Bola", tem estado ligado a várias empresas que, por coincidência, têm falido, como a Cimovenda, a Ediverca ou a Fipar. E são várias as notícias que dão conta do sucesso empresarial de "Midas" nos últimos anos. Aqui ficam alguns exemplos que dispensam comentários:
Luís Filipe Vieira beneficiado com alterações ao PDM de Lisboa
(...) Director municipal de planeamento trabalhou com o projectista dos antigos terrenos da Petrogal e em projectos de Vieira no Algarve.
Quando o pedido de informação prévia elaborado por Vaz Pires deu entrada na câmara, em Junho de 2005, os terrenos ainda pertenciam à Petrogal. O seu cliente, porém, era Luís Filipe Vieira: mas o pedido tenha sido assinado por um antigo presidente da EPUL, José Manuel de Sousa, na qualidade de administrador da empresa do Grupo Espírito Santo que gere a Fimes Oriente - um fundo de investimento imobiliário ligado ao presidente do Benfica.
(…)
Nos termos da escritura, a Inland pagou à Petrogal 10,2 milhões de euros pela totalidade da propriedade, destinando-a a revenda. Logo a seguir, no mesmo dia, vendeu-a à Filmes Oriente por 12,1 milhões. Embora se tenha tratado de uma operação efectuada no seio do mesmo grupo e habitual entre promotores e fundos, por motivos de natureza fiscal, a operação proporcionou à Inland um ganho imediato de 1,9 milhões.
O grande negócio parece ter sido, todavia, a compra à Petrogal. Na altura estava quase garantida a viabilização de 84.527 m2 de construção (81.283 para habitação e 3243 para comércio), por via da qual os encargos com o terreno ficaram a Vieira por apenas 118 euros o m2 de construção. Basta dizer que já este mês o Estado pôs à venda por 15 milhões de euros, na zona do Palácio da Ajuda, um terreno em que não é possível construir mais de 12.720 m2 (1180 euros por m2)
(…)
O director municipal nega que as alterações ao PDM tenham algo que ver com interesses de Vieira, mas confirma que trabalhou para ele no Algarve e que mantém estreitas relações com o arq.º José Vaz Pires, que define como o seu "melhor amigo", com o qual assinou muitos projectos em co-autoria, sendo co-proprietário, com ele e um colega, da vivenda do Restelo onde funciona o seu atelier.
Os "patrocínios" da Obriverca
Estávamos em Novembro de 2008 e o SLB iria disputar um jogo com o Estrela da Amadora. Os jogadores do Estrela, liderados por Joaquim Evangelista então presidente do sindicato, entregaram um pré-aviso de greve. Antes do jogo o presidente do Estrela da Amadora prometeu aos jogadores que lhes ia pagar um dos meses em atraso. Tinha conseguido um cheque de um 'sponsor' que iria cobrir a verba necessária para pagar um mês de salário aos atletas. No programa “Tempo Extra” da SIC Notícias dessa semana, Rui Santos fez a revelação de que o tal cheque que serviria para pagar aos jogadores do Estrela viria da empresa Obriverca.
A empresa que se dispunha a viabilizar algo mais de um mês de salários aos jogadores do Estrela tem fortes ligações no ramo do imobiliário na Área Metropolitana de Lisboa - com investimentos designadamente nos concelhos de Vila Franca de Xira, Odivelas, Loures e… Amadora. A Obriverca (com sede em Alverca) teve como sócios fundadores Eduardo Rodrigues, actual presidente do Conselho de Administração, Luís Filipe Vieira, que dela se desvinculou em 2001, e Joaquim Marto, entretanto falecido. O actual homem-forte da Obriverca é natural da aldeia de Grade, distrito de Castelo Branco e, avesso a mediatismo, sempre que resolve dar uma festa em sua casa tem um amigo que invariavelmente convida: Joaquim Raposo, o presidente socialista da Câmara Municipal da Amadora. O universo Obriverca agrupa 12 outras empresas, algumas das quais têm na administração as duas filhas de Eduardo Rodrigues. O futebol não é de todo desconhecido para Eduardo Rodrigues, através do cargo de presidente do Conselho Fiscal do Alverca.
OJOGO, 18/11/2008
O presidente do SL Benfica, Luís Filipe Vieira, é suspeito de envolvimento numa alegada burla ao Banco Português de Negócios (BPN)
Luís Filipe Vieira e o seu sócio e braço direito no grupo empresarial, Almerindo Duarte, são suspeitos de terem participado numa burla ao Banco Português de Negócios que terá prejudicado o banco em 14 milhões de euros.
Na manhã de 30 de Março deste ano, elementos da Polícia Judiciária e do Departamento Central de Investigação e Acção Penal fizeram buscas a duas casas do presidente do SL Benfica (uma situada em Oeiras, outra em Corroios) assim como à sede do grupo Inland/Promovalor, avança a revista Sábado.
Os investigadores realizaram também buscas no Estoril, onde está localizada a residência particular de Almerindo Duarte, sócio de Luís Filipe Vieira.
A operação judicial, coordenada pelo procurador Rosário Teixeira, insere-se em mais um dos processos que compõem a megainvestigação do caso BPN.
A Revista Sábado adianta ainda que o inquérito em causa partiu de uma queixa ao Ministério Público (MP) e investiga indícios de burla e falsificação de documentos, no âmbito de um empréstimo bancário destinado a adquirir acções da Sociedade Lusa de Negócios que pertenciam ao líder benfiquista. De acordo com a publicação ainda não foram constituídos arguidos no inquérito.
Revista Sábado, Outubro de 2010
Estado assume dívida 17 milhões ligada a Vieira
Empresa do presidente do Benfica e sociedade espanhola terão desenvolvido esquema que prejudicou o banco. Em 2009 foi feita uma queixa ao Ministério Público. Parvalorem ficou com o crédito, classificado como incobrável.
O Estado, através da Parvalorem, empresa criada para gerir os créditos do BPN, herdou uma dívida de 17 milhões ao banco, a qual poderá ter sido gerada através de um esquema de burla, envolvendo a empresa do presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, e o seu sócio, Almerindo Sousa Duarte. O crédito em causa estava colocado no BPN IFI, em Cabo Verde, mas o BIC, depois da compra da instituição cabo-verdiana, não quis ficar com ele. Aliás, em 2009, o próprio BPN classificou a dívida como "incobrável".
Segundo uma queixa-crime apresentada pelo próprio BPN, em 2009, a operação começou com um pedido de crédito feito pela empresa "Transibérica" de Almerindo Sousa Duarte para investimentos financeiros. Só que o dinheiro terá acabado nas contas da Inland, que amortizou uma dívida de 20 milhões, assim como se desfez das acções da Sociedade Lusa de Negócios.
O caso remonta aos anos 2003 e 2004. A Inland, grupo empresarial liderado por Luís Filipe Vieira e que tinha como vice-presidente Almerindo Sousa Duarte, detinha uma posição accionista de 1,4% na Sociedade Lusa de Negócios (SLN) ao mesmo tempo que beneficiou de um crédito de 20 milhões de euros para financiar um aumento de capital no fundo imobiliário BPN Real Estate.
Banco de Portugal audita contas de 12 grupos empresariais
Em causa estão grupos com grandes dívidas à banca, que supervisor financeiro quis saber se podem ser pagas. Grupos Espírito Santo Internacional e SGC estão entre os visados.
O Banco de Portugal (BdP) pediu auditorias a 12 grupos empresariais com grandes dívidas à banca, noticia o Jornal de Negócios esta quarta-feira. Entre as empresas alvo de auditoria no último trimestre do ano passado estiveram (...) a Promovalor (...) escreve o Jornal de Negócios.
O Banco de Portugal (BdP) quis comprovar se os grupos empresariais têm condições para pagar os créditos e se as garantias bancárias estavam bem avaliadas. O processo destinou-se a “evitar más surpresas na passagem da supervisão bancária para o Banco Central Europeu”.
“Foi no âmbito desta avaliação que o BdP pediu uma auditoria às contas da Espírito Santo International”, uma das holdings da família Espírito Santo, tal como tinha sido noticiado pelo Expresso. As análises pedidas pela entidade liderada por Carlos Costa já influenciaram contas anuais do BCP e do BPI, que tiveram de reforçar as imparidades para crédito no último trimestre de 2013 face ao trimestre anterior.
O Jornal de Negócios refere ainda que as contas do BES estão “à espera de solução para diagnóstico das auditorias”.
Luís Filipe Vieira vendeu activos a empresas do grupo BES para baixar dívida
A Promovalor de Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, esteve em todas as amostras seleccionadas pelo Banco de Portugal no quadro das auditorias ao crédito promovidas durante a era da troika. Os créditos as grandes empresas imobiliárias foram sempre avaliadas nestas auditorias que calculavam imparidades.
A regra era sempre a venda de activos, mas houve grupos que tiveram de propor dações aos bancos e a empresa de Luís Filipe Vieira terá vendido activos com muito significado a fundos geridos pelo BES Vida e outras empresas do banco como a ESAF, confirmou António Souto. Estas vendas terão ocorrido em 2012 e permitiram a diminuição da dívida do grupo ao banco, que de acordo com dados avançados por Mariana Mortágua ascendia a 600 milhões de euros. No entanto, assegura Souto: a Promovalor, “nunca saiu do radar do Banco de Portugal, esteve sempre na primeira linha do escrutínio”.
Como podem ver Luís Filipe Midas, perdão, Luís Filipe Vieira transforma em Ouro tudo o que toca!
Tal e qual...
ResponderEliminarAté tem as orelhas de burro...
Só falta que haja coragem para tirar tudo a limpo...
Excelente dossier. Tudo bons rapazes. Imaginemos se isto acontecesse com PdC e apaniguados...
ResponderEliminarAconselho a leitura deste artigo sobre o "toque de midas"...
ResponderEliminarhttp://www.calciomercato.com/news/pippo-russo-il-sistema-mendes-2-il-benfica-e-la-regola-del-15-367839
Bom trabalho!
ResponderEliminarE isto tudo passa sem haver reações em qualquer lado!!!!????
ResponderEliminarRealmente se o país fosse outro e este clubezeco estava a jogar no Campeonato de Séniores.
Muito Obrigado Nuno Nunes por este artigo para me atualizar neste tipo de assuntos que me passam ao lado.
Parabéns pelo artigo. Excelente trabalho.
ResponderEliminarNota à Margem e com ironia: Será que o Correio da Manhã não quererá publicar este trabalho?
Eu confesso que às vezes lamento (só um bocadinho) de não ter feitio para este tipo de vidas, de negociatas e banhadas quando vejo estes animais com fortunas incalculáveis e a andar na rua de peito feito e de cabeça levantada ao melhor estilo de "não passa nada".
ResponderEliminarhttps://www.youtube.com/watch?v=Z4i2TBWjxl0
ResponderEliminarAlguém quer comentar?
"As empresas de Vieira e dos seus sócios têm uma dívida superior a meio bilião de euros à instituição agora designada "Novo Banco" que herdou estes créditos do antigo BES."
ResponderEliminarAtenção que 1 bilião é 1 milhão de milhões... não confundir o bilião com o blilion que os americanos usam e que é mil milhoes.